Fanfic: * * * Instinto * * * - adaptada - TERMINADA

Enquanto desciam no elevador Dulce olhava com inveja o luxuoso casaco de pele do Chris. O fazia parecer escuro e misterioso, como um espião. E era o que ela queria, assim que pudesse permitir-lhe acabaram-se as roupas singelas. Seria uma mulher elegante, enigmática e perigosa.
Mas o primeiro tinha sido a cama, e esperava não haver-se excedido.
-Sério, Chris, quero que me diga o que pensa da cama. Se crie que os lençóis são escandalosos, trocarei-as por outras que não gritem «sexo!». Talvez seja muito óbvio.
Ele se esclareceu garganta e ela notou que o tinha feito várias vezes,
-Não estará pegando um resfriado, verdade? Porque não quero te obrigar a sair se não te encontra bem.
-Encontro-me muito bem -assegurou-lhe ele. - Por que crie que estou doente?
-Bom, está muito calado, e não faz mais que tossir e te esclarecer a garganta. Até me pareceu notar que tem a voz um pouco áspera. Deixa que te toque a fronte.
Ele se apartou para evitar que o tocasse.
-Não tenho febre.
-Pois não acredito. Não te mova -tentou lhe pôr a mão na fronte e ele seguiu resistindo- A Anny e a Poncho não gostaria que te tirasse a rua se estiver doente.
Finalmente, ele a agarrou pelas munhecas.
-Não estou doente, de acordo?
-Oooh...
Lhe encantava que um homem se fizesse dono da situação. Era tão sexy, e suas mãos eram tão fortes... Igual às dos granjeiros com os que tinha crescido. Mas seguro que ele não era tão torpe como eles.
-Se se sentisse mal me diria isso?
-Sim, diria-lhe isso -deixou escapar um breve suspiro e a soltou.
Ela lamentou perder o contato. Aquele tato lhe tinha feito desejar mais. Um homem como Chris sabia como acariciar a uma mulher. Tremeu só de pensá-lo.
-Tem frio? -perguntou-lhe ele. - Santo Deus! Não trouxeste nenhum casaco. Não me sei como não me dei conta -o elevador se deteve e as comporta se abriram, mas ele voltou a pulsar o botão do quarto piso. - Temos que subir por seu casaco. Aí fora faz frio.

-Não quero meu casaco -pulsou o botão de descida, mas era muito tarde.
-Como que não o quer? Não pode sair sem nada.
Ela pôs uma careta de exasperação.
-Vim a Nova Iorque para fugir dos conselhos paternais. Tenho vinte e seis anos e sairei sem um casaco se me der a vontade -provou-se a jaqueta, mas, tal e como se temia, dava-lhe um aspecto horrível.
-Não pode falar a sério -disse ele. - Não leva quase nada! Me olhe; vou com meias, camisa, jaqueta e um casaco. E você só vai com meias de nylon, uma minissaia e um pulôver fino.
Que estupendo que se fixou com tanta atenção em sua roupa! Dulce perguntou se o teria impressionado. A menos que estivesse equivocada, acreditava ter visto um brilho de luxúria em seus olhos... Perfeito.
-O único modo de sobreviver aí fora é com um bom casaco, comprido e quente.
-Não tenho nenhum bom casaco comprido e quente.
-Mas algo terá. Ninguém vem a Nova Iorque em janeiro sem um pouco de casaco.
-Sim, tenho algo, e é horrível. Nego-me a sair em minha primeira noite com uma jaqueta laranja e azul. Antes prefiro sair nua. -Ele voltou a esclarecê-la garganta. -Vê-o? Está doente.
-Não, não; não o estou -disse ele curvando os lábios. Ela comprovou horrorizada como se estava reprimindo a risada.
Oh, Deus... seus piores temores se feito realidade. Ao grande homem de cidade o divertia que a roceira de povo preferisse passear-se nua antes que exibir sua horrível jaqueta por Nova Iorque.
As portas do elevador se abriram, e ela só pôde pensar em escapar.
-Sabe o que? Não tenho vontades de sair. Estou cansada. Suponho que será por um efeito retardado do jato lag. O melhor será que vá à cama. Boa noite.
Ele a agarrou pelo braço antes de que chegasse à porta.
-Espera.
Dulce sentiu de novo aquela deliciosa conexão. Mas já não era o mesmo. Não podia excitar-se sexualmente com um homem que ria dela em segredo. Possivelmente também tinha pensado que a cama era ridícula. Por isso pigarreava tanto. O que fazia era tentar controlar sua risada.

Quando o conheceu lhe tinha parecido um cavalheiro medieval com um estrito código de honra. Pelo visto aquele código impedia que uma dama saísse sem casaco, o qual era de agradecer, mas o tinha quebrado tudo por seu sorriso desdenhoso.
Embora naqueles momentos já não sorria, e seus azuis olhos pareciam preocupados.
-Se isto for pelo casaco...
-O casaco? -ela fez um gesto com a mão. - Não, claro que não. Dói-me a cabeça.
-Seguro que tem aspirinas em casa -ele seguiu com a mão em seu braço- . Vamos dentro.
Apesar de tudo, lhe encantava a segurança com a que lhe sujeitava o braço. O pulôver era tão fino que podia sentir as pontas dos dedos através da malha. A sensação lhe provocou tanto calor no corpo que qualquer casaco tivesse demasiado.
Assim que ele começou a guiar ela pelo corredor, invadiu-a um sentimento de culpa.
-Não me dói a cabeça -reconheceu. - É pelo assunto do casaco. Sei que te resulta ridículo, mas não suportaria sair com essa jaqueta. Teria que havê-lo previsto faz semanas, quando fantasiava sobre este momento. Mas não o fiz, e agora não posso comprar um casaco novo porque me gastei isso tudo na cama, o qual também te parecerá ridículo.
-Não, de maneira nenhuma.
-Está bem -perguntou-se se ele se teria dado conta de que lhe estava deslizando o polegar pelo antebraço. Certamente só fora um ato reflito. -Me pode dizer isso, levará-me um tempo me converter em uma mulher sofisticada da grande cidade. Tempo e dinheiro. De momento não posso me permitir um casaco como o teu, assim prefiro não levar nada. Não terei frio se me mover depressa.
Ele piscou de assombro.
-Você gosta deste casaco?
-Eu adoro. É como se tivesse o nome escrito de Nova Iorque.
-Então a solução é muito simples -soltou-lhe o braço e começou a tirar o casaco.
-Né, o que está fazendo?

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bjix da Naty