Fanfic: A casa caiu | Tema: Vondy, Trendy, Barken, RBD

Dulce vagou pelas ruas com a mente completamente atordoada, e quando chegou em casa, mal soube explicar como estava ali, fisicamente intacta. Provavelmente Maite e Natasha estavam com os respectivos namorados e ela tinha todo o conforto para se sentir mal sem preocupar e incomodar ninguém. Jogou-se em sua cama, afundando-se em seu travesseiro. Não havia mais lágrimas, mas ainda havia dor.

Por sorte, tudo o que havia feito durante aquele dia deixou seu corpo completamente cansado e esgotado, tanto que nem a sua mente agitada conseguia evitar que caísse num sono profundo e sem sonhos. Quando acordou, no dia seguinte, o sol já entrava pelo seu quarto, forte e reluzente, o que significava que o dia já havia amanhecido há algumas horas.

Levantou da cama sentindo seu corpo revigorado, e sua mente demorou algum tempo a relembrar a noite anterior e todos os sentimentos que se abrigavam nela. Estava incrivelmente tranquila, apesar de seu rosto estar um pouco inchado por ter ido dormir chorando. Arrumou sua cama e saiu do quarto. Natasha e Maite assistiam a um desenho animado na TV. Cumprimentou as amigas e foi para o banheiro fazer sua higiene matinal. Quando retornou, jogou-se no sofá com as amigas.

― Está tudo bem, Dulce? – Natasha indagou, não só pelo semblante da morena naquela manhã, mas por todos os outros dias em que ela mantinha um comportamento esquisito.

― Melhor impossível. – Dulce disse calmamente.

Maite a observou mais detidamente e balançou a cabeça negativamente, mas manteve-se em silêncio. Talvez não houvesse mais nada a ser dito.

Nenhuma delas esboçou reação alguma ao som da campainha.

― Levanta, Naty. – Mai resmungou. – Deve ser aquele síndico chato, e ele super vai com a sua cara.

― Eu não. – Natasha recusou. – Tudo sou eu nessa casa. Pra variar um pouco, a Dulce podia levantar essa bunda daí e fazer algo de útil.

― Eu fiz o almoço ontem. – Defendeu-se ela. – E além do mais, se for pra mim, quero que digam que não estou. Então, não vou atender essa porcaria de porta. – Argumentou, levantando-se do sofá e indo se refugiar em seu quarto. Ultimamente havia aprendido a odiar visitas surpresas. Não tinha muita esperança de que fosse Christopher, mas se fosse, talvez ele não tivesse humilhado e gritado o bastante com ela na noite anterior.

Dois minutos mais tarde, vieram as batidas em sua porta.

― Não tem ninguém aqui, vai embora. – Gritou de má vontade.

― Espero que não esteja pelada, Dulce. – Poncho disse, detrás da porta. – Eu estou entrando. – E anunciou.

― Como se você nunca tivesse visto. – Retrucou. Agora ele já estava dentro de seu quarto. Ele fechou a porta e caminhou em sua direção. – Eu não queria ver ninguém. Por isso eu pedi para as meninas falarem que eu não estava.

― Sabe que isso não cola comigo. – Ele disse, e sentou-se ao lado dela. – Vim aqui te contar uma coisa.

― Eu também preciso te contar uma coisa. – Ela deu de ombros.

― Então conte. – Poncho encorajou-a.

― Não, ué. Você veio aqui me dizer algo, então me diga primeiro. – Contestou.

― Tudo bem. – Poncho concordou e sorriu, manteve-se silencioso por alguns segundos, queria criar um clima de suspense e mistério, e antes que Dulce reclamasse, ele continuou. – Dulce, eu conheci uma pessoa, e nós estamos namorando. – Disse de modo calmo, deixando o queixo de Dulce cair ligeiramente. Ela abriu a boca para dizer algo, mas simplesmente não conseguiu. Não esperava por aquilo, de maneira alguma. Não estava feliz, não estava triste... Ainda não sabia exatamente o que sentir, talvez porque estivesse ocupada demais com seus próprios sentimentos.

― Não vai me dizer nada? – Alfonso quis saber.

― Bem... Parabéns. – Dulce disse por fim, forçando um sorriso.

― Agora é sua vez. O que você tem para me dizer? – Pediu, segurando uma das mãos dela.

Dulce desviou o olhar e respirou fundo. 

― Eu pensei melhor sobre Coimbra. – Disse.

― O que? – Alfonso indagou, cético.

― É, Alfonso. Talvez você tenha razão, mudar de ares pode me fazer bem, já que nada está dando certo.

― Não, Dulce... Você não pode fazer isso. – Poncho interferiu, visivelmente alterado.

― Poncho, você mesmo me incentivou há alguns dias atrás. E você tem razão. Muita coisa aconteceu aqui, talvez eu tenha que me afastar alguns anos, me recuperar de tudo, e então, eu volto e retomo minha vida. Ou então eu fico por lá, quem sabe o que pode acontecer?

― Dulce, eu acho que você está se precipitando. As coisas ainda podem se ajeitar por aqui, você está na melhor faculdade de Direito do Rio de Janeiro... E também tem os seus pais... E os seus amigos, e eu.

― Você já tem a sua namorada. Afinal, quem é ela?

― Ela? Ahn... – Poncho hesitou. – Você vai conhecê-la em breve.

― Isso se der tempo. Eu to querendo dar no pé daqui o quanto antes. Estou me sentindo sufocada, quero viajar, conhecer lugares novos, pessoas novas... Não vale mais a pena ficar aqui no Rio, apesar de que tem várias boates e casas noturnas que eu goste. Todos os meus amigos resolveram namorar, e eu preciso muito me divertir... Muito mesmo.

― Você acha que assim vai esquecer o Christopher? – Alfonso perguntou, e ela desviou o olhar novamente.

― Eu fui atrás dele, sabia? Eu tentei, ninguém pode dizer que eu fiquei de braços cruzados. Eu fiz tudo o que estava ao meu alcance, mas acabou. Eu não quero e não vou ficar deprimida pelo resto da minha vida. Talvez eu lamente, e ainda fique triste pelos próximos dias, mas especialmente hoje eu não acordei muito bem disposta para chorar e decidir que minha vida acabou por causa disso. Eu aprendi muito com tudo isso, agora eu quero recomeçar. Eu estou bem, Alfonso, é sério. Eu vou ficar bem. – Garantiu, com um sorriso lânguido.

Logo depois ela inventou uma desculpa para se livrar de Alfonso, que apesar de surpreso e preocupado com a notícia que ela havia dado a ele (mais do que era normalmente aceitável), ele parecia muito feliz com o rumo que a vida dele estava tomando, e mediante seu próprio estado de espírito, Dulce não poderia aturar aquilo por muito tempo. Se não se livrasse dele, rapidamente sua atuação de aceitação do seu destino iria por água abaixo e ela voltaria a chorar no colo de Poncho, e ela não queria aquilo. Não queria mais fingir estar superando, porque ela ainda não estava, e não conseguiria enganar a ninguém, muito menos a si mesma. Queria ficar sozinha e digerir tudo, ficar em paz consigo mesma, e então encontrar um meio de seguir em frente e planejar sobre a decisão que tinha tomado.