Fanfic: É Madrugada em Nice *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

- Ora, isso faz parte do meu serviço.

Percebendo que as hostilidades haviam cessado, Anahí foi ao banheiro a fim de esvaziar a maleta de remédios da Sra. Prenderghast, que sempre carregava consigo uma quantidade respeitável de frascos, comprimidos, pílulas, colírios, cremes, sais e mais uma infinidade de tubos contendo medicamentos para todos os tipos de enfermidade.

Após arrumar o armário do banheiro como se fosse uma farmácia em miniatura, ela deu por encerrada sua tarde e retirou-se para o próprio quarto, deitando-se na cama macia com uma revista.

Faltavam uma hora e meia para o jantar, quatro para dormir e vinte e oito dias para o tão sonhado fim das férias...

Sentindo o estômago pesado, Anahí despertou pela terceira vez naquela noite, condenando-se por haver exagerado no jantar.

Erguendo-se na cama, consultou o despertador de ponteiros luminosos, verificando que ainda eram duas e meia da madrugada. Sem acender as luzes, tornou a deitar-se e empurrou às cobertas para os pés.

De repente, um ruído estranho forçou-a a abrir os olhos mais uma vez. Tratava-se de um som abafado como se alguma coisa estivesse raspando no cômodo ao lado.

Enterrando o rosto no travesseiro, ela reconheceu que não estava com a menor vontade de se levantar para investigar e correr o risco de se defrontar com um camundongo ou coisa pior.

No entanto, a consciência de ser responsável pela Sra. Prenderghast e o medo de que o tal camundongo roesse os originais do Chama do Coração obrigaram-na a levantar-se da cama e, descalça, ir até a sala de estar, arrumando os cabelos com as mãos.

Na sala iluminada pelo luar, tudo parecia tranqüilo: os brilhantes da Sra. Prenderghast cintilavam sobre a mesinha do café, e o manuscrito estava empilhado ao lado da máquina de escrever.

Dando de ombros, Anahí virou-se decidida a voltar para cama e bocejou.

Nesse instante, porém, um acontecimento estranho a fez parar. Uma sombra se havia projetado através da janela, que se abria com um rangido furtivo.

Com um grito preso na garganta, Anahí tapou a boca com as mãos e encostou-se à parede, os olhos arregalados de puro terror.

De repente, um homem entrou pela janela e deixou-se cair silenciosamente no carpete. Era alto, vestia-se de preto e uma máscara, também negra, lhe encobria parte das feições.

Com agilidade, ele se pôs de pé e soltou a corda de náilon que estava presa ao largo cinto de alpinista, amarrando-o no trinco da janela. Depois, virou-se e tirou um farolete fino como um lápis do bolso.

Petrificada, Anahí sentia-se incapaz de respirar ou de se mexer.

Como aquele estranho visitante fora parar ali, se estavam a uma altura superior a cem metros?

Nesse momento, um facho de luz cortou a sala, detendo-se na pilha de brilhantes que havia sobre a mesinha de cale.

Incapaz de se conter, Anahí deixou escapar um gemido ao mesmo tempo em que o facho de luz dirigia-se para seus olhos, ofuscando-a...