Fanfic: É Madrugada em Nice *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

- É um homem de uma cultura considerável. - continuou madame Roche, com admiração. - Alfonso interessa-se por tantos assuntos...

Concordando com um sorrisinho amarelo, Anahí olhou ao redor da luxuosa embarcação.

Que impulso misterioso levaria aquele homem aristocrático, privilegiado e rico a arriscar a reputação e a vida invadindo suítes na calada da noite?

Seria tédio? Ou ele financiava todo aquele luxo furtando brilhantes e manuscritos nos melhores hotéis de Nice?

- Em que área profissional ele atua? - indagou à madame Roche.

- Editorial... Creio que possui também uma companhia de projetos de aviação. Mas nunca o interpelei a respeito.

- Entendo...

- Alfonso é descendente de russos. O avô dele fugiu para a França durante a revolução de dezessete. Tinha dezenove anos e era príncipe... Romântico, não acha?

- Muito!

- Ele se casou com uma jovem da família Gabriel, a condessa Calvados-Eure. No entanto, Alfonso ainda conserva o sobrenome Herrera.

Nesse instante, os motores do Casablanca foram ligados, e o iate moveu-se lentamente, iniciando seu trajeto rumo ao alto-mar.

De todos os lados, partiram exclamações festivas, e a conversa das duas ficou interrompida durante alguns segundos.

Passada a euforia inicial, madame Roche fitou Anahí com uma expressão curiosa e perguntou:

- Por acaso, já conhecia mesmo nosso anfitrião?

- Em absoluto! Receio que monsieur Herrera tenha se enganado.

- Talvez... Mas ele me pareceu tão espontâneo...

- Não é difícil a gente se confundir e achar que conhece uma pessoa que nunca viu antes. - declarou Anahí, em tom casual, dando o assunto por encerrado.

Meia hora mais tarde, ela começava a se convencer de que o dia não seria tão desagradável como imaginara.

Uma brisa suave, carregada com o cheiro gostoso de maresia, batia no convés, tornando o clima ameno.

Como sempre, a Sra. Prenderghast monopolizava as atenções de todos, o que deixara Anahí à vontade para servir-se de um drinque e instalar-se num lugar mais isolado, próximo à amurada do iate, de onde podia observar tanto a paisagem quanto a movimentação dos convidados.

Entre sorrisos, gentilezas e piadinhas convencionais, os elegantes figurões circulavam de grupinho em grupinho, numa espécie de competição de simpatia e classe.

Sem dúvida, Alfonso Herrera era o que se saía melhor, embora houvesse algo de zombeteiro e indolente em sua maneira de agir.

Após alguns minutos, Anahí cansou-se de observar o comportamento alheio e debruçou-se à amurada, pondo-se a admirar o rastro de espuma branca que o iate deixava atrás do barco, formando estranhas figuras.

De repente, uma voz grave soou às suas costas, ao mesmo tempo em que uma mão forte a segurava pelo braço.

- Que faz aqui sozinha?