Fanfic: A casa caiu | Tema: Vondy, Trendy, Barken, RBD
Era um dia ensolarado de fim de primavera carioca, mas uma brisa fresca tocava sua pele de bruma suavemente. O céu azul quase sem nuvens se estendia sobre o tapete marítimo de ondas calmas e preguiçosas, até parecer se fundir com o manto ondulento e verde bem ao longe. Um papagaio-do-mar afundou na água, e voltou à superfície com o seu alimento, um peixe, na boca. Alçou vôo enquanto Dulce continuava segurando a areia morna e fina, deixando-a vazar por entre seus dedos. Era o mesmo que havia acontecido com Christopher e tudo o mais que poderia existir entre os dois: vazara por entre seus dedos.
Não demorou até seu próprio cérebro fazer a ligação entre o que fazia e a figura de linguagem. A comparação era perfeita. A oportunidade surgiu, mas talvez ela não tivesse força ou destreza suficiente para agarrá-la. Sentia-se tão tola e excessivamente frágil como jamais se sentira na vida. Todas as pessoas estavam certas quando diziam que ela não era fria e fechada, ela só não havia conhecido alguém que fizesse com que suas emoções desabrochassem. Nunca quis isso, portanto, jamais poderia imaginar que doeria tanto. Sentia-se incompleta.
Por que diabos chorava tanto?
Encolheu as pernas, trazendo-as até seu peito e as envolveu com os braços, colando a testa no joelho enquanto se permitia sentir aquele turbilhão de emoções: saudade, tristeza, culpa, arrependimento, ressentimento, raiva... Estava perdida entre todos eles, não soube quanto tempo ficou naquela posição, mas quando levantou os olhos, sua coluna e juntas doíam. Encarou a paisagem, mas seus olhos estavam anuviados pelas lágrimas. O vento balançava seus cabelos úmidos fazendo o cheiro de mar misturado ao seu shampoo impregnar o ar.
E então aconteceu.
Sentiu um toque suave sobre suas mãos que apoiavam a areia. Ela manteve o olhar a sua frente. Fechou os olhos e aspirou o ar profundamente. Sentia o cheiro dele. Seria possível? Sua imaginação possuía tamanho poder? Uma mão grande cujo toque ela conhecia muito bem acariciava sua pele e logo sentiu o corpo aproximar-se do seu até que pudesse passar o braço por suas costas. Aquilo era real. Ela abriu os olhos lentamente e virou-se na direção dele. Os olhos amendoados a encararam com firmeza e doçura simultaneamente, todavia, ela não fazia ideia do que eles queriam dizer, até que os lábios dele se abriram num sorriso contido.
Permaneceu em silêncio.
As lágrimas voltaram, e ele afagou seus braços, deixando que ela repousasse a cabeça em seus ombros enquanto chorava e soluçava. Ela virou-se para ele, enterrando o rosto em seu peitoral, e seus braços envolveram o pescoço dele como se não quisesse e não fosse deixá-lo ir embora. Mas ele estava ali. Ele tinha uma boa razão para estar ali. Ele não parecia remotamente disposto a fugir.
O silêncio foi cômodo durante vários minutos, mas Christopher sabia que o silêncio de Dulce continha várias perguntas.
― Eu fui péssimo com você. Eu sei. Nós fomos péssimos um com o outro. Mas eu vim aqui me desculpar. Nunca imaginei que tivesse passado por tantas coisas, e... Desculpa. – Christopher murmurava, sem saber bem o que dizer. - Alfonso me contou tudo. – Disse suavemente. – Ele não fez por mal, só quis ajudar.
― Como sempre. – Dulce balbuciou.
― Eu procurei você, mas já tinha ido embora. Por um momento eu achei que nunca mais fosse ver você e... Foi tão desesperador. – Confessou, desviando olhar para o mar. Dulce continuou em silêncio e ele não quis quebrá-lo. Precisavam ir devagar se quisessem ajustar as coisas.
― Claudia adoraria viver aqui. – Dulce disse, de repente, num devaneio.
Christopher ouviu em silêncio. Era complicado. Não tinha nada o que dizer sobre aquilo. Havia formulado respostas para todas as outras perguntas e situações, mas para essa, simplesmente não havia nenhuma. Talvez nunca houvesse.
― Nossas últimas férias de verão... Antes que... – Ela disse. – Antes que ela adoecesse, foram em Ubatuba. Ela adorava o mar. – Deu uma longa pausa, mas não como quem espera algum retorno. Só precisava reorganizar mais seus pensamentos. – Ela tinha sonhos, sabe? – Indagou retoricamente. Não queria encenar nenhum tipo de drama, por muito tempo ela omitiu tudo aquilo porque simplesmente não queria se passar pela coitadinha, mas estava errada. Não era omitindo e escondendo o que sentia que iria amenizar a dor. Aquela história não fora devidamente enterrada, todos os anos, quando chegava a época do aniversário de Claudia ou do aniversário de morte dela, ela voltava a remoê-la. Agora precisava falar. Precisava chorar e colocar para fora anos de palavras entaladas.
― Eu entendo, Dulce. E me sinto estúpido por ter dito tudo aquilo sobre você.
― Você não tinha como adivinhar. Eu estava errada, não tenta desviar a minha culpa. – Abaixou a cabeça. – Você estava certo, quis procurar algo estável. Anahí é estável. Bem diferente de mim.
― Eu não tenho nada com a Anahí. – Ele retrucou prontamente.
― Vocês terminaram? – Ela ergueu a cabeça para encará-lo.
― Nunca voltamos a namorar, ou a ter qualquer tipo de envolvimento ou compromisso. O que você viu... Bem, na minha casa... Nas revistas... Era tudo uma jogada da Editora dela para promover a carreira dela. Parece que a sua postagem no meu facebook fez um sucesso danado. – Ele sorriu. - Ela me procurou, pediu ajuda, no momento eu achei que era conveniente e resolvi ajudá-la. Voltamos a ser amigos, mais nada além disso... A propósito, Anahí está em outra. – Ele disse e sentiu vontade de acrescentar algo, no entanto, achou que poderia tardar aquela notícia. Aquele momento era deles dois e de mais ninguém. – Me desculpa, eu não sabia o que estava passando... – Segurou a mão dela novamente.
― Já disse, não tinha como saber, não é advinha. – Dulce interveio. - Nós nos perdoamos. – Disse e segurou a mão dele.
― E agora? – Ele ponderou, encarando-a. Uma distância de vinte centímetros separava seus rostos. Sentiu que ela pressionou sua mão com um pouco mais de força, mas que não iria respondê-lo com palavras. Manteve o contato visual, enquanto dissipava lentamente a distância entre seus lábios. Roçou seus lábios nos dela, que estavam salgados de lágrimas e água de mar. Ela permitia-se tão e somente sentir o toque dele, com uma sensação esquisita no estômago. Christopher pousou suas mãos delicadamente sobre a pele sensível e quente do pescoço dela
Era um beijo diferente, calmo e cheio de declarações veladas. Ambos os corações batiam num ritmo confortavelmente acelerado, aquecidos por aquele sentimento bom de que as coisas finalmente tomariam um rumo certo. Beijaram-se por um longo tempo, mas a urgência que sentiam não era compensada ou suprida. Jamais seria suficiente.
― O que vamos fazer agora? – Christopher indagou, olhos fechados, testas coladas. Segurou as duas mãos dela entre as suas enquanto sentia suas respirações misturarem-se.
― Eu não sei. – Ela murmurou com sinceridade.
― Seus pais estão em casa?
― Uhum. – Dulce balbuciou.
― Você não vai mais pra Coimbra. – Ele afirmou veementemente.
― Não. – Ela concordou. Sentiu os lábios dele se abrirem num sorriso sobre os seus.
― Então, acho melhor seus pais colocarem água no feijão, pois o namorado da filha deles vai ficar para o jantar. – Christopher acrescentou, com tanta convicção quanto na sentença anterior.
― O que? – Dulce abriu os olhos e recuou de súbito.
Christopher a encarou.
― Vou conhecer seus pais. Você vai me apresentar como seu namorado. E vamos superar tudo isso juntos. – Christopher disse com tranqüilidade, mas os olhos de Dulce ainda demonstravam o quanto ela estava assustada com aquilo.
― Eu acho que... – Gaguejou. – Que devia prepará-los antes... Eles nunca passaram por isso... E... E garanto que jamais imaginaram que passariam.
― Eles vão superar, aposto. – Christopher abriu um grande e radiante sorriso. O céu tomava um tom alaranjado, enquanto a noite aproximava-se lentamente.
Então, ele levantou e ergueu suas mãos para ajudá-la a levantar.
― Me fala um pouco sobre seus pais. – Ele pediu, enquanto segurava uma das mãos dela para caminharem de volta em direção a saída da praia.
Dulce suspirou, vencida.
― Eles costumavam ser bem animados, sabe, antes de tudo. Agora são um pouco mais reservados, mas quando estamos em Minas, com a família, eles parecem exatamente as mesmas pessoas. Acho que o problema sou eu.
― É claro que o problema não é você. – Christopher garantiu.
― Acho que sempre faço lembrá-los de Claudia. – Ela confessou com um suspiro.
― Eles sempre vão se lembrar dela, são pais, nunca vão esquecer. Isso não significa que seja uma coisa ruim. Claro, o que aconteceu foi horrível, mas com o tempo as coisas se acertam. Aposto que eles administraram tudo isso melhor que você. – Concluiu, caminhando de mãos dadas com Dulce na única rua daquele condomínio particular, em direção a casa dos “Saviñón”.
Autor(a): beatrizrrangel
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
A casa dos Saviñón era como as demais casas naquele condomínio: suntuosa, cercada de paisagismo, e na fachada havia um jardim de dar inveja a qualquer um que aprecie a natureza. Dulce travou frente ao grande portão, e virou o rosto na direção oposta a dos olhos de Christopher. ― Eu não sei se eles estão ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 30
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stellabarcelos Postado em 03/08/2016 - 17:57:16
Que lindos!!!! Amei muito
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beatrizrrangel Postado em 09/08/2015 - 15:38:57
Eu tô postando uma nova web numa nova plataforma. Não sei se vocês conhecem, é o Yoble, bem parecido com o finado (que Deus o tenha!) orkut. Aqui o link pra quem quiser acompanhar: http://yoble.com.br/Community/3252 O nome é "La vida es sueño"
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beatrizrrangel Postado em 08/08/2015 - 20:49:03
Vou tentar agilizar a segunda temporada logo! Vou avisar por aqui, ok?
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vondyfforever Postado em 08/08/2015 - 19:27:37
Aaaaah que lindooo o finall! Ansiosaa paraa a 2 temporadaa! Postaaaaa maiss *-*-*-*-**-*-*-
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ipcrbdvondy Postado em 06/08/2015 - 13:20:59
Ah, estou a espera da 2 temporada viu?!
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ipcrbdvondy Postado em 06/08/2015 - 13:19:33
Aah q lindos Amei Fic perfeita Parabéns
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yasmim.b Postado em 01/08/2015 - 18:44:43
Que perfeito ! Quero segunda temporada *_*_*_*_*
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ipcrbdvondy Postado em 31/07/2015 - 14:38:15
Que lindos Ok! Quando dé vc começa Cont...
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yasmim.b Postado em 31/07/2015 - 13:31:59
Continua *_*_*_*
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beatrizrrangel Postado em 29/07/2015 - 15:33:51
Tenho que escrever pelo menos a primeira parte pra começar a postar... Eu não tenho muito tempo pra escrever, por isso é complicado. Mas vou me esforçar ao máximo!