Fanfics Brasil - O começo do fim N.E.O.S Gama Project

Fanfic: N.E.O.S Gama Project | Tema: Apocalipse, Mutantes, Aventura, Ficção, Horror Survival, Violência


Capítulo: O começo do fim

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–––– CIARA ––––


 


Estava tudo calmo...


Acabava de acordar em meio á fuligem, e os escombros caiam dos prédios destruídos e em chamas, danificando as ruas abaixo. Eu sentia várias dores, mas ao mesmo tempo, meus sentidos estavam dormentes; minha visão turva girava enquanto eu tentava recobrar o juízo. Minhas pernas não respondiam e em uma tentativa vã, eu rastejei em alguma direção cega sendo que sentia as coisas explodindo ao meu redor.


            Em algum lugar... Ouvia uma alguém chamar meu nome. Minha mente parecia interpretar aquele chamado anônimo como um ruído desafinado, enquanto minha cabeça latejava, me recordei de algo que talvez minha mente quisesse esquecer.


 


 


Era um dia comum e estava chovendo bastante. Minha mãe jazia na varanda da casa, enxaguando algumas roupas e meu pai havia saído para trabalhar. Eu estava na sala junto de minha irmã mais velha Amala. Nós vivíamos em um pequeno condomínio e da melhor forma que podíamos em uma pequena cidade, centrada na África do Sul, sobrevivendo com uma renda razoável até, do salário que meu pai mandava ou trazia consigo e um dinheiro “extra” do aluguel de um terreno da minha mãe, passada pelo meu bisavô. Nosso prédio fica na periferia, e geralmente aquela área costumava a ser violenta então não era muito seguro você perambular pelas ruas á noite.


Minha mãe sendo doméstica, raramente saia de casa, diferente do meu pai, que passava até semanas trabalhando fora. Cabia sempre á Amala, cuidar de mim e de Moeb, nosso irmão mais novo.


– Ciara! – chamou Amala com aquela voz meiga e doce que só ela possuía.


Eu corri para seu encontro e ela jazia sentada nos sofá, com Moeb ao lado. Eu não sabia ao certo, mas ela tinha um livrinho de cordão em seu colo e me convidou para sentar-me ao lado dela. Amala sorriu como se estivesse esperando que eu fizesse aquilo. Naqueles dias, chovia sem parar e um trovão rimbombou no céu, assustando Moeb.


– Não tenha medo Moeb. – consolou Amala o abraçando.


– O que é isso mana? – perguntei.


Ela abriu o livro mostrando uma série de figuras coloridas. Eu e Moeb ficamos hipnotizados, contemplando aquele livro por alguns minutos.


– Aqui é sobre um pequeno animalzinho que morava em um grande bosque, repleto de vida e abundante em frutas.


– Onde fica esse bosque? – perguntou Moeb de forma inocente.


– Bem... Ele fica em um mundo onde só as pessoas de bom coração vivem... – respondeu ela.


Logo Moeb ficou entusiasmado e até mesmo eu, senti uma espécie de encanto pela história de Amala.


– Um dia podemos ir para lá?


–Hahahah! Pode ser! Um dia vamos todos nos encontrar lá, está bem?


O garoto concordou com a cabeça. Eu esbocei um leve sorriso também. Minha mãe me chamou na varanda, enquanto Amala continuava a entreter Moeb com suas histórias. A varanda jazia molhada, por causa das roupas e da pia transbordando a água. Ela possuía uma larga janela gradeada que proporcionava uma visão panorâmica do centro movimentado da cidade.


Ela jazia olhando fixamente para algo no céu. Sem saber, apenas olhei na mesma direção que ela; Era algo brilhante e parecia bem distante, mas ao mesmo tempo parecia se mover rapidamente em direção ao centro da cidade.


– Mãe... O que é isso?! – perguntei boquiaberta.


Ela não conseguiu me responder. Parecia que algo terrível estava prestes a acontecer. Sua expressão exalava medo e parecia estar petrificada olhando para o estranho e brilhante objeto, o que me deixou mais tensa ainda. Ao acordar da sua paralisia, ela gritou:


– Peguem... Peguem os outros e vamos fugir!  – gritou ela correndo para a sala.


Sem saber o que pensar ou fazer, apenas a segui desesperada. Todos se reuniram na sala, enquanto minha mãe pegou Moeb nos braços, eu puxei Amala pelo pulso.


– O que está acontecendo?! – perguntou ela confusa e já ficando nervosa.


– Não tem tempo de explicar! Se não sairmos, vamos todos morrer! – gritou minha mãe enquanto arrombava a porta do apartamento desesperadamente. Ao fazê-lo ela cambaleou até chegar ao corredor, onde várias pessoas jaziam correndo da mesma forma. Moeb chorava e berrava no colo da minha mãe, enquanto o caos se instalava no prédio inteiro. Todos eles estavam estranhos, como se estivesse correndo para salvar suas vidas.


– O que está acontecendo?! – me perguntei aquilo novamente.


Podia ouvir choros e lamentações, enquanto nos esgueirávamos por entre a multidão e nas escadarias também. Gritos, e até mesmo havia um grupo de religiosos rezando no meio do corredor. Nós descemos uns quatro lances de escada até chegarmos ao estacionamento, onde corríamos o máximo que nossas pernas conseguiram. Saímos pelo portão do prédio. Na rua, se assemelhava á um blackout; o tumulto estava gerado e algumas pessoas gritavam e corriam em direções aleatórias, outras preferiam ficar observando o objeto se aproximar, cada vez mais rápido. Nós ficamos observamos enquanto a luz que irradiava do objeto se expandia e ficava mais forte.


– Mãe...


– Eu já sei... – cortou ela. – É algo terrível!


– O que é?! Uma estrela?! – palpitou Amala.


– Não! – Ela correu e nós a seguimos até chegarmos á uma pequena viela que ficava atrás do edifício. – Agora fiquem deitados no chão e tapem os ouvidos! Não tirem as mãos do ouvido em hipótese alguma e fiquem firmes! Vai dar tudo certo! Moeb você fica comigo! – Todos nós obedecemos com muito medo.


– Mas que droga é essa?! – gritou Amala novamente quase tendo um infarto.


– Um míssil nuclear... – Logo aquela coisa explodiu em meio á cidade. Nesse momento, não deu tempo de pensar em nada, nossa mente estava bagunçada e tudo que pude presenciar foi um breve clarão, mais forte que a luz do dia de tão intenso que era, seguido por uma escuridão horrível. O som colossal e agudo de uma explosão inimaginável cobriu minha audição, quase estourando meus tímpanos e parecia que iria enlouquecer com aquele desastre. Podíamos sentir o ar da atmosfera sendo sugado e nossos corpos parecia estarem sendo esmagados com uma pressão, no mínimo, diabólica. Ainda pude escutar gritos do meu irmão, quase como ruídos desprezíveis, em meio ao som estridente da explosão. De relance, abri meus olhos  e vi o inferno por um breve momento – tudo se despedaçando enquanto que minha mãe, em um ato louco e, talvez até por instinto, tentava remover um grande escombro de cima. Pude ver, mesmo que fosse por um momento avulso e na hora não estando claramente visíveis, os ouvidos dela estavam jorrando sangue. O impacto do som foi tamanho á ponto de quebrar vidraças e destruir a audição de qualquer humano. Tentei gritar, mas foi em vão; minha voz havia emudecido subitamente e logo corri em direção para ajuda-la, quando o prédio atrás de nós explodiu e desabou, arremessando longe vários projéteis como pedaços de madeira reboco e vidro quebrado. Amala permaneceu parada colada ao chão, e um pedregulho gigante quase a pegou. Eu estava tonta com aquele barulho ensurdecedor, mas podia sentir minha pele torrando, célula por célula. Na hora não pensava em nada; apenas corri em direção á Amala e no canto do olho, vi minha mãe gritar algo enquanto mirava em mim com horror estampado na face.


Então eu levantei a cabeça rapidamente e, um grande pedaço do prédio desmoronou de uma parte do 4° andar, me esmagando como um inseto. Nesse momento, o mundo parou de girar... Eu não via mais nada, não sentia nada e não ouvia nada; Minha mente divagou na escuridão e no silêncio que imperavam naquele lugar sombrio e asqueroso. Era como estar em um coma profundo.


Estava tudo calmo...


Tudo calmo agora... Apenas pude ter a sensação que fechava os olhos enquanto o mundo desmoronava ao meu redor, pessoas evaporavam ante meu corpo inerte. Eu... Estava morta? Não sabia no momento... Não via mais minha mãe, Amala nem Moeb. Todas as pessoas haviam sumido e eu não sabia onde meu pai estava. Sinto sono... Mas ainda não poderia... Acabar daquela forma. Não suportava a ideia de acabar daquela forma. Mas meu corpo não respondia mais aos meus comandos.


Esse pensamento... Martelava minha cabeça impiedosamente, enquanto eu rastejava em meio aos escombros. O céu estava coberto por uma densa nuvem de poeira e o cenário á minha volta era apocalíptico. Os prédios não existiam mais, apenas várias pilhas gigantes de terras flamejantes e amontoados de cadáveres em meio á fuligem, pedras e crateras, condecoravam a rua. Aos poucos minha visão retratava melhor aquela cena trágica e dantesca – sendo que eu parecia a única sobrevivente daquela catástrofe. No momento, apenas queria sair dali, não importava como. Cheguei ao recanto de uma possível loja de roupas, que agora não passava de mausoléu destruído pegando fogo; recostei-me na parede, e minhas roupas estavam destruídas, minha pele estava ferida e queimada e parecia estar completamente sozinha... Tente gritar pela minha mãe, ou mesmo meus irmãos, mas a voz não saia. Estava sem voz e em algum lugar, podia sentir o vento quente perpassar meu rosto, me dando calafrios. Minhas pernas estavam esmagadas e estava com duas costelas quebradas, que por sorte do destino, não atingiu nenhum ponto vital.


Logo ao longe... Pude ver algo brilhante perambular pela rua, em meio aos destroços e parecia estar acompanhado. De longe, não conseguia ver com detalhes o que seria, mas apenas uma silhueta deformada, mas humanoide, de algo que estava se movendo de forma bem peculiar. O brilho era em um tom roxo bem escuro e seus passos eram cambaleantes, se assemelhando aos de um zumbi. Aquilo era ruim e eu não poderia perder tempo... Alguma coisa me dizia que eu não deveria estar ali, seguindo apenas o instinto, comecei a me empenhar para rastejar para fora dali. A medida que iam se aproximando, a visão tendia a ficar ainda mais aterradora.


Aquilo não era humano.  



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Autor(a): Beansprouth_Terra

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