Fanfics Brasil - 25 A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada))

Fanfic: A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada)) | Tema: Vondy


Capítulo: 25

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— Acho que meia hora.


— Meu Deus — diz o pai. — Charlotte vai ter um infarto.


— Pode começar sem mim.


— É um casamento, Dulce — diz ele —, não é como perder o trailer de um filme.


Ela sente vontade de corrigir o sotaque do pai.


— Faça o seguinte — instrui o pai —, diga ao motorista que vai dar mais vinte libras para ele se chegar em vinte minutos. Vou falar com o padre para atrasarmos um pouco, está bem?


— Tá bem — responde Dulce, olhando para o motorista.


— E não se preocupe, as amigas da Charlotte estão esperando — diz o pai.


Dulce capta o humor em sua voz, aquela vontade de rir por trás das palavras, que a faz se lembrar da infância.


— Esperando o quê?


— Você — responde, animado. — Até daqui a pouco.


O motorista fica satisfeito com o dinheiro a mais e, depois de barganhar, vira em ruas pequenas cheias de prédios coloridos, uma fileira de pubs, mercados e pequenas lojas. Dulce se pergunta se não é melhor começar a se arrumar no carro, mas seria muito difícil, então resolve ficar olhando para fora, roendo as unhas e tentando pensar em nada. Seria melhor estar com os olhos vendados, como um homem prestes a ser executado.


Ela olha para o celular em seu colo e o abre para tentar ligar para a mãe, mas a ligação cai direto na secretária. Fecha o celular de novo com o coração pesado. Calcula a hora rapidamente e percebe que ainda é cedo em Connecticut, e sua mãe — sendo uma verdadeira dorminhoca, que só se dá conta do mundo depois de um banho e uma quantidade absurda de café — provavelmente está dormindo. De alguma maneira, apesar da despedida conturbada, Dulce acredita que ouvir a voz da mãe é a única coisa que pode fazer com que se sinta melhor, e é tudo o que quer ouvir neste momento.


O motorista cumpre o prometido; exatamente às 11h46 eles param na igreja enorme com teto vermelho e torre alta, perdida no meio da neblina. A porta está aberta e dois homens de terno estão parados na entrada.


Mexe no bolo de notas coloridas que a mãe havia trocado para ela e dá uma boa quantidade pela corrida desde o aeroporto, mais as vinte libras extras, e fica apenas com dez libras na mão. Depois de sair na chuva para pegar sua mala no porta-malas, o motorista vai embora e ela fica parada, olhando para a igreja.


Escuta o som do órgão lá dentro. Os dois rapazes na porta pegam o programa da cerimônia e olham para ela sorrindo. Ela vê outra porta na parede de tijolos e vai até lá. Pior que entrar naquela igreja seria entrar antes do tempo, vestindo uma saia jeans amarrotada e carregando uma mala vermelha.


A porta leva a um pequeno jardim com uma estátua de pedra, ocupada por três pombos. Dulce arrasta a mala por um corredor até encontrar outra porta, que abre com o ombro. A música toma conta do jardim. Ela olha para a direita e para a esquerda antes de seguir até os fundos da igreja, onde encontra uma mulher baixa, usando um chapéu com penas.


— Com licença — diz, sussurrando. — Estou procurando... o noivo.


— Ah, você deve ser Dulce! — diz a mulher. — Que bom que chegou. Não se preocupe, querida, as meninas estão esperando lá embaixo.


O sotaque é muito pesado. Dulce desconfia que aquela seja a mãe da noiva, uma escocesa. Agora que seu pai e Charlotte vão se casar, será que ela deve tratar essa senhora — uma estranha — como um tipo de avó? Ela fica meio sem palavras, pensando nisso, e imagina que outros novos parentes vai ganhar assim que o evento do dia começar. Antes de conseguir falar alguma coisa, a mulher move as mãos.


— Melhor se apressar — diz ela, e Dulce finalmente consegue falar de novo. Agradece e vai correndo para as escadas.


Sua mala bate nos degraus, e ela escuta um burburinho. Quando abre a porta, encontra-se rodeada de pessoas.


— Ela chegou — avisa uma mulher, pondo um braço em volta de seus ombros, enquanto a leva para dentro do vestiário, que, na verdade, é a sala de aula da escola dominical.


Outra mulher pega sua mala, e uma terceira a conduz até uma cadeira na frente de um espelho encostado no quadro negro. As quatro mulheres já estão usando o vestido de madrinha, com cabelos presos, sobrancelhas feitas e maquiagem no rosto. Dulce tenta dar conta das apresentações, mas fica claro que há pouco tempo para enrolação; elas estão ali para cumprir uma tarefa.


— Achamos que você não ia chegar — diz Violet, uma das madrinhas, amiga de infância de Charlotte.


Ela mexe na cabeça de Dulce e pega um grampo da boca. Outra mulher, Jocelyn, pega um pincel de maquiagem e se inclina para começar o trabalho. No espelho, Dulce vê que as outras duas abriram sua mala e estão tentando alisar o vestido, que está amarrotado de forma irreversível.


— Não se preocupe, não se preocupe — diz Hillary, levando o vestido para o banheiro —, um pouco de marcas neste tecido cai bem.


— Como foi seu voo? — pergunta Violet, passando a escova pelo seu cabelo, que ainda está embaraçado por causa das horas no avião.


Antes que Dulce consiga responder, Violet faz um coque e puxa com tanta força que seus olhos Castanhos parecem pequenininhos agora.


— Tá muito apertado — diz ela, sentindo-se como a Branca de Neve sendo bajulada por criaturas da floresta.


No entanto, quando terminam, dez minutos depois, Dulce tem que admitir que conseguiram fazer um milagre. O vestido, mesmo que esteja um pouco amassado, parece melhor do que quando ela o experimentou em casa, graças aos cuidados da mãe na manhã anterior e aos alfinetes usados pelas outras madrinhas. As faixas estão no comprimento certo e a seda lavanda tem um caimento bonito, chegando até os joelhos. Os sapatos são da mãe: sandálias de tiras tão brilhosas quanto moedas. Dulce mexe os dedos pintados dos pés. Seu cabelo está preso num coque elegante, e, com a maquiagem, ela se sente outra pessoa.


— Você está parecendo uma bailarina — diz Whitney, batendo palmas, satisfeita, e Dulce sorri com timidez em meio a tantas fadas madrinhas. Até ela tem que admitir que é verdade.


— Melhor irmos logo — diz Violet, olhando para o relógio que marca 12h08. — Não queremos que Charlotte tenha um infarto no dia do casamento.


Elas riem e dão uma última olhada no espelho, então o grupo todo sai rapidamente pela porta, fazendo um barulho alto no chão da igreja com seus saltos.


Ela está congelada. Só agora se dá conta de que não vai conseguir ver o pai antes da cerimônia, e isso a deixa completamente insegura. As coisas estão acontecendo rápido demais, e ela alisa o vestido, morde a boca e tenta se acalmar, sem sucesso.


Ele vai se casar, pensa, refletindo sobre isso. Casar.


Já sabia disso há meses — que ele vai começar uma vida nova hoje com alguém que não é sua mãe —, mas até agora foram apenas palavras, noções vagas, uma ocasião futura que, talvez, não fosse acontecer, que fica rodeando você como um monstro numa história infantil, com pelos e dentes e garras, sem substância real.


Agora, no porão de uma igreja, com mãos trêmulas e o coração disparado, ela se dá conta do real significado deste dia, de tudo o que vai perder e ganhar com isso, de tudo o que já mudou. E alguma coisa dentro dela começa a doer.


Uma das madrinhas chama no final do corredor, onde os passos vão ficando cada vez mais distantes. Dulce respira fundo e tenta se lembrar do que Chritstopher falou para ela sobre coragem. Apesar de sentir o oposto neste momento, alguma coisa nessa lembrança a faz se sentir maior; ela se prende a essa ideia e vai atrás do grupo, olhos atentos sob a maquiagem.


Lá em cima, ela é levada para o saguão na frente da igreja e a apresentam para o irmão de Charlotte, Monty, que vai entrar com ela. Ele é esquelético e pálido como um fantasma, e um pouco mais velho que Charlotte; deve ter uns 40 anos. Ele dá a mão para ela, sua pele é fina e gelada, e assim que os cumprimentos acabam ele lhe oferece o cotovelo. Alguém dá um buquê rosa e lavanda para ela enquanto caminham para o final de uma fila, e, antes que ela tenha tempo de perceber o que está acontecendo, as portas se abrem e os olhos dos convidados recaem sobre eles.


Quando chega a hora de andarem, Monty a puxa de leve e Dulce dá passos curtos e inseguros no salto alto. O casamento é maior do que ela havia imaginado; durante meses, achou que seria uma igrejinha no campo com poucos amigos mais próximos, mas este evento é de gala, e há centenas de rostos desconhecidos, todos virados para ela.


Ela aperta o buquê com mais firmeza e levanta o queixo. Ao lado do noivo, estão algumas pessoas que ela reconhece: um amigo da escola do pai; uma prima de segundo grau que mora na Austrália; um tio que mandava os piores presentes de aniversário e que — sendo bem honesta — ela achava que já estivesse morto.


Enquanto caminham, Dulce faz um esforço para respirar normalmente. A música é alta e a iluminação da igreja a faz piscar. Não dá para saber se o calor é pela falta de ar-condicionado ou pelo pânico que ela está tentando controlar; aquela sensação familiar que sempre aparece quando tem muita gente num lugar muito pequeno.



Quando finalmente chegam perto do altar, ela se espanta ao ver o pai. A cena toda é meio ridícula: o pai, lá naquele altar, naquela igreja em Londres com cheiro de chuva e perfume, uma fila de mulheres com vestidos lilás, indo na direção dele com passos marcados. Alguma coisa não combina, a imagem dele é estranha, barba feita, olhos brilhando, flor lilás na lapela. A impressão de Dulce é que há vários outros lugares nos quais ele podia estar naquele momento, naquela tarde de verão. Devia estar na cozinha deles em casa, vestindo as calças do pijama — as que têm um buraco no calcanhar porque são muito longas. Ou dando uma olhada nas contas no escritório, bebendo chá na caneca com a inscrição TEM POESIA?, pensando em ir lá fora para cortar a grama. Na verdade, há um bom número de coisas que poderia estar fazendo neste momento, menos se casando.




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Autor(a): juh_uckermann_Collins

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 46



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  • jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:32:37

    Amei :')

  • Furacao Maite Postado em 12/09/2015 - 00:49:12

    Desculpa o sumiço!!!!! aaah que lindo! Amei tudo!!! É uma pena que acabou! Todas as fics que eu gostava estão acabando! muito triste isso! Mas eu amei!!!

  • candy_vondy Postado em 10/09/2015 - 22:39:40

    Eu tbm te amo!!!!*_*..Olha,essa fic foi uma das melhores q eu já li de vdd..Vou te confessar uma coisa:Eu n gostava de ler fics adaptadas,mas dps de ler essa eu passei a ler..Eu me encantei com essa web desde o primeiro capítulo até o último <3 Ah!Parabéns! Vc escreveu os capítulos extras muito bem.. Adorei o final..quando eu puder eu passo na sua nova fic,por enquanto eu n posso pq estou estudando pra uma prova q eu vou ter e esses dias estou cheia de para casa pra fazer e sou estou entrando aqui no site para ler as minhas fics favoritadas..Bom, hj n precisa escrever continua neh??Então até mais!!Bjs!!Te amoooooooo

  • candy_vondy Postado em 04/09/2015 - 23:22:54

    Onde vc estava??Vc sumiu em??Ainda bem q n era um sonho!!Continuaaa

  • candy_vondy Postado em 31/08/2015 - 22:18:06

    Tomara q n seja um sonho..por favor q n seja!!!Quando eu puder eu passo na sua fic nova..continuaaa

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 15:03:38

    *-*

  • jucinairaespozani Postado em 31/08/2015 - 14:58:17

    Continua, amei a fic

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 00:11:27

    tambem espero que não seja um sonho!! espero que ele esteja realmente lá hahahaha

  • candy_vondy Postado em 29/08/2015 - 02:22:43

    Me fala q a Dulce n ta sonhando.. Por favor!!Pq se n eu vou ficar com raiva do Christopher por n ter ido no aeroporto... Continuaa

  • candy_vondy Postado em 27/08/2015 - 22:37:38

    Vc escreve super bem,parabéns!! Eu to amando cada vez mais esse final alternativo!!! Vc é d+..Continuaaaaa


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