Fanfic: A casa caiu | Tema: Vondy, Trendy, Barken, RBD

A casa dos Saviñón era como as demais casas naquele condomínio: suntuosa, cercada de paisagismo, e na fachada havia um jardim de dar inveja a qualquer um que aprecie a natureza. Dulce travou frente ao grande portão, e virou o rosto na direção oposta a dos olhos de Christopher.

― Eu não sei se eles estão prontos. – Ela disse soltando a mão de Christopher. Ele não respondeu nada, apenas continuou olhando-a fixamente nos olhos, até que ela o encarasse. – Ok. Eu acho que não estou pronta. – Suspirou.

― Acredite, não tem problema nenhum nisso. É normal ficar nervosa ao apresentar o namorado para os pais. – Christopher murmurou, tornando a segurar a mão dela.

― Não é isso. Não entende? A última vez que uma das filhas deles arrumou um namorado, acabou em merda.

 ― Isso não significa que eles pensem que sempre acabará assim. Isso vem de você, não deles. – Argumentou. – Não pense que eu não entendo, eu entendo, e é por isso que estou insistindo pra que você segure a minha mão agora e entre comigo. – Disse, e estendeu a mão dela. Dulce o encarou hesitante. – Confie em mim. – Pediu e ela respirou fundo antes de agarrar a mão que ele estendia com mais força do que era de fato necessário.

 No exato momento em que entraram pelo jardim, deram de cara com Fernando que carregava alguns equipamentos de pesca. Os três olharam-se embaraçados, Fernando confuso, e Christopher encarou Dulce esperando que ela o apresentasse, no entanto, ela continuava muda e não parecia que iria dizer algo.

 ― Ahn, você deve ser o Sr.. Ahn... Pai da Dulce, certo? – Christopher disse desconcertadamente.

 ― Ah, claro. Eu sou o senhor pai da Dulce. – Fernando confirmou, abrindo um sorriso bem humorado. – E você deve ser o senhor namorado da Dulce, também estou certo? – Indagou.

 ― É. – Dulce disse, mordendo o lábio inferior. Nunca havia se imaginado em situação mais constrangedora. – Pai, eu devia tê-los alertado antes, mas ele apareceu aqui de surpresa. – Sorriu envergonhada. – Esse aqui é Christopher. Christopher Uckermann, meu... Namorado. – Concluiu. Ainda era complicado dizer aquilo em voz alta.

 ― Entendo. Se não tivesse vindo de surpresa, nunca teria vindo. Presumi corretamente, não foi? – Fernando articulou com uma risada. Dulce continuava estática. O pai estava sendo exatamente o que era quando estava com os amigos e com a família, no interior de Minas Gerais. Dulce não conseguia entender o porquê de dois comportamentos completamente diferentes. Estava claro que o problema era com ela. – Vocês vão ficar aí plantados como dois pés de bananeiras ou vão entrar? Blanca começou a fazer o jantar, parece que estava adivinhando que teríamos visita. Gosta de feijão tropeiro, Christopher?

 ― Sim, senhor.

 ― Sem essa de senhor, tudo bem?

 Christopher sentia o desconforto de Dulce pelo tanto que a mão dela suava sob a sua. Os dois aguardavam Fernando na sala, ele havia ido buscar a mulher para que pudessem se apresentar e conversar melhor.

 ― Relaxa Dulce, vai dar tudo certo. – Ele encorajou, e ela sorriu languidamente em resposta. Ainda achava que aquela era uma péssima ideia.

 Em instantes Blanca entrou na sala. Christopher ficou pasmado com a semelhança entre mãe e filha. Do jeito que Dulce reagira a sua vontade de conhecer os pais dela, havia imaginado duas megeras amarguradas, mas encontrara o oposto nos dois. Fernando era extrovertido e educado, e Blanca era simpática e elegante.

 ― Ah, não acredito que não me contou sobre isso, Dulce. – Blanca reclamou. – Eu não estava preparada, podia ter organizado um jantar melhor pra essa ocasião... Eu nunca imaginaria...

 ― Pois é. – Fernando interrompeu. – Perdi aquelas duzentas pratas que eu apostei com o Herrera. Parece que o Poncho nadou, nadou, e morreu na praia.

 ― Fernando! – Blanca repreendeu.

 ― Que é? Todo mundo sabe que ele é apaixonado pela Dulce. – Disse, fazendo a filha ruborizar.

 ― Papai, por favor. – Encolheu-se, sentada ao lado de Christopher.

 Blanca olhou para Christopher como quem se desculpava.

 ― Alfonso é um cara legal. – Christopher afirmou. – Mas acho que até mesmo ele se equivocou sobre os sentimentos dele pela Dulce. Ele a vê muito mais como uma irmã mais nova, de verdade. A propósito, ele tem uma namorada.

 ― Alfonso tem uma namorada? – Blanca perguntou, curiosa.

 ― Sim, eu a conheço. – Christopher respondeu e Dulce o encarou, surpresa. – Ela é minha amiga também. O nome dela é Anahí, é uma escritora famosa de livros adolescentes. Gente boníssima, um dia vocês também irão conhecê-la.

 Dulce ia dizer algo, mas decidiu que aquela também era uma conversa para quando eles estivessem a sós. Afinal, havia muito mais que isso para ser colocado em pratos limpos. Por hora, decidiu viver aquele pandemônio que era apresentá-lo formalmente para seus pais. O jantar transcorreu como era de se esperar. Fernando fazia piadas, mas muito mais conveniente do que havia sido anteriormente, e parecia gostar de Christopher de verdade. Christopher contou um pouco sobre sua vida, sobre seu trabalho, sua família, e quando Blanca perguntou como ele e Dulce se conheceram, ambos ficaram meio desconcertados, e Dulce respondeu que foi numa balada, omitindo a parte complicada que viera logo após.

Depois do jantar, Fernando se dispôs a mostrar toda a casa para Christopher enquanto Dulce ajudava a mãe a retirar a mesa e lavar a louça. Todos concordaram, e assim fizeram. Dulce começou a retirar toda a louça da mesa em silêncio, enquanto Blanca a observava meticulosamente. Depois, na cozinha, Blanca decidiu que era hora de falar.

 ― Fico feliz que tenha encontrado Christopher. – Murmurou. – Eu confesso que pensei que esse dia nunca iria chegar. Na verdade, eu temia que não acontecesse.

 ― Acredite, eu também pensei que nunca iria acontecer.

 ― Dulce...

 ― Por que vocês me tratam diferente? – Perguntou de súbito, parando o que fazia para encarar a mãe.

 ― Não tratamos você diferente. Apenas imaginamos que seja isso o que você quer. Dulce... Nós amamos você, temos medo de forçar nossa presença e assim te magoar ainda mais.

― Sério? Por que eu penso exatamente a mesma coisa... Sei lá, a minha cara igual a da Claudia na frente de vocês o tempo inteiro... Pensei que pudesse ser uma espécie de tortura. – Deu de ombros.

 ― Como? Isso é patético. Desse jeito, eu e o seu pai nunca mais poderíamos nos olhar no espelho. – Retrucou. E então respirou fundo. – Nos primeiros meses, não sabíamos como conversar com você. Queríamos pedir desculpas por tudo o que você passou com tão pouca idade, pelo pouco que estivemos ao seu lado... Nós nos fechamos com a nossa dor e negligenciamos você por um tempo, e depois não sabíamos como solucionar. Você quis largar o psicólogo, e de repente parecia que queria ficar longe de nós dois e nós entendemos isso, entendemos que foi doloroso pra você...

 ― Mas pra vocês, era como se tivessem perdido duas filhas. – Dulce murmurou em voz baixa, ligando um ponto ao outro.

 ― Mais ou menos isso. – Blanca sussurrou.

 ― Isso é patético. – Dulce constatou. – Essa falha de comunicação é patética.

 ― Vem cá. – Blanca abriu os braços, chamando-a para um abraço. – O importante é que deu tudo certo. Eu tenho a minha filha de volta. Tenho, não tenho?

 ― Claro que sim. – Dulce disse, abraçando-a.

 ― Podemos começar conversando. Nossa! – Balbuciou. – Eu nem te conheço mais. Olha só pra você! Namorando um partidaço daquele.

 ― Mãe! – Dulce resmungou. – “Partidaço” é uma palavra aposentada, ok? – Disse e Blanca riu.― Pensei que tinha pulado essa parte de ter uma filha adolescente.

 ― Mais ou menos.

 ― E como fica essa história de Coimbra? Ele vai ficar e você vai? Isso vai dar certo? – Blanca quis saber, dando-se conta de repente que, pelos planos que a filha contara mais cedo, em breve estava de partida.

 ― Não fica. Eu desisti de ir. – Dulce respondeu simplesmente.

 A noite estava tão bonita quanto aquele dia havia sido, um pouco mais frio que uma noite de dezembro habitual, e algumas nuvens cobriam a lua e as estrelas acima de suas cabeças, e ainda sim tudo estava perfeito. Christopher e Dulce resolveram caminhar pelo jardim, para ficarem um pouco sozinhos, sem os olhares curiosos dos pais da morena. Tudo estava muito silencioso, só ouviam os grilos escondidos em algum lugar da grama.

 ― Então quer dizer que Poncho e Anahí... – Dulce introduziu.

 ― Eu fiquei tão surpreso quanto você, no inicio, acredite. – Christopher disse, caminhando de mãos dadas com ela. – Parece que o advogado de Anahí é o chefe do Alfonso, e eles se conheceram assim. Uma baita de uma coincidência.

 ― Uau. – Balbuciou. – E o Poncho resolveu fazer a fada madrinha da gente?

 ― Na verdade, isso foi coisa dos dois. O Alfonso meio que se sentiu no dever, depois que ele se meteu entre nós dois aquele dia na sua casa, e Anahí é minha amiga, então, quando você disse que ia embora, o Poncho foi atrás da Anahí, e os dois vieram atrás de mim. Eu não queria nem ouvi-los, estava com tanta raiva de vocês que teria socado o Poncho se ele não estivesse com Anahí. Então, deixei que os dois explicassem. Depois, quando tudo havia ficado esclarecido e eu entendi os seus motivos, eu fui procurar você.

 ― E eu já tinha vindo embora. – Acrescentou Dulce.

 ― Exato. A Maite tentou me explicar que você estava aqui, mas sei lá o que deu na minha cabeça. Fui até o aeroporto internacional, pensando que talvez ainda pudesse encontrar você por lá, sabe, igual naquelas estórias ridículas de romance, mas não tinha nenhum vôo agendado para Portugal ou Espanha ontem. Aí finalmente eu decidi usar o meu cérebro, e fui atrás de Poncho, que é seu parente e provavelmente saberia onde encontrar você. Ele sabia que você iria vir pra cá antes de ir embora, então ele me trouxe aqui, se identificou lá na portaria, entramos e em seguida ele foi embora.

 ― E como é que você sabia que eu estava na praia?

 ― Ah, eu passei na sua casa antes e o jardineiro disse que viu você descendo a rua e que deveria estar aqui. – Deu de ombros.

 ― Nossa história daria um livro. – Dulce sorriu, parando de frente para ele. Envolveu o pescoço dele entre seus braços enquanto olhava nos olhos dele.

 ― Um bom livro. – Concordou, entrelaçando-se a cintura dela. – Que tal pularmos para aquela cena que geralmente ocultam os detalhes? – Christopher sugeriu sorrindo maliciosamente.

 ― Meus pais foram criados no interior. Você acha mesmo que eles vão deixar você dormir no meu quarto? Provavelmente a minha mãe já está arrumando o quarto de hóspedes pra você.

 ― Então... – Christopher sussurrou, roçando a barba por fazer pela pele sensível do pescoço de Dulce, antes de distribuir ligeiros beijinhos, descendo até o ombro, até voltar e posicionar os lábios bem próximos ao ouvido da morena. - O jeito é dar uma fugidinha com você.

Dulce respondeu com uma risada e segurou o rosto dele entre as palmas de suas mãos, iniciando um beijo cálido e lento.