Fanfic: É Madrugada em Nice *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

Interrompendo-se, ele a beijou com suavidade, como que tocado por sua expressão comovida.

- Um catálogo de tragédias, nest-ce-pas? Sorte que aos dezesseis anos a gente é jovem demais para avaliar direito as dimensões de um problema. Descobri que quem não trabalha não come... a menos que se esteja disposto a aceitar a humilhante caridade que o Estado distribui aos órfãos e aos pobres.

- E o que você fez?

- Arranjei emprego numa firma de engenharia em Paris e descobri o que queria fazer: fabricar meus próprios aviões e pilotá-los. Trabalhei numa fábrica para financiar meus estudos na faculdade e, quando completei vinte e um anos, tive um golpe de sorte. Ganhei uma bolsa para estudar aerodinâmica em Caltech, nos Estados Unidos. A partir daí as coisas se tornaram mais fáceis... Bem, agora basta de falar a meu respeito. Conte-me sobre você, Anahí.

- Você já sabe tudo a meu respeito. E prefiro continuar a ouvi-lo. Afinal, agora começa a parte mais interessante da história.

- Refere-se às indiscrições de minha juventude? - provocou-a, com um sorriso malicioso. - Primeiro quero saber alguma das suas.

- Acho que não tive nenhuma.

- É mesmo? Então acho bom começarmos a dar um jeito nisso agora...

No final da tarde, ao ver Anahí chegar ao hotel, o gerente foi correndo em sua direção, pedindo mil desculpas pelo que ocorrera durante a manhã.

Monsieur Akhtopol dissera que se enganara e retirara todas as acusações que fizera algumas horas antes.

- Mas eu já estava convencido de que a senhorita não tinha nada a ver com a fita dele. Para ser franco, clientes como monsieur Akhtopol prejudicam o bom nome de qualquer hotel. - concluiu o gerente, em tom confidencial.

Anahí concordou com um sorriso culpado e subiu para a suíte, onde a Sra. Prenderghast, inquieta de excitação e curiosidade, a esperava.

Depois de um banho relaxante, foi para seu quarto e sentou-se à cama, sem ânimo para se vestir. Dali a alguns instantes, a escritora apareceu.

- Ainda não está pronta? É melhor se apressar. Alfonso vem nos buscar dentro de quarenta minutos.

- Oh, desculpe! Eu sonhava acordada...

- Não é de se admirar, tanta coisa lhe aconteceu. - Mamie fez uma breve pausa, estendendo-lhe uma caixinha de veludo. - Achei que talvez gostasse disso, meu bem. Você não tem um, tem?

Surpresa, Anahí admirou o fino colar de pérolas, incapaz de articular uma única palavra.

- Apesar de pequenas são de ótima qualidade. Comprei-as no Japão no ano passado, mas nunca as usei. Tome... fique com elas.

- Mas, Sra. Prenderghast... Elas são lindas! Não posso...

- Claro que pode! Ficarão melhor em você do que em mim. Além disso, quando vai sair com seu príncipe encantado, toda mulher precisa de algo que a faça sentir-se mais confiante. Agora, vista-se depressa.

Sem esperar resposta, a velha saiu apressada do quarto, deixando Anahí com os olhos rasos de lágrimas de emoção.