Fanfics Brasil - 10 A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada))

Fanfic: A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada)) | Tema: Vondy


Capítulo: 10

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Ela o observa abrindo caminho pelo meio da multidão com o telefone na orelha. Postura curvada, cabeça abaixada, ombros caídos, nuca inclinada; parece um tanto diferente do Christopher que estava conversando com ela agora há pouco. Quem será que está do outro lado da linha? Pode ser uma namorada, alguma aluna linda e brilhante de Yale que usa óculos modernos e casaco grosso de lã, e que nunca seria tão desorganizada a ponto de perder um voo por quatro minutos.


Dulce se surpreende ao perceber a rapidez com que rejeita essa ideia.


Olha para o próprio celular e acha melhor ligar para a mãe e avisar sobre a troca de voos. Contudo, sente-se enjoada ao lembrar-se da despedida mais cedo, o caminho até o aeroporto em total silêncio e o discurso imperdoável de Dulce na saída. Sabe que tem certa tendência a falar sem pensar — o pai sempre brincava dizendo que nasceu sem filtro —, mas como esperar que fosse completamente racional neste dia, temido há meses?


Acordou de manhã sentindo-se muito tensa; seu pescoço e ombros doíam e a cabeça latejava um pouco. Não era apenas o casamento ou o fato de ser obrigada a conhecer Charlotte, a noiva que ela estava tentando fingir que nem existia; é que este fim de semana fatal marcaria o fim oficial de sua família.


Dulce sabe que não está num filme da Disney. Seus pais não vão ficar juntos de novo. A verdade é que ela nem quer que isso aconteça. O pai está obviamente feliz, e a mãe também parece estar melhor, namorando o dentista Harrison Doyle há mais de um ano. Mesmo assim, o casamento coloca um ponto-final numa frase que nem devia ter terminado, e Dulce não sabe se consegue aguentar isso.


No final das contas, não lhe deram outra opção.


— Ele continua sendo seu pai. — Era o que a mãe dizia. — É óbvio que ele não é perfeito, mas é importante que você esteja lá. É só um dia. Ele não está pedindo tanto assim.


Para Dulce, parecia muito, parecia que ele estava pedindo várias coisas: perdão, que passassem mais tempo juntos, uma chance para Charlotte. Ele pedia, pedia, pedia e nunca dava nada. Ela queria sacudir a mãe para ver se ela se tocava. Ele havia acabado com a confiança delas, partira o coração da mãe, destruíra sua família. E agora ia se casar com uma mulher qualquer, como se nada disso tivesse importância. Como se fosse mais fácil começar tudo de novo do que consertar o que havia sido estragado.


A mãe sempre insistia em dizer que os três estavam melhor assim.


— Sei que é difícil acreditar — dizia com uma lucidez enlouquecedora —, mas foi melhor assim. Foi mesmo. Um dia você vai entender.


Dulce, porém, tinha certeza de que já entendia e achava que era a mãe quem ainda não havia entendido tudo. Leva certo tempo entre a ferroada, a dor e a consciência do que aconteceu. Naquelas primeiras semanas depois do Natal, ficou acordada durante a noite ouvindo o som da mãe choramingando; por alguns dias, a mãe se recusou a falar com o pai. Depois, só falava nele. Ficava nesse vai e vem até que, certo dia, umas seis semanas depois, ela voltou a si, repentinamente e sem alarde, irradiando uma aceitação branda que ainda era um mistério para Dulce.


Mas as cicatrizes existiam. Harrison já a pedira em casamento três vezes, cada uma de forma mais criativa — um piquenique romântico, um anel dentro da taça de champanhe e, finalmente, um quarteto de cordas no parque —, mas ela tinha dito não, não e não. Dulce sabia que era porque a mãe ainda não havia se recuperado do que tinha acontecido entra ela e o pai. Não tem como passar por um choque daqueles sem ficar com marcas.


Sendo assim, estando a poucas horas de se deparar com a fonte de todos os problemas, Dulce acordou de mau humor. Se tudo tivesse corrido bem, esse mau humor poderia ter virado alguns comentários sarcásticos e poucas reclamações no caminho até o aeroporto. No entanto, teve a mensagem de Charlotte para começar. Era um lembrete da hora em que devia estar no hotel para se arrumar. O som do sotaque britânico deixou Dulce no limite, o que indicava que o resto do dia estava arruinado.


Depois, é claro, a mala não queria fechar, e a mãe não aprovou o par de brincos que ela queria usar na cerimônia e perguntou 85 vezes se estava com o passaporte. A torrada ficou queimada e caiu geleia no casaco de moletom de Dulce. Quando dirigiu até a farmácia para comprar uma embalagem pequena de xampu, começou a chover e um dos para-brisas escangalhou. Teve que esperar por 45 minutos num posto de gasolina atrás de um cara que não sabia nem checar o óleo do carro. Então, quando entrou em casa e jogou as chaves do carro sobre a mesa da cozinha, não estava com vontade de responder pela octogésima sexta vez se estava com o passaporte.


Sim, mãe — retrucou —, estou com o passaporte.


— Só estou perguntando — disse a mãe, erguendo as sobrancelhas inocentemente. Dulce olhou para ela revoltada.


— Vai querer me levar até dentro do avião também?


— Como assim?


— Ou talvez até Londres para ter certeza de que fui?


— Dulce — respondeu a mãe em tom de aviso.


— Por que eu sou a única que precisa ver meu pai se casando com aquela mulher? Não entendo por que tenho que ir, ainda mais sozinha.


A mãe tocou os lábios e fez uma expressão inconfundível de frustração, mas, naquele momento, já não estava ligando.


Foram para o aeroporto em silêncio profundo, por causa das brigas que já se estendiam por semanas. Quando estacionaram na área de embarque, o corpo todo de Dulce parecia estar tinindo com uma energia nervosa.


A mãe desligou o motor, mas nenhuma das duas saiu do carro.


— Vai dar tudo certo — disse com voz calma. — Tudo.



Dulce se virou para ela.




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Autor(a): juh_uckermann_Collins

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— Ele vai se casar, mãe. Como é que isso pode dar certo? — Eu só acho que é importante que você esteja lá... — Eu sei — respondeu Dulce, cortando a mãe —, você já falou isso. — Vai dar tudo certo — repetiu. Dulce pegou o casaco e tirou o cinto de segurança. &mda ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 46



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  • jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:32:37

    Amei :')

  • Furacao Maite Postado em 12/09/2015 - 00:49:12

    Desculpa o sumiço!!!!! aaah que lindo! Amei tudo!!! É uma pena que acabou! Todas as fics que eu gostava estão acabando! muito triste isso! Mas eu amei!!!

  • candy_vondy Postado em 10/09/2015 - 22:39:40

    Eu tbm te amo!!!!*_*..Olha,essa fic foi uma das melhores q eu já li de vdd..Vou te confessar uma coisa:Eu n gostava de ler fics adaptadas,mas dps de ler essa eu passei a ler..Eu me encantei com essa web desde o primeiro capítulo até o último <3 Ah!Parabéns! Vc escreveu os capítulos extras muito bem.. Adorei o final..quando eu puder eu passo na sua nova fic,por enquanto eu n posso pq estou estudando pra uma prova q eu vou ter e esses dias estou cheia de para casa pra fazer e sou estou entrando aqui no site para ler as minhas fics favoritadas..Bom, hj n precisa escrever continua neh??Então até mais!!Bjs!!Te amoooooooo

  • candy_vondy Postado em 04/09/2015 - 23:22:54

    Onde vc estava??Vc sumiu em??Ainda bem q n era um sonho!!Continuaaa

  • candy_vondy Postado em 31/08/2015 - 22:18:06

    Tomara q n seja um sonho..por favor q n seja!!!Quando eu puder eu passo na sua fic nova..continuaaa

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 15:03:38

    *-*

  • jucinairaespozani Postado em 31/08/2015 - 14:58:17

    Continua, amei a fic

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 00:11:27

    tambem espero que não seja um sonho!! espero que ele esteja realmente lá hahahaha

  • candy_vondy Postado em 29/08/2015 - 02:22:43

    Me fala q a Dulce n ta sonhando.. Por favor!!Pq se n eu vou ficar com raiva do Christopher por n ter ido no aeroporto... Continuaa

  • candy_vondy Postado em 27/08/2015 - 22:37:38

    Vc escreve super bem,parabéns!! Eu to amando cada vez mais esse final alternativo!!! Vc é d+..Continuaaaaa


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