Fanfic: 👑 Uma Princesa Doidinha Da Silva 👑 | Tema: Vondy

– Fantástico!

Christopher não teve opção a não ser parar quando um policial ergueu a mão e interrompeu o trânsito matinal.

Apesar de ter muitas preocupações na mente, pois as argumentações finais começariam ainda pela manhã, ligou o rádio para ouvir o relatório do trânsito e talvez descobrir o motivo de estar parado no engarrafamento. Devia ter ficado no apartamento na cidade, ou até mesmo em um hotel, em vez de ir até sua casa à beira-mar na noite anterior, mas precisava afastar-se do caso.

A casa de praia era seu porto seguro, e na noite anterior tinha precisado escapar dos detalhes mais repuginantes do caso que defendia, respirar ar puro e simplesmente desligar.

Em breve o julgamento chegará ao fim, assegurou a si mesmo.

– Pizdet. – Blasfemou em russo ao descobrir que o motivo do atraso e da interrupção do trânsito era a visita de uma família real qualquer.

Depois, o locutor abordou outro tema e ele ouviu algumas notícias a seu próprio respeito.

Christopher Uckermann, defensor público, certamente perderia desta vez... Não conseguiria inocentar o cliente... Então, as ligações dos ouvintes começaram e seguiu-se uma enxurrada de ataques ao seu caráter, e não ao de seu cliente.

– Que tipo de pessoa é o Uckermann? – perguntava um ouvinte enfurecido. – Como consegue dormir à noite?

Christopher bocejou de tédio e desligou o rádio. Quando seu celular tocou, em vez de deixar entrar no serviço de mensagens, como de hábito, atendeu ao constatar que era uma chamada de Alfonso.

– Alguma novidade? – interrogou, pois Anahí, mulher de Alfonso, estava grávida e esperavam o bebê a qualquer instante.
– Temos uma menininha, Alice. – avisou Alfonso, e Christopher revirou os olhos ao ouvir a voz emocionada do amigo durão. – Ela é linda. Tem o cabelo como o de Anahí e os olhos também...

Alfonso prosseguiu descrevendo, em intermináveis detalhes, a filha.

Todo recém-nascido tem olhos verdes, pensou Christopher.

– Meus parabéns. Posso visitar enquanto Anahí está no hospital? Qual o protocolo?

Alfonso riu, sem se ofender. Sabia que Christopher não tinha noção do que era uma família, pois sua criação tinha sido ainda mais sofrida que a de Alfonso.

– Não precisa vir ao hospital, mas quando o caso terminar, seria bom nos visitar antes de pegar o iate e sumir. Estou louco para apresentar Alice.
– Pode deixar. Dentro de uns dois dias apresentaremos os argumentos finais e então ficaremos à espera do veredito.
– Como vai o julgamento? Tem sido notícia na mídia.
– Demorado. – foi a honesta resposta de Christopher. – Já dura uns dois meses.

Tinha sido dois meses de isolamento também.

Havia se afastado do mundo durante o julgamento e, admitiu a Alfonso, já estava exausto de se sentar com o cliente dia sim, dia não.

– Ele é um homem de sorte por ter um advogado de defesa tão bom.
– Defensor. – corrigiu. – Um dia você vai acertar. De qualquer modo, chega de falar do julgamento. Volte para sua linda mulher e para sua filha. Estou muito contente com a boa notícia. – Antes você do que eu, pensou ao encerrar a ligação.

Quando Alfonso tinha contado que ia se casar outra vez, Christopher havia se oferecido para providenciar um acordo pré-nupcial, considerando que a primeira mulher do amigo o havia depenado anos a fio. Alfonso recusara.

Tolo! Christopher não tinha apenas pensado, mas dito na cara de Alfonso o que achava, mas este respondeu que ele era cínico demais.

Culpado!

Sim, era cínico. Não acreditava em nada que lhe contassem, e inúmeras vezes a vida tinha provado que tinha razão.

Não confiava nem precisava de ninguém, pois nunca tivera ninguém.

Guardava vagas lembranças de um apartamento em um conjunto habitacional durante a infância, mas ninguém em particular a quem pudesse recorrer. Christopher tinha cuidado de si mesmo – mesmo quando foi parar na rua.

Sobretudo naquela época.

Quando adolescente, Victor, um funcionário do governo, aparecera e deu a Christopher uma identidade, um sobrenome, uma presumida data de nascimento e, depois, um lar.

Victor era o motivo de Christopher estar no carro agora a caminho do escritório para se preparar para o julgamento; o motivo de Christopher acreditar na necessidade de uma sólida defesa.

Não queria pensar em Victor hoje. Em vez disso, os olhos acompanharam a procissão de carros reais na tela do carro, em cujo painel lia-se 649 quilômetros. Quando o novo brinquedo atingisse mil, perderia a graça, mas, por enquanto, o carro esporte prateado era seu novo bebê.

Por fim, a procissão passou e o trânsito voltou a fluir.

Ao chegar, Christopher conversou alguns minutos com Wendy, sua assistente. Seu mundo estava centrado no julgamento por tempo demais e tudo que desejava era apresentar os argumentos, ouvir o veredito do júri e escapar.

Levaria um de seus brinquedos para a água; nem sequer tinha tripulação.

Então mudou de ideia.

Talvez uns dois tripulantes fossem essenciais.

Não pretendia cozinhar ou limpar.

Talvez Marian pudesse passar uns dois dias com ele.

Ou Natália?

Logo deixou tais pensamentos de lado e sentou-se por um calmo período no escritório, preparando-se para o dia à frente e voltando para o verdadeiro amor de sua vida.

A lei.