Fanfic: [EXCLUIDA]

Chris entrou no restaurante pensativo. Tratou de procurar uma mesa discreta. Queria almoçar sossegado. Enquanto comia, ficou repassando os últimos acontecimentos. Desde que Poncho lhe contara da garota de programa, havia seguido Memo e não conseguira descobrir nada. Nenhum deles. O cara era mais escorregadio do que peixe. Respirou fundo e começou a comer devagar. Era véspera do casamento de Dulce e ele estava desesperado. Só de pensar que no dia seguinte ela estaria casada... Só de pensar nisso sentia vontade de chorar. Ouviu uma voz atrás dele. Parecia uma voz conhecida. Virou-se e reconheceu Memo sentado em uma mesa ao lado da sua. Porém de onde estava, Memo não conseguia ver Christopher. Christopher reparou que um senhor de meia idade sentou-se na mesa com ele. Apurou os ouvidos tentando escutar o que conversavam. A medida que escutava, seu semblante foi mudando. Mas que desgraçado. Ele não podia estar fazendo uma coisa daquelas. Respirou fundo. Teve vontade de ir lá e lhe partir a cara. Como ele ousava contratar um ator para se fingir de médico e chantagear Dulce? Agora entendia o porque Dulce mudara tão repentinamente. Tentou se acalmar. Precisava pensar com calma e agir com cautela. Esperou até que Memo se levantasse e fosse embora e se aproximou do ator.

O ator o olhou com os olhos apertados e a seguir sorriu, reconhecendo-o. Fez sinal para que ele sentasse. Esfregou as mãos animado.
Ator: Ei rapazinho... Vc por acaso não é aquele ator daquela novela de jovens? Como é mesmo o nome? Revoltados?
Chris: Rebelde.
Ator: Ah! Essa mesmo. Minha filha é apaixonada por vc. Pode dar um autográfo pra ela? (estende uma caneta e um guardanapo de papel)
Chris: Mas e claro... E como é o nome dela?
Ator: Giulia. Ai ela vai adorar...
Chris: Giulia... Bonito nome... Agora, eu sou amigo daquele moço que saiu daqui. O Memo.
Ator: Do senhor Guilhermo?
Chris: Isso mesmo... E ele me pediu para vir aqui e dizer que desistiu do plano.
Ator: Desistiu? Mas como assim? E como fica o meu dinheiro?
Chris: O senhor só tem que vir comigo e dizer a verdade para a Dulce, sabe a noiva dele né? E então depois eu te pago... o dobro.
Ator: (arregalando os olhos) O dobro?
Chris: (devolvendo o guardanapo já autografado) Isso mesmo. Mas o senhor tem que ir comigo agora.
Ator: Agora?
Chris: Agora.
Ator: Só vou se já me adiantar uma parte do dinheiro.
Chris: (mexe na carteira) Aqui está... O resto só depois... Sabe como é né? É muito dinheiro e eu tenho que ir no banco.
Ator: É claro. Vamos então. Mas antes, será que posso ir ao toalete? Prometo que é rapidinho.
Chris acenou afirmativamente. Alguns minutinhos não iam fazer diferença. Agora entendia tudo. Ela o amava afinal. Mentira quando dissera que estava apenas se divertindo. E agora ela saberia de toda a verdade. Sentiu um frio na barriga. Era emocionante demais pensar que em pouco tempo Dulce voltaria a ser sua.

Dulce acabara de chegar do massagista. Mas ainda se sentia tensa. Suas costas não estavam cooperando. Olhou o vestido de noiva estendido sobre a cama e teve que se controlar muito para não rasgá-lo. Tocou a pulseirinha prateada que ganhara do Chris. Já era hora de tirá-la. Mas por Deus, não tinha coragem. Sabia muito bem que não podia subir ao altar e se entregar a outro homem carregando um pedaço de Chris. E era esse o problema. Como faria se sua alma inteira era de Chris? Como faria se seu corpo vibrava pelo toque dele? Como faria se cada milímetro do seu ser clamava pela presença dele? Aproximou-se e alisou o vestido. Tinha que seguir em frente. Por Memo. Ele merecia isso. Ouviu o toque da campainha. Quando abriu a porta, deu de cara com o Chris. Recuou um passo assustada. Ele aproveitou para entrar dentro do apartamento dela.
Dulce: o que está fazendo aqui?
Chris: Eu trouxe uma pessoa que tem uma história muito interessante para te contar.
Dulce: Quem?
Chris: (abre a porta e chama alguém) Ele.
Dulce: Dr Sanches? O que faz aqui?
Chris: Acho que vamos ter uma longa conversa pela frente.

Dulce sentou-se chocada. Não conseguia entender de onde Christopher conhecia o médico de Memo. E porque o trouxera ali? Respirou fundo e os encarou. Já estava cansada de tanto suspense.
Dulce: E então?
Chris: Vamos logo. Fale toda a verdade para ela. Anda... Depressa.
Ator: A verdade? Tem certeza?
Chris: Sim a verdade. Não esconda nada. Diga tudo o que sabe.
Ator: Olha srta Spinoza... O seus noivo, o senhor Uchoa, tem estenose mitral de nascença e descobriu a doença a pouco tempo. E como já está em estagio bem avançado ele tem pouco tempo de vida.
Dulce: Mas isso eu já sei...
Chris: Conta logo a verdade.
Ator: A verdade é que este seu amigo aí, me descobriu. E me ofereceu dinheiro para que eu te dissesse que essa doença é inventada. Ele está fazendo qualquer negócio para que a senhora não se case.
Chris: (gritando) Isso é mentira!!! Fala logo a verdade. Anda! Depressa... Fala que o Memo não tem nada. Conta pra ela que vc é um ator contratado. Vamos... Diga!
Dulce: Mas o que significa isso?
Ator: Eu até estava disposto a fazer o que ele me pediu. Afinal um dinheiro extra sempre vai bem, no entanto, vai contra a minha ética profissional. Por isso decidi contar tudo.
Chris: O senhor é um mentiroso!!! Salafrário. Devolva já o dinheiro que eu te dei...
Dulce olhou para ele chocada. Só então Chris se deu conta do que dissera. Olhou para ela desesperado. Aquilo não podia estar acontecendo...
Chris: Não é o que está pensando... Esse dinheiro não foi tentativa de suborno não. Eu...
Dulce: Vc acabou de se condenar. Meu Deus... Como pode? Tudo bem que não quisesse que eu me casasse. Mas aí também já é demais. Como pode brincar com uma coisa tão séria? O Memo está morrendo... Como pode usar isso?
Chris: Eu juro que não fiz isso. Acredita em mim. Por favor.
Dulce: Eu queria muito acreditar em você. Mas ouvi da sua própria boca. Devo admitir que eu não queria me casar. Por diversas vezes pensei em desistir. Mas agora estou decidida a ir até o fim.

Chris: Dulce... Eu juro que não é o que está pensando... eu...
Dulce: Chega Chris! (começa a chorar) Eu não quero ouvir mais nada. Saia da minha casa por favor. Saia agora. E o Sr também, Dr Sanches. Preciso ficar sozinha.
Chris: Dulce... Por favor...
Dulce balançou a cabeça e os empurrou até a porta. Não queria ouvir mais nada. Já tinha ouvido demais pra sua cabeça. As lágrimas escorriam por seu rosto, levando junto a sua maquiagem. Era uma triste figura. Estava mais determinada do que nunca. Em breve seria uma mulher casada.

Chris ficou atônito vendo Dulce bater a porta na cara dele. Deu um soco no ar. Que droga!!! Devia ser um pesadelo. Aquilo não podia estar acontecendo. Virou-se para o lado e deparou-se com o ator que tentava escapar de mansinho. Aproximou-se dele e catou-o pelos colarinhos.
Chris: Seu desgraçado. FDP. O que pensa que fez?
Ator: Achou mesmo que eu ia acreditar naquele papo idiota que me falou? Quantos anos vc pensa que eu tenho? Quando pedi para ir ao banheiro falei com o Memo e ele me disse o que fazer. Vc é um otário rapaz.
Chris: Miserável. Eu vou acabar com a tua raça e agora!
Ator: Me larga. Me solta... Acha que tenho medo de vc seu moleque mal criado?
Chris: Ah não tem? Pois eu acho bom que comece a ter. Toma seu desgraçado.
Falando isso Chris desferiu um golpe na boca do estômago dele. Ele se encolheu de dor, mas Chris não teve piedade. Continuou esmurrando-o. Quando ele caiu no chão começou a chutá-lo. A briga já estava chamando a atenção do edifício inteiro, mas Chris não ligou. Só queria acabar com aquele idiota.
Quando o síndico chegou acompanhado dos seguranças, só encontraram o ator imóvel no chão. Ele estava todo ensangüentado, mas pelo jeito não fraturara nada. Christopher já havia ido embora. Tinha ido procurar outra maneira de fazer Dulce compreender o erro que estava cometendo. Estava correndo contra o tempo, e até o momento estava perdendo.

Anahí entrou no apartamento de Poncho com a chave que tinha. Queria fazer-lhe uma surpresa. Ficou imaginando a cara que ele faria quando entrasse ali e encontrasse o apartamento todo arrumado e uma deliciosa comida. Passara semanas no fogão em companhia da mãe até aprender aquele prato. Geralmente era uma negação na cozinha, mas agora pretendia arrasar. Caminhou até a cozinha e viu uma pilha de louça suja. Precisava dar um jeito naquilo. Mas onde a empregada guardava o avental? Procurou em toda a cozinha e área de serviço e não encontrou. Decidiu então colocar uma camiseta velha de Poncho. Bem melhor do que estragar o seu vestido. Caminhou até o quarto e abriu a porta. Parou estupefata. Não podia crer no que seus olhos estavam vendo. Esfregou-os mas continuou vendo a mesma coisa. Sentiu um ódio descomunal apossando-se dela. Deborah estava na cama dele. Nua. Assustou-se quando a viu.

Os olhos de Anny faiscavam. Deborah encolheu-se com medo. Quando ouvira o ruído da porta se abrindo acreditara que fosse Poncho e se despira depressa e viera se enfiar ali. E agora dava de cara com a namorada dele. E ela estava com cara de quem não está pra brincadeiras.
Anahí: Eu nem vou perguntar o que vc está fazendo aqui, porque eu já sei.
Deborah: Olha... Não é o que vc está pensando...
Anahí: Ah é? E como sabe o que eu estou pensando? (aproxima-se dela)
Deborah: (colocando o robe) Muita calma nessa hora.
Anahí: Mas eu estou calma... Quer saber o que vou fazer?
Deborah não teve tempo de responder. Anahí voou sobre ela com tapas. Deborah apenas se encolheu assustada. Anahí enfiou todas as unhas no rosto dela ao obrigá-la a olhá-la. O sangue começou a escorrer no mesmo instante...
Anahí: Mas veja só o que eu fiz... Acho que estraguei o seu belo rosto... Será que uma plástica resolve?
Deborah apenas uivava de dor. Anahí entretanto não deu folga... Aquela piranha merecia muito mais. Usou todas as suas forças para bater naquela vadia. Nem quando batera em Nataly caprichara tanto.
Deborah: Pára! Por favor... Eu juro que vou embora desse apartamento. Mas pára... Eu estou implorando.
Anahí: Mas é claro que vai embora. E quer saber? Vai agora mesmo.
Deborah que estava caída no chão, lutando para se recuperar nem conseguiu reagir quando Anny lhe catou pelos cabelos e foi arrastando-a pelo apartamento. Quem aquela ordinária achava que era para se meter com o seu namorado? Abriu a porta do apartamento e terminou de arrastar Deborah para fora. A seguir bateu suas mãos uma na outra, como quem está limpando a mão e entrou no apartamento. Deborah continuou caída ali, sem forças para se levantar. Ainda estava ali quando Anahí abriu novamente a porta e despejou pilhas de roupa sobre ela.
Anahí: Toma seus trapinhos também... Não servem nem pra pano de chão.
E novamente Anny trancou-se dentro do apartamento. Respirou fundo e olhou em torno. Nunca o apartamento lhe parecera tão limpo.