Fanfics Brasil - 16 A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada))

Fanfic: A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada)) | Tema: Vondy


Capítulo: 16

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— Não teve um cara que ajudou você a carregar a mala antes de embarcar?


— É mesmo — responde Dulce, batendo o indicador no queixo. — Aquele cara. Ele era ótimo. Aonde será que foi?


— É isso mesmo que vou pesquisar durante o verão — diz ele com um sorriso.


— O quê?


— Dupla personalidade em homens com 18.


— Claro — diz ela. — A única coisa mais assustadora que maionese.


Surpreendentemente, um mosquito começa a voar perto de sua orelha, e ela tenta espantá-lo, sem sucesso. O mosquito logo volta, fazendo giros ao redor deles como um skatista persistente.


— Será que ele comprou passagem? — pergunta Christopher.


— Deve ser um passageiro clandestino.


— Coitado desse rapaz, vai acabar em outro país.


— É, onde as pessoas falam de um jeito estranho.


Christopher balança a mão para espantar o mosquito.


— Você acha que ele acredita que está voando rápido? — pergunta Dulce. — Igual quando andamos naquelas esteiras. Ele deve estar amando isso aqui.


— Você nunca teve aula de física? — pergunta Christopher, revirando os olhos. — É a relatividade. Ele está voando em relação ao avião e não em relação ao solo.


— Valeu, espertalhão.


— Deve estar sendo a mesma coisa de sempre na vida de mosquito dele.


— Exceto por estar indo para Londres.


— Isso — diz Christopher com o rosto franzido. — Exceto por isso.


Uma das comissárias de bordo aparece no corredor escurecido com vários fones de ouvido pendurados em seus braços, como cadarços. Ela se inclina sobre a senhora no assento da ponta e sussurra de maneira exagerada.


— Vocês querem um fone? — pergunta. Ambos balançam a cabeça.


— Para mim, não — diz Christopher.


Quando a comissária vai para a outra fileira, ele pega seus próprios fones de ouvido no bolso e os desconecta do iPod. Dulce mexe na mochila para tentar achar o seu.


— Não quero perder os patinhos — brinca, mas ele não está ouvindo nada. Fica olhando com interesse para a pilha de livros e revistas que ela tirou da mochila e colocou no colo para achar o fone.


— Então você realmente lê coisas decentes — diz ele, pegando a edição antiga de Nosso amigo comum. Ele folheia o livro com cuidado, quase com reverência. — Amo Dickens.


— Eu também — concorda Dulce —, mas não li esse.


— Devia — sugere Christopher —, é um dos melhores.


— Já me disseram.


Alguém já leu esta edição. Olha as páginas dobradas.


— É do meu pai — diz Dulce com rosto franzido. — Ele me deu o livro.


Christopher dá uma olhada nela, fecha o livro e o coloca sobre o colo.


— E?


— Vou devolver o livro em Londres.


— Sem ter lido?


— Sem ter lido.


— Então a situação deve ser mais complicada que parece.


Dulce concorda.


— E é mesmo.


Ela ganhou o livro durante a viagem em que foram esquiar, na última vez em que se viram. Na volta, estavam esperando na fila para passar pela segurança, quando ele abriu a bolsa e pegou o livrão preto de páginas amassadas e amarelas. As pontas viradas pareciam peças de um quebra-cabeça.


— Acho que você vai gostar deste — disse com um sorriso desesperado.


Desde que Dulce ouviu a conversa do pai com Charlotte no telefone, desde que finalmente entendeu o que estava acontecendo, mal conseguia falar com ele. Só conseguia pensar em ir logo para casa, onde poderia se encolher no sofá com a cabeça no colo da mãe e deixar rolar todas as lágrimas que estava segurando; tudo o que queria era chorar, chorar e chorar, até não poder mais.


E lá estava o pai com a barba esquisita, o casaco novo de tweed e o coração em algum lugar do outro lado do oceano. A mão tremia sob o peso do livro que estava lhe oferecendo.


— Não se preocupe — disse com um sorriso sem graça —, não é poesia.


Dulce pegou o livro e olhou a capa. Não havia ilustração, apenas as palavras gravadas no fundo preto: Nosso amigo comum.


— As coisas têm sido meio difíceis — disse com voz emocionada —, não recomendo livros para você o tempo todo, mas tem uns que são muito importantes e não podem se perder nisso tudo. — Moveu uma das mãos entre os dois como se quisesse definir o que isso tudo significava.


— Obrigada — disse Dulce, abraçando o livro para não ter que abraçar o pai.


Só restou aquilo — os encontros estranhos e com hora marcada, e um silêncio terrível. Dulce não aguentava, e a injustiça dessa situação estava crescendo dentro dela. Era tudo culpa dele, e ainda assim o ódio que sentia era a pior forma possível de amor, era uma saudade que torturava, um sonho que fazia o coração doer dentro do peito. Não tinha como ignorar a sensação de que se tornaram duas peças de quebra-cabeças diferentes e nada no mundo podia fazê-los se encaixar novamente.


— Venha me visitar logo, está bem? — disse ele, antes de abraçá-la.


Ela fez que sim com a cabeça, antes de se afastar, mas sabia que isso não ia acontecer. Não queria visitá-lo, e, mesmo se fizesse o que os pais queriam, a matemática da coisa era impossível. Como ia lidar com isso, ia passar o Natal na Inglaterra e a Páscoa com a mãe? Ver o pai feriado sim, feriado não, e passarem juntos uma semana durante o verão, o suficiente para coletar fragmentos da nova vida dele, como pedacinhos de um mundo do qual não fazia parte? E, ao mesmo tempo, ainda teria que perder momentos da vida da mãe — sua mãe, que não fez nada para merecer passar um Natal sozinha.


Na percepção de Dulce, essa não era uma boa maneira de se viver. Talvez se tivesse mais tempo, ou se ele fosse mais flexível; se conseguisse estar em dois lugares ao mesmo tempo e viver vidas paralelas, ou, mais simples que isso, se o pai voltasse logo para casa. Para Dulce, não havia meio-termo: era tudo ou nada, sem lógica, sem pensar, mesmo que no fundo soubesse que não seria tão difícil, apesar de tudo ser impossível.


Depois que voltou da viagem em que foram esquiar, colocou o livro na prateleira do quarto. Pouco tempo depois, acabou escondendo-o atrás de outros na quina da mesa; mais tarde, deixou-o perto da sacada da janela. Aquele peso ficava vagando pelo quarto como uma pedra, até que, finalmente, foi parar no chão do armário, onde ficou até esta manhã. Agora está na mão de Christopher, que folheia as páginas que não foram tocadas há meses.


— É o casamento dele — diz Dulce baixinho. — Do meu pai.


Christopher assente.


— Ah.


— Pois é.


— Então, não deve ser o presente de casamento.


— Não — responde ela. — Eu diria que é mais como um gesto. Ou talvez um protesto.


— Um protesto dickensiano — diz ele. — Interessante.


— Tipo isso.


Ele ainda está olhando as páginas, fazendo pausas de vez em quando para ler algumas linhas.


— Acho que você devia pensar melhor.


— Posso pegar de novo na biblioteca.



— Não foi isso que quis dizer.




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Autor(a): juh_uckermann_Collins

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— Eu sei — responde e olha para o livro de novo. Ela vê alguma coisa nas páginas e segura o pulso dele sem nem pensar. — Peraí. Ele levanta as mãos, e Dulce tira o livro do colo dele. — Acho que vi alguma coisa — diz, passando algumas páginas para trás, com olhos atentos. Ela não consegue respir ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 46



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  • jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:32:37

    Amei :')

  • Furacao Maite Postado em 12/09/2015 - 00:49:12

    Desculpa o sumiço!!!!! aaah que lindo! Amei tudo!!! É uma pena que acabou! Todas as fics que eu gostava estão acabando! muito triste isso! Mas eu amei!!!

  • candy_vondy Postado em 10/09/2015 - 22:39:40

    Eu tbm te amo!!!!*_*..Olha,essa fic foi uma das melhores q eu já li de vdd..Vou te confessar uma coisa:Eu n gostava de ler fics adaptadas,mas dps de ler essa eu passei a ler..Eu me encantei com essa web desde o primeiro capítulo até o último <3 Ah!Parabéns! Vc escreveu os capítulos extras muito bem.. Adorei o final..quando eu puder eu passo na sua nova fic,por enquanto eu n posso pq estou estudando pra uma prova q eu vou ter e esses dias estou cheia de para casa pra fazer e sou estou entrando aqui no site para ler as minhas fics favoritadas..Bom, hj n precisa escrever continua neh??Então até mais!!Bjs!!Te amoooooooo

  • candy_vondy Postado em 04/09/2015 - 23:22:54

    Onde vc estava??Vc sumiu em??Ainda bem q n era um sonho!!Continuaaa

  • candy_vondy Postado em 31/08/2015 - 22:18:06

    Tomara q n seja um sonho..por favor q n seja!!!Quando eu puder eu passo na sua fic nova..continuaaa

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 15:03:38

    *-*

  • jucinairaespozani Postado em 31/08/2015 - 14:58:17

    Continua, amei a fic

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 00:11:27

    tambem espero que não seja um sonho!! espero que ele esteja realmente lá hahahaha

  • candy_vondy Postado em 29/08/2015 - 02:22:43

    Me fala q a Dulce n ta sonhando.. Por favor!!Pq se n eu vou ficar com raiva do Christopher por n ter ido no aeroporto... Continuaa

  • candy_vondy Postado em 27/08/2015 - 22:37:38

    Vc escreve super bem,parabéns!! Eu to amando cada vez mais esse final alternativo!!! Vc é d+..Continuaaaaa


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