Fanfics Brasil - [EXCLUIDA]

Fanfic: [EXCLUIDA]


Capítulo: 41? Capítulo

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O dia amanheceu maravilhoso. O céu estava esplêndido e o clima era agradável. Dulce afastou a cortina e olhou a manhã lá fora. Esfregou os olhos inchados. Chorara a noite toda. Respirou fundo e olhou-se no espelho. Santo Deus... Estava horrível. Pensou em cortar rodelas de batatas e colocá-las sobre os olhos, quem sabe isso amenizasse suas olheiras. Qualquer pessoa que a visse naquele instante julgaria que ela estava indo para um funeral e nunca para um casamento. E pensando bem, era exatamente assim que Dulce se sentia. No momento em que dissesse sim, estaria sepultando a sua felicidade, e o buquê de rosas brancas que ela carregaria seria sua coroa funerária. Dulce saiu do quarto em direção a cozinha, mas antes que lá chegasse, a campainha tocou, fazendo com que ela mudasse sua rota. Abriu a porta e deu de cara com um sujeito que ela nunca vira antes. Ele havia sido contratado por Memo para levá-la até a fazenda em que se realizariam as bodas. Dulce sorriu sarcástica. Podia apostar que Memo estava fazendo isso para se certificar de que não seria abandonado no altar. Seria impossível escapar.
Dulce correu para o quarto e arrumou uma mala com o que ia precisar. Maquiagem, lingerie... Faltava alguma coisa? Ah! Faltava a camisola da noite de núpcias. Pensar nessa noite provocou um horror involuntário em Dulce. Só de imaginar o noivo tocando-a e... Ai! Dava-lhe vontade de gritar de pavor. Nem mesmo tivera ânimo de comprar a camisola especial para as núpcias. Deixara ao encargo da amiga Stephania. Abriu a gaveta e viu a camisola. Era de um tecido fino e transparente. Tocou nela de leve. Só de pensar em usar aquilo perto de Memo... Fechou a gaveta depressa. Abriu outra gaveta e retirou de lá um pijama de flanela que usava no inverno. O noivo que a perdoasse, mas... Sentia a necessidade de estar o mais coberta que conseguisse. O homem na sala pigarreou, reclamando a demora. Dulce pegou a mala e a caixa com o vestido e foi ao encontro dele. Quarenta minutos depois, Chegou em uma fazenda maravilhosa.

A decoração estava magnífica. O altar fora montado próximo a um rio de águas cristalinas. Cadeiras brancas haviam sido cuidadosamente espalhadas pelo gramado verde. O tapete vermelho por onde a noiva passaria estava coberto de pétalas de rosas brancas, iguais as que compunham o buquê. Luminárias haviam sido espalhadas por todos os cantos, já que o casamento seria ao anoitecer. Dulce estava alheia a tudo isso. Tinha vontade de sair correndo dali. Tentou se acalmar. Não podia agir como se sua vida estivesse acabando... tinha que pensar que uma nova fase estava se iniciando para ela. Sua mãe entrou apressada no quarto em que ela estava. Sorriu-lhe meigamente. Dulce correu ao encontro dela. Precisava muito do colo da mãe naquela hora.
Dulce: Ai mãe... Que bom que a senhora está aqui...
Mãe: Calma filha... Desse jeito vai estragar esse penteado. Acha mesmo que não estaria aqui no dia mais importante da vida da minha filha?
Dulce: Mamãe... Tudo o que eu quero e preciso é que a senhora me abrace bem forte.
Dulce se aconchegou no abraço da mãe. Lembrou-se de quando era pequena e havia tempestades. Arregalava os olhos quando ouvia os trovões ou percebia o clarão dos raios. Só se acalmava quando a mãe a abraçava, exatamente como estava fazendo agora.
Dulce: (cochichando no ouvido da mãe, enquanto se abraçavam) Canta pra mim mãe? Canta aquela canção que vc cantava quando eu estava com muito medo?
A mãe a conduziu até a cama. Sentaram-se. Dulce deitou a cabeça sobre as pernas dela. O penteado já totalmente desfeito. A mãe passou a mão suavemente pelos cabelos dela e ergueu a voz pura e cristalina cantarolando.
“Menininha sai do portão... vem também brincar...
Vem pra roda me dê a mão, trás o seu olhar...
Vou girando na roda, vou cantando a sua espera... (...)”

Dulce não resistiu àquela voz... deixou que as lágrimas inundassem os seus olhos. Quando a canção terminou, a mãe a ergueu cuidadosamente e fez com que ela a encarasse. Passou as mãos pelos olhos da filha e tentou secar as lágrimas dela.
Mãe: Dulce... Tem algo muito errado aqui. Vc não está só nervosa... Tem algo acontecendo. Pode me contar o que é...
Dulce: Não é nada mãe. Só estou nervosa... Só isso...
Mãe: Vc não me engana filhota... Pode até ser uma ótima atriz, mas mães sabem de tudo... E eu te conheço bem... Se duvidar melhor do que vc mesma.
Dulce: Não estou tentando te enganar... É a verdade.
Mãe: Por acaso vc não está querendo se casar? Ninguém pode te forçar a nada... Se vc não quer esse casamento a gente cancela. Não tem problema...
Dulce: (se alterando) Eu já disse que não é nada mamãe... E é claro que eu quero me casar... O maior sonho da minha vida sempre foi me casar com o Chris.

Mãe: Chris? Vc falou Chris? C-H-R-I-S? Vc está falando do Christopher? (observa o rosto de Dulce) Mas é claro que está. Eu até me lembro que vc e a Nataly brigaram por ele uma época.
Dulce: Eu falei Chris? Mas é claro que não mamãe... A senhora não está lavando os ouvidos? Que idéia... Chris... Essa é boa. Eu falei Memo
Mãe: (desconfiada) Dulce... Me conte tudo imediatamente. Nem tente me enrolar. Anda. DULCE MARIA SPINOZA ESTOU FALANDO COM VC.
Dulce: Mamãe eu te juro... Juro que hoje é o dia mais feliz da minha vida, é o dia mais feliz porque estou me casando com o Memo. Eu juro.
Mãe: Dulce... Vc não pode se casar com um homem que vc não ama. Tá certo, o Guilhermo é um amor de pessoa, mas tem algo nele que... Sei lá... Ele não é pra vc Dulce. Tem algo nele que me soa artificial. É a sua felicidade que está em jogo. Não pode se casar sem amor.
Dulce: E quem diz que eu não amo o Memo?
Mãe: Está se vendo... Dá pra ver de longe que vc está apaixonada pelo lorinho.
Dulce: Claro que não estou. Pára com isso mamãe...
Mãe: Dulce se for preciso eu te tranco aqui dentro, mas vc não vai se casar. Não mesmo.
Dulce: Não se meta mãe. Eu sei o que estou fazendo. A vida é minha.
Mãe: E eu sou sua mãe. Acha que vou ficar olhando vc se estrepar toda por vontade própria sem fazer nada?
Dulce: Vc vai estar impedindo a minha felicidade se não me deixar casar. E eu nunca te perdoaria se fizesse isso. E tem mais. Se me proibir, eu e o Memo vamos fugir e vc nunca mais me verá.
Mãe: Pare de melodramas... Acha que eu acredito nisso? Vc está blefando!
Dulce: Já avisei mamãe. Não me impeça, ouviu bem? Eu caso hoje nem que tenha que pular as janelas. E agora me dá licença que vc só está me deixando mais nervosa.

Antes que a mãe alcançasse a porta, Dulce correu até lá e retirou a chave. A mãe a olhou desgostosa. Sabia que a filha estava determinada. Se ela metera tal idéia na cabeça, não haveria nada que tirasse. Mas estava preocupada. Conhecia a filha. Sabia que ela não estava bem. Teve vontade de ir logo embora dali. Não queria ver a filha que ela tanto cuidara, estragar a vida com uma palavra. Mas não iria abandoná-la ali. Não a deixaria sozinha numa hora daquelas.

Dulce ficou em silêncio vendo a mãe se retirar do quarto. Atirou-se então a cama chorando muito. Faltavam três horas para o casamento e ela ainda não estava conformada. Mas sabia agora mais do que nunca que iria até o fim. Custasse o que custasse. Desejou nunca ter conhecido Memo. Se nunca o tivesse conhecido nada daquilo estaria acontecendo. Nunca saberia da doença dele e, portanto, não se sentiria na obrigação de ajudar. Respirou fundo tentando se recompor. Fechou os olhos e imaginou o que Chris estaria fazendo a uma hora daquelas. Lembrou-se da tarde anterior. Ele pegara muito pesado. Mas apesar de tudo, ficara envaidecida ao saber a que ponto ele chegara para não perdê-la. Tocou a pulseirinha... Ele nem sequer a usava mais. E olha que ele havia prometido que nunca a tiraria... Porém, quantas promessas não haviam sido quebradas... por ela, na maioria das vezes. Olhou para o vestido nas costas de uma cadeira. Lembrou-se de quando ele a vira vestida com ele. Aquela tarde ainda insistia em persegui-la. Ainda podia sentir os dedos dele entrelaçados com os seus... os lábios dele ainda queimavam os seus... Ah Chris... Quando ele sairia da sua cabeça? Em breve seria uma mulher casada, e ele estaria no seu passado. Tinha que entender isso... Tinha...
Paul: Mas não pode ser! Vc ainda nem está vestida... Céus! Que horror!!! O que vc fez com o penteado que eu levei horas fazendo? Acabou com a minha obra-prima. Santo Deus, protetor das bibas encalhadas... valei-me. Senta aqui, senta... Deixa-me ver o que posso fazer por vc...

Memo já aguardava pela noiva no altar. Estava sorridente. As coisas estavam dando admiravelmente certas para ele. Mas ele não se enganava. Sabia que não ia ser tudo tão calmo. Provavelmente aqueles amiguinhos idiotas de Dulce, tentariam aprontar alguma. Mas já havia tomado suas precauções. Eles iam dar com os burros n’água. Olhou para o cestinho das alianças que estava em cima do altar. Pegou a aliança menor e fechou-a na palma da mão. Riu-se. Ali estava o símbolo da submissão de Dulce. Depois do casamento ela também estaria nas suas mãos. Poderia fazer com ela o que quisesse. Guardou-a de volta na cestinha. Olhou no relógio. Já era para ela estar chegando... Já haviam se passado cinco minutos das sete, hora marcada para o casamento. Olhou para o sol se pondo no horizonte. Perfeito. Ninguém conseguiria por defeito. Imaginou as manchetes nos jornais do dia seguinte. Toda a imprensa estava ali. Queria que testemunhassem o seu momento de glória. Mas e Dulce que não chegava? E se ela estivesse desistindo? Não. Não podia deixar isso acontecer. Com um gesto disfarçado chamou o ator que contratara para fingir que era seu médico e pediu-lhe que fosse falar com Dulce.

Dulce já estava pronta. Andava segurando a barra do vestido de um lado para outro do quarto. Pedira para ficar um pouco sozinha. Anahí acabara de sair dali. E não tinha lhe deixado em paz por um segundo sequer. Parecia a sua mãe. Ficou buzinando por horas nos seus ouvidos a mesma ladainha que sua mãe também rezara. Será que elas não entendiam? Não... E nem tinham como entender. Ouviu o ruído da porta se abrindo. Maite enfiou a cabeça para dentro do quarto e sorriu timidamente.
Maite: Está linda! Será que posso falar contigo um pouquinho?
Dulce: Claro! Entra aí. Vc também está lindíssima.
Maite: Dul... Vc tem certeza?
Dulce: Ah não! Vc também não... Sabe quantas vezes eu já ouvi essa pergunta? Mas que droga.
Maite: Candy... Eu vim até aqui, porque sei que não é isso o que vc quer realmente. Eu não sei o que aconteceu entre vc e o Chris, mas eu sei que ainda se amam mais do que tudo. Não pode fazer isso. Fizeram de tudo para ficar juntos e vc vai entregar o jogo tão fácil?
Dulce: Eu e o Chris não temos nada a ver. Eu vou me casar e ponto. Será que vcs não se cansam de tentar me demover da minha decisão?
Maite: Dulce... Eu nunca amei tanto um garoto como amei o Chris. Mas ele sempre foi apaixonado por vc. Aquele dia, eu entreguei a carta, porque sabia que vcs só seriam felizes se estivessem juntos. Acha que eu abriria mão dele se não acreditasse no amor de vcs? Pára com isso Dulce... Vc está fazendo uma burrada... Não percebe que sem amor nem vc nem o Memo serão felizes?
Dulce: Maite... Eu sinto muito por vc... Mas se quiser o Chris agora é todinho seu.
Maite: Dulce!!! O que está pensando? O Chris não é nenhuma mercadoria pra vc tratar ele assim. Vc não tem o direito de me dá-lo ou não. Ele fica com quem ele quiser. E ele quer ficar com vc. Eu demorei pra aceitar isso. Mas hoje já superei e esqueci. Estou em outra. Mas vc não. Dá pra ver nos seus olhos que vc ainda o ama. Não faça isso... Eu te imploro. Vai estragar a vida de vcs dois.

Dulce: (tentando conter as lágrimas) Desculpa Mai... Eu não devia ter falado assim. Mas é muito difícil. Sabe porque estou casando? Porque o Memo está muito doente e só tem mais alguns meses de vida... Esse é o último desejo dele. Preciso fazer ele feliz. Eu havia prometido que não contaria isso a ninguém, mas não agüento mais ficar guardando, sofrendo em silêncio.
Maite: (chocada) Amiga!!! Que coisa triste... Eu não sabia... Mas senta aqui comigo... Presta bem atenção. Eu sei que sua intenção é boa, mas se vc se casar, vai ser infeliz. E se estiver infeliz, jamais vai conseguir fazer o Memo feliz. Por mais que se esforce. Vc precisa pensar em si mesma antes de pensar nos outros. Se vc não estiver bem, não conseguirá fazer com que ninguém esteja.
Dulce: Vc acha? (Maite acena afirmativamente com a cabeça) Eu nunca tinha pensado nisso. Acha que o Memo vai entender se eu cancelar o casamento? Ainda mais agora... Que já está na hora...
Maite: Se ele te ama de verdade, tenho certeza.
Dulce: Eu vou já falar com ele. Obrigada Maite... Vc salvou não só o meu dia, mas a minha vida inteira...
Maite: Ou pelo menos os próximos meses né?
Dulce saiu do quarto e correu o tanto que o seu vestido lhe permitia. Precisava parar com tudo aquilo. Precisava parar com aquela palhaçada. Sentiu que alguém a puxava pelo braço e virou-se.
Dulce: Dr Sanches? O que deseja? Que cara é essa?

O “Dr Sanches” ficou alguns segundos parado, olhando para Dulce. Estava pálido. Naquele instante Dulce teve certeza de que algo horrível devia ter acontecido com Memo.
Dulce: Fala logo doutor... Por favor... Estou implorando. O que aconteceu com ele?
Dr Sanches: Ah minha querida... Ele passou mal. Já está melhor.
Dulce: Como assim passou mal? Passou mal porque?
Dr Sanches: Por um motivo absurdo. Acredita que ele tirou de não sei onde a idéia de que vc vai desistir de se casar? Daí, como vc sabe... ele está com o coração fraco e coisa e tal.
Dulce: (empalidecendo) Ele acha isso é?
Dr Sanches: Acha. E devo admitir que pelo estado que está o coração dele, se isso acontecesse ele não iria sobreviver. Acho que era capaz de ter uma parada cardíaca ali no altar mesmo. Seria letal para ele. (sorri) Mas é claro que isso não irá acontecer... Afinal, vc já está indo se casar não é mesmo?
Dulce: (dá um sorriso triste e amarelo) Claro... Claro... Eu já estava mesmo indo.
Dr Sanches: Então vou acompanhá-la até lá. Vamos logo antes que algo de grave aconteça com ele. Ia ser horrível não é?
Dulce não conseguiu falar nada. Sentia um bolo enorme na garganta. Apertou os olhos para não chorar. Sua cabeça girava. Era tarde demais. Não havia nada que pudesse fazer. Olhou para o doutor e seguiu-o. Estava prestes a entrar no inferno.

Chris estacionou o carro na frente da porteira da fazenda. Respirou fundo. Era agora ou nunca. Tinha que conseguir impedir aquele casamento. Apertou um papel com força. Era o seu convite. Poncho prontamente desistira de ir ao casamento para entregá-lo a ele. Dissera na ocasião que a presença de Christopher lá era a que realmente importava. Confiavam nele para parar com aquela palhaçada. Caminhou a passou firmes para o portão. Ajeitou a gravata. Sentiu que o tocavam. Continuou andando. O toque tornou-se mais intenso. Virou-se e deu de cara com três seguranças armados e enormes olhando-o com cara feia. Colocou a mão no bolso e retirou o convite, todo amassado.
Chris: Aqui está o meu convite.
Segurança 1: (olhando para o convite) Realmente. É o seu convite. (rasga o convite) Ou melhor... era o seu convite.
Segurança 2: Sinto muito... Sem convite não dá para entrar.
Chris: Como sem convite? Eu não tenho culpa que rasgaram o meu convite. O que estão pensando? Eu vou entrar sim.
Segurança 1: Nem pense nisso rapazinho.
Segurança 3: O nosso patrão ordenou que não deixássemos vc entrar. Portanto, daqui vc não passa. Pode dar meia volta e voltar pelo caminho por onde veio.
Chris: Aquele desgraçado... Eu vou entrar nessa porcaria de qualquer jeito.
Segurança 2: Vai ter que passar por cima da gente antes... Ou das nossas armas. (mostra a arma ameaçadoramente para ele)
Chris: Calma aí cara. Também não é pra tanto.
Segurança 1: Vc está me cansando. Quer saber do que mais? Tem um segundo pra sumir daqui... Se não vou te encher de porrada.
Chris: (tentando forçar passagem) Eu vou entrar. De qualquer jei...

Não terminou de falar. Levou um murro na boca do estômago. Ficou sem ar de tanta dor. A seguir levou um golpe na testa. O próximo soco atingiu seu nariz. Sentiu que o sangue começava a escorrer. Por fim, deram-lhe com a coronha do revolver na cabeça. Um fino filete de sangue começou a escorrer de sua fronte. Sentiu que ia perder os sentidos e lutou para manter a consciência. Viu quando o levantaram e o jogaram em um campo vazio, do lado de fora da cerca. E então viu a escuridão total. Havia desmaiado.

Chris abriu os olhos e tentou erguer-se com dificuldade. Por quanto tempo ficara inconsciente? Devia ter sido por pouco tempo, pois o sangue dele ainda não estava coagulado e continuava escorrendo. Sentia dores por todo o corpo, e principalmente na cabeça. Tirou o paletó e rasgou uma tira dele. Amarrou no braço que sangrava. Devia ter batido na hora da queda. O seu nariz não parava de sangrar, embora o fluxo de sangue já estivesse bem menor. Os botões da sua camisa haviam sido quase todos arrancados. Ficaram apenas os dois últimos. A gravata havia se perdido. Mas ele não se importava. Ao longe se ouvia o cantar dos pássaros, o mugir dos bois e o relinchar dos cavalos. Olhou para adiante e viu que tinham acabado com seu carro. Fechou os olhos. E então ouviu bem fraquinho o som de uma marcha nupcial. Dulce estava se casando. Lágrimas grossas e quentes começaram a cair dos seus olhos e misturar-se com o sangue que escorria. Deixou que sua cabeça pendesse novamente no chão. Agora era tarde! Ele não conseguira impedir. A marcha continuava suave em seus ouvidos. Tentou gritar o quanto amava Dulce... sabia que era impossível ela ouvir, mas quem sabe... porém, por mais que se esforçasse sua voz não se erguia mais do que um leve murmúrio. Estava tudo perdido. Tudo acabado. Tanto trabalho para nada. Aquele crápula vencera. As lágrimas vieram mais fortes, e seus ombros foram abalados por soluços. A marcha nupcial ao longe era fúnebre para ele. Teve vontade de sair dali e se atirar no primeiro precipício que encontrasse. Mas já estava em um. Sentia-se derrotado. Ergueu-se devagar e apoiou-se na cerca. Sentiu que o despedaçavam por dentro. E ele não tinha a mínima idéia do que fazer para catar os seus próprios cacos.

A marcha nupcial tocava serena. Dulce fechou os olhos e tocou a pulseirinha. Ainda não tivera coragem de tirá-la e era a única jóia que usava. Ficou observando escondida atrás de um arvore, as suas damas de honra entrando na igreja. Memo estava sorridente no altar. Apesar do que o médico lhe dissera ele não parecia abatido. A lua já estava aparecendo no céu. E ela não tinha escapatória. A marcha continuava tocando, fazendo com que ela desejasse estar longe dali. Olhou para os convidados. Encontrou a mãe, ao lado de Anahí. Ambas choravam uma encostada na outra. E Dulce podia jurar que não era de emoção e nem de felicidade. Sentiu um aperto no estômago. Olhou procurando por Chris, mas ele não estava ali. Que óbvio. Era óbvio que ele não estava. O que ele iria fazer ali? Era uma burra mesmo. Alguém tocou seu braço, informando que era sua vez de entrar no longo tapete vermelho. Longo, mas que para ela era curto. Chegou na beirada do tapete e olhou para a frente. E de súbito, sentiu-se como quando tinha quatro anos e ao apresentar um recital na escolinha, saíra correndo sem conseguir dizer nada. Era a mesma sensação que tinha agora. Abaixou a cabeça. Alguém atrás dela lhe sussurrou que já estava demorando, que começasse a andar. No entanto, não conseguia se mexer. Ergueu a cabeça e olhou para Memo. Ele a fitava assustado. Seus olhos se encontraram e ele sorriu para ela, como que incentivando-a. Dulce sentiu-se mais calma, então. Não podia falhar com o noivo. Respirou fundo e deu o primeiro passo em direção ao altar.

Dulce precisou de todo o seu autocontrole para continuar caminhando. Manteve seus olhos presos no de Memo. Sabia que se os desviasse nem que fosse por frações de segundos, não teria coragem de seguir em frente. De repente sentiu-se distante, como se aquilo tudo não estivesse acontecendo de verdade. Olhou para as pessoas e era como se não as visse. Sentiu que sua cabeça girava. Teve a sensação de que o chão fugia aos seus pés. Sentiu uma pressão na barriga. E então ouviu um barulho. Era um relincho de cavalo. Cavalo? Como assim cavalo? Saiu do transe em que se encontrava imediatamente. Notou que a pressão na sua barriga era provocada por um par de mãos. Quem é que a estava erguendo? Sacudiu os pés tentando apoiá-los novamente no tapete, mas foi inútil. Ergueu os olhos assustados para cima. Parou boquiaberta. O choque foi tão grande que ela não ofereceu mais resistência. Deixou que Christopher a erguesse e a colocasse em cima do cavalo, na frente dele. Ela virou-se e olhou para ele. Não reparou no sangue ainda úmido que escorria dele, nem em como ele estava fraco. Só percebeu os olhos determinados dele. Havia um magnetismo que prendia os seus ali. Apesar dos ferimentos e do cansaço dele, ela nunca o tinha achado tão lindo. Virou a cabeça devagar e olhou para as outras pessoas. Elas também estavam perplexas, sem conseguir esboçar reação alguma. Conseguiu enxergar a mãe e Anahí, abraçadas e sorridentes. Seu coração batia descompassado. Aquela proximidade com Chris a afetava. Seu cabelo desprendeu-se, liberando o véu. Com isso o cavalo assustou-se e empinou. Chris firmou as rédeas para controlá-lo, Dulce sentiu então a respiração dele na nuca e estremeceu. Tornou-se consciente demais das pernas dele comprimidas contra as suas. O sangue já manchava o branco do seu vestido. Mas não importava. O importante eram aqueles olhos. E então ele virou o cavalo e saiu a galope dali.

A última coisa que Dulce conseguiu ver, foi a cara de ódio de Memo, que estava tão sem reação quanto os demais. Mas não conseguiu sentir pena dele. Ao invés disso, recostou sua cabeça no peito de Chris e deixou que ele galopasse rumo a lua.



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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 409



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  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:50:18

    aa então manda pra mim...vc pudia escrever o resto da segunda temporada ...acho q se vc escrever vais ser mara

    jessika18_29@hotmail.com
    ta ai...

  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:50:18

    aa então manda pra mim...vc pudia escrever o resto da segunda temporada ...acho q se vc escrever vais ser mara

    jessika18_29@hotmail.com
    ta ai...

  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:50:16

    aa então manda pra mim...vc pudia escrever o resto da segunda temporada ...acho q se vc escrever vais ser mara

    jessika18_29@hotmail.com
    ta ai...

  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:39:53

    OMG...

    tem segunda temporada??
    fiquei curiosa em saber o q aconteceu com o memo e a Nataly...acho q tem 2ª temporada se tiver posta please!!!!!!!!!!!!!


    :)

  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:39:51

    OMG...

    tem segunda temporada??
    fiquei curiosa em saber o q aconteceu com o memo e a Nataly...acho q tem 2ª temporada se tiver posta please!!!!!!!!!!!!!


    :)

  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:26:31

    Continua please!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    ****POSTA****
    +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++


    :)

  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:26:30

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  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:26:30

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  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:24:31

    Posta mais please!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    wn incrivel...

    continua please!!!!!!!!!!!!!

    :)

  • jessikavon Postado em 12/12/2009 - 23:24:29

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    continua please!!!!!!!!!!!!!

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