Fanfics Brasil - Metamorphose N.E.O.S Gama Project

Fanfic: N.E.O.S Gama Project | Tema: Apocalipse, Mutantes, Aventura, Ficção, Horror Survival, Violência


Capítulo: Metamorphose

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–––– CIARA ––––


 


         – O que foi Karma?! – perguntei enquanto minha adrenalina subia. Meu sangue começava a fervilhar e eu estava agitada. O olhar dele era fixo ao longe, como um predador pronto para atacar sua presa. Aquilo me incomodava.


       Ao longe uma imensa luz arroxeada clareou todo o espaço visível daquela área; Estava boquiaberta com aquela cena fantástica, mas assustadora. Um mutante de aproximadamente 10 metros de altura e continha vários tentáculos que saiam de partes aleatórias de seu corpo, que iam da cabeça até mesmo os calcanhares, vinha em nossa direção. Era bizarro, mas a visão monstruosa do mutante gigantesco se aproximando de nós era intimidadora. O líquido viscoso que caia de sua pele gerava outros monstros e vinha acompanhando de um exercito de monstros menores.


– Droga! São muitos!


– O que vamos fazer agora?!


Karma ficou de pé na minha frente e não havia respondido. Não sabia se ele tinha um plano, mas a situação era crítica; mesmo com uma incrível habilidade de luta, ele não poderia vencer tantos mutantes sozinho. O que ele estaria planejando?


– Você... Fica aqui está bem? – disse enquanto andava na direção dos monstros.


– O que você vai fazer...


– Ciara! – Ele me interrompeu novamente. – Vou terminar isso rápido. Não temos muito tempo!


Não retruquei, até por que não adiantaria nada. Ele continuou andando, até começar a correr em direção aos monstros. Com a espada em punho ele abriu caminho entre os mutantes menores com a espada eletrocutada, chegando á uns dois metros do grandalhão. Ele retaliou, desferindo uma rajada de golpes com os tentáculos que destruiu tudo que estava pela frente. Pedras e pedaços daquelas aberrações ricochetearam longe, enquanto eu assistia a tudo de longe, mas sem poder fazer nada. Uma nuvem densa de poeira e areia se formou entre nós e eu não conseguia mais ver nem os monstros e nem Karma.


– Karma! – gritei. Mas não conseguia enxergar nada. Estava perdida em meio àquela confusão.


Depois que a poeira baixou, pude mirar Karma subindo por entre os tentáculos do monstrengo, desviando dos ataques do mesmo, enquanto que ao mesmo tempo, cortava cada tentáculo, um por um. Ele continuava subindo até ser lançando no ar pelo mesmo tentáculo onde subia. Karma deu uma cambalhota no ar, sacando a arma e disparando umas cinco vezes no monstro. Ele não sentiu praticamente nada e Karma aterrissou em um telhado e rolou até cair na rua novamente. As balas ficaram cravadas na pele viscosa e iam afundando gradualmente.


– Parece que esse vai dar trabalho... – resmungou ele enquanto recarregava a pistola.


Logo a criatura não perdeu tempo e avançou em cima de Karma, desferindo outra rajada de golpes com os tentáculos remanescentes. Karma bloqueou alguns, mas foi desarmado com um golpe logo depois que veio pela lateral, fazendo sua arma voar, e foi jogado longe com a força do gigante que o atingiu em cheio. Tentei correr para ajuda-lo, mas minhas pernas estavam inúteis. Só podia assistir enquanto ele jazia sendo derrotado pelo mutante gigante.


– Karma! Saia daí! – gritei deliberadamente tentando acorda-lo.


Com um tentáculo que ficava localizado na parte onde seria o dorso do monstro, ele lançou um golpe que esmagou Karma e toda aquela área, lançando no ar vários projéteis e pedras ao longe. Eu me recolhi e quase sou esmagada por uma pedra pontiaguda. Eu olhei com terror aquela cena assustadora; Karma havia morrido para aquele monstro e eu estava a mercê deles. Tentei me mover para sair dali, mas estava apavorada demais; o medo havia me deixado sem forças e meus braços não me obedeciam – eles só tremiam enquanto eu olhava para aquela coisa gigante se aproximando de mim junto com outros menores. Eu estava sozinha... Eu... Iria morrer com certeza. Pensei até que, talvez descendo a cratera, conseguiria me salvar, mas meu corpo não aguentaria o impacto da queda. Se eu não morresse pelos monstros, iria morrer me jogando dali. Eu estava em um beco sem saída. Eu me esgueirei pelo canto das ruinas até chegar á ponta do buraco. Ele era fundo e não dava para ver direito o fundo por causa da penumbra que a fumaça das chamas produziam no ambiente. Havia uma pequena ladeira seguindo do topo até o fundo e eu tentei me agarrar a isso. Mas as criaturas se aproximavam rapidamente e, por azar eu era muito lenta.


Droga... Droga! – Pensei comigo mesma. Logo uma delas pulou em cima de mim. Eu rapidamente fechei os olhos e com isso, senti outra brisa no meu rosto. Uma brisa agitada, igual da primeira vez que fui salva por Karma. Ele estava morto agora. Quem seria dessa vez?


Eu abri lentamente os olhos e estava em um telhado arruinado com vários buracos, sujo de fuligem e todo tipo de detritos, nos braços de alguém que a principio não pude identificar. Eu olhei abaixo e os monstros e aquele gigante estavam nos mirando como ávidos predadores. Logo eles subiram em cima do telhado atrás de nós e senti como se houvesse saltado; Com uma força sobre humana, aquele salto nos levou á rua novamente, dessa vez á uma distancia segura dos monstros. Eu olhei e não acreditava no que via...


Era Karma! Ele estava vivo!


 


 


 


 


 Ele havia me salvado novamente, mas seu aspecto era diferente. Ele não estava como se tivesse escapado do golpe fatal; suas roupas jaziam rasgadas e sujas, mais do que já eram, e seu cabelo, antes preto, agora estava branco como a neve. Uma aura diferente emanava do seu corpo. Era quase igual ao que emanava daquelas criaturas horríveis.


– Fique longe Ciara... – disse ele me colocando no chão.


– Você... Está vivo... – respondi ainda não acreditando em meus olhos. Era quase como eu estar vendo um fantasma.


– Eu prometo... Eu vou lhe contar tudo depois. Mas agora... – ele esquivou do golpe de um dos monstros e o agarrou pelo pescoço.


Com isso ele arremessou o monstro pelo pescoço como se fosse uma pedrinha e abriu caminho por entre a leva de monstros. Parecia que agora sua espada se fazia desnecessária para ele. Naquele momento, eles estavam equiparados em questões de força, agilidade e resistência. Karma derrotava todos os monstros com as próprias mãos, sem o uso de sua espada. Com um soco ele arrancou brutalmente a cabeça de um dos monstros, aproveitando para puxar sua espinha dorsal. Ele a serpentou com seu fosse um chicote e com outro golpe, partiu outro mutante que vinha atrás ao meio. Outros três vieram por cima e com um ágil movimento, imperceptível aos meus olhos, ele os despedaçou com múltiplos socos, descendo apenas pedaços moribundos da carcaça pegajosa dos monstros. Ele se virou e desceu um chute em outro que o afundou na terra. Karma o pegou e o socou como um pedaço de pano velho estirado, fazendo-o voar em direção aos demais. Logo pensei ter visto algo saindo do braço dele; seu braço direito havia se transformado em uma espécie de espada deformada, banhada em sangue. Seu fio, no entanto parecia ser legítimo, seguido por um par de asas quase negras que brotaram de suas costas.


O gigante lançou novamente seus tentáculos já regenerados para atacarem Karma, que revidou cortando-os facilmente. O monstrengo recuou soltando uma chuva de meleca roxa por toda a área. Aquilo realmente havia doído. Karma avançou com um voo sobrenatural, cortando a cabeça do monstro com a lâmina do seu braço demudado. O monstro caiu inerte, desbandando no buraco enquanto a rua se infestava com o liquido pungente e viscoso do corpo do monstro. Karma jazia parado e seu braço voltava gradualmente ao normal, tomando a forma de um braço comum. Seu cabelo voltava ao tom preto natural, e sua aura se esvaia como uma fina neblina em um dia chuvoso. Depois se virou andando até mim, sujo com sangue e fedendo, mas parecia estar bem.


– Eu tenho que seriamente tomar um banho depois daqui! – disse ele em tom de brincadeira.


Eu abaixei a cabeça com muita raiva. E não sabia por que... Depois eu dei uma tapa no rosto de Karma. Ele ficou me olhando confuso.


– Não... Não faça mais aquilo... Seu idiota...


Nós ficamos em silêncio por algum tempo e Karma colocou a mão no rosto. Eu acho que havia exagerado um pouco na dose. Foi um susto muito grande e eu estava confusa sobre várias coisas, sendo que descontei nele a minha frustração momentânea.


– Ahhhh! Isso doeu! Porque fez isso sua pirralha?! É assim que me agradece por ter salvado seu pescoço outra vez, sua ingrata?!


– Vá se ferrar! – retruquei com igual petulância. – Tem noção da agonia que me fez passar?!


– Devia ter te deixado virar lanche de monstro!


– Você... É muito cruel e abusado sabia?! – ele ficou fazendo caretas, o que me deixava mais puta ainda.


– E você é uma pirralha mimada que só sabe molhar as fraldas! – respondeu ele de forma áspera.


Eu me calei e respirei fundo tentando me acalmar. Meus braços ainda estavam paralisados de medo e minha respiração estava agitada. Karma se sentou perto de mim, botando sua mão no meu ombro. Eu não entendia muito que ele fazia às vezes, mas com certeza, ele me devia algumas satisfações. Logo o céu estava nublado e parecia que viria uma tempestade por lá. Era algo meio incomum e Karma parecia incomodado com esse fato. O vento frio se fazia presente, apagando as chamas que dominavam as estruturas pouco a pouco. Ele se virou novamente para que eu subisse em suas costas e eu apenas tentei segurar firme, apesar de minhas mãos ainda estarem um tanto sem forças.


– Desculpe Karma... – sussurrei. – Eu pensei que você tinha...


– Guarde suas desculpas para quando chegarmos à praça, esta bem?


Eu apenas concordei calada. Ele começou a correr em direção á cratera. Meu coração palpitou subitamente. Ele gostava de fazer essas coisas inesperadas.


– O que vai fazer?!


– Se segure firme! – Ao chegar à ponta, ele pegou impulso para dar um salto absurdo sobre aquele buraco de mais ou menos três quilômetros de comprimento. Eu o agarrei forte, quase o esganando durante o pulo. Naquele momento, minha força nunca havia voltado tão rápido. Eu sentia quase como se estivesse voando nas costas dele; O misto do ar frio e quente castigava meu rosto e eu me sentia mais viva do que nunca.


A aterrisagem foi um pouco forçada e quase o soltei. Karma teve alguma dificuldade para cair, visto o terreno acidentado da rua, mas tínhamos conseguido passar. Eu só queria dormir depois de tudo aquilo; mal podia esperar para chegar no local onde Karma havia dito e poder descansar minha visão e minha mente. Já havia visto coisas demais por um dia.


– Você está bem pirralha?! – perguntou.


Eu ainda estava atordoada da queda e demorei um pouco a recuperar os sentidos e responder.


– Parece que sim... – Não demorou a meu peito começar a doer novamente. Eu gemi com a dor que parecia ficar cada vez mais insuportável.


– Aguente firme ai... – ele voltou a andar, dessa vez apressando um pouco o passo. – Agora já estamos chegando... A praça é bem á frente!


Eu conseguia ouvi-lo, mas o sono começava a me atacar. Estava cansada depois de tudo aquilo e precisava recuperar minhas forças. Depois nenhum mutante apareceu o resto do caminho. A rua jazia abandonada e alguns pequenos edifícios comerciais haviam desmoronado em meio á rua, mas nada que fosse intransponível. Depois do que vi, pensei que não houvesse nada que Karma não conseguisse fazer, o que me deu certa segurança.


Faltava bem pouco... A praça central era bem á frente.  



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Autor(a): Beansprouth_Terra

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