Fanfic: [EXCLUIDA]

Anahí olhou desanimada para a porta quando ouviu o ruído da campainha. Não queria ver ninguém. Necessitava de um pouco de solidão para conseguir colocar as idéias em ordem. Queria amargar sua dor sozinha. A campainha tornou a soar. Anny continuou imóvel no mesmo lugar. Nada mais lhe interessava. Perdera o sentido da vida. Sentia-se oca, amarga. A dor era tanta que ela já nem se importava com mais nada. O som da campainha tornou-se mais rápido e insistente. Anahí suspirou resignada. Abriu a porta irritada. Ficou muda de espanto. Em seu rosto, dor e ódio se mesclavam em uma mistura interessante.
Anahí: O que faz aqui?
Deborah: Eu vim te contar toda a verdade.
Anahí: Quer mesmo que eu acredite nisso?
Deborah: Isso vc é quem decide. Mas só depois que eu dizer tudo o que vim dizer.
Anahí: Então desembucha logo.
Deborah: Eu nunca tive nada com o Alfonso. Ele nunca te traiu. Pelo menos não comigo.
Anahí: Foi ele quem te mandou aqui?
Deborah: Não. Eu vim porque quis. Ninguém me mandou. Só a minha consciência.
Anahí: (incrédula) Consciência?
Deborah: Sim. Ela me mostrou que... Bem, eu cometi muitos erros, mas talvez ainda não seja tarde para consertá-los. Percebi que não se pode tudo. Nem mesmo apelar para qualquer tipode jogo para conquistar alguém que não te quer.
Anahí: Deborah... o que vc...
Deborah: Eu armei tudo aquilo. O batom na camisa... a calcinha.... Fiz tudo isso para separar vcs... Aquele beijo que vc viu... eu o peguei de surpresa. Todas as vezes em que ele teve chance ele me repeliu... Fiz de tudo para tê-lo, mas ele já era seu... E eu não pude fazer nada. Porque mesmo quando vcs se afastaram, continuaram juntos em pensamento. Vc está arraigada dentro dele. E não creio que alguém possa te tirar de lá. Eu olho para ele e vejo vc.
Anahí: Eu não sei...

Deborah: Eu tentei... Mas não posso obrigá-la a acreditar... Mas pense bem... Eu daria tudo para ter um homem que me amasse ao menos um décimo do que ele te ama. Não o perca por causa das desconfianças que plantei em vc... Ainda hoje ele me desmascarou para toda a minha família. Eu não sei o que vão fazer comigo quando eu chegar lá... Mas eu precisava vir aqui, conversar com vc... Se não nunca mais teria paz... Agora fique aí pensando que eu já vou.
Anahí ficou encostada no beiral da porta vendo Deborah ir embora. Olhava para ela, mas não a via realmente. Pensava no que ela lhe dissera. Ela parecia sincera, mas tudo era tão confuso. Porque não estava feliz com aquela confissão? Ai que droga!!! Quanto mais pensava mais confusa ficava. Desejou sumir... Não queria ter que tomar decisão nenhuma. Deu um soco na porta e entrou no apartamento. Ia tentar dormir, pra ver se esquecia de tudo aquilo.

Chris acordou com o barulho do telefone. Era Dulce querendo saber como ele passara a noite. Chris sentia-se mal. A boca estava amarga e ele sentia um frio fora do comum. Quando Dulce ficou sabendo disso, voou para o apartamento dele. Sentia-se um pouco tonta, sonolenta e enjoada, mas a saúde do seu coelhinho era prioridade para ela. Encontrou-o enrolado debaixo das cobertas, batendo o queixo de tanto frio. Estava com a testa suada e com as bochechas vermelhas. Tentou sorrir quando viu Dulce. Ela estava muito preocupada. Foi logo colocando o termômetro nele e descobriu que realmente ele estava febril. Chamou um médico. Ele examinou Chris e não conseguiu encontrar a causa daquele mal estar. Era provável que só estivesse com stress. Saiu deixando várias recomendações e remédios. Chris havia adormecido. Enquanto dormia ele delirava. Chamou diversas vezes por Dulce... gritou desesperado pelos amigos. Rosnou o nome de Memo e implorou para que não o fizessem sair do RBD. Dulce o molhava de tempos em tempos com um pano úmido e sentia-se péssima por vê-lo tão mal física e psicologicamente. Ele estava sofrendo mais com aquela historia do que aparentava. Não importava o quanto tentasse disfarçar... A ela ele não enganava. Precisava fazer algo a respeito. Qualquer coisa que lhe aliviasse o sofrimento. Afinal ela era a culpada. Se não fosse por ela, Chris não estaria envolvido naquele processo. Sentiu-se tonta e com uma vontade enorme de chorar. Controlou-se. Lembrou-se da conversa com Memo... Da proposta dele... Mas não!!! Não podia aceitar... Nunca! Dava-lhe pânico só de pensar... Se ao menos pudesse... Mas calma aí... Ela podia!!! Ali estava a salvação deles. Como não pensara nisso antes? Sentiu-se subitamente bem disposta. A febre do namorado já baixara e ele dormia tranqüilo agora. Correu até a cozinha e preparou uma sopinha bem leve para ele. Mais comeu do que cozinhou... Estava com tanta fome ultimamente. Ouviu um barulho vindo do quarto dele. Correu até lá.

Chris tentara se levantar, mas como estava tonto e fraco se esborrachara no chão. Dulce correu para ele e ajudou-o a se levantar. A seguir o obrigou a deitar-se novamente.
Dulce: O que está pensando coelhinho? Pode tratar de ficar bem deitadinho aí, que o senhor não está nada bem... Eu vou cuidar de vc...
Chris: Eu quero levantar... Não agüento mais ficar aqui nessa cama...
Dulce: Nunquinha... Só por cima do meu cadáver. Vai ficar quietinho aí enquanto eu vou lá na cozinha buscar algo para vc comer.
Voltou com uma tigela de sopa. Chris sorriu para ela, mas fez uma careta quando notou o que ela trazia. Nunca fora muito afeito a sopas. Fechou a cara como uma criança mimada e sacudiu a cabeça, recusando.
Chris: Eu não quero coelhinha... Odeio sopa...
Dulce: Mas eu não perguntei se vc gosta... Disse que vai comer e pronto! Agora abra a boquinha que lá vai o aviãozinho.
Chris: Vc tá pior do que minha mãe... Tá treinando pra ter filhos?
Dulce: Ei Chris... Eu até posso ser a sua coelhinha, mas não reproduzo com a agilidade de uma... Vai demorar ainda pra termos nossos filhotinhos... O problema é que vc está se comportando como uma criança teimosa... E então tenho que agir assim. E quer saber? Vai tomar toda essa sopa nem que eu tenha que te enfiá-la qoela abaixo. Abre a boquinha abre...
Chris: Eu tive uma idéia pra tornar isso mais interessante...
Dulce: Ah é? Qual? Vc não está tentando me levar no bico não é mesmo?
Chris: Que tal se a cada colherada que eu comer vc tirar uma peça de roupa? Prometo que como tudinho daí...
Dulce: Mas como vc é safado!!! Nem doente dá folga? Não senhor... Não quero que me veja nua... Agora trate de comer...
Chris: Não quer que te veja nua? Mas eu já vi... Conheço intimamente cada pedacinho do seu corpo... Se duvidar melhor do que vc mesma... Pq não quer que eu te veja agora?
Dulce: Por nada... Só não quero... Eu... Eu engordei e não quero que vc me veja gorda...
Chris: Vc gorda? Fala sério né?

Dulce: Eu não quero falar nisso. Me dá vontade de chorar... agora comporte-se e coma...
Chris: Tudo bem... Eu vou comer... Mas não precisa chorar... (seca as lágrimas que começam a cair dos olhos dela)
Dulce: Eu não estou chorando por isso... Estou chorando porque estou uma baleia e vc não vai mais gostar de mim...
Chris: Amor... Vc está linda... Como sempre! E eu sempre vou amar vc... Magra, gorda, morena, azul, careca... do jeito que for...
Dulce: (parando de chorar) É verdade? Nunca vai deixar de gostar de mim?
Chris: Mas é claro que não... Vem cá me dar um beijinho vem...
Dulce: Não!!! Primeiro vc vai comer essa sopa deliciosa... Pra ficar forte e melhorar logo. Depois, se vc merecer eu te dou um beijinho... Agora sem manhas... Coma...

Memo entrou todo envaidecido no restaurante. Sentia-se o dono do mundo. Dava-lhe um prazer enorme saber que a vida de outras pessoas dependia da vontade dele. E o melhor de tudo era poder humilhar essas pessoas o quanto lhe desse vontade. Sorriu presunçosamente. Era mesmo o máximo. Olhou em torno. Reconheceu aqueles cabelos vermelhos de longe. Caminhou até a mesa e sentou-se.
Memo: Dulce... Como vai minha querida?
Dulce: Estou bem... Sente-se, por favor...
Memo: Mas que pressa era essa? Nosso ultimo encontro não foi dos mais agradáveis não é?
Dulce: Memo... A tua proposta ainda está de pé?
Memo: (sorrindo sarcasticamente) Nossa!!! Mas é claro que está... O que te fez mudar de idéia xuxuzinho?
Dulce: Corta essa Guilhermo... Eu não estou de bom humor... Se eu aceitar sua proposta, qual a garantia que vou ter de que vc vai mesmo retirar a queixa?
Memo: Vai ter que confiar... Mas prometo que retiro antes do casamento... Eu vou na delegacia e de lá vamos direto para o cartório... O que me diz?
Dulce: Pode marcar a data do casamento! Eu topo!!!

Memo olhou espantado para Dulce. Nem mesmo ele esperava que ela aceitasse uma prosposta como aquela. Passada a surpresa, sorriu e aproximou-se dela.
Memo: Ora Ora... Cansou de resistir ao meu charme?
Dulce: Não é nada disso. E pare de folia que eu não estou pra piadas hoje...
Memo: (erguendo os braços em sinal de tregua) Ok... ok... Tudo certo então... Mas vem cá me dar um beijinho... Pra selar nosso compromisso...
Dulce: Vá de retro... Fique longe... Essa sua cara está provocando revoluções no meu estomago. Se não quiser que eu vomite bem no meio das suas fuças, é melhor se afastar.
Memo: Nossa!!! Mas que noiva mais amorosa que eu tenho...
Dulce: Eu estou falando sério... Mas já que você quer brincar, vamos lá... Não pense que eu não quero que me beije porque ainda sou apaixonada pelo Chris e só aceitei esse seu pedido pra ver o bem dele... Eu não quero que vc me beije porque eu sou pura e virginal tal como quando eu nasci... Portanto, tudo isso... só depois do casamento...
Memo: Como vc é dócil meu amorzinho... Parece até um ouriço...
Dulce: Porque não pára de ficar aqui me enchendo e vai marcar logo a data desse casamento? Quanto mais rápido melhor... Caso no final de semana se for possível...
Memo: Nossa!!! Mas que pressa... Tudo isso é ansiedade pela noite de núpcias?
Dulce: Com licença... Vou ao toalete... Por que agora sim fiquei ainda mais enjoada...

Dulce retirou-se dali com quantas pernas tinha. Precisava de distância daquele verme. Como aquele crápula podia ser tão cínico? Teve vontade de correr novamente até a mesa e desistir de tudo. Desistir do casamento... Queria só ficar longe daquele idiota... Olhou no espelho... Sentia-se tonta. Jogou uma água na cara, tentando despistar a vertigem. Aquilo não podia ficar assim... Memo ia aprender uma lição. Ela não era mais a garota ingênua que caíra no conto da doença... Agora sabia muito bem como era o terreno em que estava pisando. E estava decidida... Ia provar ao Memo que ele é quem era o derrotado. E seria sempre. Respirou fundo. Ia dar tudo certo... Tinha que dar... Ainda mais agora que... Bem... Ainda não tinha certeza mas... Colocou as mãos sobre o ventre... Agora algo havia mudado. Tinha mais um motivo para lutar... Um pequeno grande motivo... Sentiu-se confiante de repente. Ia dar tudo certo... Por Chris... por ela mesma e por... Ainda era cedo para dizer, mas ela sabia... Algo no seu íntimo lhe dizia. Tinha uma certeza que vinha de dentro dela. Estava encravada em suas entranhas. Alisou a barriga distraída... Sabia agora mais do que nunca que tudo iria se ajeitar... Ela só precisava ser forte... E infinitamente mais esperta do que Memo... E seria... Como seria!!! Agora mais do que nunca... Virou-se de perfil e analisou sua silhueta de perfil... Sorriu. Iam ser uma família... E mandariam Memo para o inferno... Olhou-se uma ultima vez no espelho e rumou em direção a mesa. Sentia uma força nova dentro dela... Uma força que a faria enfrentar o mundo se preciso fosse.