Fanfics Brasil - Andarilho N.E.O.S Gama Project

Fanfic: N.E.O.S Gama Project | Tema: Apocalipse, Mutantes, Aventura, Ficção, Horror Survival, Violência


Capítulo: Andarilho

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–––– CIARA ––––


 


Aquilo se aproximava e parecia estar acompanhado de outros do mesmo naipe. Eu mesma não levava fé que escaparia dali, então mudei o plano rapidamente – me encolhi ao fundo de uma pequena cratera que jazia bem localizada atrás dos restos de outra loja que desmoronara ao lado. Minha respiração estava densa, meus braços tremulavam e parecia que morreria ali mesmo. Tinha sobrevivido àquela explosão para morrer naquele lugar sujo e abandonado por Deus, nas mãos de criaturas horríveis.


Apenas minha vinha á mente... A forma deformada daqueles seres que nem eram humanos nem nenhum animal que eu conhecia. As criaturas tinham um aspecto parecido com de um cristal roxo tonto. Tinham um caráter humanoide e a pele era viscosa, se assemelhando a de uma gelatina, mas que continha um vislumbre arroxeado único. Os membros eram desfigurados, com dedos separados aleatoriamente por entre o braço e havia vários tentáculos, relevos e outras coisas das quais não pude identificar, saindo de vários lugares do corpo da criatura. Eu prendi a respiração e rezava para elas passarem direto. O som que elas emitiam era dantesco, como grunhidos e rugidos baixos, mas ameaçadores. Eles chegaram ao que era a transversal daquela rua com a que estava escondida. Eu me virei e subi a pilha de escombros com dificuldade e me cortei em algumas pedras pontiagudas, até chegar ao topo. Podia ver aquelas coisas paradas procurando por algo e, nesse momento, eu desejava que não fosse eu.


No momento, eu também podia observar uma pessoa agonizando no chão. Ela jazia sem pernas e com um poste em cima de seu peito, mas estava viva e consciente apenas á alguns metros dos monstros e logo eles puderam acha-la. Depois de alguns minutos, eles correram em uma velocidade extraordinária, no qual meus olhos não puderam acompanhar, até alcançarem o sujeito estirado no chão. Sem prensar as criaturas avançaram, devorando o resto que sobrara da pessoa, com a mesma ainda consciente, agonizando enquanto eu presenciava aquela cena infame impotente. Eles arrancaram os braços da vítima facilmente com a boca exposta, enquanto que outro que chegou depois dilacerou o dorso, destruindo a caixa torácica chegando até o coração. Depois sobraram apenas as vísceras nos quais eles devoraram como se fosse macarrão enquanto eu quase vomitava por ter que ver tal cena. Depois do banquete, havia sobrado apenas os ossos e eles olharam rapidamente em minha direção, deixando o cadáver devorado e moribundo de lado. Eu abaixei em uma tentativa escrota de esconder minha presença, quando senti calafrios subindo a minha espinha.


Olhei para cima e caiu um pouco daquela gosma viscosa da pele deles em cima do meu rosto sujo. Eu recuei desesperada, e acabei rolando a montanha de escombros até a rua onde havia um grande espaço aberto. Não haveria chance de fuga e muitos menos tinha algum canto para me esconder. As criaturas pularam até me alcançarem e se aproximavam devagarinho enquanto grunhiam um som pavoroso.


Minhas pernas estavam quebradas e não havia como correr. Seria ali o meu fim? Eu iria morrer naquele lugar sozinha, sem ao menos uma chance de reencontrar minha família de novo? Eu apenas fechei os olhos e esperei o meu fim quando que sinto uma brisa meio agitada, mas era fria e até aliviou meu rosto quente. Abri lentamente os olhos e os monstros que perseguiram estavam fatiados em vários pedaços. Como explicar aquela cena estranha? Eu estava deitada no asfalto estragado e trincado da rua, com os olhos semicerrados e alguém jazia na minha frente. Não pude distinguir direito suas feições, apenas pude identificar que era humano.


Logo ele solta uma baforada de cigarro e o larga fora.


– Que coisa feia hein? Isso são modos de tratar uma criancinha?


Outras criaturas que estavam nas redondezas se aglomeraram ao nosso redor, cercando tanto ele quanto eu. A julgar pela quantidade, poderia chutar uns 20 a 30 monstros ali. Eu não conseguia respirar direito, e minha visão ameaçava escurecer quando o aquele homem, de mais ou menos dezenove anos de idade falou comigo. Sua voz era acolhedora, apesar de ser meio grossa e imponente.


– Garota! – disse ele. – Não morra ainda. Não faça eu ter vindo até aqui em vão!


Ele estava de brincadeira? Não tinha como eu raciocinar naquele momento.


– Você... – Minha voz saia abafada e rouca. Você...


– Não fale. – cortou. – Só assista!


Logo ele puxou algo que parecia com uma espada, mas a lâmina era curvada formando quase um “U”, e logo sacou uma pistola, ficando em guarda. Os monstros avançaram e ele permaneceu parado no lugar. O primeiro o atacou com os tentáculos que saiam de suas costas, mas ele logo retaliou, cortando o tentáculo com a lâmina enquanto expelia um liquido pegajoso e roxo, se assemelhando a sangue. Logo desferiu um tiro que atravessou o crânio da criatura. Mais três vieram por trás; com uma cambalhota, ele se virou em uma vertical, desferindo outra sequencia de golpes com a lâmina que dilacerou dois deles e outro que o transpassou. A criatura ainda permanecia viva.


– Hum... Parece que vocês são bem durões não é? Mas será que conseguem lidar com isso? – A espada cintilou e várias descargas perpassaram a mesma, eletrocutando a criatura.


O resto veio em bando e com vários movimentos ágeis, o rapaz se esquivou dos golpes e contra-atacando-os com rápidos movimentos. Outros vieram por trás e o seguraram. Senti que algo estava estranho com a minha pele, desde que aquela mucosa escorreu no meu rosto. Não sentia nada superficial... Talvez fosse por dentro. Na hora, estava tão entretida com aquela luta que nem me liguei á esse fato. Apenas via aquele homem, que parecia uma espécie de andarilho, fatiar aquelas criaturas como se fossem pães.


Não demorou muito para todas elas estarem mortas. Eu ainda estava consciente, mas a minha visão estava escurecendo. Minha respiração estava ficando pesada e não conseguia me manter acordada. Logo ele me pegou nos braços e me levou á algum lugar... Não me lembro como ele havia chegado lá – mas eu estava segura agora.


Depois de algum tempo... Eu acordei em algo que parecia um galpão velho. Estava arrebentado o telhado e tudo que se referia á própria estrutura do lugar. Eu estava coberta com uma espécie de pano bem encanecido, surrado e queimado e em um colchão improvisado com espuma e algumas tabuas. Ao meu lado estava uma fogueira que jazia assando um peixe, enquanto do outro estava o homem que havia me salvado.


– então finalmente acordou hein? Já estava começando a achar que tinha morrido.


Eu olhei em volta... Apesar de ser lugar escuro, abandonado e parecer um lixão, julguei ser um lugar seguro por hora.


– Onde... Eu estou? – minha voz voltava ao timbre normal.


– Bem vindo ao meu cafofo madame! – disse ele apresentando o lugar.


Logo pude olha-lo direito. Era um jovem realmente e tinha cabelos pretos e uma cicatriz na bochecha. Sua roupa era de uma blusa preta folgada e rasgada, uma calça rajada e botas grandes, se assemelhando aos coturnos da policia. Se cinto carregava sua pistola Colt 40.mm e sua espada jazia ao lado, recostada em um pedaço balcão destroçado. Ele não parecia nada amigável e sua fala era desleixada e preguiçosa.


– Quem é você? – fui bem direta.


Ele esboçou um risinho debochado o que me deixou brava logo de cara.


– Você não vai nem agradecer o cara que salvou sua vida?


Eu suspirei, já odiando ele naqueles 3 minutos de conversa que tivemos.


– Obrigado por ter me salvado.


– Disponha... Você estava bem inútil mesmo então...


– Ahhh! Seu miserável! – gritei trincando os dentes.


Ele riu como se curtisse uma piada.


– Estou só curtindo com sua cara... Sabe. É bem difícil achar gente... Viva por aqui esses dias. – arrazoou ele pegando o peixe da fogueira improvisada. – Quer um teco? Tem muito peixe ainda.


Eu poderia ter recusado, mas parecia uma eternidade que eu não comia nada. Meu estomago doía demais para recusá-lo então aceitei de bom grado. Ele colocou outro para assar enquanto conversávamos.


– Então qual é seu nome? – perguntou mudando o tom da voz. Parecia até mais “normal”.


– Sou Ciara... – respondi ainda meio desconfiada. – Eu me perdi da minha família. No momento da explosão.


Ele pareceu surpreso com o que eu disse.


– Você é uma sobrevivente então? Isso é raro... – comentou. – Geralmente se a pessoa não morre na explosão, ou ela é devorada ou infectada por aqueles bichos.


Logo me curiosidade atiçou. Havia tanto o que perguntar a ele que eu não queria perder tempo conversando abobrinhas.


– O que são aqueles monstros? E porque raios eles nos atacaram?!


O rapaz abocanhou o peixe antes de responder. Pelo visto, não era só eu que estava com fome ali.


– Bem... Aqueles monstros... São pessoas. – levei alguns minutos para absorver a ideia.


– Pessoas?!


– Sim... Só que mutadas é claro! – explicou.


– Mutadas?


– Bem... A explosão do míssil nuclear obliterou dezenas de milhares de vidas e transformou todo o resto em monstros iguaizinhos aos que você acabou de ver lá fora.


Aquilo era inconcebível demais. Não conseguia suportar a ideia de que minha família poderia ser uma daquelas coisas nojentas e que comem pessoas. Eu balancei a cabeça e tentei aliviar as ideias, enquanto ele me dava o peixe assado no palito.


– Bem... Aqui está! Agora coma... Vai precisar comer muito para recuperar suas pernas. Foi bem difícil tratar seus ferimentos enquanto estava desmaiada, então isso conta como um bônus não é? – logo depois, fui me dar conta de que parecia uma múmia com tantas ataduras. Minhas pernas principalmente, e eu já conseguia sentir cada dor que fincava o meu corpo.


– Obrigado de novo...


Ele se levantou e foi andando até um sofá velho que havia depois da minha cama improvisada se largando em cima.


– Karma... Pode me chamar assim se quiser... – disse se deixando levar pelo sono.


– Ei! Não pode dormir agora! Eu ainda tenho várias...


– Dá pra calar essa boca? – alfinetou. – Eu tive um dia beeeeeem puxado hoje e ainda tive que salvar o seu pescoço sua pirralhinha. Então não enche meu saco está bem?! – Naquela hora o xinguei mentalmente de todos os palavrões possíveis. E justo quando pensei que ele era alguém, no mínimo, educado.


– E enquanto aos monstros?!


– Só deixar a fogueira acesa... Boa noite!


Ele se virou e pareceu não querer mais falar sobre nada. Eu também estava concentrada em outra coisa. No momento eu só queria comer, então peguei o peixe que Karma havia me dado e o devorei sem pena. Naquele momento, peixe quase podre frito nunca me pareceu tão bom.


Logo depois que terminei minha refeição, bateu um peso em minhas pálpebras e meus olhos estavam querendo algum descanso. Depois de passar perto da morte duas vezes, ainda tinha que buscar pela minha família. Logo a terrível hipótese de meus pais e meus irmãos terem se tornado monstros assombrou minha mente e eu não conseguia dormir direito; Era algo inacreditável que o mundo de uma hora para a outra, tivesse acabado e agora tinha que dormir em uma tabua suja, ao lado de um errante preguiçoso e dissoluto.


Em algumas horas... O mundo que eu conheci acabou. E eu desejava apenas acordar daquele pesadelo ao lado de Amala, Moeb e minha mãe. No fundo, ainda tinha esperança de reencontrá-los, mas estava óbvio que não poderia fazer isso sozinha.


Gostando da ideia ou não, eu precisava de Karma.



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Autor(a): Beansprouth_Terra

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–––– CIARA ––––   Eu podia ver ao fundo... De algo que era semelhante á um vórtice que sugava tudo que passava. Era minha mente louca talvez... Eu nem mesmo sabia às vezes o que se passava, mas eu me encontrava em alguma cena naquele buraco, onde via minha família transformada em criaturas mut ...


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