Fanfic: É Madrugada em Nice *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

- N... não sei a que se refere. Você não era Marco Antônio quando fui Cleópatra...

- Em compensação, meu nome é Alfonso. E, se não me engano, foi ele quem ficou com Cleópatra no final... De qualquer forma, não era disso que eu falava.

- Então admite que esteve na suíte da Sra. Prenderghast ontem à noite?

- Você teve um pesadelo... Aliás, a Sra. Prenderghast nos divertiu muito com essa história. Mas, para ser sincero, eu a avisei de que talvez houvesse um fundo de verdade no que você contou.

- Engraçadinho!

- De acordo com sua versão, o tal arrombador usava máscara. Como pôde ligá-lo a mim?

- Porque seus olhos são inesquecíveis.

- Aí está! Eu sabia que você havia sentido a mesma coisa. Tenho certeza de que este é o começo de uma amizade bonita e significativa.

- Pois saiba que vou denunciá-lo à polícia.

- A polícia nunca acreditaria em você. Além do mais, monsieur le Préfect me tem em alta consideração. Sua posição é difícil, Anahí... Como jogador de xadrez, eu a aconselharia a fazer o mínimo de lances possível... pelo menos, até descobrir que rumo o jogo vai tomar.

- V... você é um atrevido! Como tem coragem de...

- Você fica linda quando se zanga. E sua boca é tão convidativa. Pena que a tenha aberto no momento errado ontem à noite. Minha querida, você me causou mais dor de cabeça do que possa imaginar. Acho que me deve uma compensação por tanto transtorno...

Dito isso, Alfonso tirou-lhe a taça da mão trêmula e puxou Anahí para mais perto, forçando-a a encará-lo.

- Não se atreva a...

- Não devo me atrever a quê?

- A fazer o que quer que você pretende.

Nervosa, ela relanceou um olhar ao redor, argumentando, suplicante:

- Alguém pode estar observando...

- Todo mundo está ocupado, admirando o pôr-do-sol.

O beijo que Alfonso lhe deu foi possessivo, os lábios quentes pressionando os seus de maneira arrebatadora, enquanto um arrepio de prazer a percorria da cabeça aos pés, fazendo-a estremecer contra o corpo másculo.

No entanto, o bom senso logo a trouxe de volta à realidade, e Anahí empurrou-o para longe, o rosto vermelho de indignação.

- Como se atreve...

Impassível, Alfonso apontou para o horizonte e, ignorando lhe os protestos, comentou:

- O sol se põe rápido aqui no sul, não?

- Você não tem o menor respeito pelos outros.

- E como pretende agir? Esbofeteando-me?

Invadida por uma súbita onda de raiva, Anahí deu-lhe as costas, resolvida a se mostrar tão controlada e fria quanto ele.

- Esse foi meu castigo por haver atrapalhado seus planos? - perguntou, com calma fingida.

- Exato. E você mentiria se dissesse que o achou desagradável.

- Seu aproveitador barato! Pensa que desistirei de denunciá-lo só porque me beijou?

- De modo algum. Você é absolutamente livre para dizer o que desejar e a quem bem entender. Mas creio que fará papel de tola.

- Quanto cinismo! Não sou uma boneca com a qual você pode brincar, ouviu?

- Ótimo... Prefiro as altivas Cleópatras...

Nesse instante, alguém o chamou do outro lado do convés, e Alfonso acenou em resposta.

- Receio que está na hora de voltar para junto dos meus maçantes convidados. - Tomando-lhe a mão, beijou-a com ternura, concluindo: - Vou esperar ansioso pelo nosso próximo encontro. Talvez então tenhamos mais tempo para discutir tudo isso.

- Não quero discutir nada com você.

Sorrindo de modo quase condescendente, Alfonso afastou-se com seus passos firmes, deixando-a desconcertada.

Será que ele, de fato, possuía uma boa razão para haver invadido o apartamento delas daquela maneira?