Fanfic: A casa caiu | Tema: Vondy, Trendy, Barken, RBD

Quando chegou ao apartamento, Dulce se deu conta que havia sido muito oportuno que Natasha e Maite tivessem resolvido ficar no bar. Assim, estaria sozinha para pensar na bagunça que sua vida se transformara, se é que algum dia já havia sido de fato organizada. Sentia um aperto no peito, estava dividida, nunca havia questionado suas atitudes antes, mas agora achava que havia agido errado. Algo dentro de si gritava que Christopher era diferente, e que era especial, e não havia nada nele de ameaçador. Não era como... Bem, não tinha nada nele que poderia lhe causar algum mal. Estava completamente perdida, lançou-se em sua cama e pegou um porta-retratos, reteve-se nas lembranças dolorosas que aquela foto lhe remetia, tentando de alguma forma organizar seus pensamentos, no entanto, tudo só ficava ainda mais complexo e bagunçado.

Caiu no sono agarrada ao porta-retratos, e duas horas mais tarde acordou com alguém acariciando seus cabelos. Abriu os olhos lentamente e a claridade do dia fez sua cabeça latejar. Sentia que seus olhos ainda estavam inchados pelo choro, e Maite estava sentada ao seu lado, encarando-a com uma expressão preocupada.

― Desculpa, Dul, eu não quis acordar você. – Ela disse serenamente.

― Que horas são? – Dulce perguntou.

― Seis da manhã. – Mai respondeu. – O que aconteceu com você?

― Não tem problema, eu já teria de acordar, de qualquer forma, vou pegar o ônibus das oito para Angra. – Disse e sentou-se na cama, recolocando o porta-retratos no criado mudo e ignorando o olhar curioso de Maite.

― Quem é? Se parece muito...

― Se importa se, pelo menos por enquanto, fingir que não viu? – A amiga balançou a cabeça positivamente.

Maite não fez mais perguntas, ajudou Dulce a arrumar suas coisas, e enquanto a amiga tomava banho e se arrumava, preparou um café bem forte para ela. Logo ela já aparecia, vestia calça jeans, sapatilha, e um cardigã de cashmere preto com os botões fechados. Uma camada generosa de corretivo cobria suas olheiras, e a maquiagem disfarçara perfeitamente sua tristeza e cansaço.

― Obrigada, Mai. – Dulce agradeceu, sua voz saía fraca. Desde que a conhecera, Maite nunca a vira daquele jeito. Estava completamente perdida, sem saber o que havia acontecido, e muito menos como ajudá-la.

― Estou preocupada com você, o que aconteceu? Por que está desse jeito? Pensei que era alguma coisa com Christopher, mas...

― Mai, escuta. – A interrompeu. – Eu estou bem, ok? Eu vou ficar bem.

― Sim, tudo bem, só estou tentando entender as coisas para te ajudar.

― Fique tranquila, Mai. Quando eu voltar, te explico algumas coisas. Algum dia eu terei de me abrir com alguém, certo? – Mai assentiu. – Agora eu estou indo, se não perco o ônibus. Não se preocupe, está tudo bem, eu só preciso pensar sobre tudo... A respeito de Christopher, de mim...

― Eu sabia que estava apaixonada por ele. – Sorriu. Dulce lhe deu um sorriso triste como resposta, e serviu-se do café.

Christopher chegou em casa, e como de costume, jogou as chaves do carro sobre a mesinha de centro, tirou os sapatos com os próprios pés e jogou-se no sofá. Seu corpo ainda sentia alguns efeitos do álcool, mas sua mente estava mais sóbria do que ele gostaria que estivesse. Passou as mãos pelo cabelo, sem conter um longo suspiro. Antes que pudesse se policiar, seus pensamentos já estavam nela. Em seu sorriso, seu olhar... O jeito como ela era arisca e como isso soava engraçado. Sempre tão na defensiva... E agora tudo o que havia conversado com Elisa fazia muito sentido. Ficou imaginando o que acontecera com Dulce para que ela se tornasse tão impermeável, até que adormeceu no sofá.

O dia amanheceu cinzento, então, mesmo que as cortinas estivessem abertas, não se deu conta que havia pegado no sono e dormido o restante da noite no sofá. Somente percebeu quando batidas na porta o acordaram. Suas costas reclamavam de dor, e ele sentou-se, esfregando os olhos para eliminar um pouco do sono e da ressaca.

Os murros na porta tornavam-se mais constantes e fortes.

E então, ele levantou-se e caminhou cambaleante até a porta. Assim que o visitante ouviu o barulho da chave destrancando a porta, parou de bater como um louco ensandecido. Christopher abriu a porta, sonolento, e foi violentamente despertado por um par de mãos em seus peitos, o empurrando para dentro do apartamento brutalmente. Não entendia o que estava acontecendo, e nem porque aqueles olhos azuis o estavam fulminando daquela maneira.

― Você está louca? – Christopher disse, afastando-se de Anahí que parecia furiosa, quase tanto quanto na noite que o havia flagrado na cama com Dulce. Quanto tempo ele havia dormido? Não esperava receber uma visita tão improvável logo pela manhã.

― Eu estou louca, Christopher? Eu? – Ela repetiu cética e revoltada. – Você tem noção do que você fez?

― O que eu fiz? – Ele perguntou, confuso.

― Eu pensei que depois que conversamos, estava tudo resolvido entre nós, o que você fez foi patético! Com a minha imagem! Você sabe a consequência que isso pode trazer pra mim? Eu estou tentando fechar contrato com uma grande Editora, o que eles vão pensar de mim?

― Do que você está falando, Anahí? – Christopher quis saber, totalmente perdido naquela conversa. Aquilo só poderia ser um pesadelo. Passou as mãos pelos cabelos, e a textura deles era real. Sua boca estava seca devido a ressaca, e seu corpo dolorido devido as más horas de sono no sofá. Aquilo era real, mas não fazia nenhum sentido.

Anahí respirou fundo, parecendo buscar paciência de dentro. Encarou Christopher e levantou o dedo indicador na direção dele.

― Eu só vou te dizer uma vez. – Ela disse pausadamente. - Pare com essa palhaçada. Quero que exclua aquela declaração ridícula no facebook, com milhões de compartilhamentos, em, no máximo, duas horas! Estamos entendidos? – A loira esbravejou. Com o recado dado, virou-se de costas e foi embora, batendo os pés fortemente sobre o assoalho. Christopher ficou para traz, totalmente perplexo.

Quando Anahí saiu, ele tornou a trancar a porta e foi atrás de seu notebook. Precisava saber do que aquela louca estava falando. Abriu o facebook e logo de cara pode perceber dezenas de notificações. Não foi preciso muito esforço para encontrar o que Annie estava dizendo. Uma foto do casal, com um pedido de perdão, um pedido de compartilhamento e pelo menos cem mil pessoas compadecidas com a imagem, compartilhavam e imploravam que Anahí perdoasse Christopher. O pandêmonio só durou alguns segundos, logo, com a lembrança da manhã de alguns dias atrás, uma certeza sobressaía diante de tudo aquilo: Dulce Maria havia invadido seu facebook.