Fanfic: A casa caiu | Tema: Vondy, Trendy, Barken, RBD

No dia seguinte, Noah acordou todos às dez da manhã. Ninguém estava minimamente disposto a levantar, mas diante da insistência irritante do gringo, que já ameaçava descer e pegar panelas e colheres de pau para simular uma escola de samba, um a um foi levantando e fazendo sua higiene matinal antes de descerem para a cozinha, onde Maite já preparava o café da manhã, com expressão de poucos amigos.

― Mau humor matinal, Mai? – Dulce indagou, sentando-se a mesa. – Por que voltou tão cedo do luau? Quando cheguei parecia estar dormindo há bastante tempo.

― Não tinha nada o que fazer, e depois que você desapareceu pela praia, o Alfonso apareceu lá com tanta raiva que pensei que fosse me bater. Acabei voltando com ele, para tentar acalmá-lo. E ele ainda está uma fera com você. – A morena comentou, enquanto terminava de passar o café.

― Ah é? E onde ele está agora? – Dulce perguntou desinteressada, enquanto passava requeijão numa fatia de pão.

― Levantou cedo, pegou o bugre e disse que ia surfar na Praia Grande. – Mai explicou, e simultaneamente servia café para Dulce.

― Melhor assim. – Deu de ombros. – E o resto do pessoal?

― Christian bebeu como um porco, ficou se agarrando o tempo todo com aquela biscate, acho que quando chegou já era quase manhã, e está dormindo. Espero que tenha a maior ressaca da vida dele. – Maite murmurou amargurada.

― Eu não entendo vocês dois. – Dulce balançou a cabeça negativamente. – Dizem que não se importam, mas é só ficarem com outras pessoas que começa a Guerra Fria.

― O lance com o Christian já passou, eu não estou nem aí. – Minimizou Maite, sem querer entrar em maiores detalhes. – Quero saber de você e Christopher! Sumiram na praia ontem! O que foi que rolou? – Quis saber, super curiosa.

― Não rolou nada demais, ele estava se achando demais e eu dei uma aparada nas asas dele, apenas isso. – Respondeu displicentemente e o assunto foi interrompido por Noah e Natasha que entraram na cozinha conversando animadamente sobre a noite anterior e sobre o tanto de gente esquisita que encontraram por lá.

Logo Christopher também apareceu, com o semblante de alguém que havia dormido muito mal e ainda estava com bastante sono.

― Bom dia, bela adormecida. – Cumprimentou Noah.

― Bom dia. – As meninas disseram em uníssono.

Ele apenas acenou em resposta e sentou-se a mesa, mudo, e começaram a tomar o café da manhã. Maite e Dulce trocavam olhares, fazendo grande esforço para não rirem da situação, já que sabiam que aquele comportamento era resultado do que Dulce havia aprontado com ele na noite anterior. Assim que terminaram de comer, ajeitaram tudo e foram para a praia.

Tinham muito pouco tempo para aproveitar todas as belezas de Arraial do Cabo, e como acordaram muito tarde naquele dia, acabaram por ficar na praia mais próxima, que por causa do mar calmo, era demasiadamente movimentada, ainda que em época de baixa temporada.

Aquele dia já não estava tão ensolarado como o anterior, algumas nuvens tampavam o sol, causando um mormaço de calor agradável. As meninas tentavam pegar um bronzeado, enquanto Christopher, que agora estava com um humor bem melhor, juntamente com Noah, jogava frescobol logo a frente delas.

― E então, Dulce, qual a sua com o Christopher? – Natasha perguntou de supetão.

― O que? – A morena respondeu de imediato, totalmente pega de surpresa. – Ah, absolutamente nada! – Negou com veemência. – Ele é só um amigo.

― Nunca vi você olhar desse jeito para nenhum amigo. – A loira disse acusativa, e ela e Maite riram do olhar de desaprovação de Dulce.

― Ah, vão se ferrar! – Bufou Dulce. – Ele é gostoso, até parece que vocês não olham.

As provocações continuaram.

― E você, Natasha, quando vai assumir sua queda... Ou melhor, o seu tombo, pelo Noah? – Atiçou Dulce.

Natasha engasgou com a água de coco.

― Do que você está falando? – A loira perguntou.

― Pois é, fala de mim, mas fica aí igual um cachorrinho faminto diante dele, com a língua para fora. Pensa que ninguém sacou?

― Queridas, é bem melhor vocês pararem de discutir e dar uma olhadinha no affair de vocês. – Maite chamou a atenção delas, e indicou a direção que antes os garotos jogavam frescobol.

Dulce imediatamente reconheceu a figura que estava diante de Christopher. Era a mesma loira da noite anterior, e agora, ela estava acompanhada de outra loira de farmácia, que conversava animadamente com Noah.

― E o que eu tenho com isso? – Dulce retrucou sem humor. – Christopher é livre, leve e desimpedido, eu não tenho absolutamente nada a ver com o que ele faz ou deixa de fazer com a vida dele. – Argumentou, desviando o olhar para a outra direção.

― Bravo! – Exclamou Maite. – Quase me convenceu.

― Você, eu não sei, mas eu vou até lá acabar com essa palhaçada agora mesmo. – Natasha afirmou, levantando-se na mesma hora. Ajeitou a canga, bateu a areia das mãos e caminhou sorridente até Noah.

De longe, puderam ver Natasha intrometendo-se no assunto dos quatro com uma simpatia que, até de longe, podiam ver que era extremamente forçada e mal encenada. Desse jeito, logo ela voltava com um sorriso vitorioso, trazendo Noah consigo.

― Vamos almoçar? – Natasha chamou com entusiasmo.

― Não entendi o porque de tanta fome, de repente. – Noah murmurou desconfiado, olhando a loira de esguelha.

― Já são quase uma da tarde. – Dulce interveio, olhando casualmente o relógio de pulso. – Acho que é melhor irmos andando. – Concluiu, levantando-se e dobrando a cadeira de praia. Maite fez o mesmo, também não via a hora de ir embora, também não estava muito bem disposta naquele dia.

― Não vai chamar o Christopher? – Alfinetou Maite.

― Óbvio que não, ele não é criança, vai se virar muito bem sozinho.

― Acho que não exatamente sozinho. – Natasha comentou, observando Christopher há alguns metros numa conversa calorosa com as duas loiras.

Dulce ignorou os comentários desagradáveis das garotas. Realmente não estava interessada no que Christopher faria, naquela última tarde em Arraial do Cabo. Já tinha dado por encerrado aquele capítulo de Christopher em sua vida, agora era hora de encontrar outro meio de se divertir.

Assim que chegaram em casa, uma chuva torrencial caiu sobre a cidade. Alfonso chegou ensopado e completamente mal humorado. Respondeu rispidamente a Noah que tentou ajudá-lo, cedendo sua toalha, e retirou as roupas molhadas do lado de fora, entrando na casa nas ponta dos pés, como se assim fosse evitar as possas de água no assoalho. Ao passar pela sala, trocou um olhar significativo com Dulce que assistia TV com Noah, já que Maite e Natasha dispensaram sua ajuda na cozinha. Ela apenas suspirou, sabendo então o quão bravo ele estava com ela.

― O que deu nesse cara dessa vez? – Noah perguntou confuso. Havia recebido uma patada, quando só tentava ajudar.

― Eu vou lá conversar com ele. – Dulce murmurou, levantando-se do sofá e subindo as escadas sem ânimo algum.

A porta do quarto em que Poncho estava hospedado estava fechada, e Dulce bateu com o punho cerrado pelo menos três vezes, sem que houvesse nenhuma resposta. Ela insistiu, até que Alfonso, vencido, abriu a porta para ela com um olhar desdenhoso.

― O que você quer? – Perguntou, carregado de desprezo.

― Conversar com você. – Dulce respondeu amenamente.

O moreno então deu passagem para ela, e assim que Dulce entrou, fechou a porta atrás deles. Ela sentou-se no chão, de borboletinha, já que naquele quarto não havia camas e os meninos já tinham arrumado os colchonetes, já que iam embora naquele dia mesmo. Então Alfonso sentou-se de frente para ela, em silêncio. Estava extremamente chateado por ter sido enganado na noite anterior, e de uma forma tão patética.

― Sei que está muito aborrecido comigo... – Começou Dulce. – Mas não pode descontar isso nas pessoas que estão a nossa volta. Viu o que fez com Noah? Ele só estava tentando ajudar você.

― Qual é, veio aqui para me passar lição de moral? – Bufou Alfonso. – Eu tenho razão de estar bolado. Mais uma vez você me fez de idiota, na frente de todo mundo!

― Eu sei que eu menti, mas eu realmente precisava ficar sozinha.

― Pra correr atrás daquele idiota? – Rebateu Alfonso, transtornado. – Quando você vai entender que eu sou o melhor pra você, Dulce? – Os olhos verdes cheios de determinação e raiva a encaravam.

― Não é agindo desse jeito que você vai me convencer. – Dulce retrucou com seriedade. – Quantas vezes eu já disse a você que não gosto do jeito como me sufoca? Nós poderíamos ter alguma coisa, mas você sabe que eu não me relaciono sério com ninguém, Alfonso, eu nunca enganei você quanto a isso, sempre fui bastante clara. E quando pensar em começar um relacionamento (Se é que isso vai acontecer algum dia), não será com um primo meu que fica o tempo todo no meu pé, dizendo tudo o que eu devo ou não fazer. Sério, você me cansa. No início era divertido, sabe, isso de ficar sem compromisso, você era bom nisso. E às vezes é até legal te ter por perto, mas ultimamente, você só me sufoca e me afasta mais de você!

Alfonso engoliu em seco.

― Você está tentando reverter a culpa do que fez para mim! – Acusou ele.

Dulce balançou a cabeça negativamente. Realmente não dava para ter uma conversa de adulto para adulto com Alfonso. Levantou-se e começou a caminhar em direção a saída do quarto, e ele prontamente a impediu, segurando-a pela mão. Ela apenas olhou para trás, completamente saturada de ter que ter aquele tipo de conversa com Poncho.

― Deixa pelo menos eu tentar te fazer mudar de ideia. – Ele pediu. O olhar verde antes carregado de raiva, agora estava dócil e clemente. Ele aproximava-se dela, e ela dava passos defensivos para trás. Em dado momento, ficou presa entre a porta e Alfonso que a encarava profundamente. – Por favor. – Insistiu ele de modo suplicante.

― Não, Alfonso! – Ela negou, o rosto dele já estava bem próximo de si. Já podia sentir sua respiração misturando-se com a sua. – Você não vai conseguir. – Dulce murmurou, sentindo-se fraquejar. Alfonso podia ser um chato de galocha, mas era extremamente atraente.

― Será? – Ele murmurou risonho. Quando suas mãos seguraram o pescoço da morena, ela já fechava os olhos, receptiva ao beijo que se seguiria.

A chuva estiara, mas o tempo fechara de uma maneira horrível. O céu estava escuro como a noite e ainda caía um amiúde chuvisco. Quando o almoço ficara finalmente pronto, todos se reuniram na mesa da cozinha para comerem. Alfonso sentara ao lado de Dulce com um sorriso abobalhado e todos certamente notaram que eles haviam feito às pazes. A morena, por sua vez, ficara bastante quieta durante a refeição.

Depois de comerem, assim como no dia anterior, Maite e Dulce ficaram para lavar a louça, enquanto o restante, impedidos de sair por causa do mal tempo, foram jogar videogame na sala.

― Por que o Poncho mudou de humor tão de repente? – Mai indagou insinuativamente. – Não me diga que...

― Foi só um beijo. – Emendou Dulce impaciente, enquanto enxaguava as louças que a amiga ensaboava, usando o trabalho como refujo para não encarar Maite.

― Ah, não acredito, Dulce! – Mai exclamou. – De novo? Agora vai começar toda aquela ladainha de novo, o Alfonso choramingando no seu pé o tempo inteiro. Você estava quase livre disso.

― Eu sei, eu sei! – Defendeu-se Dulce e suspirou pesadamente. – Eu gosto de ficar com o Alfonso. E é isso que ele não entende, ele quer ultrapassar os limites que eu impus, e se não fosse por esse lado sentimental dele, daria certo. Eu estava determinada a cortar qualquer tipo de relação com ele, mas quando ele chega perto, é complicado, eu não resisto. E ele está decidido de que vai me conquistar. – Disse Dulce, num tom desdenhoso.

― E você sabe que não há a menor possibilidade que isso aconteça. – Afirmou Maite.

― Talvez assim ele desista. – Dulce deu de ombros.

― Enquanto isso você se aproveita dele. – Mai lhe lançou um olhar perspicaz.

― Oras, e eu tenho outra opção? – Elas gargalharam.

As duas terminaram de lavar a louça e se juntaram ao grupo que jogava videogame. A todo momento Dulce observava a porta principal, a espera que Christopher chegasse, entretanto, os minutos iam se passando, transformando-se em horas e nenhum sinal dele. Enquanto isso, Alfonso mantinha-se em seu encalço, sentado ao seu lado, ora segurando suas mãos, ora fazendo carinho em uma de suas pernas.

Assim que Christopher chegou, a cena que encontrou foi parecida com aquela. Noah, Christian e Natasha sentados no chão, disputando os dois controles do console, Maite deitada numa parte do sofá, e na outra, Alfonso com Dulce jogada em seu colo. Sentiu um desconforto quanto aos dois últimos, já que no dia anterior os dois brigavam como cão e gato e agora pareciam simplesmente um casal apaixonado.

― Quem é vivo sempre aparece! – Disparou Noah.

― Senta aí cara, vamos jogar uma partida com a gente. – Christian convidou.

― Ah, não, valeu brother, preciso tomar um banho. – Respondeu Christopher, já se direcionando a escada. Ele mal encarara Dulce durante todo aquele dia, e agora estava menos disposto ainda a fazê-lo.