Fanfic: * * * Instinto * * * - adaptada - TERMINADA

-Nem que seja por seu bem?
Poncho guardou silêncio enquanto conduzia entre o tráfego da tarde.
-Está segura de que Dulce não procura nada permanente?
-Completamente segura.
-Bem, isso já é algo, porque já sabe o que pensa Chris das mulheres com planos de compromisso.
-Sei, e por isso acredito que isto é perfeito -Anny cantou vitória em silêncio. - Os dois têm o mesmo objetivo... Uma breve aventura sem laços nem cadeias.
-Bom, já verei na segunda-feira como está Chris. Se não se cheirar nada suspeito, talvez não lhe diga nada.
-Faz o que cria conveniente, carinho -Anny se sentia generosa. Se tudo saía tão bem como esse dia, não havia nada do que preocupar-se.
Dulce sabia que teria que haver o esperado. Anny tinha partido com o Poncho, esperando que as faíscas ardessem entre o Chris e ela.
E as faíscas começavam a arder. A combinação daquele tipo tão atrativo da Wall Street e sua cama de sonho era suficiente para acendê-la por dentro. Mas o que havia dito a Anny ia a sério; sua primeira aventura sexual seria com um nova-iorquino que não soubesse nada dela. E Chris sabia muito para ser um bom candidato.
-Acredito que Anny preparou tudo isto a propósito -disse ele.
-Eu também acredito. Mas tranqüilo. Não tenho as miras postas em ti
Era curioso como ao dizer isso em voz alta conseguia acreditar-lhe. Se ele não era um amante potencial, ela sim corria o risco de sê-lo.

-Oh -ele pareceu um pouco decepcionado. - Bom, isso está bem, porque...
-Sei. Anny me disse que é muito liberal. Igual a eu -estava decidida a que não a afetasse sua decepção.
Ele se esclareceu garganta.
-Não acredito que «liberal», seja a palavra que melhor me defina.
-Então, qual seria?
-«Precavido».
-Ah... -desejou que não o houvesse dito. A gente do Virtue adorava a precaução. Mas depois de vinte e seis anos suportando-a, quão único queria era destrui-la. A declaração do Chris era como um toureiro agitando a muleta vermelha frente a um touro. - Suponho que por isso queria Anny que fosse minha babá.
-Certamente.
Dulce virou para a cama e se apoiou no colchão. Só levava duas horas com o móvel e já adorava... Igual a adorava atirar de alguém que se definiria a se mesmo como «precavido».
-E também poderia te dizer que sua intenção é que eu seduza a ti.

Dulce observou com satisfação como Chris ficava com a boca aberta. Logo, viu-o baixar a vista às caixas e se perguntou se teria indagado em seu conteúdo.
-Mas pode estar tranqüilo -disse ela- Porque não vou seduzir te.
-Por que não? Quero dizer... claro que não. Acabamos de nos conhecer -manteve a vista nas caixas.
-Abriu as caixas? -atreveu-se a dizer ela finalmente.
-Mas não a propósito! -ficou tão vermelho como um tomate. - Usei as caixas como escada e uma delas se derrubou. Tive que voltar a colocar os livros.
-Ouça, se for ser minha babá temos que deixar as coisas claras. O que eu quero é me empapar da atmosfera da grande cidade, e isso inclui um montão de namoros com um montão de homens diferentes. Quero ampliar minha visão do mundo, expandir meus horizontes, apreciar a variedade de...
-Falando disso, eu gostaria de assinalar que se trouxer aqui a um homem, vai dar por supostas algumas costure.
-Se trouxer aqui a um homem será porque quero me deitar com ele... à exceção de ti, claro.
-Bem -parecia estar inquieto. - Porque assim que veja essa... -assinalou a cama com a mão- Não poderá falar com ele de outra coisa que não seja de sexo.
-Mas é que não quero falar de nenhuma outra coisa. Esse homem será um dos escolhidos para aumentar minha experiência.
-Genial! Porque com uma cama tão grande em meio da sala não se poderá falar de nada.
-Chris, alguma vez te deitaste com uma garota no assento traseiro de um carro?
-Não, eu...
-É obvio que não! Anny disse que sua família é mais rica que a princesa Isabel... Vá! Isso foi de mau gosto, verdade? Não queria te ofender, de verdade que não.
-Não me ofendeste. Minha família é mais rica que a princesa Isabel. Nunca estive em um utilitário a sós com uma garota.

-Não perdeste grande coisa -disse ela com um bufo. - Bom, o sexo é uma coisa, mas fazê-lo em um pequeno utilitário não é a melhor forma de desfrutá-lo. Sempre há alguém que sai com uma torcedura ou com um galo. No inverno corre o perigo de te congelar, e no verão não pode baixar as janelas sem que os mosquitos lhe comam vivo. E logo sempre está a possibilidade de que no momento sublime apareça a polícia e te ilumine com uma lanterna. Isso basta para esfriar os ânimos mais esquentados.
-Posso imaginar.
-Por isso queria a cama maior que pudesse encontrar.
Lhe sustentou o olhar por um comprido momento.
-Quão único digo é que é consciente da mensagem que deixa implícito com a cama aqui.
Aqueles olhos eram letais. Dulce desejou outra vez que Anny não o tivesse apresentado tão logo. Lhe teria gostado de conhecê-lo algumas semanas depois, quando já se organizou.
-É como meu anjo da guarda, sua obrigação é me advertir das mensagens que dê. Entendo-o. Quer comprovar meu vestuário?
-É... suponho que poderia jogar uma olhada, mas não poderei me fazer uma idéia de como fica a roupa a menos que lhe veja posta. Quero dizer, em um cabide não tem forma nem...
-Vamos, deixa de brincadeiras! -disse ela sorrindo. Anny tinha razão: era um tipo agradável e consciencioso. - Não se preocupe, Chris. Terei muito cuidado com as visitas. E quanto ao dossel, não tem por que me ajudar. Seguro que tem outras coisas que fazer para esta tarde.
-Não há problema; posso ficar a ajudar - olhou a seu redor. - Onde está?
-Nessa caixa. Mas o digo a sério; posso fazê-lo eu sozinha. Prefiro te reservar para esta noite.
-Perdão?
-Oh, sinto muito -sentiu-se como uma idiota. - Tinha pensado que esta noite começaria com seu trabalho de babá. Mas certamente tenha um encontro, considerando que é sábado e demais. Não importa.
-Né, não, não tenho nenhum encontro. Parece-me bem começar esta noite.

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bjix da Naty