Fanfic: * * * Instinto * * * - adaptada - TERMINADA

Dulce esperou a que a porta do apartamento se fechasse e então saiu envolta em seu penhoar. Sentia falta de Chris, mas não podia lhe pedir que voltasse. Era seu primeiro amante da grande cidade, e não podia deixar que os sentimentos interferissem.
As coisas foram conforme o planejado. Primeiro compartilhava com ele o sexo mais incrível, e logo o mandava a casa, para não permitir que se acostumasse a ela. Chris tinha muita experiência, por isso o único modo de manter seu interesse era jogá-lo a tempo. Além disso, ela tinha trabalhado muito duro para conseguir um piso próprio, e não queria compartilhá-lo ainda com ninguém.
Apagou as velas e se apoiou no batente da janela. Contemplou ao longe as árvores de Central Park, muito próximos ao apartamento do Chris. Imaginou chegando ao edifício, saudando o porteiro, entrando em vestíbulo adornado com a pequena estátua.
E logo se deitaria em sua cama solitária, enquanto que ela faria o mesmo na sua. Em certo modo era ridículo. Tinham compartilhado um bom momento, e podia ser ainda melhor se passavam juntos toda a noite... Mas essa opção a punha nervosa. E além disso, ela não estava sozinha. Depois de tudo, estava como sempre tinha querido.
Chris decidiu que aceitaria a rotina que Dulce tinha imposto. Era o melhor para os dois. De outro modo seria aproximar-se perigosamente a uma relação.
O esquema dos dias seguintes resultou previsíveis, mas não assim as fantasias que lhe brindava, sempre modificadas por alguma falha técnica. As plumas de avestruz que usou para um striptease a fizeram espirrar. Em outra ocasião atirou o biombo ao chão quando tentou fazer uma entrada em cena espetacular. Uma noite comprou azeite e resultou estar rançoso. Por sorte ao Chris lhe ocorreu usar calda de chocolate, pelo que se sentiu muito, orgulhoso. Também lhe gostava de descobrir sua natureza impulsiva.

Dulce o excitava como ninguém, mas também o fazia rir. Sua lembrança favorita era a boneca inflable que tinham utilizado para simular um trio. Tinha sofrido uma espetada inoportuna que lhe fez dar várias voltas pela habitação antes de desinflar-se.
Mas a boneca foi o mais atrevido que lhe sugeriu. Jamais lhe propôs algo perigoso nem compartilhar a cama com outra mulher de carne e osso. Não, a relação sexual com o Dulce não era perigosa.
O único problema era que ele não o considerava unicamente sexo.
Outra preocupação era sua negativa a falar de Dulce com Poncho. Quando detrás duas semanas de aventura sexual Poncho foi uma segunda-feira a seu escritório, parecia ansioso por tirar o tema.
-Estou preocupado por ti, amigo -disse-lhe. - Já sei que Anny disse que isto não era uma armadilha, mas se comporta como se o fora. E em parte me sinto responsável.
Chris tinha suspeitado desde o começo que Anny fazia do Cupido. Mas, curiosamente, não o incomodava tanto como era de esperar.
-Não é tua culpa -disse ao Poncho. - E não tema. Não importa o que Anny tenha pensado; nem Dulce nem eu queremos nada sério -pelo menos estava seguro de que Dulce não queria. Por sua parte, começava a ver o matrimônio de outro ponto de vista.
Poncho olhou ao Chris como se queria dizer algo. Em vez disso olhou pela janela que havia depois do escritório. -Aproximam-se mais nuvens.
-Sim -confirmou Chris voltando-se para olhar. - Certamente volte a nevar esta noite.
-Tem uma boa vista da Estátua da Liberdade.
-Talvez deveria girar a mesa para vê-la mais freqüentemente... Bom, será melhor que voltemos para trabalho, não te parece? A Bolsa não espera a ninguém.
-Antes quero te dizer algo.
-Pode que não queira ouvi-lo.
-Com esta mulher não te comporta igual a com as outras.
-Isso são imaginações tuas.
-Não acredito, amigo. Odeio dizê-lo, mas...
-Então não o diga -deu-lhe um tapinha no ombro. - Estarei bem. Dulce é uma garota fantástica. Ao final cada um seguirá por nossa conta e já está.

Poncho o olhou com a frente enrugada.
-Entendo seu comportamento, e te digo que pode te buscar problemas. Está atuando igual a eu quando conheci o Anny.
Ao Chris lhe fez um nó no estômago, mas conseguiu soltar uma gargalhada.
-Eu não. Estou feito a prova de balas.
-Sempre foste assim, mas estes dias há algo estranho em seus olhos que...
-se preocupa muito. vê-se que seus hormônios já estão preparados para a paternidade -procurou como trocar de tema. - A propósito, alugastes já a limusine?
-É curioso que o pergunte -disse Poncho com um sorriso. - Pensávamos alugá-la manhã de noite. Sai mais barato.
-Bom, espero que lhes divirtam.
-Oh, certamente -Poncho se dirigiu para a porta. - Certeza que está bem?
-Completamente.
-De acordo -despediu-se com a mão e saiu do despacho.
Ao ficar sozinho, Chris tentou convencer-se de que sua situação não era como a de seu amigo. Poncho sempre tinha tido o matrimônio em mente, enquanto que para ele era algo irrealizável.
Um golpe na porta o tirou de seus pensamentos. Olhou através de uma fresta e viu a Michelle, a secretária loira e de pronunciadas curvas.
-Sua mãe está ao telefone. Insiste em que tem que falar com você agora mesmo.
Chris se ajustou o colete, como se aquilo lhe servisse para ganhar confiança.
-Claro. Obrigado, Michelle.
-Não há de que -respondeu ela com um sorriso, e se afastou.
Michelle era nova no escritório, e estava claro que gostava. Havia pensando em convidá-la a sair antes de que Dulce entrasse em sua vida. Após a idéia não o seduzia absolutamente.
Aproximou-se da mesa e agarrou o telefone sem fio.
-Olá, mamãe.
-Começava a me perguntar se te acreditava muito importante para falar com sua mãe.
-Sinto muito -sentiu saudades de que a voz chegasse tão clara de Paris. - Já sabe como é isto.

-Sim, já sei. Quando seu pai trabalhava assim não havia maneira de falar com ele. Bom... vim a passar uns dias a Nova Iorque e a seu pai gostaria de jantar hoje contigo. Já sabe, a reunião anual do clã.
Chris pôs uma careta. Sua mãe sempre se referia a eles três como a um clã. E os convites sempre chegavam no último minuto. Ele sempre as tinha aceito, fingindo ser uma família e com a pobre esperança de que algum dia voltassem a sê-lo de verdade.
-Parece-te bem às oito? -perguntou-lhe sua mãe. – Reservei mesa nesse novo restaurante libanês do Village. Seguro que o conhece.
Sim o conhecia. Era um local freqüentado por celebridades, o qual agradava a sua mãe. Chris tinha ficado de encontrar essa noite com Dulce,mas não podia faltar ao encontro familiar.
-Posso levar a alguém? -perguntou sem pensar. produziu-se um silêncio cheio de assombro.
-É obvio! -respondeu ao fim sua mãe. - A quem vais levar?
-Seu nome é Dulce Maria Saviñón.
-Saviñón, Saviñón... Dos Saviñón do Long lsland? Lembrança que seu pai foi ao colégio com...
-Não, é do Virtue, um povo de Kansas.
-Kansas? -parecia que sua mãe não tinha ouvido jamais o nome. - E o que há ali?
-Pepinos -respondeu ele sem poder conter a risada. - Em Kansas cultivam muitos pepinos.
-E a isso se dedica sua família?
-Não sei. Pode perguntar a ela.
-Claro que o perguntarei. É bom conhecer a origem de uma pessoa. Bom, tenho que me dar pressa. Tenho um horário na Elizabeth Ardem. Verei-te as oito.
-Até mais tarde -pendurou e marcou o número do Babcock e Trimball. Nunca tinha chamado a esse escritório, embora tinha pensado nisso mais de quarenta vezes.
-Babcock e Trimball -respondeu a secretária. - Com quem quer falar, por favor?
Teve que esclarecer a garganta e convencer-se de que não estava nervoso. Com essa mulher tinha praticado cenas próprias de um filme pornográfico. Um simples encontro para jantar não podia inquietá-lo tanto. Mas assim era... Temia que dispensasse o convite.

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bjix da Naty