Fanfic: * * * Instinto * * * - adaptada - TERMINADA

Chris estava pensando em uma maneira cortês de mandá-la ao inferno, quando Poncho interveio:
-Do que está falando, Anny? Não me tinha contado nada disso.
-Não te contei nada porque temia que lhe desse muita importância.
-É o que estou fazendo agora.
-Isso -disse Chris- Poncho e eu prometemos faz muitos anos que jamais nos tenderíamos uma armadilha o um ao outro.
-Tranqüilo, amigo -disse Poncho. - Disse-lhe que nada de armadilhas. Verdade que sim, Anny?
-Sim, disse-me isso.
-Vê-o? -Poncho seguia preocupado. - O disse.
-Isto não é nenhuma armadilha -replicou Anny. - Necessito que alguém cuide dela, ao menos durante um tempo. Estaria-te eternamente agradecida, Chris.
-Isso soa como uma armadilha -disse-lhe seu marido.
-Pois não o é, porque Dulce odeia os compromissos tanto quanto Chris, depois de ter criado a todos seus irmãos.
-Oh, bom, isso tem sentido -Poncho pareceu mais aliviado. - Quantos irmãos e irmãs tem? São tantos que nunca os posso contar a todos.
-Seis -respondeu Anny. -Dulce é a sétima, e sempre lhe endossaram o trabalho de cuidá-los. Está até o gorro de trabalhos domésticos.
-Sete filhos -para o Chris era algo inconcebível. - É por sua religião ou o que?
-É porque em Virtue não há, muito mais que fazer -disse-lhe seu amigo.
-Sim, mas se pode fazer e não sofrer as conseqüências.
-Em Virtue não -Poncho assinalou a barriga redonda de Anny.
-Oh, por amor de Deus -exclamou Anny. - Lá também conhecemos os métodos anticoncepcionais. Os pais do Dulce adoram crianças e não puderam resistir à tentação de ter uns quantos. Além disso, não gostam nada que Dulce venha a Nova Iorque. Certamente tinham a esperança de que sua filha se casasse com algum granjeiro local e ficasse no povo.

-Parece que suas orações não foram ouvidas -disse Chris.
-Claro que não, já que se muda a semana que vem. Menos mal que há uma vaga no Babcok e Trimball, ou também teria que me preocupar de sua situação trabalhista.
-Em minha opinião já tem feito bastante ao lhe procurar esse posto de Relações Públicas -disse Poncho. - Não vejo por que tem que lhe pedir ao Chris que...
-Não o entende. Dulce e eu somos amigas desde os três anos. Sempre tínhamos sonhado vivendo juntas em Nova Iorque. Em princípio ia ser eu quem estivesse com ela, mas não acredito que goste de muito ter como acompanhante a uma mulher casada e grávida.
-Nisso estou de acordo -disse Poncho. - Mas por que não pode lhe pedir o favor a alguém do trabalho? A alguma mulher...
-Não me ocorre ninguém. É um tema muito delicado. Dulce nunca cruzou o Mississippi e nunca saiu com alguém que não fora um granjeiro. Leva tanto tempo esperando vir aqui que temo sua imprudência.
Chris se relaxou um pouco.
-Alguma vez saiu do Kansas?
Anny negou com a cabeça.
-Quão máximo Dulce esteve em uma grande cidade foi o fim de semana que passamos em Kansas em nosso segundo ano de carreira. Vê o que me refiro?
-Suponho que sim -de modo que Dulce era uma garota rústica... Talvez não fora um desafio, depois de tudo.
Anny lhe aproximou a comida.
-Poncho e a última porção, Chris. E aqui tem mais batatas e cenouras.
-Obrigado -Chris aceitou a comida e soube que também acabaria aceitando a proposta. Alfonso Herrera era o melhor amigo que tinha tido em sua vida, alguém a quem não parecia lhe importar a riqueza do Chris. Mas não ia pôr o tão fácil. - Devo dizer que me segue parecendo uma armadilha.
-Como pode ser uma armadilha se Dulce não tiver o menor interesse em encontrar um noivo fixo? -perguntou Anny. -Tranqüilo, não será tão mau como parece. Até o Poncho pode lhe dizer quão encantadora é, verdade, Poncho?
-Sim, mas...
-Vamos ver essas fotos -disse Anny, e saiu da habitação.

-Seja sincero -disse Chris a Poncho em voz baixa. - É muito feia? Sabe que não me importaria, mas seria bom sabê-lo de antemão. Suponho que o farei, mas...
-Não é feia absolutamente, embora tampouco diria que é seu tipo. Você gosta de altas e refinadas, e ela é... bom, não tão alta e alegre.
-Mas se não for uma armadilha não importa se for meu tipo ou não.
-Isso.
-Você crie que é uma armadilha?
-Anny diz: que não o é.
Chris sabia que Poncho não trairia a Anny, assim não insistiu. Podia dirigir a uma garota campestre de Kansas incluso com uma mão atada à costas.
-De acordo, então é uma garota alegre. Suponho que é um bom rasgo para alguém que se dedica às Relações Públicas.
-Claro -Poncho pareceu contente de deixar o tema da armadilha. - Fará-o muito bem. Anny é um autêntico rolo compressor em conseguir o que quer, mas Dulce o consegue te fazendo rir.
Igual a você, pensou Chris, e se sentiu melhor. Aquela mulher seria a versão feminina do Poncho.
-Tem o cabelo castanho, ainda que o pinte de vermelho, umas covinhas adoráveis e adora falar. Não há nada que a faça calar.
-É um espinho no traseiro, verdade? -Chris se preocupou outra vez. - Me pode dizer isso
-Não, não é nenhum espinho, a menos que te cruze em seu objetivo. Baixo esse encantador sorriso pode ser extremamente convincente. Imagine, Anny tinha encarregado rosas vermelhas para os ramos das bodas, e quando chegaram as flores resultaram ser rosas brancas. Anny se preocupou muito e esteve a ponto de ir às nuvens, mas Dulce lhe prometeu que conseguiria as trocar sem armar um escândalo. Não sei como o fez, mas quando o órgão começou a soar todos os ramos das bodas eram de rosas vermelhas.

-Aqui está o álbum -Anny apareceu com um livro forrado de pele do tamanho de um dicionário enciclopédico.
Chris se armou de paciência. Havia dúzia de fotos, e as ver todas era como comer um grande prato de bolachas salgadas sem uma boa taça de café. Se ao menos tivesse a certeza de que aquele desdobramento de pompa e alegria ia ter um final feliz... Mas não era assim, por isso todo lhe parecia uma monumental perda de tempo e dinheiro.
-Aqui está, caminhando pelo corredor.
Chris olhou obediente a foto que Anny lhe indicava, e viu uma mulher que definitivamente parecia muito doce para ele. Recordava-lhe à princesa de um conto de fadas, e ele já tinha abandonado as fantasias azuis muito tempo atrás. Levava um vestido cor lavanda com mangas vaporosas, uma coroa de flores na cabeça, e, tal e como Poncho lhe havia dito, tinha o cabelo vermelho e liso, e umas simpáticas covinhas.
Não tinha o aspecto de ser uma mulher que morrera por viver na grande cidade. Talvez Anny tivesse superestimado sua imprudência.
-Vê o bonita que é? -Anny a assinalou com o dedo. - Não te será muito duro acompanhá-la por uns dias, verdade?
-Suponho que não -disse Chris, e observou a foto com mais atenção.
A garota era definitivamente alegre, com esse sorriso que provocava mais sorrisos. Chris se deu conta de que ele mesmo estava sonriendo e ficou sério.
-Você gostará de Dulce. É muito fácil tratar com ela. E gosta de muito falar.
-Isso há dito Poncho -uma autêntica faladora, mas sempre era melhor isso que um silêncio incômodo.
Além disso, tinha que admitir que gostava do modo em que caminhava, com os ombros para trás e a cabeça muito alta. Tinha uns seios voluptuosos e uma cintura estreita, mas não pôde apreciar suas pernas porque o vestido lhe chegava até os tornozelos. Não era que seu físico lhe importasse, mas o aspecto a ajudaria em sua nova vida social.
-Fará-o? -perguntou Anny.
-Quanto tempo crê que terei que cuidá-la?
-Oh, não sei. Uma semana, talvez duas...

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bjix da Naty