Fanfic: É Madrugada em Nice *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

Para completar a cena, antes que Anahí pudesse explicar-se, a porta da suíte se abriu, deixando entrar o gerente, a chave-mestra numa das mãos e uma pistola na outra.

Atrás dele, vinha uma camareira, munida de uma vassoura, e o búlgaro, vestido num robe de cetim vermelho.

Surpreendendo Anahí com o vaso nas mãos, o gerente virou-se para a escritora de modo dramático.

- Madame, está tudo bem?

- Claro que sim! Mas minha secretária diz que viu um ladrão.

- Um ladrão? Un cambrioleur?

- Exato! Um ladrão-gato... Ele... ele entrou por essa janela. - balbuciou Anahí, os olhos ainda arregalados.

- Un cambrioleur? - repetiu o búlgaro, alarmado, correndo de volta para sua própria suíte.

Em compensação, vários outros hóspedes apareceram junto à porta, amarrando seus robes e espiando para dentro com curiosidade. Sem esconder seu desagrado, o gerente aproximou-se da janela e pôs-se a olhar em todas as direções, mantendo a pistola engatilhada.

- Nada. - declarou, encolhendo os ombros com desdém.

- Não é próprio de você, comportar-se de forma tão estúpida, Anahí. - censurou a Sra. Prenderghast, a voz ríspida.

- Mas eu vi. - insistiu a jovem, correndo até a janela.

De fato, as paredes externas, iluminadas pelo luar, não apresentavam o menor indício da presença de seu insólito visitante.

Atordoada, ela percebeu que todos a olhavam com ar de censura e revoltou-se.

- Ele estava ali... Eu juro! Vestia-se de preto e tinha uma corda de náilon...

Esforçando-se por manter a voz calma, fez um relato sintético do que acontecera, exasperando-se ao notar as expressões condescendentes com que os presentes a escutavam, sem acreditar numa única palavra sua.

Ao final, o gerente falou, procurando ocultar o sarcasmo:

- Então tudo começou no momento em que ouviu um ruído... Será que não sofreu um princípio de indigestão, mademoiselle?

- Lógico que não!

- Ahn, sei... Você se levantou, veio até aqui e encontrou o cambrioleur vestido de preto. Assustada, gritou e apanhou o vaso para se defender.

Sentindo-se uma idiota completa, Anahí contemplou o vaso e constatou que ele era de uma porcelana tão fina quanto uma casca de ovo. Portanto, teria sido tão eficaz quanto um palito de dentes.

Impassível, o gerente seguiu-lhe o olhar e concluiu:

- Bem, no final, o ladrão beijou-a e desapareceu sem deixar vestígios.

- Foi exatamente isso o que aconteceu!

- Que estranho! Meus brilhantes continuam todos aqui. - salientou a Sra. Prenderghast, incrédula.

À beira da indignação, Anahí correu os dedos pelos cabelos despenteados e, frisando cada palavra, afirmou:

- Primeiro, ele os pegou. Depois, deixou tudo aí como se simplesmente não os quisesse. Devia procurar outra coisa.

- Com sua permissão, madame. - interrompeu o gerente, guardando a arma no bolso e pegando o telefone.

Após conversar alguns instantes com alguém do outro lado da linha, desligou e meneou a cabeça, num gesto de incredulidade.

- Os detetives do hotel não viram nada esta noite. Ninguém entrou, saiu, subiu ou desceu. E posso garantir que eles são bastante atentos.

- Mas eu falei com ele. - insistiu Anahí, confusa. - Só não levou nada, porque comecei a gritar. Desconfio que queria os originais do romance da Sra. Prenderghast... Sei que esteve aqui. Ele... ele me beijou!

Houve uma onda de risada, e Anahí corou até a raiz dos cabelos.

De repente, deu-se conta de que sua camisola devia estar totalmente transparente contra a luz, e esgueirou-se para trás do sofá, furiosa.