Fanfic: [EXCLUIDA]

Mal o domingo amanheceu e Christian e Maite pegaram a estrada. Dirigiram até Puebla. Quando chegaram até a casa dos pais de Poncho já chegava a hora do almoço. Foram reconhecidos logo, e muito bem atendidos. A mãe de Alfonso apenas estranhou que o filho não tivesse vindo junto. Eles atenciosamente explicaram que precisavam mesmo era falar com Deborah, que estava hospedada por ali. E pouco tempo depois, estavam cara a cara com a própria. Maite teve que se controlar muito para continuar com um sorriso amável no rosto ao invés de enfiar as unhas naquela convencida.
Deborah: Vcs por aqui? A que devo a honra?
Christian: Deborah a gente precisa muito falar com vc.
Deborah: Pois então fale... Sou toda ouvidos...
Maite: (meio ríspida) Vc não se sente culpada pelo que fez não?
Deborah: Está se referindo a que, queridinha?
Christian: A gente veio aqui na boa... Pra pedir pra vc refletir um pouco...
Deborah: Se eu quisesse refletir eu virava budista... Ou ia fazer meditação...
Maite: Olha aqui garota!!! Não se toca do que fez não? Não percebe que está jogando com pessoas? O Poncho e a Anny estão sofrendo muito pelo que vc fez.
Deborah: Problema deles... Eu to bem...
Christian: Vc não pode estar falando sério.
Deborah: Olha! Pára de me encherem essa história... Eu até que vou com a cara de vcs. E na verdade não tenho nada contra a loirinha magricela, só quero que ela saia da vida do Alfonso pra eu ficar com ele.
Maite: Vc é louca garota... Só pode.
Deborah: Olha eu quero que todos sejam felizes para sempre, mas pra eu ser feliz, tenho que estar com o Poncho. Vai dizer que também não faria isso pelo seu namorado.
Maite: Eu nunca desceria tão baixo por um homem que não me quer.
Christian: Deborah. Não percebe que fazendo isso só vai deixar o Poncho ainda mais distante de vc? Ele nunca vai te perdoar. Pra gente querer ficar com uma pessoa, a gente tem que antes de tudo admirá-la. E como ele vai ter um pingo de admiração por vc se vc só faz decepcioná-lo?

Deborah: Pára de falar isso. Não sabe o que está dizendo...
Christian: Eu não posso te forçar a nada. Mas espero que vc reconsidere e conte toda a verdade pra Anahí. Porque desse jeito, vc vai ficar sem ele do mesmo jeito. Ele nunca vai olhar pra vc.
Deborah: (tapando os ouvidos) Eu não quero ouvir!!! Sumam daqui! Já... Fora!!! Eu não quero ouvir.
Christian e Maite se olharam desanimados. Era inútil tentar qualquer coisa com ela. Ela nunca iria voltar atrás. Sequer mostrava arrependimento pelo que havia feito. Era mais fria do que eles tinham pensado. Não havia mais nada para fazerem por ali. Deram-se as mãos e saíram. Sentiam-se frustrados por não terem conseguido nada, mas pelo menos haviam tentado. Ao chegarem ao carro, Christian beijou-lhe meigamente a testa. Ela sorriu. Aquele simples contato, fez com que uma paz enorme os invadisse. Silenciosamente agradeceram aos céus por terem um ao outro e o amor que os unia. Christie deu a partida e rumaram em direção a cidade.

Dulce levantou-se determinada. Pela primeira vez em muitos dias não se sentia enjoada. Vestiu-se em silêncio para que Chris não acordasse. Já estava com a bolsa e as chaves na mão, disposta a sair quando se ajoelhou do lado da cama e ficou observando o namorado. Passou os dedos de leve pelo rosto e cabelo dele. Sentiu uma vontade profunda de chorar. De chorar de alegria e de tristeza ao mesmo tempo. Alegria por se amarem tanto e estarem juntos e tristeza por tudo o que estava acontecendo com eles. Tocou seus lábios suavemente na testa dele e ficou olhando-o por mais um momento. Aquilo lhe deu forças. Não podiam entregar o jogo assim tão fácil. Saiu do edifício e olhou o céu lá fora. Estava azul e límpido como há muito tempo ela não via. Respirou o ar fresco da manhã. Dirigiu-se até o carro, mas desistiu. Melhor era caminhar. Assim podia ir colocando os pensamentos em ordem. Pensamentos... Todos eles reuniam-se em um único fim: Christopher. Uma borboleta azul voou por perto de Dulce. Dulce olhou encantada. Era um vivo contraste com o cinza dos prédios e do asfalto. Como se fosse uma prova de que mesmo em meio às pedras ainda se encontra beleza e esperança. Dulce sentiu que algo crescia dentro dela. Uma certeza de que tudo daria certo. Tinha a sensação de que a vida se renovava e todos os sonhos tornavam-se possíveis. Bastava que se lutassem por eles. Que não deixassem que morressem. Nunca. E era isso o que ia fazer. Quando deixou de devanear e voltou a si, já caminhara um bom tanto e chegara ao seu destino final. Misteriosamente, a borboleta a acompanhara durante todo o trajeto.

Parou um instante antes de entrar no edifício e ficou olhando para ela. Ela deu uma pirueta, pousou em seu ombro e a seguir abriu bem as frágeis asas e voou para longe. Dulce ficou olhando-a até perdê-la de vista. Teve vontade de ter asas também... Para ser livre... Queria voar para Chris... para longe dos problemas. Respirou fundo. Sentia-se sublime. Entrou no prédio. Ainda se sentia bem quando tocou a campainha. Seu coração ficou pequenininho quando a porta se abriu e ela ficou frente a frente com Guilhermo.

Memo olhou surpreso para Dulce. Fitaram-se por alguns momentos. Havia raiva no olhar dela, mas ele não reparou. Estava obcecado demais pelos seios dela, que lhe pareceram mais fartos e redondos do que ele jamais vira. Depois de alguns segundos ele desviou o olhar para o rosto dela. A expressão de espanto e lascívia sendo substituída pouco a pouco por outra de pura ironia.
Memo: Ora... Ora... Sabia que vc ia acabar se arrependendo de ter me trocado e viria a minha procura. Mas nunca imaginei que seria tão depressa.
Dulce: Eu não estou aqui por isso e nem estou arrependida de coisa alguma. Vim porque preciso da sua ajuda.
Memo: (arqueando a sobrancelha) Ajuda? Bem que eu disse que vc ainda precisaria dela. Mas entre e sente-se.
Dulce sentou-se na beirinha do sofá. Sentia-se mal ali dentro. E sentia medo. Muito. Sabia que se ele resolvesse agarrá-la não haveria ninguém para livrá-la. Disfarçou o nervosismo com um sorriso e perscrutou o rosto dele, em busca de qualquer coisa que lhe denunciasse os pensamentos. Apertou com força a bolsa entre as mãos e olhou para ele.
Dulce: Bem... Vamos logo ao que interessa.
Memo: Estou curiosíssimo.
Dulce: Eu vim pra falar do processo e... (desvia o olhar) e do Chris.
Memo: Ah! (dá u sorriso perverso) Então ele pediu para vc vir aqui, tentar livrá-lo? Quer dizer então que aquele fedelhinho precisa se esconder atrás de uma mulher?
Dulce: (alterando-se) Não é isso!!! (respira fundo e volta a falar suavemente) O Chris não sabe que estou aqui. Vim por conta própria. Vim pra te pedir que retire aquelas queixas. Elas são infundadas e vc sabe disso. Um julgamento pode arruinar a carreira dele. Não pode ser tão insensível.
Memo: Não acredito que está aqui me pedindo isso. O ama tanto assim?
Dulce: Amo ainda mais do que poderia lhe dizer.
Memo: Se o ama tanto estaria disposta a fazer qualquer coisa não é? Até mesmo implorar?
Dulce: Até mesmo isso.

Memo: Fiquei emocionado agora. E estava aqui pensando. Não sei o que acontece, mas acho que se você se ajoelhasse e pedisse eu me comoveria mais e até poderia te ajudar.
Dulce olhou perplexa para ele. Custara-lhe muito engolir o orgulho e vir até ali. Mas ajoelhar-se? Aí já era demais. Como ele podia ser tão cruel? Levantou-se, disposta a sair dali. E então lembrou-se de Christopher. Lembrou-se das lágrimas dele naquela madrugada. Por ele valia a pena. O amor que sentia era muito maior do que o orgulho. Dobrou lentamente os joelhos na frente de Memo e ergueu a cabeça pra encará-lo nos olhos. Seus olhos ardiam, úmidos e as lágrimas ameaçavam perigosamente começar a cair, Guilhermo a olhava satisfeito, saboreando cada minuto daquilo. Isso deu forças a Dulce, e ela venceu as lágrimas. Ficou com os olhos aguados, mas não deixou que uma só gota rolasse. Não daria esse gostinho àquele crápula.
Memo: Até que enfim está no seu lugar. Agora implore... Anda!
Dulce: (com a voz embargada) Guilhermo. Por favor... retire as acusações que fez... Eu imploro. Por favor...
A expressão de Memo era enigmática. Ele se ajoelhou na frente dela. Sorriu. Passou os dedos levemente pelo rosto dela. Ela sentiu-se encolher de medo. As náuseas voltaram com força total. Ele viu o terror misturado com o ódio nos olhos dela e se enfureceu. Fechou as mão em torno do pescoço dela.
Memo: Não sabe o prazer que me dá ver você assim. Tão frágil. Tão submissa. E pensar que sua vida está nas minhas mãos... Literalmente... É só apertá-las assim... Mais e mais... Até que a ultima gota de vida escoe de seu corpo.
Dulce lutava para respirar. Seu coração batia acelerado de pavor. Mas não desviou os olhos um instante sequer dos dele. Nunca mais iria esquecer do brilho desvairado que via neles. Então ele afrouxou as mãos e acariciou-lhe a nuca, de leve. Ela soltou o ar devagarzinho, ainda com medo. Ele puxou-lhe o cabelo, forçando a cabeça dela para trás.

Memo: O que está pensando? Sua vadia!!! Acha que é só vir aqui e eu vou livrar a cara daquele seu namoradinho imbecil? Idiota! Se quiser ver aquele pirralho livre, vai ter que pagar caro. Muito caro...
Dulce: (com medo) o que quer?
Memo: Vou te fazer a mesma proposta que fiz a ele. Deixe-o. Quero vc livre pra mim. Case-se comigo. Só assim farei o que me pedem. É pegar ou largar...
Dulce: pois eu largo. O amor meu e do Christopher não está a venda. Assim como nossas almas não estão! Você é um imbecil Guilhermo Uchoa. E será sempre! (cospe no rosto dele e levanta-se) Você é um verme!
Memo: Vai me pagar por isso! Vcs estão ferrados agora.
Dulce: Não! Vc está. Eu e o Chris estamos juntos e vamos sair dessa. Vc estará sempre sozinho. Porque é incapaz de amar... Eu tenho pena de vc.
Dulce olhou para ele com os olhos faiscantes de ódio. E então saiu do apartamento dele.