Fanfic: [EXCLUIDA]

Poncho tentou ensaiar suas falas, sem sucesso. O tempo todo o seu pensamento desviava-se para Anahí. Era uma tortura saber que ela saíra da sua vida. Saíra da sua vida, mas nunca de seus pensamentos... Largou as folhas em cima da escrivaninha e pegou um retrato dela. Quando acontecera todo aquele episodio trágico, chegara a acreditar que ela cairiam em si e viria procurá-lo. Esperara dia e noite por isso. E nada. Já perdera as esperanças. Ele a esperava de braços abertos, mas ela nunca chegaria. Ouviu o toque da campainha e novamente a esperança se acendeu dentro dele. Mas em seguida apagou-se. Não era ela. Não podia ser ela. Se não viera até agora, não viria mais. Abriu a porta desanimado. E ficou lívido com o que viu.
Poncho: Você?
Deborah: Eu mesma gatinho.
Poncho: Então tchau. (começa a fechar a porta)
Deborah: Calma gatinho... Eu vim em missão de paz.
Poncho: Da ultima vez vc também veio e olha no que deu...
Deborah: Mas desta vez é sério. Se não quer que eu entre eu falo aqui da porta mesmo. Pode ser?
Poncho: (saindo para fora do apartamento) Manda ver...
Deborah: Eu resolvi voltar pra Itália. Mas antes achei que tinha que vir aqui, me desculpar contigo. Acho que pisei muito na bola com vc. E eu estou disposta a ir falar com a sua namorada e explicar tudo se vc quiser.
Poncho: Vc está falando sério?
Deborah: Estou sim. Eu sou muito afim de vc, mas sei que nada justifica o que eu andei aprontando. E eu refleti muito e achei que é melhor eu me afastar.
Poncho: Deborah... Essa era a melhor decisão que vc podia tomar...
Deborah: Eu sei... E acho melhor a gente não se ver mais até eu ir embora. Daí vc marca um encontro com a tua namorada, e me liga avisando. É só isso.
Poncho: Pode deixar que eu aviso. Mas nem inventa de pisar na bola, ouviu?
Deborah: Eu não vou pisar. Não se preocupe... Dessa vez é sério.
Poncho: Então é isso...
Deborah: É... é isso...
Poncho: Bom...
Deborah: É hora da despedida né? Posso me despedir de vc?
Poncho: É claro. Vem cá me dar um abraço. (estende os braços)

Deborah o abraçou. Aquele contato fez com que ela se sentisse mole. Aproveitou que ele estava com a guarda abaixada e grudou seus lábios com os dele. Poncho ficou em choque, sem conseguir reagir. Anahí que saia do elevador, parou horrorizada. Aquilo não podia estar acontecendo. Levou a mão a boca, desesperada. Poncho abriu os olhos e tentou empurrar Deborah, delicadamente. E então viu Anahí. Sentiu seu mundo desabando. Afastou Deborah bruscamente e gritou por ela.

Anahí balançou a cabeça, recusando-se a acreditar, mas estava claro diante dos seus olhos. Não havia engano algum. Podia ver a culpa no rosto de Alfonso. As lágrimas embaralharam-lhe a visão. Não podia ficar ali. Aquilo a estava machucando demais. Reparou na expressão de vitória de Deborah. Como Poncho pudera? Virou-se e entrou no elevador. Travou a porta. Queria sair dali. Poncho estava sem fala, mas quando a viu ir embora reagiu. Caminhou em direção ao elevador, mas a porta se fechou antes que ele a alcançasse. Bateu na porta, gritando para que Anahí a abrisse. Foi em vão. Poncho fechou os olhos por um segundo, desanimado. E em tão viu as escadas. Não teve dúvidas. Desceu correndo por elas. O mais rápido que conseguia. Chegou ao térreo, totalmente sem fôlego, no exato momento em que o elevador se abria. Reparou que Anny saía do edifício e foi atrás dela. Precisava explicar tudo. Ela tinha que entender.
Poncho: Anny... Espera... Anny...
Anahí continuou caminhando em direção ao carro, como se não tivesse ouvindo nada. Ela não queria ouvir. Já estava farta de desculpas. Não havia porque prolongar aquele sofrimento. Apressou o passo, tentando alcançar o veiculo depressa, mas Poncho foi mais rápido. Puxou-a pelo braço e forçou-a a virar-se para ele. Ela livrou-se em um safanão e olhou com raiva para ele.
Anahí: (chorando e gritando) O que ainda quer? Não foi o suficiente para vc?
Poncho: Eu quero que vc me escute...
Anahí: Acho que eu não preciso escutar nada. Nada!!! O que eu vi foi mais do que suficiente. Ou vai dizer que estou tendo alucinações?
Poncho: Anny... Eu juro que não existe nada entre eu e a Deborah. O que vc viu lá dentro foi...
Anahí: Eu vi como não tinha. O que pensa que sou? Pensa que não tenho cérebro?
Poncho: A Deborah veio aqui pra pedir desculpas... Daí na hora da despedida...
Anahí: E pelo jeito se reconciliaram super bem não é?
Poncho: Ela me agarrou de surpresa. E vc chegou bem na hora...

Anahí: Faz um favor pra mim? Não fala mais nada. Vai lá ficar com ela. Vcs se merecem. Mas cuidado com os chifres, porque aquela sua priminha não é mulher de um homem só.
Poncho: Eu não quero ela. Quero vc... Custa entender?
Anahí: (gritando de novo) Dá um tempo Poncho... E não me toque. Que droga!!! Agora não tem mais volta. Nunca mais. É o fim. Acabou!!! Foi um erro eu ter vindo aqui.
Durante alguns minutos Anahí, com o rosto cheio de lágrimas, ficou fitando Alfonso. Ele também chorava. Ela ameaçou virar-se para ir embora. Ele estendeu a mão para impedi-la de partir. O olhar dela lhe pediu que não fizesse aquilo. Que a deixasse ir de uma vez. Recolheu a mão e cerrou-a do lado do corpo. Ela entrou no carro e partiu. Ele ficou olhando para a avenida até muito tempo depois. Havia perdido. Perdera o que lhe era mais caro. Passou a mão pelo rosto tentando secar as lágrimas. Sua dor era tão forte que chegava a ser física. Olhou para céu e fez um pedido mudo para que ela voltasse. Não foi atendido, no entanto. Olhou uma ultima vez para a rua e então se sentou no meio-fio. Apoiou a cabeça nos joelhos e chorou amargamente.

A campainha do apartamento de Dulce tocava insistente. Ela gritou um “já vou” e correu para atender. Ficou aturdida quando viu o estado de Anahí. Ela soluçava. Sua maquiagem escorria com as lágrimas. Assim que viu Dulce, prendeu-a num abraço, enquanto chorava em seus ombros. A amiga não disse nada, apenas afagou levemente seus cabelos, enquanto a puxava para dentro e fechava a porta. Chris apareceu na sala, mas Dulce lhe pediu com os olhos para que saísse. Tinha que ficar a sós com a amiga. Precisava saber o que tinha acontecido. Fez com que ela sentasse no sofá e secou suas lágrimas. A seguir, a abraçou novamente. Só de ver a amiga chorando, sentia vontade de desmanchar-se também. Controlou-se, no entanto.
Dulce: Calma Anny... (afaga os cabelos dela) Fique calma...
Anahí: Ai Candy... Eu quero morrer... Eu quero morrer...
Dulce: Ei!!! Olha pra mim... Nunca mais repita isso ouviu bem? Nunca mais...
Anahí: Mas é que tá doendo muito... (aponta o coração) Dói demais.
Dulce: Calma!!! Quer um pouco de água? Não? Então tá... Mas me conte o que aconteceu...
Anahí: (mais chorando do que falando) Eu vi... O Alfonso e a Deborah... Eles estavam juntos.
Dulce: Vc tem certeza?
Anahí: Tenho sim... Infelizmente. Eu queria sumir... desaparecer...
Dulce: Psiu!!! Agora vc tem que se acalmar... Depois conversamos sobre tudo isso. Deita a cabeça aqui no meu colo. Isso... Vai dar tudo certo...
Dulce perdeu a noção de quanto tempo Anahí ficou ali chorando. Sentia seu coração pequeno pela amiga. Por fim Anny pegou no sono. Dulce ficou imóvel para não acordá-la. Chris apareceu novamente na sala preocupado.
Chris: O que foi que aconteceu?
Dulce: (cochichando) Fala baixo... Ela está dormindo. Precisamos levá-la para um quarto.

Chris acenou afirmativamente com a cabeça. Aproximou-se de Anahí e pegou-a no colo. Ela se mexeu um pouquinho, mas continuou adormecida. Enquanto Chris a carregava para um quarto, ela chamou por Poncho. Christopher e Dulce trocaram olhares preocupados. Ele a depositou na cama e ficou olhando enquanto Dulce a cobria. Saíram juntos do quarto, em silêncio.
Chris: O que aconteceu com ela?
Dulce: Brigou de novo com o Poncho. Ficou arrasada. E dessa vez me pareceu definitivo.
Chris: coitado do Poncho. Deve estar arrasado também.
Dulce: Eu acho melhor vc ir ver como ele está. Eu fico aqui com a Anny.
Chris: Vc tem certeza de que vai ficar bem?
Dulce: Fico sim. Pode ir tranqüilo.
Despediram-se com um beijo suave. Chris então se dirigiu a casa de Poncho, e Dulce correu para a geladeira, a procura de algo que matasse sua fome. Tomou um iogurte e foi para o quarto onde estava Anahí. Sentou-se em uma poltrona e ficou velando o sono da amiga. Sentia-se muito cansada e com o estômago embrulhado. No entanto, ficou ali firme e forte, para caso a amiga acordasse e precisasse dela. Por fim, foi vencida pelo cansaço e acabou adormecendo.

O quarto estava escuro quando Anahí acordou. Ela sentou-se na cama assustada, não reconhecendo a principio o lugar onde estava. Forçou os olhos, e quando eles começaram a se acostumar com a escuridão reinante ali, avistou o vulto de Dulce. Acendeu um abajur e lembrou de todos os acontecimentos daquela tarde. Olhou para a amiga. Ela estava toda encolhida de frio. Pensou em acordá-la para que ela fosse para a cama, mas não quis incomodá-la. Pegou então uma coberta e a cobriu. Caminhou até o banheiro e jogou uma água no rosto. Estava péssima. Ficou alguns minutos se olhando no espelho, tentando compreender tudo aquilo. Ouviu então o toque do telefone. Esperou que parasse de tocar, mas isso não aconteceu. Projetou-se então para atendê-lo, mas Dulce já havia acordado e se dirigia ao aparelho. Era Christopher, avisando que passaria a noite no apartamento de Poncho. Dulce desligou e olhou para Anahí que estava parada perto da porta.
Dulce: Anahí... acho que agora já podemos conversar.
Anahí: Podemos... Claro...
Dulce: Conte-me direitinho o que aconteceu.
Anahí: lembra que me convenceu a procurar o Poncho? Foi o que fiz. Só que o encontrei aos beijos com a Deborah.
Dulce: Mas não é possível!
Anahí: Não só é como aconteceu.
Dulce: Mas e ele? O que te disse?
Anahí: Disse que ela o tinha agarrado de surpresa, e que eles não tinham nada a ver e blá blá blá... E eu não acreditei em uma palavra, é óbvio.
Dulce: (apoiando-se no sofá, tentando se sentir menos tonta) Mas e se ele estiver falando a verdade?
Anahí: Nem venha defendê-lo de novo. Pra mim não cola mais. Já estou cheia de tudo isso. Dulce... Vc está bem? Está pálida!
Dulce: Eu estou bem sim... Estou ótima... Nunca estive me...

Não terminou de falar. A tontura tomou conta dela. Sentiu-se mole. Seu estômago estava todo revirado. Foi sugada por uma escuridão sem fim, e desabou desacordada no chão. Anahí soltou um grito e correu para ela. Tentou reanimá-la de todos os modos, e logo a amiga abriu os olhos.
Anahí: Que susto me deu amiga!
Dulce: Fiquei tonta de repente... E enjoada...
Anahí: Dulce... Me diga uma coisa... Está desmaiando sempre?
Dulce: Não... Essa foi a única vez...
Anahí: E os enjôos?
Dulce: O que tem eles? Devo estar com uma intoxicação alimentar ou algo assim...
Anahí: Mas já era pra ter passado se fosse isso não é?
Dulce: Então o que acha que é?
Anahí: Dulcesita... Vc e o Chris... vcs se cuidam?
Dulce: Vc quer saber se a gente usa... Claro que nos cuidamos... Que pergunta!
Anahí: Sempre?
Dulce: Claro que sempre... Toda vez, desde a primeira... Quer dizer... Menos quando ele me roubou do altar... Mas vc não está pensando que... Ah não! Vc está... Não tem nada a ver, ouviu? Nada a ver.
Dulce soltou uma gargalhada sonora. Anahí olhou para ela e sacudiu a cabeça... Estava óbvio demais tudo aquilo. Por alguns instantes esqueceu dos seus problemas e ficou pensando na amiga. Podia jurar que ela... Bem... Melhor deixar pra lá. O tempo diria se suas conjecturas estavam certas.