Fanfic: Stay Alive Loki | Tema: Thor, Loki, Vingadores
Essa fanfic está sendo publicada tbm nos caminhos abaixo, lá já está mais avançada. Até o capítulo 8.
ou
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Capítulo 2 - Uma amizade para Loki
Estavam em meados de fevereiro quando a temperatura era muito baixa e a neve começava a cair indicando um inverno rigoroso. Dentre em breve a neve tão branca e tão pura ia mudar a paisagem de Nova Iorque. Nas vidas dos Odinson as coisas iam começar a mudar também, só que infelizmente seriam mudanças definitivas e arrebatadoras.
Foi só pelas 11 da noite que Loki entrou em seu apartamento. Há três anos havia decidido morar sozinho. O apartamento era pequeno, mas confortável e prático. Muito bem decorado e bem localizado.
Depois de uma ducha quente e um fast-food, vestindo calça de flanela escura e camiseta simples ele foi para cama com o laptop no colo na tentativa de terminar o trabalho que levara para casa. Os olhos verdes piscavam irritadiços pelo esforço e cansaço de um dia cheio, e ele suspirou sentindo o desconforto da posição (inclinado sobre o laptop) não era uma forma muito confortável de terminar a noite. O relógio luminoso marcou exatas 01:00 PM e Loki deduziu não conseguir terminar aqueles relatórios tão cedo, havia um cálculo particularmente complexo, e no adiantado da hora, nem corpo nem mente respondiam mais aos estímulos. Cansado, decidiu que melhor seria salvar o trabalho e deitar-se, teria mais êxito no dia seguinte com a mente relaxada.
À revelia do cansaço Loki não conseguiu desligar. Agora deitado na cama pensava em sua conquista. Era sua conquista particular, não da empresa ou da equipe (não havia equipe), somente sua. A mente analítica agora avaliava com mais calma todos os acontecimentos. Após 2 anos de pequenos projetos de investimentos para Tony Stark ele finalmente conseguia a conta do egocêntrico ricaço. Estava satisfeito consigo mesmo. Pensava em como seria tratado por seu pai depois desse feito. E Thor que sempre fora o centro das atenções teria que reconhecer seu valor.
Ele adormeceu pensando que finalmente deixaria a mesa de assistente na recepção da presidência e ocuparia um lugar mais digno para alguém com seu talento.
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Pela manhã o despertador soou às 7 horas e Loki abriu os olhos achando que poderia dormir mais de tão cansado que estava. Ele sentou-se na cama sentindo os músculos rígidos e as articulações doloridas, fez uma nota mental para não digitar na cama até tarde. E como uma leve enxaqueca estava começando, fez outra nota mental para tomar uma aspirina e se prevenir do surto de gripe que atacava Nova Iorque.
Espreguiçou-se aliviando as dores do corpo e foi até o banheiro para sua higiene matinal. Estava péssimo refletido no espelho. Havia olheiras se acentuando no rosto pálido e seus grandes olhos verdes estavam ligeiramente úmidos e febris, estava ficando resfriado de fato. A ducha quente serviu para relaxar os músculos e lhe dar novo ânimo, afinal hoje seria um dia cheio. Havia muito trabalho a fazer. Thor estaria ausente durante toda semana e ele herdara a agenda do irmão em acúmulo com seus próprios afazeres.
Loki vestiu um de seus elegantes ternos de alta costura e reparou duas coisas: havia surgido uma mancha roxa em seu antebraço esquerdo e ele havia perdido peso. Mas na correria acabou por ignorar os dois fatos, que tanto poderiam significar muita coisa, como também poderiam significar quase nada.
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Naquele dia Loki chegou cedo à Borson como fazia todos os dias. Com a empresa ainda vazia ele aproveitou para terminar o relatório de ontem. Os deixou sobre a mesa majestosa da sala da presidência, de passagem deixou uma cópia do estudo de caso financeiro de indústrias de tecnologia na mesa de Sif, a gerente do setor jurídico, responsável por redigir o contrato das Indústrias Stark.
Mais tarde ao ler seus e-mails reparou que havia um da estagiária de Thor pedindo ajuda para terminar um relatório. Loki não pode deixar de se apiedar da moça, ela costumava sentar numa pequena mesa ao lado da secretária e ficar o dia todo tentando fazer os relatórios de Thor, esse por sua vez vivia reclamando do desempenho da moça, mas Loki suspeitava que Thor fosse o culpado por não incentivar nem instruir sua subordinada. A garota nem era tão ruim, mas estudar moda e ser estagiária numa corretora de valores com Thor como responsável era realmente algo difícil. Loki perdeu poucos minutos para ajudá-la, só adicionou alguns gráficos evolutivos e devolveu o e-mail.
Odin chegou às 10 da manhã e com mau humor virou-se para Loki. –Venha comigo e traga os relatórios que pedi. – disse já sumindo no corredor.
Loki ficou decepcionado. Mas já devia estar acostumado com o jeito do pai. Odin geralmente lhe tratava friamente. –Ele podia me parabenizar por Stark ao menos! – divagou o rapaz ironicamente enquanto ia atrás do pai.
Andrezza apenas olhou vagamente para o corredor. A secretária não entendia o motivo de Loki ser tão pouco valorizado dentro da empresa de seu próprio pai. Já estava ali o suficiente para saber que a Borson dependia muito de Loki. Ela o achava um tolo de continuar se sujeitando a tamanha humilhação e falta de reconhecimento quando havia uma fila de empresas na bolsa o assediando.
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Odin passou pela sala de Thor, que sempre ficava fazia, e fechou ainda mais a expressão em desgosto. Entrando em sua própria sala viu sobre a mesa os relatórios de Loki organizados por relevância e protegidos por capinhas transparentes. Odin sabia o quão eficiente era Loki, tão parecido com ele próprio, só que mais ousado e mais genial. Se Thor fosse metade do que o irmão era nos negócios a Borson estaria segura, pensava Odin, mas foi retirado de seus pensamentos quando Loki adentrou suavemente. O pai lhe deu um sorriso, mas sequer notou como o filho parecia mais abatido hoje. O rapaz que sempre fora esguio e elegante de uma forma bonita, estava magro e mais pálido que o normal e os olhos verdes denotavam cansaço, no entanto, ele nunca parecia reparar em Loki.
A reunião começou e Loki relatou os detalhes do dia anterior, Odin acentuou alguns pontos a melhorar e deu ideias sobre a estratégia a ser adotada na Stark, era imperativo que Loki trabalhasse em conjunto com Thor, mesmo que o mais novo fosse gerir a conta, o mais velho ainda estaria inteirado de tudo, sobre isso Odin foi irredutível já que Thor era o diretor financeiro.
–Pai, eu sei que já falamos sobre isso, mas o senhor precisa reconsiderar. – Loki começou cuidadosamente. –Eu amo Thor, mas a falta de interesse dele pela empresa e o cargo que ocupa não combinam. – disse o rapaz.
–O que quer dizer? – Odin o olhou feio, aquele assunto não estava em pauta, mas Loki sempre dava um jeito de trazê-lo à tona.
–O que quero dizer? – o mais jovem perguntou. –Não é possível que não veja como estamos sobrecarregados cobrindo a ausência dele. – falou Loki. –Thor não consegue entregar um relatório decente e ainda usa a estagiária para fazer o trabalho dele... – acusou o irmão.
–Chega de críticas! – e Odin perdera de vez a paciência já tão mínima. –Seu irmão está doente. Se você não pode o cobrir quando há uma emergência de saúde, então não somos uma equipe. – completou chateado.
–É impossível lhe trazer à razão quando se trata de Thor? – Loki insistiu no assunto. –O senhor sabe a importância do cargo de diretor financeiro para uma empresa como a nossa. O segundo em comando, o responsável pelos passos da empresa, e eu não consigo imaginar como o deixa nas mãos de Thor. – concluiu ele carregado de ciúme e mágoa.
–Eu disse basta! – Odin vociferou socando um punho contra a mesa. Sempre foi assim, sua paciência nunca foi estendida a Loki, alguma coisa naquele garoto lhe desafiava a todo o momento e ele odiava ser desafiado. –Eu ainda mando aqui e não voltarei atrás no voto de confiança que dei a Thor, já falamos sobre isso e achei que você tinha entendido. – disse com autoridade.
–Mas pai...
–CHEGA LOKI! – gritou de novo Odin. –É o suficiente. Thor tem minha total confiança e absolutamente nada que você fale ou faça vai mudar isso! – completou furioso, estava sendo injusto com Loki, que realmente era seu braço direito ali dentro, que amava a Borson e se sacrificava ao máximo. Odin sabia que machucava o filho mais novo. Mas o machucaria mil vezes se fosse preciso. E mil vezes escolheria Thor em qualquer situação.
–Eu realmente queria entender essa sua paixão por ele... – resmungou Loki.
–Está testando minha paciência, rapaz? – o velho rosnou. –Coloque-se no seu lugar! Você não está aqui para entender ou deixar de entender. Minhas ações aqui dentro são inquestionáveis. Agora podemos voltar a tratar de negócios, por gentileza? – disse Odin dando por terminada a discussão.
E Loki se calou com o peso das palavras. Um clima ruim se instalou entre eles, mas Odin seguiu com suas ordens ignorando a insatisfação do filho. Odin ordenava Loki executava. Era simples assim.
Ficou decidido por ele que Loki passaria de assistente a gerente, continuando abaixo de Thor, em tese nada mudava só o cargo e por imposição de Stark.
–Vou te dar uma sala, você poderá trabalhar sem tantas interrupções. – disse Odin. –A sala que era o estoque será desocupada para você. – informou enquanto Loki lembrou-se da sala de Thor, imensa, confortável, quase tão grande quanto à de Odin.
–A Sala Precisa. – atentou Loki decepcionado. A sala em questão foi apelidada carinhosamente pelos funcionários numa alusão à Sala Precisa de Harry Potter, que se transformava magicamente com a necessidade do ocupante. Na Borson a Sala Precisa tinha servido muitos propósitos (sala de descanso, sala do café, almoxarifado, etc.) E agora seria a sala de Loki.
–Tenho certeza que vai lhe servir. – disse Odin com indiferença. –Seu irmão está doente. Você vai assumir todos os compromissos dele essa semana, Andrezza deve ter lhe informado.
–Estou ciente. – disse Loki amargo.
–Quero relatórios diários sobre o planejamento da Stark. – iniciou Odin. –Também vou precisar do fechamento geral dos últimos 12 meses em minha mesa até o fim da semana. E não se esqueça do relatório de metas agressivas. E bata os valores repassados pela gerência de vendas com os lucros reais e faça um gráfico evolutivo de projeções futuras. E ajude Sif com o contrato da Stark, dê a ela toda e qualquer assistência que precisar. – o ancião parou para tomar fôlego e continuou. –Também preciso que me entregue, até o fim da semana, um estudo detalhado sobre as tendências econômicas atuais e cruze esse estudo com o perfil de negócio de nossos clientes nos últimos 10 anos. E alinhe com o gerente do Rh o perfil que você vai querer para a vaga de assistente, e essa semana você precisa ajudar o Tom, o rapaz da TI a repassar as regras de negócios do sistema de alteração de cadastro. Será que estou esquecendo algo? – perguntou para si mesmo pensativo. –Ah, sim. Não se esqueça de ligar para Germis Lews. Agende um horário, Thor ia visitá-lo essa semana para discutir os juros do novo financiamento. – o mais velho franziu o cenho se certificando que não ia se esquecendo de nada. –Acho que é só isso. – ele sorriu para Loki apontando a saída.
Porque Odin não se aposentava? Loki pensou quando deixou a sala do pai fechando a porta com um suave clique. Como daria conta de tanto trabalho ele não sabia. Respirou fundo fechando os olhos tentando afastar a dor de cabeça desagradável que só ia se agravando conforme o dia ia passando. Ele pareceu carregar toneladas sobre os ombros quando sentou em sua mesa de frente para seu notebook se perdendo no seu mundo particular de números, ninguém sabia, mas era sua fuga para os momentos que não suportava a indiferença e frieza de Odin. O pai sequer o havia parabenizado.
Mas já devia estar acostumado. Porque não se acostumava? Porque a indiferença dele ainda doía tanto? Lembrou-se de seu aniversário de 10 anos, quando Odin não veio para casa, retido na empresa. Loki esperara durante a noite toda enquanto Frigga tentava o animar dizendo que podiam cortar o bolo e fazer um pedido, mas Loki se recusara querendo esperar Odin. Após a meia noite Thor havia comido metade do bolo enquanto Loki se manteve no sofá olhando para a porta, esperando. Quando finalmente entendeu que Odin não vinha, ele se virou para Frigga com os enormes e inocentes olhos verdes. “Porque papai não gosta de mim? Eu fiz algo ruim, mamãe?” Frigga nunca soube explicar ao menino a natureza da rejeição do próprio pai, ela mesma não conseguia entender os motivos que levavam Odin a rejeitar uma criança tão doce.
(*****)
Já era de tarde quando uma esbaforida moça de cabelos negros, cumpridos e lisos atravessou a recepção indo se sentar em sua mesa ao lado de Andrezza.
–Sua filha está melhor? – a secretária perguntou preocupada.
–Era febre. – explicou a moça. –Pior que o Senhor Odin precisava de um relatório que...
–Ele já me perguntou por esse relatório, eu disse que você ainda não tinha chegado. – Andrezza falou a cortando.
–Droga! – a moça gemeu preocupada. Seu emprego corria risco já que Thor nada lhe passava (quando vinha à empresa) e ela estava muito atrasada em relação aos outros. Seu nome perpetuava na última posição na avaliação dos estagiários. E a Borson tinha um rígido critério de desempenho.
–Opa! Um anjo na minha vida! – ela sorriu ao acessar sua caixa de e-mail clicando na resposta de Loki, o relatório se abriu na tela. –Você acredita que Loki me ajudou? Pedi mesmo por desespero, mas não pensei que ele fosse me salvar. – comentou surpresa. Ela estava ali há uns seis meses e eles trocaram apenas palavras por educação quando se cruzavam. Loki para ela era simplesmente inaccessível.
–O que será que ele vai pedir em troca? – provocou Andrezza sorrindo de soslaio. –não me diga que não repara naquele par de olhos verdes? – insinuou numa brincadeira.
–Sabia que dizem que ele é gay? – sussurrou Kátia em tom de confidência, Loki sentava a poucos metros delas, mas estava totalmente esquecido em seu trabalho.
–Ele não é gay, é tímido. Meu tipo de homem. – disse Andrezza observando o rapaz. –Inteligente, educado, cavaleiro, bem sucedido, bonito, alto, olhos verdes, solteeeiro...
–Filho do patrão, casado com o trabalho, mimado pela mãe, maníaco obsessivo compulsivo por limpeza, oh, não, Andrezza, são problemas demais para um homem só. – comentou a outra de forma pejorativa.
–Se ele fosse um pouquinho mais velho eu ia tentar. Loki é o homem com o qual toda mulher sonha. – Andrezza objetou sonhadora.
–Ou se você fosse mais nova? – alfinetou a estagiária sorrindo.
–Engraçadinha... – a secretária lhe fez uma careta cômica e elas voltaram ao trabalho, porém Kátia o olhava discretamente de sua mesa, reparando como o filho do chefe era interessante.
Aquela tarde passou rápida e agitada. Na Borson os dias eram sempre agitados. Loki tentava equilibrar seus afazeres com o suporte que fava às demais áreas da empresa. A Borson estava mal acostumada girando na órbita de Loki, se alimentando de sua inteligência.
Sif veio três vezes à mesa dele e na terceira, disse que Stark era um grosso, estúpido e arrogante e sua assistente, a tal Pepperera uma cretina sem noção de direito tributário. O gerente de TI ficara mais de uma hora ao lado dele tentando entender uma regra de negócio particularmente complicada, bem como o gerente de Rh queria uma opinião sobre o perfil da vaga de assistente, já o gerente de contabilidade queria sanar uma dúvida que surgiu no complexo relacionamento de dados das Indústrias Stark, e o gerente de vendas queria ajuda para entender o gráfico de metas alcançadas, e Loki sentia cada vez mais sugado a cada um que sentava ao seu lado lhe pedindo ajuda.
Quando aquele que pareceu ser o último gerente do dia se retirou, Loki suspirou massageando os músculos rijos dos ombros fazendo um esgar de desconforto. Ele fechou os olhos com força tentando fazer a dor de cabeça ir embora e quando os reabriu havia um grande copo de chocolate quente a sua frente.
–Não é cansativo atender a todos? – Kátia perguntou lhe oferecendo a bebida.
–Você se acostuma. – ele respondeu olhando intrigado para o chocolate.
–É da cafeteria da esquina. É para agradecer a força no relatório... Salvou minha vida. – disse ela o encarando, notando de perto a impressionante cor verdes dos olhos dele.
–Não foi nada, você precisava de ajuda e não me custava. – falou Loki tomando um grande gole da bebida adocicada.
–Eu fico olhando para você e imaginando como deve ser. – ela divagou.
–Como deve ser o quê? – Loki ergueu uma sobrancelha escura. Eles tinham trocado poucas palavras até hoje apesar de serem vizinhos de mesa.
–É que você parece amar o que faz. Pergunto-me como será trabalhar com o que amamos? – explicou Kátia pouco desiludida.
Loki a estudou por um momento. –Andrezza comentou que você está se formando em moda, porque está trabalhando numa empresa financeira? – ele perguntou curiosamente.
–Porque você acha que as pessoas trabalham? – Kátia respondeu num tom mais seco do que antes piscando os olhos negros.
–Desculpe, eu não quis ofender. – disse rapidamente. –Eu sei que não é da minha conta, mas porque não busca um estágio na sua área? Talvez possa entender como é compensador fazer o que se gosta. – Loki incentivou tomando o chocolate.
–É uma grande coisa trabalhar na Borson, o salário é bom e o plano de saúde é extensível aos dependentes, e acredite, conta muito para uma pobre mão solteira. Nem todos tem a sorte de nascer numa família rica. – ela sorriu divertida.
–Entendi. – Loki assentiu pensativo, por um acaso ele tinha visto o rank dos estagiários quando havia ajudado o gerente de Rh e infelizmente Kátia era a última colocada e isso significava que ela ia ser cortada em breve.
–Bem, eu devo ir agora. E você não fique até tarde. – a moça alertou despedindo-se.
Loki piscou olhando a garota se afastar. Eles nunca tinham conversado direito antes. Ele sequer havia reparado nela. Mas saber que ela tinha uma filha pequena, e estava prestes a ser mandada embora foi perturbar. De repente seus cálculos ficaram menos interessantes, sua mente estava em Kátia e seu drama familiar.
Sem entender suas motivações ele se viu ligando para sua mãe, talvez Frigga pudesse arrumar uma oportunidade para a moça com alguma de suas amigas de moda.
(****)
A semana ia passando lentamente e Loki sentia-se cada vez pior. Nessa manhã ele acordou febril, com as juntas doloridas, sua cabeça latejando e ele estava ligeiramente enjoado. A nota mental que fez dessa vez enquanto caminhava para o trabalho era ver um médico logo que possível. Talvez doutor Johnson, seu médico, pudesse o atender no sábado. Já na Borson o trabalho ia acumulando e com tanta demanda a cumprir Loki quase não dava conta, mas Kátia havia se mostrado muito prestativa e eficiente. Ela acabara por se tornar sua assistente nessa semana.
Já era de tarde quando Loki conseguiu marcar um encaixe para a consulta ao sábado, no primeiro horário. Assim que a secretária do médico desligou, Frigga tocou para seu celular, dizendo que estava com saudades, e que uma de suas amigas que estava precisando de uma assistente aceitou receber Kátia para uma entrevista. Foi fácil e rápido para Frigga conseguir tal favor, ela frequentava a elite da moda de Nova Iorque e algumas de suas melhores amigas atuavam no ramo da moda.
–O que é isso Loki? – Kátia perguntou olhando para o papel na mão do rapaz.
–O contato de Danna Robinson da The News Stylus. – disse ele. –Ela vai lhe receber amanhã às 10 horas para uma entrevista para o cargo de assistente.
–Oh Meu Deus! Danna!? – ela recebeu um choque de surpresa. –Como? Mas eu não sei se devo! Eu não posso trocar o certo pelo duvidoso. Oh Meu Deus! Eu não sei... – Kátia se tocou a falar, mas Loki a silenciou com um suave aperto no ombro.
–Kátia, você vai ser demitida. – disse ele sério. –Suas avaliações são péssimas graças a Thor. E não há nada que eu possa fazer. – o sorriso morreu nos lábios delas e deixou com uma expressão lamentável. –Isso é tudo que eu posso fazer. Arrumar essa entrevista com a amiga da minha mãe. – terminou Loki pondo o papel entre os dedos dela, lhe dando um aperto de conforto na mão.
–Eu não sei o que dizer. – ela apertou a mão dele de volta. –Fico tão triste de ser dispensada, eu preciso muito do emprego, mas por outro lado pode ser um recomeço. Como conseguiu essa entrevista? Eu tentei isso por anos a finco.
–Eu soube por acaso que você não estava indo bem nas avaliações, depois que soube da situação, a sua filha, eu tomei a liberdade de pedir a minha mãe uma ajuda, ela conhece muita gente na área de moda e Danna está precisando de uma assistente com urgência, e você está praticamente formada. – explicou ele sentindo os dedos delicados dela contra os seus. –Mãe disse que Danna é muito paciente e gosta de treinar pessoalmente suas assistentes, será uma grande chance para você. – concluiu Loki, seus dedos longos deslizaram lentamente e ele se afastou indo para sua própria mesa.
Kátia ficou o olhando se afastar sem entender porque Loki se importava. The News Stylus era simplesmente uma das maiores revistas de moda de NY. E a dona ia a entrevistar pessoalmente porque Loki havia pedido a Frigga.
–Vamos lá, é sua chance! – Incentivou Andrezza que havia ouvido toda a interação, na verdade aquela mulher parecia ouvir todas as interações nos corredores da Borson.
–Como ele conseguiu isso? Eu tentei enviar currículo para essa revista durante anos de faculdade e ele consegue que eu seja recebida por Danna Robinson com um telefonema? – Kátia comentou com Andrezza.
–Frigga e Danna são amicíssimas. – Andrezza confidenciou. –Um pedido de Frigga é tratado com carinho por Danna. E não há nada que Frigga não faça por Loki. Logo, você não só será entrevistada, como aposto que a vaga é sua. – sorriu a secretária.
–Eu nem sei o que dizer. Quando ele me deu isso – ela mostrou o pedaço de papel com o contato da empresária. – eu tive vontade de beijá-lo. – sorriu encantada.
–Loki é um ótimo rapaz. É um homem muito especial, daqueles que já não se encontra mais. – confirmou Andrezza.
–Oh, sim. Ele é um príncipe... – disse Kátia olhando para o papel em suas mãos.
(****)
No dia seguinte Loki ficou sem a preciosa ajuda de Kátia. E foi justamente o dia que ele estava sentindo-se pior. Dessa vez, alinhada a todos os sintomas já conhecidos, havia febre e uma náusea forte. E como se já não bastasse sua doença, Sif ainda teve um sério desentendimento com Pepper,e Tony Stark ligou possesso, ele ficou mais de uma hora numa áudio conferência com Loki, entre outras coisas reclamando do setor jurídico da Borson. Depois de uma dose extra de paciência e eficiência tudo ficou apaziguado, mas Loki teve que se reunir com Sif e Odin para esclarecer alguns pontos passados por Tony e que deveriam ser levados em conta quando o jurídico redigisse o contrato. Essas reuniões com Odin nunca eram fáceis, pois o velho odiava ter que ceder, mas com muito tato Loki foi capaz de convencê-lo a alterar uma cláusula ou outra para comportar um cliente tão especial como as Indústrias Stark.
Quando ele deixou a sala do pai estava tão tonto e enjoado que achou que ia vomitar ali mesmo no corredor. Tudo parecia girar. E respirando com dificuldade ele encostou a testa no vidro frio da imensa janela que dava acesso a uma vista incrível. Lá embaixo os carros se moviam tão pequenos quanto ligeiras formigas. Loki ficou ali com o olhar vidrado tomando grandes golfadas de ar até que aos poucos sua cabeça começou a desanuviar, seu estômago foi se acalmando, sua respiração se tornando menos rasa. Ele já começava a se preocupar com essa estranha doença um pouco suspeita para ser uma simples gripe, mas não teve tempo de se debruçar sobre o problema, porque seu celular tocou e a doce voz de sua mãe lhe informou que esteve com Danna, e ela estava muito satisfeita com a moça que ele mandou para a entrevista. Danna ficou tão encantada que fechou com Kátia na mesma hora, ela começaria já na próxima semana.
Ele apenas havia acabado de se despedir de Frigga e desligar o celular quando Kátia, emocionada, se aproximou.
–Eu consegui! Danna me amou! Falou maravilhas de Frigga e de você! Ela gostou tanto de mim que vou começar já na segunda-feira! – gracejou ela muito feliz. –Obrigada! Obrigada! – repetiu enquanto o abraçava com entusiasmo incontido. Seu cérebro pode registrar algumas impressões sobre aquele homem. Ele exalava um delicioso perfume amadeirado, ele era magro, mas seus músculos eram tonificados e era realmente excitante se pressionar contra ele. Ela fechou os olhos aspirando mais do perfume de Loki e reparou que o corpo dele estava quente e ele tremia levemente sob seu abraço.
Afastando-se ela o olhou preocupada. –Você está bem? Está tão quente e tão pálido. – A pergunta era desnecessária, logicamente que Loki não estava nada bem. –Você está com febre, Loki. Não seria melhor ir para casa ou ao médico? – completou pondo a mão sobre a testa úmida dele.
Loki não se afastou do toque delicado. Ele havia se deixado ser abraçado, e apesar de ficar surpreso com o gesto inusitado da moça, ele havia gostado de sentir como os braços dela eram acolhedores e confortáveis. Mas no que estava pensando? Ela era, ou foi, uma funcionária da Borson e estavam dentro da empresa, e ela só estava feliz por ter conseguido a vaga, era só isso. Nada mais.
–Estou bem. – disse ele finalmente saindo do transe. –Eu já tomei umas aspirinas. Acho que é só gripe mesmo. – minimizou, odiava demonstrar fraqueza na frente dos outros. –Agora me conte tudo sobre a entrevista.
A comoção foi grande entre as amigas de Kátia naquela tarde de sexta-feira, Loki quase não conseguia se concentrar com as várias vozes femininas se aglomerando ao redor da mesa da estagiária, que se despedia das amigas. E Loki fez duas notas mentais: tomar uma dose reforçada de aspirina e evitar aglomerações de mulheres.
Quando finalmente o expediente terminou (mais cedo por se tratar de sexta-feira) a Borson ficou silenciosa. Então Kátia fez seu caminho até a mesa do rapaz. Ela já carregava sua bolsa sobre o ombro. Loki a olhou se aproximar e entendeu que ela vinha se despedir.
–Então, você tem certeza que não quer se juntar a mim e minhas amigas? Vamos fazer um happy hour para minha despedida, vai ser num bar aqui pertinho. – perguntou Kátia esperançosa.
–Eu não vou poder. – respondeu Loki. –Muito trabalho... – completou apontando para os papeis sobre sua mesa. E de qualquer forma era aceitável que ele não tinha condições de suportar um bar com aquela febre. Se ele pudesse, o mais indicado seria repouso.
–Naturalmente você não tem hora para sair hoje, não é? Devia pensar um pouco mais em você. – ela falou se aproximando, aproveitando para encarar aqueles olhos verdes mais uma vez. –você ainda é tão jovem, e tão bonito para só pensar em trabalho. – Kátia se insinuou.
–Você me acha bonito? – Loki a encarou espantado.
–Não diga nada... Apenas... – Kátia se aproximou ficando na ponta dos pés e sem mais palavras o beijou. Foi só um lento, delicado e carinhoso toque nos lábios. –Loki. – ela chamou baixinho tocando o rosto dele, ainda tão próximos. –Cuide-se bem, meu amigo.
–Você também, Kátia. Eu te desejo boa sorte na sua nova jornada. – respondeu sinceramente.
–Nunca vou esquecer o que você fez por mim. – disse ela enquanto se afastava achando que Loki era um rapaz muito especial, bastava ter os olhos certos para reparar, era só que por algum motivo ele escondia muito bem escondido esse seu lado doce. E Kátia esperava que algum dia ele encontrasse alguém que o amasse de verdade, pois ele merecia. Infelizmente ela sabia que esse alguém não era ela. Sua prioridade na vida era sua filha e agora essa nova oportunidade que se abria perante seus olhos.
Loki ficou parado a olhando sumir atrás das portas do elevador. Pensou nela ainda por mais alguns minutos. E sorrindo tocou os lábios, onde ela tinha o beijado, com a ponta dos dedos. Era hora de retornar ao trabalho, seu refugio para todas as horas de crise.
Autor(a): homefiction
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).