Fanfics Brasil - XXI A casa caiu

Fanfic: A casa caiu | Tema: Vondy, Trendy, Barken, RBD


Capítulo: XXI

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Com a inauguração de seu escritório de contabilidade, o trabalho de Christopher se estabilizou. Mantinham a mesma clientela fixa do escritório anterior, e, pouco a pouco, iam conquistando novos clientes. Desdobrava-se agora entre seu próprio trabalho e a promessa que fizera a Anahí de ajudá-la. Dera entrevistas a revistas teens, fizeram ensaios fotográficos juntos para as revistas e para colocarem no facebook e ao longo de duas semanas ele já estava farto de toda aquela estória. Por sorte, Anahí não lhe cobrava demais e logo concordou que tudo já estava de bom tamanho.


― Ah, finalmente! – Ela exclamou, enquanto bebericava seu café, no starbucks.


― Seus olhos estão diferentes. – Christopher notou. – Está tão feliz... Todo esse tempo. – Disse e Anahí encolheu os ombros, na defensiva, já sabendo o que estaria por vir. – Quem é o cara?


― Não é ninguém. – Negou mais uma vez, com um sorriso contido.


― Anda logo! – Christopher disse impaciente. – Conta logo, eu já reparei que está apaixonada, vive aos cochichos no celular... Ri de qualquer coisa, por mais idiota que seja. Não pode me enganar, eu te conheço, talvez melhor do que você mesma!


― Ai. ― Ela resmungou. – Não me sinto confortável em falar disso com você, você é meu ex-namorado, por favor.


Christopher a encarou medonhamente.


― Tudo bem! Tudo bem! Ele é... um estagiário.


― Um estagiário? – Christopher repetiu, cético.


― É. Do meu advogado. Sabe, que trata sobre as coisas dos direitos autorais e etc. Estamos conversando há alguns dias. Ele é um fofo, atencioso, bonito... Muito inteligente. – Seguiu, enumerando as qualidades do cara, e Christopher fez uma careta.


― E o que ta pegando? ― Quis saber, ignorando o fato de como Anahí ainda lidava como adolescente diante daqueles assuntos.


― Inicialmente, eu achei que não rolaria. Eu puxava assunto com ele, mas era sempre infrutífero, sabe? Ele estava sempre concentrado demais na papelada para parar e me observar melhor. Mas faz um tempo que ele começou a me dar mais atenção, conversamos tanto e... Ele me chamou pra sair. – Disse, corando.


― E você vai? – Christopher perguntou, curioso. Não era desconfortável, pelo contrário, era bom saber que Anahí estava em outra e que tinha uma grande probabilidade de ser feliz.


― Na verdade, já fui. – Anahí disse, observando suas unhas meticulosamente desenhadas.


― O que? Já foi? E não me conta nada? – Ele questionou com revolta.


― Eu não imaginei que gostaria de saber... Sabe, oficialmente nós somos namorados. Mas fique tranquilo que eu fui bem discreta, pra que ninguém achasse que você é um corno ou algo assim. ― Annie riu.


― Anahí... – Christopher repreendeu-a. – Eu não estou preocupado com isso. Pouco me importa o que os outros pensam. Mas me importo com o que você pensa. Somos amigos, não somos? Amigos não compartilham esse tipo de coisa?


― Ah é? Por que até agora você não me contou o motivo dessas suas olheiras?


― Meu trabalho. ― Ele justificou e os grandes olhos azuis o fitaram com irritação.


― Ah, é complicado.


― Tenho tempo.


A loira ficara surpresa ao saber que a causadora das noites em claro de Christopher era ninguém menos que a mesma mulher que pôs um ponto final na relação deles. Christopher estava com aquela história engasgada e já que Anahí lhe ofereceu os ouvidos, ele aceitou de bom grado e começou a falar sobre tudo o que havia acontecido e a maneira como se sentia diante de tudo.


― Uau. ― Foi tudo o que Anahí conseguiu expressar, ao final.


― Ela é uma boa pessoa, eu sei que é, ela tem seus problemas, mas... O que aconteceu, foi tudo culpa minha, ela não sabia que eu tinha namorada. A Dulce é... diferente. Mas não é uma destruidora de lares.


― Eu sei que a culpa foi toda sua. Só que... Sei lá, né? Por um momento ela foi minha rival. – Anahí riu descontraída. ― E o que você pretende fazer agora?


― Eu não sei. Eu acho que vou esperar mais um pouco, esperar a poeira baixar e ir falar com ela. Eu sinto tanta falta dela, que se fosse seguir meus impulsos, iria até lá agora e a obrigaria a me ouvir. Mas sei que ela está pensando coisas ruins sobre mim.


― Ela é uma louca. – Anahí ponderou. – Mas pode ter se arrependido. – Parou mais um instante pra pensar. – Nossa, só uma louca pode jogar o cara que gosta nos braços de outra mulher. ― A loira se pôs absorta por um momento, refletindo sobre aquela história que acabara de ouvir.


― Não me diga que já está pensando em tomar a personalidade de Dulce pra mais uma personagem sua? – Christopher presumiu.


― Até que não seria má ideia, viu? – Assumiu e mudou de assunto. – Enfim, Chris. Se você gosta realmente dela, vá atrás mesmo. Orgulho só dificulta as coisas, e não vai ser o mais fraco se der o braço a torcer antes. Isso pode significar tudo.


― Ou nada. – Ele suspirou longamente.


― É uma possibilidade. Mas tem que tentar. ― Annie encorajou, acariciando o ombro do amigo.


Terminaram de tomar café e Christopher deixou Anahí em casa. Ele tinha tirado um dia de folga, já que havia trabalhado dois sábados seguidos. Resolveu que colocaria sua vida nos trilhos novamente. Tudo estava bem no trabalho, tudo estava bem com Anahí, tudo precisava ficar bem com Dulce também. Pretendia contar a ela que o que tinha visto era um engano, e dizer a ela tudo que sentia em relação aos dois.


Ainda eram dez da manhã. Voltou pra casa e enquanto organizava suas coisas, começou a colocar os pensamentos em ordem. Ensaiava potenciais falas e discursos, imaginava a reação de Dulce e criava um diálogo imaginário, na tentativa de prever o que o esperava.




 


Um sol morno aquecia a cidade, o dia havia começado agradável. Havia um longo céu azul com poucas nuvens, mas a temperatura não passava dos 25ºC. Era um pouco mais de nove da manhã quando Dulce ia saindo da universidade. Alfonso vinha logo atrás, e resolveram ir caminhando até o apartamento de Dulce, que estava radiante por ter feito a última prova do período.


Alfonso caminhava ao lado de Dulce, o horário de maior movimento nas ruas havia cessado, havia poucos pedestres compartilhando as calçadas com eles, o que lhes davam mais liberdade. Estavam animados, conversavam sobre trivialidades, até que a morena lembrou-se de algo.


― Fui chamada na secretaria do curso, hoje. – Ela comentou com naturalidade e Alfonso diminuiu a velocidade dos passos para encará-la.


― E diz isso assim? – Ergueu uma das sobrancelhas. – O que houve?


― Fui escolhida por um professor para um programa de intercâmbio em Portugal. Universidade de Coimbra.  ― Dulce continuava agindo como se a notícia fosse algo irrelevante.


― Dulce! – Alfonso exclamou, com animação. ― Isso é ótimo. Coimbra é ótima. É uma oportunidade perfeita. – Acrescentou enquanto Dulce o encarava com um ar cético e reprovador.


― Comeu merda, Alfonso? – Dulce disse. – Antes de vir pra cá, eu pude escolher qualquer universidade... Meus pais me deram o melhor leque de opções e carta branca pra que eu pudesse escolher o que eu quisesse, em qualquer país do mundo. Coimbra não é nada. Quando eu pude escolhê-la, não a quis. Realmente não tenho interesse no programa. – Concluiu Dulce, certa do que falava e com um tom de voz completamente indiferente àquela conversa.


― Eu sei, Dulce. Mas do jeito que as coisas estão por aqui, imaginei que tivesse mudado de ideia. – Respondeu, e voltaram a andar normalmente.


― Não mudei. – Dulce rebateu com veemência, pondo fim ao assunto.


O silêncio se prolongou até que Dulce parou bruscamente diante de uma banca de jornal. Alfonso, que não havia reparado  que deixara a morena para trás, teve de retornar dois metros e alcançá-la novamente. Dulce estava petrificada diante de um grande mostruário de revistas. Ela não reagia de maneira alguma, nem mesmo parecia respirar. Só observava uma revista em especial, sem nem mesmo piscar os olhos. Alfonso acompanhou o olhar dela e encontrou o que a havia retido.


Alfonso também parecia surpreso, talvez até mais que Dulce. Ficaram assim por algum tempo, até que o jornaleiro os interrompeu, perguntando se desejavam algo. Alfonso saiu do transe e passou os braços pelos ombros de Dulce que parecia em outra dimensão, e começou a caminhar para longe dali, conduzindo-a consigo.


Dulce não falava nada, seus olhos estavam abertos, mas não olhavam nada, perdidos em um ponto qualquer do chão. Tudo acontecia dentro dela. Nem mesmo percebia que estava andando praticamente arrastada por Alfonso. Chegaram em casa e Alfonso a colocou sentada no sofá.


― Dulce! Fala comigo. ― Sacudiu-a levemente. Ela finalmente o encarou.


― O que você quer que eu diga? ― Havia um nó em sua garganta. Seus olhos estavam marejados, mas ainda assim fazia um esforço colossal para não chorar. 


Alfonso tocou o rosto dela, acariciando sua bochecha, até segurar o queixo dela, fazendo-a encará-lo. Os olhos castanhos de Dulce estavam inexpressíveis. Ela havia aprendido muito bem a mascarar suas emoções, havia aprendido a não chorar quando tudo o que queria era entrar em colapso, ela sabia se controlar. Entretanto, Poncho sabia que mesmo que ela não demonstrasse, ela sentia. Trouxe Dulce para apoiar-se em seu peito e acariciou os cabelos dela.


― Pode chorar. Não tem ninguém aqui. Só eu e você. Eu juro que não conto pra ninguém. Só não guarda esse sentimento ruim que isso só te fará mal. Coloca tudo pra fora. – Disse suavemente, enquanto acariciava os cabelos da morena, e aos poucos, ela se permitia chorar, desabafando tudo o que sentia. – Isso, boa menina.


O silêncio se instaurara e só restara o choro e o soluço de Dulce, que demoraram até se estabilizar. Ela sentia-se num paradoxo infeliz, já que ao passo que sentia culpa e arrependimento pelo que fizera, sentia que era exatamente esse o objetivo. Christopher parecia feliz, era exatamente o que aparentava naquela foto estampada na capa de uma revista teen, enquanto abraçava Anahí e anunciava ao mundo que ela o havia perdoado, e que o namoro estava reatado e de vento em poupa. Não era essa a intenção que a levou a fazer o que fez? Não tinha o direito de se sentir tão infeliz e tão triste a ponto de estar arrependida. Porque Christopher não gostava dela de verdade. Se gostasse, não reataria com Anahí. Reataria? Ela não sabia o que pensar, estava confusa. No último encontro deles, ele não parecia contente por ter Anahí de volta. Parecia bravo porque ela estava fugindo dele. Se pudesse voltar atrás, teria feito tudo diferente. Mas não podia. E se voltasse, talvez agisse exatamente do mesmo jeito, porque não tinha como saber que iria ficar tão mal se não tivesse agido daquela forma. Se não tivesse perdido Christopher, não saberia o quanto doía e o quanto estava perdidamente apaixonada por ele.


― Vou fazer algo pra gente comer. – Alfonso disse, notando que já era a hora do almoço. Dulce estava deitada em seu colo, já não chorava, apenas pensava, em silêncio.


― Não precisa, eu estou sem fome. – Murmurou ela.


― É claro que precisa. Você vai se alimentar bem, vamos ajeitar tudo aqui no Rio e vamos voltar para Angra. As notas vão sair em uma semana e vamos entrar de férias. Três meses livres, podemos fazer muitas coisas em três meses. Podemos viajar, podemos fazer aquele curso de mergulho que você queria... O verão está chegando! – Alfonso tentava animá-la. Tudo o que conseguiu foi um sorriso lânguido em resposta.


No meio da tarde, Maite e Natasha chegaram ao apartamento. Dulce continuava deitada com a cabeça no colo de Poncho enquanto ele acariciava seus cabelos, não fazia nada além de pensar e respirar, mirando um ponto qualquer no teto. Natasha nunca sabia bem o que falar nessas situações, e nem mesmo era tão amiga de Dulce ao ponto de saber como ajudá-la, mas Maite quis acolhê-la, mas Alfonso assegurou que tinha tudo sob controle e que elas poderiam ir para os seus afazeres normal e que Dulce ficaria bem com ele. A morena sorriu em resposta, era um agradecimento silencioso.


Alfonso sequer ameaçou sair de perto dela nem mesmo um segundo, e Dulce não fez questão nenhuma de afastá-lo. Ele ficava em silêncio, não lhe perguntava coisas desnecessárias e era consolador tê-lo ao seu lado. Ainda era estranho ter de admitir que necessitava dele por perto, já que se fosse há alguns meses atrás, iria chutá-lo dali sem dó nem piedade, mas as coisas haviam mudado. Alfonso havia mudado. Ela havia mudado. Nada permanecia igual ali, todas as estruturas haviam sido abaladas.


― Já anoiteceu? – Dulce perguntou com voz manhosa. Só havia levantado do sofá para tomar banho e comer, e não havia se distanciado de Alfonso por mais que meia hora durante todo aquele dia.


― Sim, madame, já são quase sete da noite. – Ele respondeu, com a voz suave e um sorriso de quem fala com uma criança mimada.


― Você não foi ao estágio. – Ela murmurou.


― Não. Eu falei com o meu chefe, não tem problema, está tudo acertado. – Alfonso respondeu.


― Obrigada.


― Não precisa ficar agradecendo a cada dez minutos. Isso não é do seu feitio e eu juro que estou ficando com medo de você. Cadê aquela garota cruel que eu conheci? É daquela que eu gosto. ― Alfonso brincou.


Dulce sorriu.


― Vá para o inferno. – Sussurrou, arrancando uma risada dele.


A campainha tocou e ambos se encararam.


― Deve ser o Christian. – Dulce deu de ombros.


― Não, a Maite saiu enquanto você estava tomando banho, disse que iam ao cinema. – Alfonso articulou e a campainha tocou uma segunda vez.


― Então é o idiota do Noah. – Ela deu um pulo do sofá. – Vou abrir a porta, acho que a Natasha está dormindo.


De repente, os joelhos de Dulce pareciam de gelatina, sua respiração estava irregular, seu coração batia descompassado, ainda parecendo decidir se iria parar ou acelerar até explodir de uma vez. Suas mãos começaram a suar. Meio minuto havia se passado, enquanto nenhum dos dois sabia muito bem o que dizer um ao outro. Todavia, ele se arriscou.


― Desculpa por vir sem avisar. ― Sua voz tentava soar calma, mas o nervosismo dele também era visível. ― Eu precisava falar com você.


― O que você está fazendo aqui? ― Dulce respondeu, seu maxilar travava de uma raiva que ela não sabia de onde vinha, ou a causa exata. Só imaginava vagamente que poderia ser dela mesma e da sua própria estupidez.


― Vim conversar com você, explicar algumas coisas... ― Christopher tentou concluir o pensamento, mas ela o interrompeu.


― Não preciso que me explique nada. Eu fiz tudo isso! Eu deveria estar feliz! Você sabe que eu não estou, então não venha aqui dizer que isso tudo foi culpa minha, porque eu já sei que foi culpa minha! Eu sei! – Dulce disse, quase aos berros. As veias de seu pescoço saltavam devido ao estresse e o esforço que fazia para falar.


― Não é nada disso...


― Vai embora, Christopher. – Alfonso disse, aparecendo atrás dela. Abraçou-a por trás e encarou o rival de forma nada amistosa. ― Ela está comigo agora.


Christopher o ouviu e observou os dois. Dulce tentava controlar a respiração e prender o choro, enquanto Alfonso acariciava seus braços na tentativa vã de consolá-la. Dulce estava nos braços de Alfonso. Dulce havia recorrido a ele. Seu sangue ferveu diante da cena, entrando em ebulição enquanto ele organizava os fatos na sua cabeça.


― Então é isso? – Christopher os encarou. Nesse momento, Dulce escondeu o rosto no vão do pescoço de Alfonso e parecia chorar. – Eu não sei como pude me enganar tanto com uma pessoa.


― Se enganar? – Alfonso riu, cético. – Na boa, Christopher, some daqui. Ela viu vocês dois na revista hoje, e seja lá o que for que a Dulce tenha feito, você ta sendo mais imbecil que ela.


― Você não sabe de nada. Eu pensei que ela era diferente, mas é só uma medrosa que prefere me jogar nos braços de outra mulher porque tem medo de admitir o que sente. Prefere ficar com um cara que não gosta porque é orgulhosa demais pra pedir desculpas e correr atrás do prejuízo.


― Você quem não sabe de nada! – Alfonso rebateu, interrompendo-o. Christopher parecia pronto a dizer mais alguma coisa, mas não foi tão rápido. – Mete o pé daqui! Você não está com a Anahí agora? Deixa a Dulce em paz! Você não sabe nada sobre ela! Vá embora! – Bradou, enquanto tentava proteger Dulce que chorava agarrada a si.


Christopher ainda tinha coisas entaladas na garganta, mas preferiu dar as costas e ir embora. Nenhum dos dois eram dignos de mais um segundo da sua atenção. A imagem de Dulce nos braços de Alfonso ardia na sua cabeça, sentia ódio por ter se convencido a ir até lá procurá-la.


Alfonso fechou a porta e voltou a ajudar Dulce, que ficou por longos minutos abstraída de tudo, sem parecer ouvir nada do que ele dizia. Só chorava e o abraçava. Ele também se sentia mal, mas não como ela. Estava saindo com Anahí e fora um choque desagradável saber por uma revista que ela tinha um namorado, mas não estava tão apaixonado pela loira a ponto de ficar tão abalado, ela era apenas uma mulher encantadora, no entanto, para Dulce era completamente diferente. Ela era apaixonada por Christopher e agora ele estava com outra. Sabia o quanto devia estar sendo difícil para ela, que nunca planejou se apaixonar por ninguém. Agora tinha de lidar com a perda e a culpa.


Ele só saiu de lá quando Dulce adormeceu, então, levou-a para a cama e lhe deu um beijo na testa, desejando que ela tivesse uma boa noite de sono. Era muito mais fácil lidar com Dulce como se ela fosse sua irmã mais nova, muito menos complicado e muito mais gratificante. Saiu de lá com a sensação de dever cumprido, pelo menos por aquele dia... Por aquele longo dia.




 


Alfonso estava concentrado no computador a sua frente, estudando alguns casos que estavam sob os cuidados de seu chefe. A semana estava muito tranquila, quase não tinham visitas de clientes agendadas, já que em poucas semanas os fóruns entrariam em recesso por causa das festas de fim de ano. Aquilo significava muito mais que férias para ele, significava que seus pais e a maior parte da sua família estaria de férias também, em breve. Pretendia ficar com Dulce e com os tios em Angra dos Reis enquanto a prima precisasse dele, e depois passaria um pouco das férias com os pais em alguma viagem.


Estava tão tomado por esses pensamentos e mais o trabalho que executava, que nem se deu conta que a porta se abrira e que não estava mais sozinho. Só quando a visitante sentou-se na cadeira frente a sua, atrás da mesa, é que ele desviou o olhar do computador e a encarou. Sentiu desgosto assim que levantou a cabeça.


― Pois não? ― Disse, disposto a seguir o papel de funcionário do escritório piamente. Anahí sorriu, achando graça.


― Que sério e formal. – Ela observou, abrindo ainda mais o sorriso. Alfonso tentou manter-se rígido. Ela era extremamente encantadora, mas aquela ingenuidade só se destinava ao sorriso dela, nada mais.


― A senhorita deseja alguma coisa? ― Insistiu e o sorriso de Anahí sumiu, notando que ele não estava brincando.


― O que houve, Alfonso? ― A loira franziu o cenho, confusa. ― Por que está agindo dessa maneira? Eu não vim aqui como cliente. Vim ver você.


― Eu não tenho muito o que falar com você. – Rebateu rispidamente. – A propósito, a foto da capa ficou muito bonita. – Acrescentou, satírico.


Anahí respirou fundo.


― Então você viu aquela porcaria de revista? – Indagou retoricamente. – Bom, eu ia te falar sobre ela, mas achei que não valeria a pena, ainda estamos começando a sair, não queria te assustar. Também não imaginei que você era  leitor da Capricho.


Inicialmente, Alfonso não queria sequer ouvi-la, mas Anahí argumentava muito bem e conseguiu fazer com que ele lhe ouvisse. Explicou toda a história desde o início. Alfonso jamais iria imaginar que Anahí era ex-namorada de Christopher. Era coincidência demais. Uma coincidência infeliz. Depois de entender tudo o que havia acontecido, só ficou chateado por Anahí não tê-lo alertado antes sobre tudo. Teria agido completamente diferente se soubesse. Provavelmente Christopher havia procurado Dulce para se reconciliar com ela, e não para brigar, como parecera.


― Então, você me desculpa? – Anahí pediu com um sorriso que tornava a tarefa de sentir raiva dela completamente impossível. Alfonso sorriu em resposta. – Ótimo. O que acha de sairmos hoje? Eu queria... Sei lá, cozinhar pra você.


― Cozinhar pra mim? – Alfonso repetiu, mordendo o lábio inferior durante o sorriso. – No seu apartamento?


― Cozinhar pra você; e sim, no meu apartamento. – Ela confirmou, com um misto de malícia e timidez. Anahí era fofa, era bem diferente do comportamento que Alfonso estava acostumado. E ele estava gostando de toda aquela atenção. Era exatamente o que ele procurava.


― Ótimo. Chegarei às dezenove. – Confirmou. – Agora eu tenho que terminar o meu trabalho. – Concluiu ele, Anahí levantou e rodeou a mesa, segurou o rosto de Alfonso entre seus dedos e selou seus lábios. Quando ela saiu, Alfonso ficou pensando em como ela havia transformado tudo o que se passava dentro de si.


Estava aliviado que ela não fosse aquilo que ele havia imaginado. No fundo, sentia esperança que aquilo aconteceria, porque simplesmente não queria crer que aquele sorriso magnífico escondia por trás coisas ruins e porque depois que Anahí havia entrado em sua vida, tudo havia se ajeitado. Ele estava gostando dela, de verdade, e estava feliz que ela parecia corresponder, o que era algo inédito em sua vida.


Agora precisava pensar num jeito de ajudar Dulce a resolver a vida dela. Era evidente que Christopher gostava dela de verdade, agora podia enxergar isso. E sabia que Dulce era medrosa e orgulhosa demais para procurá-lo. Christopher, depois do que havia acontecido na noite anterior, não iria voltar a procurá-la, e ele tinha um pouco de culpa naquilo tudo. Imaginou que talvez Anahí também quisesse retribuir o favor de Christopher, aliando-se a ele, e juntos poderiam consertar as coisas para todos.


 



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Autor(a): beatrizrrangel

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No dia posterior a visita de Christopher, Dulce acordou exatamente igual aos dias anteriores, depois de uma noite de sono ruim. Não eram nem sete da manhã, e decidiu que sairia da cama, já que sabia que não iria conseguir dormir mais. O misto de emoções que sentia, ao contrário dos outros dias, lhe dera agora uma energia que e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 30



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  • stellabarcelos Postado em 03/08/2016 - 17:57:16

    Que lindos!!!! Amei muito

  • beatrizrrangel Postado em 09/08/2015 - 15:38:57

    Eu tô postando uma nova web numa nova plataforma. Não sei se vocês conhecem, é o Yoble, bem parecido com o finado (que Deus o tenha!) orkut. Aqui o link pra quem quiser acompanhar: http://yoble.com.br/Community/3252 O nome é "La vida es sueño"

  • beatrizrrangel Postado em 08/08/2015 - 20:49:03

    Vou tentar agilizar a segunda temporada logo! Vou avisar por aqui, ok?

  • vondyfforever Postado em 08/08/2015 - 19:27:37

    Aaaaah que lindooo o finall! Ansiosaa paraa a 2 temporadaa! Postaaaaa maiss *-*-*-*-**-*-*-

  • ipcrbdvondy Postado em 06/08/2015 - 13:20:59

    Ah, estou a espera da 2 temporada viu?!

  • ipcrbdvondy Postado em 06/08/2015 - 13:19:33

    Aah q lindos Amei Fic perfeita Parabéns

  • yasmim.b Postado em 01/08/2015 - 18:44:43

    Que perfeito ! Quero segunda temporada *_*_*_*_*

  • ipcrbdvondy Postado em 31/07/2015 - 14:38:15

    Que lindos Ok! Quando dé vc começa Cont...

  • yasmim.b Postado em 31/07/2015 - 13:31:59

    Continua *_*_*_*

  • beatrizrrangel Postado em 29/07/2015 - 15:33:51

    Tenho que escrever pelo menos a primeira parte pra começar a postar... Eu não tenho muito tempo pra escrever, por isso é complicado. Mas vou me esforçar ao máximo!


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