Fanfic: 👑 Uma Princesa Doidinha Da Silva 👑 | Tema: Vondy

– Princesa Dulce, você está animada para ser...?

Dulce esperou pacientemente enquanto a menina na tela do computador gaguejava escolhendo as palavras. Pelo vídeo, Dulce participava das aulas das meninas e dos jovens de Ishla. Cada aula levava em média uma hora e, graças ao árduo trabalho, Dulce conseguia participar de uma aula por mês.

Nesta especificamente, encorajava as crianças a conversarem em inglês e a se dedicarem aos trabalhos de casa.

Sua contribuição provava ser um enorme sucesso.

– Princesa Dulce... – tentou a menina de novo. – Está animada para ir com o príncipe Christian e a princesa Maite à viagem de lua de mel do casal para a Austrália?

Ao ouvir a palavra “lua de mel”, a turma começou a dar risinhos nervosos. Dulce fez o possível para conter o próprio riso. A turma consistia em meninas de 10 anos, todas animadíssimas em conversar sobre casamentos e, sobretudo, a respeito do casamento do príncipe Christian com uma inglesa, Maite.

E de luas de mel então, nem se fala!

– Muito bem. – disse Dulce à menina quando as risadas cessaram. – Você falou direitinho... Sim, estou muito animada em acompanhar meu irmão e a mulher a Sidney, na Austrália. Sabia que esta é minha última aula antes de eu embarcar no avião real hoje à noite?

O casamento de Christian e Maite tinha sido lindo e toda a população de Ishla participara das comemorações. É verdade que o anúncio da gravidez de Maite havia causado comoção. De acordo com as regras estabelecidas, Dulce responderia a qualquer pergunta, desde que feitas de modo educado e correto. Algumas delas, entretanto, sobre a gravidez de Maite, tinham sido muito estranhas, e não apenas por se tratar de um assunto delicado. O fato é que Dulce simplesmente não sabia as respostas, o que a levara à compreensão do quanto era ingênua.

Dulce ansiava por conhecimento.

Há muito sonhava com o mundo fora dos muros do palácio.

Antes mesmo de Christian escolher a noiva, ele tinha concordado em levar Dulce em sua lua de mel. Como futuro rei, Christian não podia se ocupar da esposa o dia inteiro, e, é claro, imaginaram que ela precisaria de companhia.

Porém, os dois estavam tão apaixonados, talvez preferissem viajar sozinhos, mas Dulce não abriria mão de sua primeira viagem para fora de Ishla.

Contudo, a culpa a consumia.

Não por se julgar uma imposição ao casal apaixonado. Na verdade, a culpa tinha a ver com o que planejava, em segredo, realizar ao chegar à Austrália.

– Princesa Dulce, está com medo? – perguntou outra menina.
– Um pouco. – respondeu, o que não deixava de ser verdade. – Afinal, nunca saí de Ishla e não sei o que me espera, mas ao mesmo tempo estou animadíssima. Vai ser uma grande aventura e há tempo venho sonhando com essa viagem.
– Princesa Dulce...

Todas as mãos estavam erguidas. As alunas a adoravam. Preparavam seus deveres de casa, cumpriam todas as regras apenas para ter a chance de falar com a princesa de seu reino todo mês. Embora ainda houvesse uma lista de perguntas, o pai de Dulce, o rei Fernando, queria conversar com ela antes da viagem, e assim ela encerrou a aula.

– Agora. – comunicou Dulce às alunas – Não resta mais tempo para perguntas. Chegou a hora de me desejarem boa viagem.

Ela sorriu ao ouvir as vozes obedientes.

– Vai sentir nossa falta? – perguntaram.

Dulce ergueu dois dedos mostrando uma pequena distância entre eles.

– Um tantinho assim. – Uma vez iniciados os protestos, Dulce abriu os braços ao máximo. – Talvez esse tantão! Todas sabem que vou sentir falta de vocês daqui até a lua.

Sim, sentiria muita saudade delas, pensou deitada na cama de barriga para baixo, checando e rechecando os detalhes no computador pela última vez.

Seu pai deixaria que ela voltasse a dar aulas depois que...?

Dulce interrompeu os pensamentos; não se permitiria pensar nisso agora. Independentemente das consequências de seus atos, arcaria com a responsabilidade.

Uma semana de liberdade valeria qualquer punição imposta pelo pai.

Dulce morria de medo de tomar um táxi sozinha na Austrália, mas vira uns vídeos no computador repetidas vezes e tinha certeza de que obteria êxito.

Como adorava seu computador!

O rei Fernando estava envelhecendo e, embora o fato fosse desconhecido da população de Ishla, sofria de uma doença séria, então talvez não controlasse todos os passos de Dulce como no passado. Fernando não entendia o acesso ao mundo que o computador oferecia à filha. Dulce vivia superprotegida; não tinha sequer permissão de ter telefone, tampouco de assistir à televisão.

O computador a ajudava nas aulas. Fernando andava satisfeito porque Dulce ajudava as jovens de Ishla e, finalmente, a filha rebelde parecia entrar nos eixos.

Dulce abriu a página que vinha estudando cuidadosamente há semanas, desde que descobrira onde o irmão passaria a lua de mel.

Lá estava ele!

Dulce sorriu para o rosto fechado, arrogante.

Christopher Uckermann, consultor sênior, era, segundo as informações, um advogado bem-sucedido. De acordo com a tradução do website, era considerado um dos melhores advogados de defesa criminalistas da Austrália. Nascido na Rússia, estudara direito na Austrália. Violento e implacável, atacava cada ponto apresentado pela promotoria e quase sempre ganhava.