Fanfic: [EXCLUIDA]

Os primeiros raios de sol banharam a casa, dando a ela um colorido dourado. Chris continuou com os olhos fechados, saboreando o cantar dos pássaros ao longe. Respirou o ar puro e só então abriu os olhos. Olhou para Dulce que ainda jazia adormecida ao seu lado. Como ela era linda. Pensou em acordá-la, mas ficou com medo da reação dela. Vai que ela tivesse se arrependido de tudo? E o que ele menos queria era quebrar o encanto daquele momento. Percebeu que ela se mexeu, ameaçando acordar. Tratou então de fechar os olhos depressa, fingindo que ainda dormia. Dulce sentou-se e espreguiçou-se. A seguir olhou em torno. Sorriu ternamente quando viu Chris. Voltou a deitar do lado dele. Levou sua mão até o cabelo dele e seus dedos brincaram de fazer cachinhos. Ele estava tão encantadoramente bonito. Como sempre, aliás. Olhou para as faixas no braço dele e certificou-se de que ele não voltara a sangrar. A seguir passou os dedos de leve pela fronte dele, para ver se a ferida já melhorara. Beijou-a de leve. Suspirou aliviada ao se dar conta de que não tinha nada infeccionado. Levantou-se e abriu uma pequena janela de madeira que tinha por ali e olhou o dia lá fora. Chris abriu os olhos e ficou vendo-a se movimentando pela pequena casa. Viu quando ela juntou o vestido que estava abandonado por ali e a calça dele e colocou sobre uma cadeira. Fechou novamente os olhos depressa quando percebeu que ela se aproximava. Ela chamou-o suavemente, mas não obteve resposta. Então se deitou no tapete ao lado dele. Ficou de bruços, com os cotovelos apoiados no chão, olhando para ele. E então, julgando que ele ainda dormia sussurrou.
Dulce: O que fez comigo? Por que tem que ser tão fofo? Por que sou tão perdidamente apaixonada por vc? E por que motivo esse amor fica mais forte a cada dia que passa?

Chris continuou de olhos bem fechados ouvindo cada palavra. Seu coração batia acelerado dentro do peito. Teve vontade de abrir os olhos e declarar-se também para ela, mas resolveu continuar fingindo para ver o que ela ia fazer. Dulce inclinou-se sobre ele e deu uma leve mordidinha no lábio inferior dele. Christopher quase foi a loucura, e não conseguiu se conter mais. Apossou-se da boca dela, enquanto passava os braços pela cintura dela, fazendo com que ela ficasse deitada sobre ele. Cada milímetro de suas peles se tocando... Dulce olhou surpresa para ele.
Dulce: Vc estava acordado esse tempo todo, senhor Christopher???
Chris apenas sorriu. Dulce não lhe deu tempo de responder. Baixou sua boca sobre a dele e beijou. O fogo da paixão consumiu-os uma vez mais. Rolaram pelo tapete, totalmente esquecidos da vida. E quando se separaram, suados, satisfeitos e felizes muito tempo depois, continuaram sussurrando juras de amor. Haviam ganhado uma nova oportunidade da vida, e não pretendiam desperdiçá-la agora...

Quando acordaram novamente, já passara e muito da hora do almoço. E o estômago de Dulce reclamava, faminto. Chris levantou-se e estendeu sua mão para Dulce para ajudá-la a se levantar. Sorriram um para o outro. Dulce desapareceu no interior da casa. Voltou com as roupas deles na mão.
Dulce: Acho melhor a gente se vestir e ir procurar algumas frutas nessas árvores que tem por aí... Estou com um fome...
Chris: Coitadinha do meu amor... Eu te seqüestro daquela fazenda luxuosa pra fazer vc passar fome...
Dulce: Mas pode estar certo de uma coisa... Estou bem mais feliz agora. Ou melhor... Agora estou muitíssimo feliz. Antes eu estava triste como o que.
Chris: Vc é a minha felicidade.
Dulce: E vc é lindo... Eu simplesmente não posso viver sem vc... (começa a colocar o vestido) Agora deixa eu me vestir porque realmente estou com muita fome.
Chris: (terminando de por a calça) Eu já estou indo ver se encontro alguma coisa...
Chris deu uma piscadela, daquelas que só ele sabe dar, para Dulce. Ela sorriu em resposta. Ele virou-se e dirigiu-se para a porta. Dulce terminou de ajeitar o vestido e ficou olhando ele sair. Sentia-se realizada pelo simples fato de estar ao lado dele.
Dulce: Chris... (ele se vira) Eu te amo!!! (joga um beijo para ele).

Chris sorriu e virou-se novamente, desaparecendo na porta. Dulce saiu logo atrás, mas foi na direção oposta a dele. Caminhou por alguns minutos e encontrou um pequeno córrego. Sorriu maravilhada. Estava mesmo precisando de um banho. Despiu o vestido com cuidado e entrou na água. Deu um gritinho quando percebeu o quanto ela estava fria. Mas logo se acostumou. Minutos depois saiu totalmente limpa da água e sentou-se em uma pedra, deixando que o sol a secasse naturalmente. Quando já estava recolocando o vestido, ouviu o barulho de motos e o tropel de cavalos. Escondeu-se atrás de uma árvore e observou. Teve um choque quando percebeu quem se tratava. Era Memo, com seus capangas e a polícia... Estavam sem dúvida no encalço dela e do Chris. Sentiu um aperto na barriga. Aquilo não podia ser. Saiu correndo dali, tentando se esconder atrás de uma árvore ou outra. A fome totalmente esquecida. Precisava encontrar o Chris. Era muito importante que saíssem dali, antes que os encontrassem. Estava maravilhoso o idílio deles dois e ela não queria ter que voltar a vida real.

Dulce entrou pela pequena casinha chamando por Chris. Ele apareceu na sala sorrindo, com várias maçãs na mão. Dulce nem reparou nisso. Estava aflita demais.
Chris: Nossa... Como vc está cheirosa... Olha só o que eu achei para a gente comer... Não precisa fazer essa cara... Sei que não é um banquete, mas já da pra enganar o estômago.
Dulce: Não é isso coelhinho... É que a gente precisa sair daqui e rápido.
Chris: Mas o que foi que aconteceu? Fala logo Candy. Acharam a gente?
Dulce: Eu estava me banhando no rio que vi ali em cima e vi o Memo e a polícia chegando. A gente precisa ir embora... Não dou meia hora pra eles estarem aqui.
Chris: Não. Eu não vou fugir de novo. Vou ficar e enfrentar todo mundo.
Dulce: Não faça isso. Vamos embora, por favor. Não quero que esse momento acabe nunca...
Chris: A gente ia ter que voltar uma hora ou outra... Então que seja agora.
Dulce: (quase chorando) Meu amor! Por favor... Se o Memo te pega, nem sei o que poderia acontecer contigo. E além do mais, a polícia está vindo junto. Faça isso por mim.
Chris: Tem certeza de que é o que quer? Fugir dos problemas nunca os resolve. Vou fazer só porque é o que está me pedindo.
Dulce: Vamos depressa. Pra qualquer lugar onde não nos achem.
Chris abraçou Dulce fortemente. Ela enterrou a cabeça no ombro dele. Estava desesperada. Assustada demais pelo que a aguardava. Não queria ter que abrir mão do Chris outra vez. E não queria se sentir culpada por Memo. Separaram-se e Chris a pegou pela mão e a puxou em direção a porta. Estavam prestes a sair quando ouviram uma voz.
Delegado: (falando no auto-falante) Christopher Alexander Casillas Von Uckermann está cercado! Saia com as mão para cima nesse instante. E traga junto a sua refém. Repito: Está cercado... Não tem por onde escapar.

Dulce e Chris se entreolharam. Ele respirou fundo e deu um passo a frente. Dulce o puxou, e implorou com os olhos que ele não fizesse aquilo. Mas não tinham mais saída. Dulce então se aproximou dele e o beijou. Ardentemente. Ainda não sabiam o que o futuro lhes reservava e tinham medo disso. E agora não podiam fazer mais nada. A sorte fora lançada.

Chris foi levado algemado até a pequena delegacia daquelas redondezas. De nada adiantaram os apelos desesperados de Dulce. Chris estava preso sob acusação de seqüestro. Christopher não disse uma palavra desde que saiu da casa. Encarou fundo os olhos de Memo quando passou por ele, escoltado por dois policiais. Memo estava com o rosto transfigurado pelo ódio e teve vontade de dar-lhe um enorme soco no estomago. Só se conteve porque Dulce estava por perto, e ele precisava cuidar da sua imagem de vítima sofredora. Dulce ficou olhando para Chris, com os olhos cheios de lágrimas. Aquilo não era justo. Porque não a ouviam quando dizia que tinha ido com Christopher por vontade própria? Memo aproximou-se dela e jogou um cobertor sobre os ombros dela.
Memo: Vc está bem?
Dulce: Memo... Peça pra soltarem ele... Ele não fez nada de errado.
Memo: Eu não vou fazer isso. Ele cometeu um seqüestro e vai ter que pagar por isso.
Dulce: Mas que inferno!!! Já disse que não foi um seqüestro.
Memo: Dulce... Não vou discutir isso agora com vc. (coloca a mão no peito e faz uma careta de dor) Ai... Acho que tudo isso está sendo demais pra mim.
Dulce: (preocupada) O que aconteceu? Vc não está se sentindo bem?
Memo: Na verdade estou sentindo essas fisgadas aqui no coração desde a hora em que ele te seqüestrou.
Dulce: Fica calmo. Tudo já acabou...
Memo: Eu já estou melhor. Não precisa se preocupar.
Dulce: Está bem mesmo?
Memo: Estou sim.
Dulce: Então fica aí, que eu vou até a delegacia. O Chris está precisando muito de mim agora. Depois a gente conversa.
Memo não podia acreditar no que ela estava dizendo. Chamou por ela, mas ela parecia surda. Montou em um cavalo e partiu a toda atrás dos policiais. Memo continuou ali, fazendo o máximo de caretas de dor que conseguia, mas Dulce não deu atenção. Naquele momento queria que tudo se explodisse. O homem que ela amava estava seriamente encrencado, e a única coisa que lhe interessava era fazer alguma coisa que o ajudasse.

Chris foi levado para uma cela enquanto esperava pra prestar depoimento. A primeira a depor foi Dulce, que estava chorando tanto que fazia dó. Memo que já tinha chegado na delegacia não estava gostando nada daquilo. Pegou umas revistas e começou a folhear enquanto esperava. Ficou pálido quando viu a capa delas. Em todas aparecia ele a beira do altar, com cara de espanto e as manchetes todas diziam que ele havia sido abandonado no altar. Miseráveis. Agora estava todo mundo rindo as suas custas. Jogou com raiva as revistas de novo na mesinha de onde as havia pegado. Andou de um lado para outro. Sentia-se latejar de tanta raiva. Nada do que pudesse fazer ia livrá-lo daquela humilhação. Mas ele se vingaria. Daria um jeito para que aquele fedelho FDP apodrecesse na prisão. E aquela vadia da Dulce ia ver só... A vez dela chegaria. Mas só depois que estivessem casados. E agora precisava de um plano muito bom, pra afastar Dulce daquele atorzinho. Mas ia pensar em alguma coisa. Talvez até mesmo aquela Nataly que descobrira no dossiê pudesse ajudar. Era um caso para se pensar. Respirou fundo. Tinha que planejar tudo com calma... nos mínimos detalhes. Desta vez, não podia haver erros.

Dulce ficou olhando para o delegado, enquanto tentava conter o choro. Ele pediu que lhe trouxessem um copo de água, mas nem depois de bebê-lo ela ficou calma. Tudo o que queria era ver Chris longe daquele lugar horrível em que o tinham enfiado. O delegado já se sentia incomodado por ver o desconforto dela. Por outro lado, estava adorando saber que eles eram famosos. Aquilo traria uma publicidade imensa para a sua delegacia. E se conduzisse o caso com eficiência e firmeza, poderia até ser promovido. Bateu com as mãos na barriga imensa e pigarreou.
Delegado: Bem mocinha... Será que podemos começar?
Dulce: Podemos sim. Quando o senhor quiser. O que quer que eu diga?
Delegado: Conte-me tudo o que aconteceu.
Dulce: O Christopher não me seqüestrou. Eu quis ir com ele. Quis ficar cada minuto com ele. Na verdade a gente combinou de fugir juntos. Tudo o que ele fez era parte de um plano.
Delegado: Então quer dizer que vc já sabia mesmo antes de se casar que ele viria buscá-la?
Dulce: Isso mesmo. Inclusive fui eu quem pedi que ele viesse. Estava desesperada e não sabia como dizer ao Guilhermo que queria terminar tudo. Achei que essa seria a melhor maneira.
Delegado: Vc tem certeza do que está me dizendo? Sabe que mentir pra uma autoridade é crime, não sabe?
Dulce: Eu tenho certeza do que estou dizendo. E digo mais. É uma injustiça o senhor manter ele trancafiado lá dentro. E por que acha que eu mentiria? Se ele tivesse me seqüestrado, eu ia ser a primeira a querer ver ele atrás das grades não?
Delegado: Isso seria o mais lógico... A menos é claro que a senhorita se apaixonasse por ele, aí faria de tudo para defendê-lo. E por mais estranho que pareça, a mais casos assim do que a senhorita pode imaginar.
Dulce: Posso te afirmar que não é o meu caso. Eu e o Christopher já temos um caso de longa data. E eu quis ir com ele, pode ter certeza disso.
Delegado: Se é o que está dizendo... Já está tudo escrito na ata. Agora a senhorita já pode se retirar. Tente se acalmar.
Dulce: Vai soltá-lo?

O delegado apenas acenou negativamente com a cabeça. Aquilo não era tão simples assim. Além do mais, quanto mais enrolasse com o caso, maior as chances de uma promoção. Olhou com pena para a ruiva a sua frente. Ela ainda insistia em dizer que era uma injustiça. Pediu novamente que ela se retirasse. Ainda queria tomar um café antes de chamar o acusado para depor.

Chris encontrou-se com Dulce pouco antes de entrar na sala do delegado. Seus olhos se cruzaram e apesar de toda a tristeza, Dulce lhe mandou força naquele olhar. Chris sentiu pena dela e teve uma vontade enorme de consolá-la. Ela mexeu os lábios, sem emitir som, dizendo que o tiraria dali. Era uma promessa. Faria o que fosse preciso. Ficou olhando-o até que ele entrou na sala, a seguir virou-se e correu para o telefone. Precisava avisar a família do Chris e também a Anny, Poncho, Christian e Maite. Todos juntos pensariam em alguma coisa.
Chris olhou demoradamente para o delegado e não gostou do que viu. Tinha certeza de que aquele sujeito tiraria vantagem da situação o quanto conseguisse. Respirou fundo e preparou-se para o embate que sabia que viria.
Delegado: Vc está encrencado em rapazinho? (dá um sorrisinho irritante)
Chris: Se o senhor está dizendo...
Delegado: Conte-me sua versão dos fatos.
Chris: Eu fiz tudo sozinho. Ninguém mais tem culpa de nada. Queria interromper o casamento e não vi jeito melhor do que levando a noiva embora.
Delegado: E ela foi por vontade própria?
Chris: A principio não. Depois continuou comigo porque quis.
Delegado: Então quer dizer que ela não teve participação na elaboração intelectual do plano.
Chris: Não... Não teve não. E na verdade, isso tudo nem foi premeditado. Eu pretendia interromper o casamento sim. Mas não queria roubar a noiva. Só queria me declarar para ela, pra que ela visse que estava cometendo um erro. Mas fui barrado pelos seguranças. Só então eu fiz isso.
Delegado: hum... Então ela não teve participação nenhuma? Tem certeza disso?
Chris: Tenho sim.
Delegado: Bom rapaz... Acho interessante que vá procurar um advogado. Seu caso não está nada bom. Agora vou chamar os guardas pra te levarem de novo para a sua cela.
Chris: Será que eu podia falar com a Dulce?
Delegado: Se ela quiser, vou ver o que posso fazer... Agora com licença...

Chris foi escoltado novamente para a cela. Dessa vez não viu Dulce por ali. Por mais que disfarçasse, estava muito assustado. Tudo o que queria era o colo da mãe, queria ouvir o sussurro dela em seu ouvido dizendo que tudo ficaria bem... Mas agora já era adulto, e tinha que arcar com as próprias atitudes. A mãe estava longe e ele não tinha perspectivas nenhuma de que tudo acabaria bem.