Fanfics Brasil - 18 A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada))

Fanfic: A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada)) | Tema: Vondy


Capítulo: 18

18 visualizações Denunciar


Dulce se inclina para a frente e ele se estica para trás, como se estivessem unidos por uma força invisível. O casamento do pai não era um assunto agradável, mas ela falou sobre ele assim mesmo, não falou?


— Então, você vai se encontrar com seus pais?


Ele faz que sim com a cabeça.


— Que bom — diz ela. — Vocês têm uma boa relação?


Ele abre a boca e a fecha logo em seguida, quando vê o carrinho de bebidas se aproximando. As garrafas fazem barulho ao se chocarem. A comissária pisa no freio assim que passa por eles e se vira novamente para começar a atender aos pedidos.


A cena é tão rápida que Dulce quase não acompanha: Christopher pega uma moeda no bolso da calça jeans e a joga no corredor com um movimento rápido do pulso. Ele se abaixa na frente da senhora, que ainda dorme, pega a moeda com a mão esquerda e duas garrafinhas de Jack Daniel’s com a direita. Coloca as garrafas no bolso junto com a moeda, segundos antes de a comissária perguntar o que vão beber.


— Querem alguma coisa? — pergunta, olhando para o rosto surpreso de Dulce, as bochechas rosadas de Christopher e a senhora roncando com vigor no assento da ponta.


— Não, obrigada — responde Dulce.


— Também não quero nada — diz Christopher. — Saúde, mesmo assim.


Quando a comissária se distancia, levando o carrinho, Dulce olha para ele, boquiaberta. Ele pega as garrafas e dá uma para ela, depois, abre a sua e encolhe os ombros.


— Foi mal — diz —, mas achei que se vamos conversar sobre família, um pouco de uísque cairia bem.


Dulce fica olhando para a garrafa em suas mãos.


— Você vai beber isso tudo?


Christopher sorri.


— Será que a minha pena vai ser de dez anos de trabalhos forçados?


— Pensei em alguma coisa do tipo lavar pratos num restaurante — brinca e devolve a garrafa para ele —, ou talvez carregar malas.


— Acho que você vai me fazer carregar malas de qualquer maneira — responde. — Não se preocupe, vou deixar uma gorjeta quando for embora. Só não queria criar confusão, apesar de eu ter 18 anos e de estar mais próximo de Londres que de Nova York agora. Você gosta de uísque?


Dulce nega com a cabeça.


— Já provou?


— Não.


— Por que não prova? — pergunta, oferecendo a garrafa de novo. — Só um gole.


Ela abre a garrafa, aproximando-a da boca, e faz uma careta quando sente o cheiro da bebida, um cheiro ruim, acentuado e muito forte. O líquido queima sua garganta, e ela tosse. Seus olhos se enchem de lágrimas. Fecha a garrafinha e a devolve para ele.


— Isso queima — diz com o rosto franzido. — Que horror.


Christopher dá uma risada e bebe tudo até o final.


— Tudo bem, agora você já bebeu o uísque — diz. — Isso quer dizer que vamos conversar sobre sua família?


— Por que você está tão interessada?


— Por que não estaria?


Ele respira fundo, quase resmungando.


— Vejamos — diz, depois de certo tempo. — Tenho três irmãos mais velhos...


— Eles ainda moram na Inglaterra?


— Moram. Três irmãos mais velhos que ainda moram na Inglaterra — responde, abrindo a outra garrafa de uísque. — Que mais? Meu pai não ficou muito feliz quando escolhi Yale em vez de Oxford, mas minha mãe ficou contente porque também estudou nos Estados Unidos.


— Foi por isso que ele não veio com você no começo do semestre?


Christopher dá uma olhada com cara de quem preferia estar em outro lugar e termina a garrafa de uísque.


— Você faz muitas perguntas.


— Contei para você que meu pai nos deixou por causa de outra mulher e que não o via há mais de um ano — responde ela. — Faça-me o favor. Com certeza seu drama familiar não é pior que esse.


— Você não me falou isso — diz ele. — Não me disse que não via seu pai há tanto tempo. Achei só que não tivesse conhecido a namorada dele.


É Dulce quem fica sem graça agora.


— Nós nos falamos por telefone — diz —, mas ainda estou com muita raiva para querer vê-lo.


— Ele sabe disso?


— Que estou com raiva?


Christopher concorda.


— Claro — diz e inclina a cabeça na direção dele —, mas não estamos mais falando sobre mim, lembra?


— Eu só acho que é interessante — comenta — que você fale sobre isso tão abertamente. Todo mundo tem problemas na minha família, mas ninguém nunca fala nada.


— Talvez vocês se sentissem melhor se falassem.


— Talvez.


Dulce se dá conta de que estão sussurrando e bem próximos, envolvidos pelas sombras da luz de leitura do passageiro da frente. Sente-se quase como se estivessem sozinhos num banco de parque ou num restaurante lá embaixo, com os pés fincados em terra firme. Ela está tão perto que vê que ele tem uma cicatriz acima do olho, um pouco de barba no queixo e cílios muito compridos. Sem nem pensar, acaba se afastando. Christopher se espanta com o movimento brusco.


— Desculpe — diz, encostando-se no assento e tirando a mão de cima do apoio de braços. — Esqueci que você é claustrofóbica. Você deve estar morrendo.


— Não — responde, balançando a cabeça. — Na verdade, não estou sentindo nada.


Ele aponta o queixo para a janela, que ainda está fechada.


— Ainda acho que ajudaria se você pudesse ver o lado de fora. Até eu me sinto apertado aqui sem uma janela.


— É truque do meu pai — conta Dulce. — Na primeira vez que tive uma crise, ele me falou para imaginar o céu. Mas isso só ajuda quando o céu está acima de mim.


— Claro — concorda Christopher —, faz sentido.


Ficam em silêncio, olhando para as mãos enquanto um estado de calmaria se instala.


— Eu tinha medo do escuro — disse Christopher, depois de certo tempo —, e não foi só quando era pequeno. Foi até uns 11 anos.


Dulce olha para ele e não sabe o que dizer. Parece mais novo agora, o rosto com traços mais suaves, olhos mais abertos. Sente vontade de dar a mão para ele, mas se controla.


— Meus irmãos me enchiam o saco o tempo todo, desligavam a luz sempre que eu chegava e ficavam fazendo barulhos. Meu pai odiava o meu medo e não tinha nem um pingo de compaixão. Eu me lembro que ia até o quarto deles no meio da noite, e ele me mandava parar de agir feito uma menininha. Ou então contava uma história sobre monstros no armário, só para botar pilha. A única coisa que falava para me ajudar era “Vai passar”. Legal, né?


— Nem sempre os pais acertam — diz Dulce. — Às vezes, eles demoram um pouco para perceber isso.


— Mas aí teve uma noite — continua ele —, em que acordei e ele estava colocando uma luz noturna ao lado da minha cama. Tenho certeza que ele achou que eu estava dormindo, mas não falei nada, fiquei só vendo ele colocar a luz na tomada e ligar o botão.


Dulce sorri.


— Então ele se redimiu.


— Do jeito dele, acho — diz Christopher —, mas ele deve ter comprado a luz naquele mesmo dia, certo? Ele podia ter dado para mim quando voltou da loja, ou ligado antes de eu dormir. Preferiu fazer isso sem que ninguém visse. — Christopher olha para Dulce, e ela fica surpresa com sua expressão de tristeza. — Por que estou contando isso?



— Porque perguntei — responde Dulce.




Compartilhe este capítulo:

Autor(a): juh_uckermann_Collins

Este autor(a) escreve mais 7 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Ele respira fundo e ela vê que suas bochechas estão vermelhas. O assento da frente se mexe, o homem ajeita um travesseiro em volta do pescoço. Tudo está quieto no avião, a não ser pelo barulho do ar-condicionado, de páginas sendo viradas e o ocasional movimento dos passageiros tentando ficar mais confortáveis nas ú ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 46



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:32:37

    Amei :')

  • Furacao Maite Postado em 12/09/2015 - 00:49:12

    Desculpa o sumiço!!!!! aaah que lindo! Amei tudo!!! É uma pena que acabou! Todas as fics que eu gostava estão acabando! muito triste isso! Mas eu amei!!!

  • candy_vondy Postado em 10/09/2015 - 22:39:40

    Eu tbm te amo!!!!*_*..Olha,essa fic foi uma das melhores q eu já li de vdd..Vou te confessar uma coisa:Eu n gostava de ler fics adaptadas,mas dps de ler essa eu passei a ler..Eu me encantei com essa web desde o primeiro capítulo até o último <3 Ah!Parabéns! Vc escreveu os capítulos extras muito bem.. Adorei o final..quando eu puder eu passo na sua nova fic,por enquanto eu n posso pq estou estudando pra uma prova q eu vou ter e esses dias estou cheia de para casa pra fazer e sou estou entrando aqui no site para ler as minhas fics favoritadas..Bom, hj n precisa escrever continua neh??Então até mais!!Bjs!!Te amoooooooo

  • candy_vondy Postado em 04/09/2015 - 23:22:54

    Onde vc estava??Vc sumiu em??Ainda bem q n era um sonho!!Continuaaa

  • candy_vondy Postado em 31/08/2015 - 22:18:06

    Tomara q n seja um sonho..por favor q n seja!!!Quando eu puder eu passo na sua fic nova..continuaaa

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 15:03:38

    *-*

  • jucinairaespozani Postado em 31/08/2015 - 14:58:17

    Continua, amei a fic

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 00:11:27

    tambem espero que não seja um sonho!! espero que ele esteja realmente lá hahahaha

  • candy_vondy Postado em 29/08/2015 - 02:22:43

    Me fala q a Dulce n ta sonhando.. Por favor!!Pq se n eu vou ficar com raiva do Christopher por n ter ido no aeroporto... Continuaa

  • candy_vondy Postado em 27/08/2015 - 22:37:38

    Vc escreve super bem,parabéns!! Eu to amando cada vez mais esse final alternativo!!! Vc é d+..Continuaaaaa


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais