Fanfic: [EXCLUIDA]

Dois dias mais tarde, Nataly foi transferida do hospital onde estava para um manicômio nos EUA. Desde que fora diagnosticado o seu problema, seus momentos de lucidez haviam sido poucos. Cada vez mais seu espírito mergulhava no abismo da loucura. Todos ficaram chocados com a notícia, mas poucos choraram por ela. De certa forma era um alívio não tê-la por perto. Ela já havia causado mal a muita gente. Dulce se sentira mais leve de saber que a prima já estava longe. Agora precisava tratar de reconstruir a sua vida. Precisava juntar os próprios cacos. E já sabia por onde começar.
Estava parada em frente a porta de Chris. Por um instante teve medo. E se ele se recusasse a abrir? Não importava. Ele a ouviria. Nem que tivesse que acampar ali na frente. Isso não foi preciso, pois ele abriu a porta naquele momento. Fechou a cara ao ver Dulce.
Chris olhava incrédulo para Dulce parada ali na sua porta. Não haviam conversado desde o hospital. E agora ela estava ali. Ainda não se recuperara de toda a dor que as palavras dela haviam causado. Será que ela não estava satisfeita? Do que mais ela vinha acusá-lo? Mordeu a maçã que estava em sua mão e fez sinal para que ela entrasse.
Dulce: (entrando) Chris... Acho que precisamos conversar...
Chris: Tudo bem pode falar.
Dulce: Me desculpa pelo que eu falei aquele dia no hospital. Eu fui uma insensível por ter dito aquelas bobeiras... Queria que vc soubesse que nada do que eu disse é verdade. Vc é maravilhoso. O cara mais especial que eu conheço. Será que pode me perdoar? Será que um dia poderemos ficar juntos novamente?
Chris não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Ela lhe estava pedindo para que reatassem o namoro? Seria uma brincadeira? Não. Não era uma brincadeira. Prova disso era a cara de apavorada que ela fazia enquanto estava ali, sentada no sofá. Ela olhava para o chão, sem coragem de encará-lo. Sabia o quanto era difícil para ela voltar atrás. E, no entanto, ela estava voltando. Ergueu a mão e passou os dedos suavemente pelo rosto dela. Ela olhou para ele.

Chris sentiu a pele macia de Dulce sob os seus dedos. Desejara tanto ouvi-la pronunciando aquelas palavras. Mas não agora. Já era tarde, e ele estava muito magoado. Seu coração estava em pedaços e ainda levaria tempo para reconstruí-lo. Seus olhos ficaram presos nos de Dulce. Por um instante mergulhou naquele olhar e teve vontade de se perder dentro dele. Mas tinha medo. Tinha medo de se entregar de novo. Cansara de sofrer. Retirou os dedos do rosto dela e se afastou.
Chris: Dulce... O que está me dizendo?
Dulce: Estou dizendo que preciso do seu perdão. Aquele dia no hospital não era eu. Eu estava fora de mim. Nem sei o que me deu. Estou dizendo também, que ainda te amo e vou amar sempre... sempre. Uma vez você me disse que queria jogar tudo para o alto pra ficar comigo... e agora, sou eu que estou disposta a fazer isso para ficar contigo.
Chris: Dulce... Teve uma época em que tudo o que eu mais desejei foi ouvir vc me dizendo isso. Mas agora tudo mudou. Aquele dia no hospital, eu percebi que nunca mais nada voltaria a ser igual. Tudo aquilo que vc me disse... o que eu te disse também... foi tudo muito duro, muito cruel. Eu posso até perdoar, assim como quero que me perdoe... mas não consigo simplesmente esquecer. Não consigo fingir que nada aconteceu...
Dulce: (chorando) Mas Chris... Pelo amor de Deus... Eu nunca quis dizer realmente aquilo, eu...
Chris: (gritando) Mas disse... Aqueles insultos que trocamos aquele dia criaram uma distância enorme entre nós. (aponta para o próprio coração) Ainda tá doendo aqui.
Dulce: Mas eu te amo!!!
Chris: Eu também te amo. Não tenho porque esconder. Mas esse amor não é mais saudável. Já é hora de esquecê-lo. Vc tem o teu namorado. Eu estou numa boa com a Maite. É muito difícil dizer isso, mas acabou.

Dulce: Então é por causa da Maite? Vc a ama não é?
Chris: A Maite é uma garota muito especial. A gente se dá bem. Eu não quero fazer uma sacanagem dessas com ela. Quando vc me abandonou, eu quis morrer. Fiquei mal mesmo. E ela foi a única pessoa que me apoiou. Ela me ajudou a superar aquela crise. Se eu a amo? Não sei. Mas sei que posso vir amar algum dia.
Dulce: Como fez pra me esquecer assim? Me conta... me conta por favor... porque eu também quero te esquecer... mas eu não consigo.
Chris: (aproxima-se e tenta secar as lágrimas dela) Ah Dulce. Eu não te esqueci. Vc ainda está aqui dentro de mim. Não há um maldito dia em que eu não acorde e vá dormir pensando em vc. Só que tenta entender. A gente não consegue ficar junto sem se machucar. Se voltarmos agora, vai ser pior... a gente vai acabar sofrendo mais depois.
Dulce: (gritando) Mas de onde tirou que vamos sofrer? Porque não diz logo que não me ama?
Chris: Sinto muito Dulcesita... Muito mesmo... Mas já estou cansado de tentar. Eu preciso de paz, e isso é tudo o que eu não tenho quando estou com vc.
Dulce: Essa é a sua última palavra?
Chris: (chorando) É sim.
Dulce caminhou em direção a porta. Sabia que agora era mesmo o fim. Chris ficou vendo-a se retirar e aquilo pareceu insuportável para ele. Que diabos estava fazendo?
Chris: Dulce!!!
Ela virou-se esperançosa, mas ele continuou em silêncio, sem fazer nenhum gesto de reaproximação. Chris a olhava como se quisesse guardar cada traço do rosto dela. Mas a estava deixando ir. Queria que ela se fosse. Dulce balançou a cabeça desanimada. Virou-se novamente e saiu. Dessa vez, Chris não a chamou. Continuava parado olhando para a porta. Fizera a coisa certa não fizera? Então porque diabos se sentia tão mal? Caminhou em direção a porta. Precisava ir atrás dela. Parou com a mão no trinco. Era melhor assim. Tinha que aceitar. Suas vidas haviam tomado rumos distintos. Era hora de reconhecer isso.

Dulce saiu arrasada do apartamento de Christopher. Encostou-se na porta, pelo lado de fora. As lágrimas caiam abundantes de seus olhos. O sonho havia terminado. Da pior maneira possível. Mesmo longe, Nataly ainda estava entre eles. Ela conseguira de novo. Conseguira separá-los. O fantasma da prima ainda os assombrava. E agora as esperanças estavam todas enterradas. Junto com o amor deles. Por que ele fazia aquilo? Por que se recusava a tentar? Sabia que mesmo perto, havia um oceano de magoas e decepções a separá-los. E Chris não fazia a mínima força para encurtar essa distância. Ele estava fugindo. Dulce estava inconformada. Não podia lutar sozinha. Tinha que aceitar isso. Deslizou até o chão e chorou até que as lágrimas se esgotassem. Desejou que ele abrisse a porta que os separava e a tomasse nos braços. Mas isso não aconteceu. A porta continuou cerrada. Muito tempo depois, levantou-se determinada. O tempo de chorar acabara. Tinha que virar a página.
Quando saiu do edifício, respirou o ar fresco. Sentiu-se renovada. Havia terminado um ciclo na sua vida. Era hora de iniciar outras etapas. Chegara o momento de se desvencilhar do passado e olhar para o futuro.