Fanfic: [EXCLUIDA]

Dulce sentiu uma paz enorme invadi-la depois de ter visto Christopher. Sabia que ele a amava, e essa certeza, lhe dava forças para enfrentar o que fosse preciso. Não sabia como, mas seu coração lhe dizia que no fim, tudo se ajeitaria. Eles venceriam qualquer parada, bastava que continuassem juntos. E sabia que mesmo que quisessem, jamais conseguiriam se separar. Mas ela não queria ficar longe dele. E estava decidida... De certa forma, o que Maite lhe falara na tarde do casamento calara fundo nela. Não poderia fazer a felicidade de ninguém se ela própria não estivesse feliz. E pra ser feliz, precisava estar com Chris. Eles se completavam. E só completos estavam bem. Respirou fundo juntando coragem. Era agora ou nunca. Caminhou a passos decididos até a recepção. Ficou alguns instantes observando Memo antes de chamá-lo. Ele pressentiu a presença dela e ergueu a cabeça.
Memo: (com cara de frágil) Dulce... Onde estava até agora? Já depôs?
Dulce: Já sim. E já faz um tempinho.
Memo: Vc está estranha. O que aconteceu? Aquele canalha machucou vc?
Dulce: Não. Pelo contrário. Ele me curou.
Memo: Curou? Como assim? Vc está maluca? (coloca a mão na testa dela) Só pode estar com febre...
Dulce: Não Memo. Eu estava maluca antes, mas agora não estou mais. (pega-o pela mão) Venha... Vamos até o jardim... Preciso ter uma conversa séria contigo.
Memo: Ai... Já está de noite... E acho que o sereno não vai me fazer bem... Já estou com umas pontadinhas aqui no peito... O meu problema... Vc sabe...
Dulce: Então a gente conversa aqui dentro mesmo. Senta aqui. (sentam) Essa conversa não pode esperar mais.
Memo: Vc está me assustando... E vc sabe o que o médico falou e...
Dulce: Deixa-me falar. Se quer o meu bem, deixa. Durante os últimos meses, eu ainda perdida. Vagava só pela vida, tentando fugir do meu coração. Só via escuridão no meu destino. E minha alma estava muito machucada... sangrava até... E agora, todas essas feridas já estão cicatrizando.
Memo: Não estou entendendo porque está me falando isso.

Dulce: Estou te falando isso, pra que entenda que quem me curou foi o Christopher. Ele fez os curativos... Ele é o meu bálsamo. Quando estou longe dele as minhas feridas tornam a sangrar.
Memo: Vc está me dizendo que... ai que dor... (coloca as mãos no peito)
Dulce: Desculpa se estou te fazendo sofrer. A última coisa que quero nessa vida é que vc fique mal. E é por isso que estou te dizendo que amo o Chris... na verdade, nunca deixei de amá-lo. Não posso viver sem ele. (começa a chorar) E é por isso que não posso te fazer feliz... Por mais que eu queira, nunca vou conseguir...
Memo: Quem foi que enfiou essas bobagens na sua cabeça?
Dulce: Não são bobagens. E tem que entender isso. Não pode se contentar recebendo migalhas de uma mulher que não te ama. Eu não sei quanto tempo vc ainda vai viver, mas use esse tempo, procurando ser feliz... se quiser minha amizade... pode contar comigo sempre.
Memo: Está terminando tudo? (coloca as mãos sobre o coração e faz uma careta de dor)
Dulce: Foi um erro ter deixado esse relacionamento chegar até aqui. Eu tenho certeza de que vc vai sobreviver a essa separação.
Memo: Não percebe que se sobrevivi até aqui por causa do seu amor? Foi ele que me fez seguir em frente...
Dulce: Sinto muito dizer... Mas então vc já está morto há muito tempo e não sabe.
Dulce levantou-se e tentou secar as lágrimas com as costas da mão, mas elas insistiam em continuar caindo. Memo ficou sentado olhando para ela. Aquilo não podia estar acontecendo. Como as coisas tinham fugido de controle daquele modo? Dulce mal tinha coragem para encará-lo. E estava preocupada com ele. Mas não podia continuar levando aquela história adiante. Não podia continuar enganando a ele e a si própria. Arregalou os olhos e abafou um grito assustada.
Anahí e Poncho chegavam a delegacia no exato momento em que Dulce gritou. Viraram-se na direção do olhar dela e depararam-se com Memo com as mãos no coração, extremamente pálido, esforçando-se para respirar.

Quando Maite entrou na delegacia, encontrou uma Anahí muda e um Poncho desconcertado. Encontrou também uma Dulce assustada. Seu primeiro pensamento foi que havia acontecido algo de muito trágico com Christopher. Já começava a se desesperar quando viu Memo. Então o problema era com ele. Dulce saiu do choque em que se encontrava e precipitou para cima do ex-noivo, tentando ajudá-lo. Ele não podia morrer!!! Maite aproximou-se para ajudá-la. Anahí enterrou o rosto no ombro de Alfonso, que a abraçou fortemente.
Dulce: (desesperada) Memo!!! Tem que reagir!!! Fala comigo! Memo!!! Guilhermo! Ai meu Deus... Ele está muito mal. Alguém ligue para o hospital e chame uma ambulância. É urgente!!!
Memo se assustou ao ouvir falar em ambulância. Estava fingindo muito bem até ali. Mas um médico de verdade iria acabar com sua farsa. Abriu os olhos devagar, e ainda com expressão de que estava a beira da morte, olhou para Dulce.
Memo: Ambulância não!!! Ai... (fica um longo tempo tentando puxar ar, antes de continuar a falar) Liga para o meu médico. Ele está na fazenda, que é aqui perto. Ai! Ai... Ai meu peito! Chama ele... Por favor... É só o que eu te peço.
Dulce: Mas um hospital é mais garantido.
Memo: Ai... não discute... só faça o que estou te pedindo... (olha para ela suplicante) Pelo menos isso...
Dulce: Tudo bem... Cadê teu celular?
Memo aparentava que ficaria inconsciente a qualquer minuto. Apenas apontou debilmente o bolso e Dulce retirou de lá o aparelho. Discou depressa, e o Dr Sanches prometeu que estaria ali em breve. Depois disso, Dulce não sabia o que fazer. Estava apavorada com a perspectiva de que Memo poderia morrer ali na sua frente a qualquer minuto. Começou a olhar no relógio de cinco em cinco minutos. Ao mesmo tempo, tentava fazer com que Guilhermo melhorasse, sem sucesso. Olhou mais uma vez para a porta, e novamente se desapontou. Mas que droga!!! Onde estava o incompetente do médico que não aparecia?

Christian encontrou com Alfonso nos jardins da delegacia. Desde que Dulce lhe telefonara, estava tenso. Christopher preso? Como assim? O amigo não era nenhum delinqüente. Já contatara um advogado, amigo de longa data da sua família, e esperava que em pouco tempo ele tivesse ali para resolver o problema. Mas Poncho parecia ainda mais nervoso. Aproximou-se dele e perguntou se tinha acontecido alguma coisa mais.
Poncho: Cara! Vc nem sabe... Eu não sei bem porque... Mas parece que o noivo da Dulce teve um piripaque. Tá quase morrendo aí dentro. A Maite disse pra mim que a Dul contou que ele tem um problema de nascença no coração. Tinha pouco tempo de vida... E foi escolher justo essa hora pra bater as botas...
Christian: Esse babaca tá fingindo!!!
Poncho: Fingindo? Como assim?
Christian: O Chris não chegou a te contar? Ele me disse que descobriu que essa doença era uma farsa. O Memo só inventou tudo pra forçar a Dulce a casar com ele.
Poncho: (furioso) Mas que safado!!! Eu vou agora mesmo dar uma lição nesse otário! (dá um soco na mão) Ele não perde por esperar... Já que ele tá gostando tanto de brincar de doença, vou dar a ele um bom motivo para ir para o hospital. Vou quebrar todos os ossos desse miserável.
Christian: (segurando Poncho) Calma cara!!! Essa não é a melhor idéia. Pensa!!! A gente não tem que quebrar ele de pau. Vamos deixar essa honra pro Chris quando ele for solto. O que a gente tem que fazer é desmascará-lo. Temos que pensar em alguma coisa...
Poncho: Mas o que? Eu não tenho a mínima idéia do que fazer... Esse imbecil é mais escorregadio que peixe.
Christian: Calma cara. Se ele tá com o rabo preso, tem que ter deixado pistas... A gente vai dar um jeito... O problema é que precisamos dar um jeito depressa. Vou lá chamar a Anny e a Maite pra ver se elas tem alguma idéia.
Poncho: Calma aí cara... (dá um sorriso misterioso) Acho que eu já sei o que podemos fazer... Chega mais pra eu te contar. Vai ser tiro e queda.

Christian não podia acreditar no plano do amigo. Realmente era formidável. Sorriu satisfeito. Queria que Chris estivesse ali para comemorar com eles... Os dias de glória daquele goleiro ridículo tinham chegado ao final. Ele ia cair... E eles é que o empurrariam. Aquela anta ia sair do caminho por bem ou por mal. Havia chegado a hora da verdade.

Chris andava de um lado para outro na sua cela. Já estava lhe dando nos nervos ficar ali enclausurado. Será que não iam soltá-lo nunca? Era horrível não poder saber dos acontecimentos lá fora. E a mãe que não chegava? Por sorte Dulce estava por ali. Seria muito difícil agüentar aquela barra sem ela. Sorriu ao lembrar dela. Ela fazia qualquer dificuldade parecer pequena. Nem sabia dizer o que seria dele se ela resolvesse abandoná-lo em uma hora daquelas. Mas por sorte, ela estava com ele. Mas ainda havia o que fazer. Ainda precisava provar para Dulce que Memo era um mentiroso. Que aquela doença era uma farsa. Mas como faria isso se estava trancafiado naquele cubículo? Respirou fundo e encostou o rosto no metal frio das grades. E se a imprensa descobrisse onde ele estava? Daí sim que ele apodreceria ali. Precisava sair daquele lugar. O mais depressa que conseguisse. Mas como? E porque a mãe não chegava? Tocou na pulseirinha desesperado. Não sabia precisar porque, mas pressentia más notícias para breve. Podia farejar o perigo rondando. E o pior de tudo era estar de mãos atadas para fazer qualquer coisa. Seu instinto lhe avisava que não podia deixar Memo a solta, circulando impune. Ele ia aprontar alguma... Mas o que? Precisava estar fora dali... Precisava estar perto de Dulce para protegê-la. Sentou-se no catre desanimado. Ao longe ouviu o pio de uma coruja. Parecia um presságio de mal agouro. Olhou em volta. Precisava sair dali. Tinha que dar um jeito. Tinha...

Dulce olhou pela milésima vez para o relógio. A seguir, para a porta. Dessa vez deu um suspiro de alívio. Poncho e Christian entravam por ela, acompanhado de um senhor de meia idade que ela reconheceu de imediato. Era um importante cirurgião cardíaco inglês, que a muitos anos residia no México. Dulce olhou para ele e estranhou. Será que ele havia sido enviado pelo Dr Sanches?
Dulce: Esse é o médico?
Memo: (levantando um pouco a cabeça) Claro que não!!! (toma fôlego) O meu médico é o Dr Sanches.
Poncho: Candy... Esse é o doutor Thompson. Ele é cirurgião cardíaco. Eu fiquei muito preocupado com o estado de saúde do Memo... Afinal, um goleiro tão... tão importante como ele né? Então tomei a liberdade de chamar esse médico que é uma autoridade quando o assunto é coração para examinar nosso querido atleta.
Dulce: Que ótima idéia Poncho. Já que o Dr Sanches ainda não deu as caras por aqui.
Memo: Ele não pode me examinar!!! (se lembra de que está fingindo que está muito doente e torna a falar com a voz falhando) Eu preciso do meu médico... Ele já conhece o caso desde o começo... Ai que dor!!!
Christian: Acho que se está assim tão mal, não pode ficar escolhendo médico não. E muito menos dispensar esse. Deixa de frescura cara! Até parece que está escondendo algo! A gente aqui só quer o seu bem.
Memo: Sabe que a dor já está passando? Já estou me sentindo bem melhor. Acho que nem preciso ser examinado mais. Já estou melhor! É sério.
Poncho: Melhor? Mas vc está pálido... Parece que até está com manchas roxas... Tem certeza de que está melhor?
Memo: Manchas roxas? Onde? (olha assustado para Dulce) Eu estou roxo? Não pode ser.
Dulce: Fique calmo. O Dr Thompson vai examinar vc agora. Sossega!!!
Memo: Mas ele não pode me...
Christian: Deixa de fazer doce cara... Ou prefere morrer? Não tem escolha... Vai ser examinado nem que eu e o Poncho tenhamos que segurar vc.
Dr Thompson: Tem uma salinha por aqui que possa me servir de consultório? Pra eu poder montar os meus equipamentos...

Maite: Eu vou ver com o delegado. Só um pouquinho.
Dr Thompson: Enquanto isso eu já vou examinando esse rapaz. Abre a boca... (coloca um palito na boca dele) Não... Na garganta ele não tem nada. (acende a lanterninha) Nada mesmo. (aproxima o estetoscópio do peito dele) Hum... Hum... Respira... Isso... Não solta o ar ainda.... Agora!!! Agora pode soltar... hum hum... De novo!!! Inspira... Expira... Muito bom!!! O que mesmo que vc disse que tinha rapaz?
Memo: (amedrontado) Estenose mitral... De nascença...
Dr Thompson: Vou precisar de alguns exames pra afirmar com certeza, mas estou certo de que acabou de acontecer um milagre aqui... Nunca vi coração tão saudável na minha vida... Posso te garantir que esse moço está vendendo saúde.

Dulce olhou boquiaberta para o médico. A seguir olhou para Memo. Aquilo não podia ser verdade!!! Deu um passo para trás. Sentia tudo girando. Anahí e Maite também se olhavam espantadas. Memo levantou-se num salto. Teve vontade de estrangular aquele médico idiota, sabia que agora não adiantaria ficar fingindo. Estava tudo perdido!!! Viu que Dulce estava com os olhos faiscantes de ódio.
Memo: Dulce... Não é isso que está pensando!!!
Dulce: Seu safado!!! Covarde! Me fez de idiota esse tempo todo!!! Bem que o Chris me avisou!!! Mas é claro que vc não pode ter estenose mitral... E sabe porque? Porque não tem coração! Mas quer saber? Eu entendo o que vc fez...
Memo: Entende?
Dulce: Entendo que tem que mentir pra arranjar mulher. Mas isso é deplorável. Mas com essa sua cara feia e esse seu espírito de porco não consegue mulher nenhuma. Eu tenho nojo de já ter ficado com vc... (esfrega a boca como que limpando) NOJO!!! Só por dó mesmo... E olha que eu tive que ser muito corajosa!
Memo: E vc tá se achando né garota? Ta pensando que é a ultima coca-cola do deserto?
Dulce: Vc cala a boca, seu monte de esterco... Ou eu vou calar pra vc... (dá um tapa no rosto de Memo) Eu te odeioooooooooooooooo!!!
Memo segurou as mão de Dulce, tentando se desvencilhar dela. Quem aquela vadia pensava que ele era? Ele podia ter perdido a batalha mas nunca a guerra. Ela ainda ia implorar de joelhos pela ajuda dele. Ah se ia!!! Dulce estava descontrolada. Enfiou as unhas na cara dele. Estava cega de raiva.
Delegado: Mas o que é que está acontecendo aqui? Estão pensando que isso aqui é a casa da sogra? (olha para alguns policiais que estão ali) Pode prender esses dois aqui agora! Que falta de respeito! Uma noite no xadrez vai fazer muito bem a eles. Quem sabe assim aprendam a se comportar em uma delegacia!