Fanfics Brasil - Um encontro com o destino N.E.O.S Gama Project

Fanfic: N.E.O.S Gama Project | Tema: Apocalipse, Mutantes, Aventura, Ficção, Horror Survival, Violência


Capítulo: Um encontro com o destino

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–––– CIARA ––––


 


                Depois de alguns minutos de caminhada, nós miramos a grande Praça Central, um local aberto e antes movimentado, agora não passava de um grande pátio destruído e abandonado. Todo o comercio havia sido destruído e podíamos ver um enxame de corpos carbonizados e despedaçados. O céu antes quente e apocalítico, agora estava coberto por nuvens e alguns flocos que assemelhei automaticamente a flocos de neve, começaram a cair. A praça estava lotada de mutantes e muitos compartilhavam cadáveres, tanto de pessoas como de outros mutantes, junto com os pássaros que haviam mutado também. Karma manobrou pelas laterais, passando por entre os destroços e atrás alguns caixotes que havia ali para que não topássemos com nenhum daqueles grupinhos. A praça era dividida em um pátio enorme, separado por quatro pilares localizados nos cantos extremos do espaço que separavam a calçada do espaço ao centro, onde normalmente as pessoas sentavam nos bancos de madeira, e as crianças brincavam e jovens andavam de skate e outros jogavam bola. Á frente, jazia uma grande catedral, que havia um imenso relógio, que servia como ponto de referência da cidade, passando por entre a calçada e atravessando a rua. A estrutura do monumento jazia muito danificada por causa da explosão, mas estava em pé, para a minha surpresa. Chegamos á uns dois metros do grande monumento e estávamos escondidos na sombra, atrás de carro virado e destruído. Karma me colocou recostada ao pé da roda, enquanto olhava para o centro do pátio, meio incomodado. A dor que me afligia estava piorando – era como se meu coração fosse explodir a qualquer momento, mas eu não poderia soltar um gemido sequer.


            – Droga! – resmungou Karma. – O tempo está acabando... Não tem como entrar na igreja sem passar pelos feiosos...


            Eu soltei uma pequena gargalhada.


            – E logo você que não gosta de ter trabalho.


            – Infelizmente... Hoje é daqueles dias. – Ele suspirou arqueando a sobrancelha.


            – Por que esta tão... Apressado? Não quer perder a missa? – disse de forma descontraída.


            Ele soltou uma risadinha cínica.


            – Quem dera... Acho que ficaria melhor como ateu. – ele desembainhou a espada, ativando as descargas elétricas.


            – Vamos passar na raça? – eu já podia imaginar a resposta.


            – O que você acha?! – respondeu fazendo uma careta.


            Eu comecei a rir novamente e outra pontada atacou meu coração.


            – Você... Você começou.


            Ele se levantou andando em direção ao pátio com a espada em punho. As criaturas ainda estavam no banquete e nem perceberam Karma se aproximando. Ao chegar perto Karma saltou e decapitou um dos monstros com um golpe, enquanto transpassou outro que estava ao lado com a lâmina eletrocutada. O fio cintilou e o mutante explodiu jorrando sangue roxo para todo o lado, enquanto que seus intestinos serpenteavam em meio á poça. Outro veio por trás, mas foi detido com um disparo de sua pistola na cabeça – ele remanescia vivo, mas estava desorientado e tonto e Karma aproveitou para desferir o golpe final. Karma rapidamente se recuperou e articulou outro golpe com a espada, que cortou o braço de outro monstro que jazia um pouco longe. Ele não desistiu e com uma cauda que possuía, ele desferiu uma rasteira que derrubou o rapaz. Karma rolou e derrubou o monstro da mesma forma, enquanto que se equilibrou para puxar a pistola da cintura – Mas o movimento de Karma foi detido com uma mordida em seu braço que acabou arrancando um pedaço. Ele chutou a cabeça do monstro, o afastando de si enquanto que atirou no peito do outro. A bala não surtiu muito efeito, sendo que Karma avançou e fincou sua lâmina eletrocutada no peito do monstro. O outro que o havia mordido avançou por trás e foi detido com outro golpe de espada que arrancou sua cabeça. O resto do corpo caiu inativo banhando a cerâmica arruinada em tom de roxo. Eu observava tudo escondida atrás do carro, assim Karma não teria que se preocupar em me proteger ao mesmo tempo; ele jazia com o braço sangrando e vários monstros o cercavam. Ele estava em guarda, encarando as bestas de igual modo, como uma besta sedenta e faminta.


            – Karma! – eu gritei.


            – Não saia daí! – respondeu ele. Eu permaneci calada no mesmo lugar.


As criaturas permaneceram cercando-o e depois de alguns minutos, ocorreu algo muito bizarro; todas recuaram se afastando de Karma e correram a se esconder ou ir para algum outro lugar. Eu não entendia nada do que se passava ali, e tentava me manter acordada enquanto o sono e a dor só pioravam. Karma olhou em volta e não via mais nada – estava só nos dois ali agora, junto com os restos que aquelas coisas haviam deixado para trás.


– Ah! Quem é o bom aqui?! – gritou Karma e o som ecoou pela praça inteira. – Quem vai encarar? Seus filhos das putas covardes! Eu vou enfiar minha espada no brioco de vocês!


– Ele tá se achando de novo... – pensei comigo enquanto ouvia as babaquices dele.


O pátio ficava centrado em meio á Praça, bem á frente da Grande Catedral. Sua torre, considerada a mais alta daquela área, podia ser vista á quilômetros de distância. Eu me distraí um breve momento com a megalomania de Karma e não percebi que algo havia se movido entre eles, alguns minutos depois. Meu pensamento depois foi cortado por um barulho que vinha da torre da catedral; incrivelmente ela havia sido cortada da base e iria desmoronar em meio ao pátio. Karma seria esmagado com aquela enorme torre feita blocos de pedras de granito gigantes. E eu acho que Karma havia percebido tarde demais também. Eu estava lá, atrás do carro á 5 metros de distância do pátio, então se podia dizer que eu estava segura.


Eu até pensei em gritar, mas eu estava muito longe para que ele escutasse minha voz, com todo aquele barulho, e quando me dei conta a torre já estava caindo, fazendo Karma e aquele pátio imenso sumir em um inferno de poeira e destroços. A torre havia caído, esmagando tudo que estivesse naquela área. Eu não conseguia mais enxergar nada e a praça foi infestada pela poeira dos destroços, areia e fumaça. Depois de algum tempo, eu mirei novamente o pátio e Karma estava praticamente sem roupas; sua blusa estava destroçada e seu peitoral definido estava nu, mostrando a silhueta de um guerreiro autêntico. Sua calça agora se parecia com um calção; era um pano rasgado e sujo e uma pequena corrente que havia presa ao cinto agora não existia mais. Ele estava todo sujo e ferido, mas estava vivo. Karma cambaleou até se segurar em uma pedra enorme, cravando a espada em outra. Do modo que estava ele parecia tonto e desorientado.


– Mas que porra foi essa?! – grunhiu Karma enquanto balançava a cabeça.


Ele pegou sua espada novamente e escalou uma das pedras perto de lá. Eu podia sentir algo ruim ali... Olhei para o topo da catedral e, acima do telhado triangular que agora caia aos pedaços, podia-se ver a silhueta de um homem em pé. Não consegui distinguir suas feições com clareza, mas se tratava de um homem alto, com mais ou menos trinta anos e tinha longos cabelos lisos e pretos esvoaçando ao vento. Sua postura olhando para Karma era imponente e cheia de autoridade. Ele se vestia parecendo a morte, com uma manta negra e longa cobrindo o corpo e era cheia de adornos sombrios como cinturões pretos com detalhes prateados e spikes e carregava uma enorme foice consigo. Era como ver a imagem da própria morte – não que fosse fazer alguma diferença para ele – e aquilo era algo no mínimo assustador. Eu apertei os olhos tentando enxergar melhor, mas a poeira não permitia. Eu poderia tentar me mover para algum lugar seguro e, ao mesmo tempo, que proporcionasse uma visão melhor daquilo que parecia um embate mortal ou um reencontro – sendo que eu apostava na primeira opção – mas a dor também não permitia que eu juntasse forças para me locomover. Só restava esperar a poeira baixar e torcer para que Karma estivesse bem.


– Droga... Cof! Cof! Cof! – tossiu Karma abanando a poeira e a areia pra longe.


– Parece que está um tanto... Acabado jovem. – disse a figura com certa ironia na voz.


– Testament?! Tinha que ser! Você é o único maluco que chega detonando assim, bosta!


Ele soltou uma gargalhada sinistra pulando do edifício e caindo quase como uma pena na frente da catedral. Seus movimentos eram agora, para mim, perceptíveis e a poeira já baixava. Eles eram leves, e aquele esquisitão quase que flutuava no ar. Isso me dava até certo arrepio.


– O que você veio fazer aqui?! Aqueles miseráveis da NEOS mandaram você?!


– Digamos que somos responsáveis por colocar os cachorros na coleira! – rebateu com a voz inflamada.


Karma parecia estar sem paciência. Algo dentro de mim me dizia que já eram conhecidos de muito tempo. O tempo não ajudou também; logo começou a cair uma pesada neve sobre a cidade, algo muito raro ou improvável. Era algo que fantástico para mim, sendo que não vivíamos em uma região propicia á neve.


– E aquela pirralha e sua mascote? Que lindo! – ele olhou para a direção do carro e meu coração palpitou e empalideci. Ele se encontrava em uma distancia absurda, sem falar nas condições do ambiente. Seria impossível ele me notar daquela distância, sendo que eu não havia emitido um ruído sequer. Quem era aquele cara? – Seria interessante se ela mutasse também não é?


– Testament... O que você... – Logo em um piscar de olhos ele estava do lado do carro, rindo com a mão recostada. Sua grande cabeleira lisa e negra lhe proporcionava um ar requintadamente vil. Eu sentia a adrenalina subir e o medo me paralisou. Meus olhos estavam esbugalhados e meus braços e pernas tremularam diante de sua nefasta presença. Karma só pode ficar parado, estupefato.


Ele me agarrou pelo pescoço e me ergueu como se eu fosse um boneco velho de pano; Eu sentia meu pescoço sendo esmagado por sua mão pesada, mas finamente delicada. Ele tinha uma aura diferente daqueles mutantes, mas semelhante á de Karma em seu estado anterior. Será que ele era igual á ele nesse aspecto? Na hora não pensava em nada – e nem poderia com aquela pressão esmagando minha garganta –, só estava engasgando e sem ar. Meu coração doía e parecia que estava prestes a apagar. Karma avançou e lançou sua espada com uma velocidade inaudita, quase pegando o braço de Testament. Ele me soltou ao mesmo tempo em que recuava rindo. A espada ficou cravada no solo, enquanto eu caí tossindo convulsivamente enquanto tentava desesperadamente recuperar o fôlego.


– Que engraçado! Você não era assim! Se arriscando por causa dessa garotinha?


Karma avançou por cima, e quase como uma ilusão, ele desceu desferindo um chute poderoso no sujeito. Testament aparou com o fio da foice, mas foi jogado violentamente em uma loja infantil carbonizada pelo impacto do golpe. Karma rapidamente pegou sua espada, embainhando-a novamente e depois, quase como um lampejo, ele me segurou nos braços e pulou quase como um voo praticamente, me levando á perto de um dos pilares que delimitavam o pátio, agora destruído. Só houve tempo de ele me colocar no chão para Testament o agarrar pelo pescoço e o jogar contra as pilhas de destroços que ficaram em meio ao pátio, transpassando-os até outro pilar que ficava do outro lado do pátio, com violência. Mas o possível plano de Karma parecia ter funcionado; Testament tinha sua atenção voltada para ele, me deixando livre do embate. Eu estava fraca demais para pensar em algo. Só via aquela coisa negra se afastando de mim... Eu estava segura... Pelo menos por enquanto.


– Hahahahaha! Você é lastimável Karma! Alguém com tanto potencial... Desperdiçando salvando e ajudando essa ralé! O que você tinha na cabeça?!


– Não é da sua conta! – Karma se recuperou do golpe, mancando um pouco e saltou em direção á Testament. No meio tempo, Karma sacou sua espada e trocou golpes com ele. Com um ágil movimento, Testament contra ataca dilacerando o ombro do andarilho. Eles aterrissam, com o ombro esquerdo de Karma sangrando muito. Aquilo parecia tê-lo debilitado consideravelmente e sua velocidade diminuiu.


– Você me dá pena! – continuou o ceifador girando a lâmina. – Não teria ter que leva-lo em pedaços!


– Cala a boca! Você está me enchendo o saco!


Testament riu com desdém.


– Por que não aceita que esse mundo acabou simplesmente? Será muito mais fácil... Poderemos construir um novo mundo... Uma nova sociedade... Uma nova ordem mundial!


– Não! Vocês querem apenas um pretexto para transformar o mundo em um campo de testes! Jamais eu vou concordar com isso!


O homem de negro suspirou enquanto brandia a foice.


– Vejo que sua mente ainda é atrasada. Não importa... Você vai concordar com isso... Você irá participar de todo esse ensaio, gostando ou não!


Testament avançou contra Karma, brandindo sua foice, de modo que seu fio se tornou quase um vulto para meus olhos mórbidos. Karma aparou com o cotovelo, segurando com o outro braço a lâmina eletrocutada. O golpe passou raspando no rosto do ceifeiro, que com uma ágil cambalhota, tomou distância girando a foice de modo que cortou o braço direito de Karma. Ele gritou com uma dor agonizante, que ecoou pela praça inteira. Seu braço jorrava um filete de sangue e o mesmo perdeu a concentração. Testament aproveitou o breve intervalo para agarra-lo segurando seu rosto e investindo-o contra o chão brutalmente.


– Olhe só para você. Mal consegue lutar e achar que pode se impor contra nós? Que piada! – desdenhou Testament enquanto gargalhava sadicamente.


Logo a mão dele foi quebrada subitamente, e com um giro inesperado, Karma derruba Testament e o desarma, imobilizando o ceifeiro. Ele rangeu os dentes, enquanto que lutava para sair do jugo do andarilho.


– Ora seu... – ele mirou para cima e Karma estava com o cabelo branco novamente. Seu braço agora jazia regenerado. – Você então... É NEOS Karma?! – Aquele nome era bem peculiar, para se referir a Karma. Novamente eu pisquei os olhos e depois não consegui me manter acordada. Estava tudo escuro para mim... Não sentia minha respiração... Não sentia nada.


Eu tinha apagado de vez.



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Autor(a): Beansprouth_Terra

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