Fanfic: Os instrumentos Mortais | Tema: Laliter
Segredos e mentiras
O príncipe das trevas montava seu cavalo arisco, com a capa negra voando atrás de si. Um aro dourado prendendo os cabelos morenos, o rosto belo e frio com a ira da batalha, e...
- E o braço dele parece uma berinjela – Mariana murmurou para si mesma, exasperada. O desenho não estava dando certo. Com um suspiro, ela arrancou mais uma folha do bloco, amassou e atirou contra a parede laranja do quarto. Ela desejou pela milésima vez ser um pouquinho mais como a mãe. Tudo que Gimena Fray desenhava, pintava ou esboçava era lindo, e parecia ter sido feito sem grandes esforços.
Mariana tirou os fones de ouvido, e esfregou as têmporas doloridas. Foi só então que percebeu que o som alto e agudo do toque do telefone estava ecoando no apartamento. Jogando o bloco de desenhos na cama, se levantou e correu para a sala, onde o telefone vermelho antiquado ficava sobre uma mesa próxima a porta da frente
- Quem fala é Mariana Fray? – a voz do outro lado da linha soava familiar, embora não fosse imediatamente identificável
Mariana enrolou o fio do telefone do dedo, de forma nervosa
- Siiiim?
- Olá, eu sou um dos encrenqueiros que carregava facas que você conheceu ontem a noite no Pandemônio. Acho que não causei uma boa primeira impressão e gostaria que você me desse uma chance de compensar por...
- NICOLAS – Mariana afastou o telefone da orelha enquanto ele começava a rir – Não tem a menor graça
- Claro que tem! Você só não esta captando o humor
- Idiota – Mariana suspirou, apoiando-se contra a parede – Você não estaria achando tão engraçado se estivesse aqui quando cheguei ontem a noite
- Porque não?
- Minha mãe. Ela não gostou nem um pouco do nosso atraso. Deu um ataque. Foi péssimo
- O que? Não foi nossa culpa termos enfrentado trânsito – protestou Nicolas. Ele era o caçula de três irmãos e tinha um senso consideravelmente aguçado de injustiça familiar
- Bem, ela não encara dessa forma. Eu a decepcionei, pisei na bola, fiz com que ela se preocupasse, blá-blá-blá. Eu sou a perdição da existência dela – disse Mariana, imitando as palavras exatas da mãe com uma pontinha de culpa
- Então, você está de castigo? – perguntou Nicolas, um pouco alto demais, Mariana podia ouvir um emaranhado de vozes atrás dele; pessoas falando de forma atropelada
-Ainda não sei – disse ela – Minha mãe saiu hoje de manhã com Nico, e eles ainda não voltaram. Mas onde você está? Na casa do Eric?
- Sim. Acabamos de terminar o ensaio – um prato bateu atrás de Nicolas. Mariana franziu o rosto – Eric vai fazer uma leitura de poesia no Java Jones hoje a noite – continuou Nicolas, falando de um café na esquina da casa de Mariana, onde as vezes havia música ao vivo - a banda toda vai assistir. Quer ir?
- Claro, vamos sim – Mariana pausou, puxando o fio do telefone ansiosamente – Espere. Não
- Silêncio gente, por favor? – gritou Nicolas, a fraqueza em sua voz fez com que Mariana suspeitasse de que ele estava segurando o telefone afastado da boca. Voltou um segundo depois, soando perturbado – Isso foi um sim ou um não?
- Não sei – Mariana mordeu o lábio – Minha mãe ainda está chateada comigo por causa de ontem. Não sei se quero irrita-la pedindo favores. Se eu arrumar problemas, não quero que seja por causa da porcaria da poesia do Eric
- Ah, vamos, não é tão ruim assim – disse Nicolas. Eric era vizinho de porta dele, se conheciam a bastante tempo. Não eram tão próximos como Mariana e Nicolas, mas haviam montado uma banda de rock no segundo ano – Além disso, não é um favor – acrescentou Nicolas – é uma noite de poesia na esquina da sua casa. Até parece que estou te convidando para uma orgia em Hoboken. Sua mãe pode ir junto se quiser
- Não sei. Se todos aparecerem aqui, ela vai ter um ataque
- Então vou sozinho. Posso te buscar, e nós vamos juntos até lá e encontraremos os outros. Sua mãe não vai se importar. Ela me ama
Mariana teve que rir
- Sinal de que ela tem um gosto questionável, se quer saber minha opinião
- Ninguém quer saber – Nicolas desligou, entre gritos dos companheiros de banda
Mariana desligou o telefone e olhou em volta da sala. Havia evidências das inclinações artísticas de sua mãe por todos os lados, desde as pilhas de almofadas de veludo feitas a mãe no sofá vermelho escuro, até as paredes preenchidas pelos quadros de Gimena, cuidadosamente emoldurados. Na lareira havia uma foto emoldurado do pai de Mariana. Um homem louro com olhar pensativo vestido em trajes militares, no canto dos olhos rugas características de risadas, ele tinha sido um soldado condecorado que servira no exterior. Gimena tinha algumas de suas medalhas guardadas em uma pequena caixa ao lado da cama. As vezes Gimena pegava a caixa, abria e segurava uma mexa de cabelo delicadamente antes de guarda-lo e de voltar a fechar a caixa.
A porta abriu com uma batida. Era Nico, com braços cheios do que pareciam pedaços quadrados de papelão. Quando os repousou, Mariana percebeu que eram caixas de papelão dobradas. Ele se ajeitou e virou para ela com um sorriso
- Oi, tio... oi, Nico – disse ele. Ele havia perdido para que ela parasse de chama-lo de tio Nico há mais ou menos um ano, alegando que o fazia sentir velho e também fazia com que se lembrasse da cabana do tio Tom – Cadê mamãe?
- Estacionando a caminhonete – ele disse, ajeitando-se com um resmungo – Refresque minha memória pelo qual este prédio não tem elevador de serviço...
- Porque é velho e tem personalidade – Mariana disse imediatamente. Nico sorriu – Para que são as caixas?
O sorriso desapareceu instantaneamente
- Sua mãe queria empacotar algumas coisas – disse ele, evitando o olhar de Mariana
- Que coisas? – ela perguntou
- Coisas extras que estão soltas pela casa. Atrapalhando. Você sabe que ela nunca joga nada fora. Então, o que você está fazendo? Estudando? – Ele tirou o livro da mão dela e começou a ler em voz alta – O mundo ainda está cheio daqueles seres heterogêneos descartados por uma filosofia mais sóbria. Fadas e duendes, espíritos e demônios ainda andam por ai... – ele abaixou o livro e olhou por cima dos óculos para ela –Isso é para escola?
- O ramo de ouro? Não. As aulas só começam daqui a algumas semanas – Mariana pegou o livro de volta – É da minha mãe
- Já imaginava
Ela colocou de volta na mesa
- Nico?
- Hã? – com o livro já esquecido, ele estava mexendo na caixa de ferramentas ao lado do aquecedor – Ah, aqui está – ele pegou uma pistola de plástico laranja e olhou para ela com grande satisfação
- O que você faria se visse alguma coisa que mais ninguém pudesse ver?
Autor(a): marwb
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A pistola caiu da mão de Nico, no aquecedor. Ele se ajoelhou para pegá-la, sem olhar para Mariana - Como se eu fosse a única testemunha de um crime, é desse tipo de coisa que está falando? - Não. Quero dizer se houvesse outras pessoas por ai, mas você fosse o único que conseguisse enxergar alguma coisa. Como se fossem ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 6
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viadinhadopeter Postado em 06/09/2015 - 02:52:46
Aii meu deus! Eu to amando muito isso, é sério. TA simplesmente perfeita. Continua logo, pleasee.
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viadinhadopeter Postado em 29/08/2015 - 01:55:28
Cara, sinceramente, você não tem noção do quanto eu estou amando suas fanfics. Tanto essa, quanto a outra "Caminhos Cruzados". É sério! Você trouxe algo fantástico que eu amo em fanfics e eu nunca vi em fanfics laliters que é suspence. Algo surreal, sabe? Vampiros, monstros, poderes e tals. Isso é perfeito. Suas fanfics são perfeitas, vc é perfeita kkkkk não sei descrever o quanto estou amando essa fanfic. Pode contar com meus comentários sempre nas duas fanfics que eu citei. Porque estou amando. Pfvr posta logoo, please. Kkkkk
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lalites Postado em 03/08/2015 - 20:31:36
Mais ,=D
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lalites Postado em 28/07/2015 - 12:51:57
Posta mais
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thali47 Postado em 27/07/2015 - 14:46:44
n acredito que voce parou bem ai, continua logo porfaa
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thali47 Postado em 26/07/2015 - 00:23:01
começa logo que eu estou curiosa aqui