Fanfic: É Madrugada em Nice *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

- Esse homem das cavernas teve o topete de me mandar parar de bater à máquina!

- Exatamente! Esse barulho é intolerável... Estou cansado e quero dormir, o que se torna impossível com esse tique-taque infernal. Exijo silêncio!

- Acho melhor entrarmos. - sugeriu Anahí à patroa, enquanto sorria com forçada simpatia para o búlgaro.

- Uma ova! Não estamos na Bulgária para esse sujeito vir me dar ordens.

- Mas Sra. Pren...

- Eu já desconfiava de que ela não tinha a menor consideração pelas outras pessoas! Saiba que precisa parar, viu?

- Ela vai parar agora mesmo. - garantiu Anahí, tentando acalmá-lo.

Em seguida, encostou a mão nos ombros de Mamie, que parecia mais furiosa do que nunca. Sentia vontade de deixar que os dois resolvessem suas diferenças, mesmo que fosse a tapas, mas seu senso de dever a obrigava a intervir.

Sem cerimônia, empurrou a escritora sala adentro, e fechou as portas de vidro. No entanto, o búlgaro continuou a berrar por cima da grade, e ela não teve dúvidas: tornou a sair e fitou-o nos olhos, uma expressão fria no rosto.

- O senhor já conseguiu o que queria. Agora, faça o favor de não abusar mais da paciência dos outros.

Constrangido, o homem pareceu engolir uma imprecação antes de desaparecer do outro lado da alta divisória.

Satisfeita, Anahí entrou na sala a fim de consolar a Sra. Prenderghast, que tremia dos pés à cabeça, como se estivesse à beira de um ataque nervoso.

- Vou me queixar ao gerente agora mesmo! Esse homem foi longe demais. - dizia a velha chorosa.

- Não vale a pena. Acho que ele gosta de dormir à tarde e não conseguia pegar no sono com o barulho da máquina de escrever.

- Mas tenho de datilografar meu livro, ora essa! Não posso interromper meu trabalho cada vez que um maldito búlgaro resolver cochilar!

- Vou trazer sua máquina para dentro num instantinho. - prometeu Anahí, conduzindo-a ao armário de bebidas. - Se usar a mesa perto da janela, a senhora continuará a ver o mar enquanto escreve e não o incomodará... Aceita outro daiquiri?

- Sim. Droga de vizinhos...

Ignorando os protestos da escritora, Anahí pôs-se a preparar o aperitivo, colocando apenas algumas gotas de rum e 0 suco de lima, certa de que, àquela altura, a Sra. Prenderghast não notaria a diferença.

- Primeiro rouba nossa suíte, - continuou a velha, depois de provar um gole de bebida - agora tem a audácia de se queixar do barulho de minha máquina... Hum, tem rum em excesso neste daiquiri, Anahí. Mas pode deixar, que vou tomá-lo assim mesmo.

Reprimindo uma risada, Anahí colocou a máquina de escrever no lugar que sugerira, foi buscar o maço de manuscritos e fechou as portas que davam para o terraço.

- Pronto! Estava esfriando mesmo lá fora.

Amuada, a escritora sentou-se diante da máquina e dirigiu a Anahí um meio sorriso.

- Nunca conheci alguém tão capaz de apaziguar as coisas quanto você, querida. Obrigada...