Fanfics Brasil - XI A casa caiu

Fanfic: A casa caiu | Tema: Vondy, Trendy, Barken, RBD


Capítulo: XI

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Um sábado nublado de final de outubro amanheceu. O dia tinha todos os ingredientes para permanecer melancólico como os dias anteriores, e isso independia do tempo na cidade. Anahí revirava-se em sua cama desde as seis da manhã e há uma hora tentava retomar o sono que havia sido atrapalhado por um estúpido sonho com Christopher. A ausência era simplesmente sufocante. Exatamente tudo lhe remetia a ele, mesmo que tivesse escondido as fotos dos porta-retratos de sua cabeceira e todos os objetos que diretamente a ligava a ele. Mas qualquer objeto, por mais insignificante, acabava por trazer uma lembrança dele. Ela havia imaginado que seria mais fácil depois de algum tempo, porém, aquilo de que o “tempo cura” era só uma balela inventada por suas amigas na intenção de fazê-la se sentir melhor. Absolutamente nada havia mudado. Ela tinha ainda uma dificuldade absurda de ignorar as ligações dele, e uma vontade quase incontrolável de responder aqueles sms’s. O tempo não tinha abrandado a esperança de que havia uma explicação para aquela cena lamentável que ela havia encontrado no apartamento dele, mesmo que ela soubesse que era uma esperança burra, já que contra fatos não há argumentos. Tamanha era a falta de Christopher em sua vida que ela cogitava milhares de vezes por dia que seria capaz de perdoá-lo só para que pudesse tê-lo de volta. Entretanto, sabia que não seria a mesma coisa, a confiança havia se quebrado e nada podia ser consertado... E aquilo doía tanto, que por alguns momentos pensava que seu coração explodiria de tanta decepção.


O celular tocou e ela voou em direção a ele, na esperança de que fosse Christopher. Ela sabia que estava terminantemente proibida a atender qualquer chamada dele, mas só de saber que depois de todos aqueles dias, ele ainda a procurava, causava uma boa sensação em seu coração. Suspirou frustrada ao notar que era uma ligação de Estefânia e atendeu a amiga sem qualquer entusiasmo.


― Pensei que tínhamos combinado de ir ao clube hoje pela manhã! – Estefânia lembrou, bufando. – Angelique e eu estamos a caminho da sua casa. Vamos te tirar dessa cama, quer você queira ou não! Por Deus, já está na hora de superar! Você vai acabar igual a mim se continuar comendo essa absurdidade de chocolates enquanto se tortura com filmes românticos. É isso que você quer?


Anahí agradecia sempre por ter amigas que se preocupavam tanto com ela, todavia, as vezes tudo o que desejava era se permitir curtir sua própria desgraça sozinha, trancada em casa, assistindo um romance ruim enquanto chorava as mágoas afundando-se em chocolates e refrigerante.


Desde que terminara com Christopher, já passara por várias fases. Ficara extremamente irritada, quebrava as coisas em sua casa jogando-as contra a parede e chegou a cogitar entrar em alguma aula de algum tipo de artes marciais para centralizar sua raiva em algo e assim esvair-se dela. Passara também pela fase de negação, onde mentia para si mesma que já estava tudo bem e que já podia seguir sua vida sem Christopher, voltando a frequentar festas com as amigas e revisitar os lugares da era pré-Christopher, e agora estava num estágio perigoso, pois já havia definitivamente se entregado ao estado melancólico de ter que aceitar que era uma perdedora traída que ainda amava o ser traidor com todas as suas forças, ainda que as amigas definissem esse amor como um tipo sádico de doença mental.





 


Christopher acordou com a certeza de que assim que abrisse os olhos estaria sozinho em sua cama, e Maria já teria ido embora numa fuga rápida e oportuna. E assim que se virou, soube que estava errado. A morena dormia tranquilamente no extremo canto da cama, encolhida e enroscada num lençol com nenhuma preocupação aparente. Ainda devia ser muito cedo, mas ele não conseguia mais dormir. Ainda tentava assimilar aquela situação, como se fosse algo natural, tanto como assim parecia ser para Maria. Mas o fato é que ele não sabia se seria capaz de agir naturalmente depois daquela noite. Resolveu que levantaria para preparar um café, e tentou sair da cama fazendo o mínimo de barulho possível, porém, antes mesmo que seus pés tocassem o chão um barulho estridente começou a soar no quarto.


Dulce acordou assustada.


“They tried to make me go to rehab


But I said `no, no, no`…”


Era seu celular que tocava de dentro do bolso da sua bermuda. E ela não tinha ideia de onde estava qualquer peça de suas roupas. Tentou acompanhar o som, e percebeu que vinha de um ponto qualquer do chão, e, enrolou-se da melhor forma que pode no lençol e desceu da cama, com passos desajeitados a procura do aparelho. Encontrou-o não muito longe e o atendeu, sem nem mesmo ver de quem se tratava.


― Que? Curso? Hã? Ah, é, hoje é sábado. Que? Como assim onde eu estou? – Ela encarou Christopher que observava o monólogo com curiosidade. – E-eu... – Gaguejou, tentando improvisar uma mentira convincente o mais rápido possível. – Eu estou na casa da Luísa, dormi aqui porque terminamos o trabalho muito tarde. Mas como assim onde eu estou? Já disse que não quero você seguindo meus passos, Poncho. – Murmurou, irritada. – Não, não precisa vir me buscar, eu vou pra casa de metrô. – Deu uma pausa para ouvi-lo. – Tá, ta, ta bom, agora tchau!


Desligou o telefone e sentou-se na cama, observando Christopher que até então assistia a tudo calado.


― Bom dia. – Ela disse.


― Bom dia. – Ele respondeu. – Luísa? – Indagou. Havia prestado atenção na conversa, e tinha entendido perfeitamente o que acontecia.


― Alfonso. – Dulce respirou fundo. – É que ele costuma me dar carona para o curso de inglês todos os sábados pela manhã, ele deve ter passado lá em casa e a bocuda da Natasha deve ter dito que não dormi lá. E bem, você sabe como ele é. – Deu de ombros.


― Bom, então é melhor se apressar, vai acabar perdendo a aula. – Christopher deu um sorriso amarelo.


― Que? Nem pensar, não vou para a aula nenhuma. Esse curso não é importante, fiz inglês a minha vida inteira. Só quis me matricular em algo para ter uma desculpa para não precisar voltar pra casa nos finais de semana. – Disse. – Eu vou é voltar a dormir, se não se importa. Estou muito cansada! – Concluiu, voltando a mesma posição que estava antes da chamada interromper seu sono. Christopher, bestificado, resolveu não tentar entender e levantou-se, iria tomar um banho e depois compraria algumas coisas para o café-da-manhã, pois sabia que a madame acordaria com fome e com toda a insolência que ele já conhecia.


Quando a morena acordou novamente, notou que todo o apartamento estava silencioso. Deu de ombros e foi até o banheiro do quarto de Christopher, onde tomou um banho demorado e relaxante. Só então lembrou que suas roupas estavam espalhadas pela sala e pelo quarto, e então saiu, com uma toalha enrolada no cabelo e outra em seu corpo.


Christopher estava sentado à mesa, concentrado em algo no notebook, quando ela entrou na sala em busca de suas roupas. Ele observou a cena com certa surpresa e admiração. Fazia algum tempo que sua casa não tinha uma presença feminina.


― Suas roupas estão dobradas em cima da cômoda, lá no quarto. – Christopher levantou os olhos da tela do computador e a encarou por um breve momento.


― Ah, sim. – Deu de ombros. – Que horas são?


― Quase onze. – Ele respondeu.


Ela observou Christopher que voltou a atenção para o notebook e alguns papeis que estavam sobre a mesa. Provavelmente era algum assunto de trabalho e ela não iria atrapalhar. Voltou para o quarto, encontrou sua roupa dobrada em cima da cômoda como ele havia dito, então se vestiu, penteou os cabelos e foi em busca do seu tênis que deveria estar também em algum canto da sala.


― O que está procurando? – Christopher perguntou.


― Meus tênis. – Ela respondeu, sem parar sua busca.


― Já vai embora? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Eu comprei pães, bolo, fiz café...


― Ah, é sério? – Ela o encarou, achando adorável todo aquele cuidado com ela. – Se é assim, não quero desapontá-lo. – Acrescentou com um imenso sorriso. Christopher simplesmente deu de ombros e continuou o que fazia.


Dulce encontrou a mesa do café posta, mas não queria comer sozinha. Serviu-se de uma fatia de bolo, uma xícara de café e levou-os consigo até a sala, sentando-se a mesa, de frente para Christopher que nem esboçou sequer uma reação com o retorno dela ao cômodo.


― O que você está fazendo? – Ela indagou de boca cheia, logo depois de morder um generoso pedaço de bolo de laranja. Christopher a encarou inexpressivo.


― Coisas do trabalho. – Limitou-se a responder.


― Estou atrapalhando? Quer que eu vá embora? – Dulce quis saber.


― Não, não é nada de importante. – Ele murmurou, enquanto digitava algumas coisas no notebook.


― Está agindo desse jeito por causa de ontem? – Ela o encarou fixamente.


Christopher negou, sem olhá-la.


― Não seja imaturo. – Repreendeu-o. – Olha pra cá. – Pediu, continuando a encará-lo. Christopher suspendeu seu olhar e ela manteve o contato visual com ele. ― Nada mudou, não percebe?


Ele bufou vencido de tentar omitir qualquer sensação desagradável. Talvez ela estivesse certa, talvez fosse mesmo infantilidade sentir qualquer tipo de desconforto com o que havia acontecido. Estava num mundo extremamente moderno e precisava se adequar àquele novo tipo de comportamento.


― Tudo bem. – Murmurou. – Você deve me achar um imbecil. – Sorriu de lado.


― Não, não acho. – Ela afirmou. – Você nunca fez isso antes? – Especulou. – Digo, sexo sem compromisso, eu sei que você e a Anahí transavam e...


― Tá, eu entendi o que quis dizer. – Interrompeu-a, levemente encabulado. – A situação é nova pra mim, porque as outras mulheres não eram absolutamente nada minhas, entende? No outro dia, elas acordavam e iam embora. Não tinha de encará-las, não tinha de conversar com elas. E você é minha amiga. Acho que fica um clima meio esquisito. – Christopher articulou.


― Chris, aprenda a separar Igreja de Estado. – Metaforizou. – O que aconteceu entre nós foi uma simples troca de interesses. Quando você voltar para Anahí, seremos apenas amigos normais. Homens sabem lidar perfeitamente com isso, mais que as mulheres. E se eu sou a parte que poderia trazer problemas, então você pode ficar descansado. Quando quiser parar, é só dizer. Eu não vou dar nenhum chilique, só vou lamentar por não poder usufruir mais do seu belo corpinho! – Concluiu, dando risadas, as quais Christopher acompanhou.


― Então é assim? – Ele perguntou.


― Enquanto estiver dando certo. – Dulce sorriu.


Logo o diálogo mudou de rumo, tornando-se muito mais leve e descontraído. Estavam descobrindo muitas coisas em comuns, gostos por livros, filmes, jogos de videogame... Aos poucos Dulce deixava suas armaduras de lado, e mesmo que muito pouco, deixava escapar coisas sobre si.


― Maria... Me responde uma coisa. – Christopher iniciou, ainda tentando formular a pergunta.


― Diga. – Ela encorajou.


― Você já teve... Não sei como dizer... – Ele buscava um meio de não soar acusativo, julgador e ofensivo. ― Muitos... Casos... Igual a mim? – Finalmente perguntou e Dulce espocou em uma gargalhada. Ele ficou observando-a enquanto sentia-se idiota (efeito natural que ela causava nele) até que ela parou de rir e o encarou.


― Eu tenho vinte anos, Christopher. Apesar de ser dona do meu nariz e saber o que eu quero (e exatamente por isso), eu não saio por aí dando pra qualquer um, tenha dó. O que aconteceu na boate foi uma fatalidade. Nunca tinha acontecido de eu ir embora com um estranho antes. Eu não sei se acredito nisso de destino, talvez tenha sido só cachaça mesmo, mas talvez também aquele encontro tivesse que acontecer. Quem sabe eu precisasse conhecer você para ajudá-lo a resgatar seu namoro com a Anahí, que já não estava bom.


― Dulce Maria, você acabou com o meu namoro! Como assim você surgiu a mando do destino para ajeitar as coisas na minha vida? – Christopher rebateu prontamente.


― Está jogando a culpa toda em mim? Não fui eu quem encheu a cara e não soube se controlar. Não estou dizendo exatamente isso, mas pode ser que tenha sido, vai saber? Você mesmo disse que as coisas não estavam nada bem entre vocês.


― Você ainda não se decidiu, mas eu definitivamente não acredito em nada desse misticismo. – Ele decretou, dando por encerrado o assunto.


 



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Autor(a): beatrizrrangel

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Era sexta-feira de feriado de dia dos mortos e Christopher acordara extremamente cedo. Maria havia viajado para o interior de Minas Gerais com a família... E Alfonso. E ele sentia-se completamente idiota por não conseguir ser tão indiferente como Maria parecia ser em relação a ele e Anahí. Não conseguia conter o desconforto de ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 30



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  • stellabarcelos Postado em 03/08/2016 - 17:57:16

    Que lindos!!!! Amei muito

  • beatrizrrangel Postado em 09/08/2015 - 15:38:57

    Eu tô postando uma nova web numa nova plataforma. Não sei se vocês conhecem, é o Yoble, bem parecido com o finado (que Deus o tenha!) orkut. Aqui o link pra quem quiser acompanhar: http://yoble.com.br/Community/3252 O nome é "La vida es sueño"

  • beatrizrrangel Postado em 08/08/2015 - 20:49:03

    Vou tentar agilizar a segunda temporada logo! Vou avisar por aqui, ok?

  • vondyfforever Postado em 08/08/2015 - 19:27:37

    Aaaaah que lindooo o finall! Ansiosaa paraa a 2 temporadaa! Postaaaaa maiss *-*-*-*-**-*-*-

  • ipcrbdvondy Postado em 06/08/2015 - 13:20:59

    Ah, estou a espera da 2 temporada viu?!

  • ipcrbdvondy Postado em 06/08/2015 - 13:19:33

    Aah q lindos Amei Fic perfeita Parabéns

  • yasmim.b Postado em 01/08/2015 - 18:44:43

    Que perfeito ! Quero segunda temporada *_*_*_*_*

  • ipcrbdvondy Postado em 31/07/2015 - 14:38:15

    Que lindos Ok! Quando dé vc começa Cont...

  • yasmim.b Postado em 31/07/2015 - 13:31:59

    Continua *_*_*_*

  • beatrizrrangel Postado em 29/07/2015 - 15:33:51

    Tenho que escrever pelo menos a primeira parte pra começar a postar... Eu não tenho muito tempo pra escrever, por isso é complicado. Mas vou me esforçar ao máximo!


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