Fanfic: A casa caiu | Tema: Vondy, Trendy, Barken, RBD
Dulce se ausentara para encontrar respostas, e de fato voltara com uma resolução e uma decisão para seu eminente problema. Alfonso havia colaborado muito ao encorajá-la a seguir seu coração, e estava disposta a se abrir com Christopher, contar a ele todas as coisas que achava que ele merecia saber sobre si, e resolver de uma vez por todas aquele assunto que tanto a atormentava.
Naquela segunda-feira, não assistiu a aula, desfez a pequena mala que levara para Angra dos Reis, almoçou com as amigas no restaurante universitário, como fazia todos os dias, e passou o restante do dia em casa, descansando da madrugada turbulenta que tivera. No começo da noite, tomou banho e arrumou-se, obstinada a ir até a casa de Christopher.
Antes de sair, olhou para a foto na sua cabeceira e, ponderando por breves instantes, sorriu.
Não ligou para Christopher para avisar que iria até lá, queria dizer tudo pessoalmente, não queria levantar cogitações ou expectativas. Seguiu de metrô da Tijuca até a Glória, e, chegando ao prédio, cumprimentou o porteiro simpático que já a conhecia bem, e dirigiu-se até o apartamento. Estava ansiosa e nervosa como jamais estivera antes.
O elevador parecia mais lento que nunca, seu estômago reclamava a todo o momento devido ao nervosismo, e assim que a porta do elevador se abriu, já no andar de Christopher, ela pôs os pés sobre o chão do hall e obteve a visão da porta do apartamento de Christopher. Seu sangue gelou, não lembrava-se mais como fazer para respirar. Christopher abraçava ternamente a Anahí, despedindo-se, e logo a loira caminhava na direção do elevador. Dulce não sabia bem o que fazer, queria fugir para não ser vista, mas para onde? O que poderia fazer? Anahí passou por ela como passaria por qualquer desconhecido, e de fato era, pois na ocasião em que estiveram no mesmo espaço, Anahí não vira seu rosto, portanto jamais poderia reconhecê-la. Ela entrou no elevador, apertou alguns botões e a porta se fechou, deixando Dulce sob o olhar curioso de Christopher.
― Olá. – Ele disse ainda sobre o impacto da surpresa, continuava parado no batente da porta. Estavam separados por uma distância de aproximadamente cinco metros.
― Ah, olá, eu já estava de saída. – Dulce disse extremamente desconsertada. Virou-se de costas e apertou o botão do elevador, estava tão afoita que esquecera completamente que ele havia acabado de descer.
Queria evitar que seus olhos se enchessem de lágrimas, mas não era tão forte assim. Precisava sair dali o mais rápido possível, e então, seguiu pela direção do corredor que levaria até as escadas, com passadas rápidas.
― Espera! – Ouviu Christopher exclamar, e isso só fez com que apressasse ainda mais os passos.
Christopher a alcançou no segundo lance de escadas, agarrou-a fortemente pelo braço fazendo-a parar bruscamente. Dulce tentou se soltar, porém, qualquer esforço seu era inútil perante a força dele. Christopher estava decidido a não deixá-la partir, e ela não queria demonstrar o quão abalada estava. Dulce já estava amargamente arrependida de ter ido até ali, e ainda, irracionalmente arrependida por dar um voto de confiança a ele, mesmo que soubesse que ela mesma era a responsável pela cena que presenciara.
― Qual o seu problema? – Christopher disse e ela o encarou, tentando conter o choro, no entanto, ele já havia notado os olhos marejados dela.
― Nada. Não há problema nenhum! – Ela exclamou, tentando ser consistente, porém, sua voz saíra um pouco falhada. – Só notei que não há mais espaço pra mim aqui e estou indo embora. Pode me soltar?
― Por que está chorando? – Ele quis saber. – Você deveria estar feliz! Não era isso o que você estava planejando quando postou aquela imagem no meu facebook? Parabéns, você conseguiu! – Christopher disse num tom firme e frio.
― Fico feliz. – Dulce murmurou, erguendo o queixo. Era inevitável conter suas emoções, mas levaria seu orgulho até as últimas consequências. – Espero que sejam felizes juntos.
― Nem assim você dá o braço a torcer, não é? – Christopher riu sem humor. – É lamentável que você seja assim. – Ele afrouxou o aperto em volta do braço dela e a olhou com desdém.
― Você me conhece pouco ou quase nada, mas agora eu já estou satisfeita, já sei tudo o que precisava saber de você. Apenas lamento por um momento, por menor que tenha sido, ter imaginado que valeria a pena. – A morena cuspiu as palavras e puxou seu braço, e começou a descer as escadas rapidamente.
Ele observou-a sumir sem nem mesmo pensar em se mover. Porém, não conseguia deixar de se sentir triste. Não queria ter dito aquelas coisas, ainda que ela merecesse. Havia uma tristeza nos olhos dela que agora o comoviam, fazendo-o se sentir mal instantaneamente. Queria descer as escadas, correr atrás dela e consertar tudo o que estava errado, mas era tarde demais e ele sabia que aquilo era necessário, Dulce precisava aprender a não brincar com os sentimentos dos outros. Agora ela sabia na pele como doía. Decidiu que esperaria a poeira baixar, e então a procuraria para colocarem os pontos nos “is”.
A morena saiu dali o mais rápido que conseguiu, quase as carreiras, e assim que estava longe do condomínio, permitiu-se chorar. Estava devastada, e mesmo sabendo que Christopher não tinha noção total do quanto a machucara e o quanto havia sido cruel em suas palavras, sentia que havia cometido um erro ao acreditar que tudo poderia ser diferente com ele. Não poderia dar certo algo que estava fadado ao erro desde que começara. Por que ela fora tão tola? Não havia espaço na sua vida para romances... Ainda menos para romances fracassados. Não queria acumular mais sofrimentos, já estava de bom tamanho todos os que a vida já lhe havia trazido.
Queria impor a si mesma uma força que não possuía, queria parar de chorar, mas isso estava fora de seu alcance. Não importava quantas vezes usava o dorso das mãos para limpar as lágrimas, elas molhariam o seu rosto de novo, de novo, e de novo. E assim foi todo o percurso até em casa, capturando a atenção das pessoas nas ruas, no metrô, e até mesmo de alguns vizinhos, assim chegou ao seu prédio.
Sua aparência estava lastimável e alarmou Maite imediatamente assim que colocou os pés na sala de casa. A amiga assistia a um filme com Christian, e parou o que fazia no mesmo momento para acudir Dulce. Christian, igualmente preocupado, tentava ajudá-la. Perguntavam a todo o momento o que havia acontecido, no entanto, entre um soluço e outro, Dulce não conseguia dizer absolutamente nada. Maite dispensou o namorado para ficar a sós com a amiga, para quem sabe assim, à vontade, ela dissesse de uma vez por todas o que lhe fazia mal.
Maite conduziu Dulce até o sofá e foi até a cozinha, voltou de lá com um copo de água com açúcar e fez Dulce beber todo o conteúdo do copo. Calmamente aguardou que Dulce se recompusesse. Acariciou os cabelos da amiga e não mais pediu que dissesse nada. Quase uma hora depois, já sem chorar, foi Dulce quem começou a dizer voluntariamente coisas as quais, por causa do choro, Maite não conseguia distinguir.
― Não precisa me contar nada se não quiser, Dul. – Mai afirmou. – Você sabe que eu só quero ajudar você, se não te fizer bem, pode continuar calada.
― Não, eu preciso falar. – Dulce respondeu. Já não aguentava mais abafar todas aquelas coisas dentro de si, precisava se abrir com alguém, caso contrário era capaz de enlouquecer.
Começou a falar sobre sua relação com Christopher, sobre o que fizera, e sobre o desfecho que tivera, e então, começou a entrar em detalhes mais minuciosos, como a conversa que tivera com Christopher, e quando viu, já estava voltando ao passado e relatando o motivo central de todos os seus receios.
― Aquele dia, quando você falou sobre a foto... – Ela introduziu.
― Sim, a garota da foto. Ela se parece muito com você. – Maite retrucou.
― Aquela é Claudia, minha irmã. – Revelou.
― Irmã? – Mai indagou, surpresa. – Pensei que havia dito que não tinha irmãos.
― De fato, agora eu não tenho. – Dulce abaixou a cabeça e respirou fundo. – Claudia morreu quando eu tinha onze anos.
― Nossa, Dulce. – Mai esboçou. – Me perdoa, eu... nunca imaginei.
― Tudo bem, não é algo sobre o qual eu goste muito de falar, mas acho que está na hora de me abrir com alguém daqui, talvez eu me sinta melhor. Desde que eu decidi abandonar o apoio psicológico, há anos atrás, eu evito esse assunto.
― Já disse, Dulce... Não precisa me dizer nada que não queira. – Maite insistiu.
― Eu quero falar. – Dulce afirmou obstinadamente.
Desde que chegara para se instalar no Rio de Janeiro, Dulce jamais havia falado tão pessoalmente de si. Jamais havia aberto sua vida tão detalhadamente a alguém, e agora, imaginava que Maite era a pessoa certa para isso. Talvez estivesse na hora de derrubar aquele assunto familiar como um tabu e de tratar as consequências que aquele fato trouxera para a sua vida emocional.
E então, ela começou a contar sua história desde o começo.
Dulce nascera numa cidade chamada Valença, no interior do estado do Rio de Janeiro. Os pais eram mineiros que se estabeleceram naquela cidade para exercer a advocacia, na ocasião. Dulce e Claudia tinham diferença de cinco anos de uma para outra, e as diferenças não paravam por aí. Enquanto Dulce era impulsiva, geniosa e dona de um temperamento difícil – mesmo quando criança – Claudia era exatamente o oposto. Era uma menina afável, tranquila e sonhadora. Vivia perdida em livros de romance, suspirando pelos impossíveis e perfeitos personagens deles. Mesmo com diferenças gritantes, o relacionamento das irmãs sempre fora bastante amigável, e, Claudia confidenciava exatamente tudo a Dulce, mesmo que essa ainda fosse uma criança quando ela própria já se tratava de uma adolescente. Em 2000, quando Claudia tinha quatorze anos, chegou à pequena cidade um rapaz de dezessete anos, com um encantador sotaque sulístico e todas as características que faziam todas as meninas de Valença babarem por ele. E claro, Claudia de modo algum estava imune a esses encantos. Todos os dias, quando Claudia chegava da escola, ocupava Dulce com suas descrições de como ele era lindo, descolado e etc. Com o passar dos meses, Claudia começara a narrar os avanços consideráveis em sua relação com Marcos. Dulce, que desde sempre já não tinha inclinação para o romantismo, pelo menos não como Claudia, se chateava pelas longas descrições de como os beijos de Marcos eram gostosos, e de como ele era perfeito em exatamente tudo, e então, cada vez mais Claudia tratou de diminuir suas confissões à irmã.
Naquela época, o pai delas, Fernando, aguardava a nomeação para o cargo de embargador numa cidade próxima a Belo Horizonte. Claudia, sempre que ouvia o pai falar sobre a mudança para Minas Gerais, protestava e levantava-se da mesa durante o jantar, sem tocar na comida. Aquele comportamento não era típico dela, muito pelo contrário, geralmente Claudia se mostrava muito compreensiva com os pais em qualquer que fosse a decisão deles. E, quando, por fim, saíra a nomeação a qual Fernando aguardava, Claudia, talvez motivada pelos tantos volumes românticos que lera, iniciou uma greve de fome. Inicialmente os pais não deram muito crédito, imaginando ser uma birra adolescente que logo chegaria ao fim, todavia, logo começaram a se preocupar. Claudia já tivera episódios de anemia vezes suficientes para que aquele comportamento a colocasse em perigo. Com toda a paciência do mundo, Blanca e Fernando tentavam alertá-la de que aquele comportamento infantil e colérico não levaria a lugar algum, e que era melhor ela se alimentar, pois, caso contrário, chegaria a Belo Horizonte, dali dois meses, gravemente doente. Nenhuma cena dramática que ela pudesse fazer adiaria ou cancelaria os planos de mudarem de cidade.
A greve de fome não durou tanto tempo, porém, quando voltou a se alimentar, Claudia não comia bem, e começara a adotar um comportamento muito estranho ao que era o habitual. Saía de casa sem dar satisfações e sumia por tanto tempo, de modo que seus pais ficavam preocupadíssimos com seu paradeiro.
Duas semanas antes da data da viagem, Dulce chegou em cada depois das aulas de ballet e encontrou a porta do quarto de Claudia encostada, por onde podia-se ouvir soluços e um choro compulsivo e desesperado. Assustada, Dulce entrou na tentativa de consolar a irmã, mas Claudia a expulsou do quarto com berros estridentes.
Depois disso, quando já estava mais calma, Claudia foi até o quarto da irmã para pedir e ela desculpas pelo ocorrido, já havia recuperado a sanidade, mas ainda encontrava-se em estado lastimável. Não entrou em muitos detalhes, apenas destacou que queria morrer por ter se enganado tão profundamente com Marcos.
A partir de então, Claudia não mais protestou ao plano dos pais de se mudarem, porém, todos notaram que ela já não possuía mais aquele brilho nos olhos de que lhe era característico, estava pálida, abatida, sempre com aspecto de quem andara chorando e com olheiras escuras abaixo dos olhos. Sempre tivera uma aparência magra e fraca, porém, agora adquirira um aspecto verdadeiramente doentio.
Por fim, deixaram Valença e instalaram-se em Belo Horizonte, onde morariam. De início, os pais estavam muito animados com o novo rumo de suas vidas para notarem a infelicidade e qualquer outra coisa de errado com a filha. Para todos os efeitos, era apenas a tristeza por deixar os amigos na antiga cidade e as dificuldades de se habituar numa cidade maior e infinitamente diferente. No entanto, ao longo do tempo, começaram a se preocupar genuinamente com Claudia. Levaram-na no médico contra todas as vontades da garota, e o médico lhe passou diversos exames, os quais não tiveram resultados nem um pouco satisfatórios. A notícia dada pelo médico era de que Claudia tinha leucemia, e, completamente assustados, Fernando e Blanca correram por diversos médicos na cidade para receberem sempre as mesmas respostas. Claudia parecia aceitar muito bem o seu destino e uma áurea mórbida lhe rondava de modo que dizia sempre coisas relacionadas à sua morte, coisa que lhe era sempre repreendida pelos pais e pelos familiares. O ânimo da garota de fato não ajudava em nada, e cada vez mais, viam menos da alegria e afetuosidade que sempre fizeram parte da personalidade de Claudia.
O tratamento da doença se iniciou, a quimioterapia levou embora os longos e ondulados cabelos castanhos de Claudia, e junto com eles, o restante do seu ânimo de viver. Claudia já não conversava com ninguém, negava qualquer tipo de manifestação de carinho e apenas aceitava de bom grado as visitas de Dulce, enquanto estava internada no Hospital.
A somar a isso tudo, um médico mais atento veio perceber algo de diferente em Claudia, além dos aspectos da doença e conseqüência do tratamento. Começou, então, a investigar algo que já dava como certo. Quando teve a sua prova real, chamou os pais de Claudia ao hospital para conversar com eles. Claudia estava no segundo mês de quimioterapia, e numa gestação adiantada de quatro meses. Os pais desesperaram-se, aquilo complicava infinitamente o quadro clínico da filha, ademais, não sabiam explicar como e quando havia acontecido, e Claudia se recusava terminantemente a abrir a boca sobre assunto, exceto para recusar terminantemente a recomendação médica de interromper a gravidez.
Cientes da amizade entre as filhas, não tardou a que os pais, loucos e fora da razão, começassem a interrogar e pressionar Dulce a denunciar a irmã. Na ocasião, Dulce tinha onze anos e não tinha a mínima noção de como agir diante de tal situação. Depois de negar por diversas vezes não saber de nada, coagida pelos pais, teve de trair a irmã.
Fernando, enfurecido, deixou Belo Horizonte e foi atrás de Marcos em Valença, e não ficou minimamente surpreso de não encontrá-lo mais por lá. Não obtendo a fonte dele, tentavam arrancar depoimentos de Claudia, algo que justificasse sua conduta e ainda ajudasse a encontrar uma solução para o problema. Talvez cobrando responsabilidade ao pai da criança, ele então convencesse Claudia a acatar o tratamento para que continuasse viva, mas ela continuava do mesmo jeito de sempre. Recusando-se a falar com quem quer que fosse.
O tratamento mudara diante da nova e insólita perspectiva. Interromperam a quimioterapia, já que não era desejo de Claudia interromper a gravidez. A pouca idade, a gestação e a doença faziam do caso de máximo risco, e talvez, se Claudia tivesse alguma vontade de viver, os próprios médicos tivessem uma visão mais otimista com tratamentos alternativos enquanto a criança não tivesse em condições de nascer.
A cada semana, Claudia ficava mais abatida. Estava tão fraca, que as visitas de Dulce eram cada vez mais escassas. Os pais tentavam poupá-la de assistir a desgraça da irmã como se isso fosse afastá-la do sofrimento que aquilo já lhe afligia há meses. Na última visita que Dulce fizera a Claudia, a irmã segurara a mão dela e lhe confessara que desde que saíra de Valença já sabia que estava grávida, que só estava viva até então somente para tentar salvar o filho, e que não tinha pretensão nenhuma de sobreviver. Que Claudia era ingênua, todo mundo a sua volta tinha pleno conhecimento desde sempre, mas não a ponto de decepcionar-se até cair numa depressão tão profunda que a levaria a desistir da própria vida. Ela relatou a Dulce que Marcos a iludira sempre, que jamais teve pretensão alguma de levá-la a sério, que a persuadira a entregar-se a ele de todas as formas possíveis e que quando ela descobriu que estava grávida e fora contar a ele, Marcos a repudiara e humilhara de todas as formas possíveis, pedindo que nunca mais voltasse a procurá-lo, pois, segundo ele, jamais seria pai de um filho dela.
Horas mais tarde àquele relato, Claudia entrou em trabalho de parto prematuro, e mesmo sob o cuidado dos mais talentosos médicos de toda a cidade, o óbito de ambos tornara-se inevitável.
Toda a família entrara em colapso, ninguém entendia como a vida de uma jovem pudera terminar de modo tão estúpido e rápido. Os pais não mais tocavam no assunto de Marcos, não sabiam quem era ou o que fizera e agora, isso tão pouco ajudaria. A filha e o neto estavam mortos e nada poderia ser feito quanto a isso.
Dulce tinha ainda mais razões para odiar essa criatura, e, teve de conviver com aquela lembrança da irmã, tão vulnerável, descrevendo as atitudes desumanas dele para com ela, por toda sua adolescência. Os pais tentaram se recuperar do golpe, mudaram-se para Angra dos Reis, onde residiam quando Fernando não estava trabalhando em Minas, e Blanca focara-se em sua carreira, vindo a ser promotora. Tentavam levar uma vida normal, mas todos eles sofriam com as lembranças de Claudia, de tudo o que ela fora e da forma estranha e arrebatadoramente dolorosa como se foi. Somente de observar Dulce, já era um tormento suficientemente grande, já que ela era muito parecida fisicamente com a irmã. Em suma, a relação familiar nunca mais fora a mesma e Dulce possuía todas as marcas do que vivera cravadas na sua memória.
― Eu fico imaginando – Dulce disse, fungando o nariz. – Se ele tivesse agido diferente, se a gravidez fosse sabida por todos desde o começo, talvez, sim, meus pais ficariam tão bravos quanto de fato ficaram, mas talvez as coisas tivessem tomado um rumo diferente. Ela não teria se entregado a depressão. Podíamos agora ter os dois. Como pode existir um ser humano assim, Mai? Claudia era uma menina tão boa! – Exclamou, tornando a chorar.
Tampouco Maite, diante de um relato detalhado e cheio das emoções e sentimentos de Dulce, podia controlar suas lágrimas. Tentava consolar a amiga, e assimilar todos os fatos com o presente de modo a ajudá-la com seus problemas, porém, era algo muito difícil, o trauma de Dulce ainda parecia bem vivo e fora revivido por toda a adolescência dela. O que acontecera a pegara numa péssima época, onde sua personalidade ainda estava em formação e o trauma a afetara profunda e intrinsecamente
― Mas... Dulce... – Maite começou, cuidadosamente. – Nem todos os seres humanos são como esse infeliz que enganou a sua irmã. Claro, todos nós temos um lado mal, sem dúvidas. Mas nem todos somos monstros. – Refutou.
― Não é como se eu achasse que todos são monstros, ou que podem me enganar. Eu não sou ingênua como Claudia era. Eu não sou nem um pouco romântica a ponto de abandonar completamente o meu lado racional. – Disse. – Só que eu não acredito em romances, eu não acredito nisso de... De amor perfeito. Eu não sei quanto aos outros, mas não acho que funcionaria comigo. Não interessa quanto tempo passe, eu sempre vou ter um pé atrás com toda e qualquer pessoa. Eu simplesmente... Simplesmente não consigo me entregar e por muito tempo eu não quis, de forma alguma. E agora... – Gaguejou. – Eu acho que estou apaixonada pelo Christopher e não sei como agir. Não sei o que pensar. Achei que deveria afastá-lo de mim pelo próprio bem dele, porque eu não sou idiota, eu vi que estávamos ultrapassando um limite. Eu imaginei que não daria certo, porque... – Dulce pausou, olhando para as próprias mãos. ― Eu não consigo sequer me abrir e dizer algo além do óbvio sobre a minha vida. Eu não quis afligi-lo com os meus defeitos emocionais. Sei que seria doloroso pra ele estar com alguém que pode não confiar nele plenamente, achei que seria melhor pra ele que se acertasse com a Anahí. Acho que ela gosta dele, cuida dele e o entende muito mais do que eu seria capaz. Só que eu me sacrifiquei sem imaginar o quanto seria doloroso pra mim. No início eu achei que seria curtição tanto pra ele quanto o era pra mim, mas passou disso. Eu me envolvi, ele se envolveu. Nesse fim de semana eu me refugiei em casa para pensar... E, cheguei a conclusão de que não há como voltar atrás. Eu gosto dele. Eu sei que ele gosta de mim. Alfonso... Por incrível que pareça, me ajudou a arriscar tentar algo, ou ao menos conversar com Christopher sobre isso. Infelizmente já era tarde demais.
― Não, Dulce, não é tarde demais. – Mai afirmou, acariciando os cabelos da morena. – Você mesma disse que ele gosta de você. Então, esse lance com a Anahí deve ser temporário. Ele deve estar uma fera com você, o que você fez foi errado e você sabe.
― Eu sei, eu fui estúpida, mas... O jeito que ele falou comigo hoje... Não sei, Mai. Eu acho que agora estou sozinha nessa. – Deu uma pausa, suspirou, e quando o silêncio já estava incomodo demais, acrescentou: - Minha primeira desilusão amorosa. – Sorriu com sarcasmo e tristeza. – Já não era sem tempo, não é?
Maite apenas riu levemente, e segurou as mãos de Dulce, em silêncio.
― Eu também não acredito em amores perfeitos. – Maite disse por fim e encarou Dulce com seriedade. – Mas não tem que ser o fim.
― Não é como você e Christian, Mai...
― Claro que não, vocês são dois seres humanos diferentes de nós. Mas se gostam. Precisam resolver isso.
― Se ele ainda gostar de mim, a essa altura do campeonato. – Dulce disse e suspirou longamente.
Autor(a): beatrizrrangel
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Antes de dormir um repasso aconteceu na cabeça de Dulce, todas as imagens e fatos passando por sua mente na mesma sequência que aconteceram. Não queria pensar, tudo o que gostaria de fazer era deitar a cabeça em seu travesseiro e ser capaz de dormir. Mas não era. Tudo parecia se fazer presente naquele quarto, o cheiro dele, o som da risada d ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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stellabarcelos Postado em 03/08/2016 - 17:57:16
Que lindos!!!! Amei muito
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beatrizrrangel Postado em 09/08/2015 - 15:38:57
Eu tô postando uma nova web numa nova plataforma. Não sei se vocês conhecem, é o Yoble, bem parecido com o finado (que Deus o tenha!) orkut. Aqui o link pra quem quiser acompanhar: http://yoble.com.br/Community/3252 O nome é "La vida es sueño"
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beatrizrrangel Postado em 08/08/2015 - 20:49:03
Vou tentar agilizar a segunda temporada logo! Vou avisar por aqui, ok?
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vondyfforever Postado em 08/08/2015 - 19:27:37
Aaaaah que lindooo o finall! Ansiosaa paraa a 2 temporadaa! Postaaaaa maiss *-*-*-*-**-*-*-
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ipcrbdvondy Postado em 06/08/2015 - 13:20:59
Ah, estou a espera da 2 temporada viu?!
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ipcrbdvondy Postado em 06/08/2015 - 13:19:33
Aah q lindos Amei Fic perfeita Parabéns
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yasmim.b Postado em 01/08/2015 - 18:44:43
Que perfeito ! Quero segunda temporada *_*_*_*_*
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ipcrbdvondy Postado em 31/07/2015 - 14:38:15
Que lindos Ok! Quando dé vc começa Cont...
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yasmim.b Postado em 31/07/2015 - 13:31:59
Continua *_*_*_*
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beatrizrrangel Postado em 29/07/2015 - 15:33:51
Tenho que escrever pelo menos a primeira parte pra começar a postar... Eu não tenho muito tempo pra escrever, por isso é complicado. Mas vou me esforçar ao máximo!