Fanfic: É Madrugada em Nice *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

Capítulo V

Pela manhã, logo cedo, a voz gutural do búlgaro pareceu ecoar nos sonhos de Anahí.

- Fui roubado. - gritava ele, indignado. - Ladrões!

Pestanejando, ela se sentou na cama e tentou coordenar os pensamentos.

Tivera menos que cinco horas de sono desde que Alfonso a trouxera de volta ao hotel, e o dia anterior fora longo e cheio de emoções.

Apesar disso, tinha certeza de que não estava passando por um pesadelo. O Sr. Akhtopol, de fato, discutia com o gerente no corredor, e as vozes exaltadas de ambos chegavam até ali com nitidez.

- Non, non, ce nest pas une erreur! - dizia o búlgaro, irritado. - Coisas valiosas me foram roubadas.

Com a garganta seca, Anahí levantou-se e olhou no despertador. Eram sete e meia, e a Sra. Prenderghast praguejava na cama, zangada por haver sido acordada de modo tão desagradável.

Rememorando os acontecimentos da véspera, Anahí procurou recompor a aparência e ensaiou uma expressão de absoluta neutralidade.

Sem dúvida, seu vizinho acabara de descobrir o roubo, e não demoraria para que todos estivessem comentando a respeito, o que lhe exigiria uma boa dose de autocontrole para não se denunciar.

Curiosa, dirigiu-se à sala e, na ponta dos pés, rumou até a porta, pondo-se à escuta.

- Sr. Akhtopol, não pode acusar os outros hóspedes desse jeito... - falava o gerente, nervoso.

- Foi ela, sim! Estou convencido de que foi ela... Tenho provas.

- Pois duvido que a Sra. Prenderghast...

- Não falo da velha... Estou me referindo à outra, àquela moça de cabelos loiros.

- A Srta. Portilla? Não é possível!

- Tenho provas de que é!

Com o coração acelerado, Anahí deduziu que o búlgaro percebera que a porta do terraço estava destrancada e, já partir daí, adivinhara o restante da história.

Embora estivesse tentada a telefonar para Alfonso, ponderou que envolvê-lo não iria ajudar em nada, e desistiu dá idéia.

- É aquele monstro miserável outra vez? - perguntou a Sra. Prenderghast, saindo do quarto com um extravagante roupão violeta e verde.

- Infelizmente, sim.

- Droga! Estou começando a detestar Nice. E onde você se meteu até uma hora da madrugada?

Sem esperar resposta, a escritora escancarou a porta da suíte.

De pé, no centro do corredor, o búlgaro tinha o rosto transtornado pela fúria e fuzilou-a com um olhar antes de apontar para Anahí.

- Foi ela que roubou meus valiosos documentos.