Fanfic: O resgate (adaptada) Vondy | Tema: Vondy

Alexandra Uckermann não bateu. Em vez disso, abriu ligeiramente a porta. Notou que a luz do teto estava apagada. Uma pequena luminária brilhava de forma suave no canto do quarto quando Alexandra entrou em silêncio. Não sabia se a mulher estava dormindo, mas não queria acorda-la se estivesse. Quando começava a fechar a porta, Dulce virou a cabeça devagar e olhou para ela. 

Mesmo na penumbra, quando Alexandra viu Dulce deitada na cama, ficou paralisada. Foi uma das poucas vezes em sua vida em que não soube o que dizer.

Ela conhecia Dulce Savinon. 

Apesar da atadura na cabeça, dos machucados no rosto e tudo o mais, Alexandra logo reconheceu Dulce como a jovem que costumava usar os computadores da biblioteca. A que tinha um garotinho que gostava de livros sobre aviões...

Ah, não... O garotinho fofo...

Contudo, ao estreitar os olhos para enxergar a senhora ansua frente, Dulce não fez a ligação. Seus pensamentos ainda estavam confusos. Enfermeira? Não, nao usava  uniforme. Policial? Não, velha demais. Mas o rosto da mulher lhe parecia familiar...

- Eu a conheço? - perguntou, por fim, em voz baixa.

Alexandra se recompôs e andou na direção da cama. Ela falou suavemente. 

- Mais ou menos. Já a vi na biblioteca. Trabalha lá.

Dulce estava com os olhos apenas semiaberto. Biblioteca? O quarto começou a girar de novo.

- O que faz aqui? - perguntou. As palavras saíram arrastadas, com os sons misturados.

Pois e, o que?  Alexandra não pode evitar pensar.

Ela ajeitou com nervosismo a alça da bolsa.

- Soube que seu filho se perdeu. Meu filho e um dos homens que estão procurando por ele. 

Enquanto ela respondia, Dulce sentiu uma mistura de esperança e medo, e sua expressão pareceu clarear. Ela fez uma pergunta, mas dessa vez as palavras saíram mais lucidamente do que antes. 

- Soube de alguma coisa?

A pergunta foi súbita, ma Alexandra percebeu que deveria tela esperada. Por que mais teria ido vê-la?

Ela balançou a cabeça.

- Não, nada. Sinto muito.

Dulce apertou os labios, permanecendo em silêncio. Pareceu avaliar a resposta antes de virar a cabe para o outro lado. 

- Eu gostaria de ficar sozinha - disse.

Ainda sem saber o que fazer - Por que cargas-d`agua vim aqui? Ela nem me conhece -, Alexandra disse a única coisa que ela própria teria desejado ouvir, a única coisa em que pode pensar.

- Eles o encontrarão, Dulce.

No início Alexandra achou que a mulher não a ouvira, mas então viu seu queixo tremer e depois os olhos dela se encheram de lágrima. Mas ela permaneceu em  silêncio. Parecia estar contendo as emoções como se nao quisesse que ninguém a visse assim, e isso de algum modo piorava as coisas. Embora não soubesse qual será a reação se Dulce, Alexandra seguiu um impulso maternal e se aproximou, parando por um instante ao lado da cama antes de se sentar. Dulce não pareceu nota-la. Alexandra a observou, quieta. 

O que eu estava pensando? Que poderia ajudar? O que posso fazer? Talvez não devesse ter vindo... Ela não precisa de mim aqui. Se me pedir de novo para sair, eu saio...

Seus pensamentos foram interrompidos por uma voz baixa que Alexandra mal pode ouvir.

- Mas e se não encontrarem? 

Alexandra pegou a mão dela e a apertou. 

- Eles encontraram. 

Dulce deu um suspiro longo e entrecortado, como se tentasse tirar forças de alguma reserva oculta. Virou lentamente a cabeça e olhou para Christopher com os olhos vermelhos e inchados. 

- Nem sei se ainda estão procurando por ele...

De perto, Alexandra notou como Dulce era parecida com a mãe - ou melhor, com como a mãe fora. Elas poderiam passar por irmãs e Alexandra se perguntou por que não havia se dado conta disso na biblioteca. Mas esse pensamento foi logo posto de lado quando ela assimilou as palavras de Dulce. Alexandra fraziu a testa, imaginando se tinha ouvido direito. 

- Como? Quer dizer que ninguém a manteve informada do que está acontecendo lá?

Embora Dulce estivesse olhando para ela, parecia muito distante, perdida em uma espécie de torpor apático. 

- Não soube de nada desde que me puseram na ambulância. 

- Nada?! - exclamou Alexandra, chocada com o fato de não a terem mantido a par de tudo. 

Dulce balançou a cabeça.

Alexandra imediatamente olhou ao redor procurando o telefone e se levantou, mais confiante por descobrir que havia algo que ela podia fazer. Esse devia ter sido o motivo de ter sentido necessidade de vir. Não falar com a mãe? Absolutamente inaceitável. Nak do inaceitável, mas... Cruel. Foi sem querer, certamente, mas ainda assim cruel. 

Alexandra se sentiu na cadeira ao lado da pequena mesa no canto do quarto e pegou o fone. Depois de siscat, conseguiu falar com o departamento de polícia de Edenton. Dulce arregalou os olhos quando percebeu o que Alexandra estava fazendo.

- Aqui e Alexandra Uckermann e estou com Dulce Savinon no hospital. Estou ligando para saber o que está acontecendo lá... Não... Não... Sei que estão muito oculpados, mas preciso falar com Mike Harris... Bem, mande-o atender. Diga que e Alexandra quem está na linha. E importante.