Fanfic: A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada)) | Tema: Vondy
10h13 Hora da Costa Leste - 15h13 Hora de Greenwich
— O que você está fazendo aqui? — pergunta Christopher olhando para ela como se não acreditasse que está lá.
— Eu não notei — responde com calma —, no avião...
Ele abaixa o olhar.
— Não percebi — repete ela. — Desculpa.
Ele faz que sim e olha para um banco afastado, cuja superfície áspera ainda está úmida por causa da chuva de antes. Os dois caminham até o banco com a cabeça baixa, e o som triste de um órgão toca no fundo na igreja. Quando ela está prestes a se sentar, Christopher pede que espere, tira o paletó e o coloca sobre o banco.
— Seu vestido — explica, e Dulce olha para si e estranha o tecido lilás como se nunca o tivesse visto antes.
Alguma coisa naquele gesto parte mais ainda seu coração — a ideia de que ele pensasse em alguma coisa tão trivial num momento desses. Será que não sabe que ela não está nem aí para o vestido? Que não se importaria de deitar na grama e dormir na terra por causa dele?
Incapaz de achar as palavras para recusar a delicadeza, ela se senta e passa os dedos nas dobras macias do paletó. Christopher fica em pé ao seu lado, enrola uma manga e depois a outra, com olhos fixos em alguma coisa do outro lado do jardim.
— Você tem que voltar? — pergunta Dulce.
Ele encolhe os ombros e se senta bem perto dela.
— Acho que sim — responde e apoia os cotovelos sobre os joelhos.
Ele não se mexe. Depois de certo tempo, Dulce se coloca na mesma posição, e os dois ficam olhando para os pés com uma concentração exagerada. Ela sente que deve uma explicação por ter aparecido lá, mas ele não pergunta nada, e eles ficam assim, envolvidos pelo silêncio.
Em Connecticut, tem um pequeno bebedouro para pássaros do lado de fora da janela da cozinha. Dulce sempre ficava olhando para ele enquanto lavava louça. Os visitantes mais frequentes eram dois pardais que viviam brigando, um ficava pulando nas beiradas e berrando, enquanto o outro se banhava, e vice-versa. De vez em quando, um bicava o outro e ambos batiam as asas e se afastavam, jogando água para todos os lados. No entanto, mesmo que ficassem brigando, chegavam juntos e saíam juntos.
Certa manhã, para surpresa de Dulce, apenas um apareceu. Pousou com leveza na borda de pedra do bebedouro e dançou pelo canto sem tocar na água, rodando a cabeça de um lado para o outro com um ar de espanto tão triste que ela se inclinou para a frente e olhou para o céu, mesmo sabendo que não veria nada ali.
Christopher parece esse pássaro agora, passando uma sensação de confusão sem rumo que o deixa com uma expressão muito mais perdida que triste. Dulce nunca esteve tão perto da morte. Os únicos três galhos que faltam em sua árvore familiar são avós que ela perdeu antes de nascer, ou então quando ainda era pequena demais para notar a ausência. Por algum motivo, sempre achou que esse tipo de tristeza era como nos filmes, com lágrimas e muito desespero. Ali no jardim, porém, não há cenas de revolta; ninguém está de joelhos, se lamentando; ninguém está blasfemando.
Em vez disso, Christopher parece enjoado. Seu rosto está meio cinza e a falta de cor fica ainda mais acentuada por causa da roupa escura. Ele olha para ela sem expressão. Seus olhos estão vermelhos, como se ele estivesse sentindo dor, mas não pudesse dizer em que parte do corpo. Ele respira fundo.
— Desculpe não ter falado — diz, depois de certo tempo.
— Não — fala Dulce, balançando a cabeça. — Eu que peço desculpas por ter achado que...
Ficam em silêncio novamente.
Depois de um minuto, Christopher suspira.
— Meio estranho, né?
— Qual parte?
— Sei lá — concorda ele com um leve sorriso. — Você no funeral do meu pai?
— Ah — concorda ela —, essa parte.
Ele se abaixa, pega algumas folhas de grama e começa a rasgá-las com os dedos.
— Sério. Esse negócio todo. Acho que os irlandeses fazem isso bem melhor, fazem logo uma festa. Melhor mesmo, porque isso aí — indica a igreja com o queixo — é uma loucura.
Ao seu lado, Dulce mexe na borda do vestido sem saber o que dizer.
— Não que tenha muito o que celebrar — diz com raiva, deixando os pedaços de grama voltarem ao chão —, ele era um imbecil. Não há motivos para esconder isso agora.
Ela fica surpresa, mas Christopher parece aliviado.
— Pensei nisso a manhã toda — confessa ele. — Nos últimos 18 anos, na verdade. — Ele olha para ela e sorri. — Você é meio perigosa, sabia?
Ela o encara.
— Eu?
— É — diz e se encosta no banco. — Sou honesto demais com você.
Um passarinho pousa no chafariz no meio do jardim. Eles ficam olhando o animal ciscar a pedra em vão. Não tem água, só uma camada grossa de terra. Depois de algum tempo, o pássaro vai embora e se transforma em nada mais que um ponto reluzente no ar.
— O que aconteceu com ele? — pergunta com calma, mas Christopher não responde; nem olha para ela.
Através da vegetação na cerca, ela vê as pessoas começando a ir para os carros, escuras como sombras. Lá no alto, o céu está sem graça e cinza de novo.
Algum tempo passa, e ele tosse.
— Como foi o casamento?
— O quê?
— O casamento. Como foi?
Ela encolhe os ombros.
— Tranquilo.
— Ah, por favor — diz ele com um olhar de súplica. Dulce suspira.
— A Charlotte é legal — confessa ela, dobrando os braços. — Legal até demais.
Christopher sorri. Está mais parecido com o Christopher do avião agora.
— E seu pai?
— Acho que está feliz — diz ela com a voz baixa. Não consegue mencionar o bebê, como se falar sobre ele pudesse fazê-lo se tornar realidade. Ela se lembra do livro e o pega na mochila. — Não o devolvi.
Ele olha para o lado e vê a capa.
— Li um pouco enquanto vinha para cá — diz ela. — Até que é bom.
Christopher pega o livro e passa as páginas, como fez no avião.
— Como você me achou?
— Tinha uma pessoa falando sobre um funeral em Paddington — diz ela e Christopher treme ao ouvir a palavra funeral. — E sei lá. Eu senti que era isso.
Ele faz que sim com a cabeça e fecha o livro com cuidado.
— Meu pai tinha a primeira edição deste livro — diz ele com a boca tensa. — Ficava numa prateleira lá no alto do escritório porque tinha muito valor.
Passa o livro de volta para Dulce, que o abraça e espera que Christopher continue contando.
— Sempre achei que o livro era valioso para ele por motivos errados — diz com voz mais branda. — Nunca o vi lendo nada, a não ser documentos legais. Mas, de vez em quando, no meio do nada, ele citava um trecho. — Ele dá uma risada sem graça. — Era tão falso. Como um açougueiro cantor. Um contabilista sapateador.
— Talvez ele não fosse o que você achava...
Christopher olha para ela com seriedade.
Até segunda gente..
Comentem ^-^
candy_vondy: ela encontrou e agora? funerais sao tensos.!
Autor(a): juh_uckermann_Collins
Este autor(a) escreve mais 7 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
— Não. — Não o quê? — Eu não quero falar sobre ele — diz com os olhos cheios de raiva. Passa a mão na testa e, depois, no cabelo. Uma brisa brinca com a grama aos pés deles e deixa o peso dos ombros mais leve. A música do órgão lá dentro da igreja para de repente, como se tivesse ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 46
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jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:32:37
Amei :')
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Furacao Maite Postado em 12/09/2015 - 00:49:12
Desculpa o sumiço!!!!! aaah que lindo! Amei tudo!!! É uma pena que acabou! Todas as fics que eu gostava estão acabando! muito triste isso! Mas eu amei!!!
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candy_vondy Postado em 10/09/2015 - 22:39:40
Eu tbm te amo!!!!*_*..Olha,essa fic foi uma das melhores q eu já li de vdd..Vou te confessar uma coisa:Eu n gostava de ler fics adaptadas,mas dps de ler essa eu passei a ler..Eu me encantei com essa web desde o primeiro capítulo até o último <3 Ah!Parabéns! Vc escreveu os capítulos extras muito bem.. Adorei o final..quando eu puder eu passo na sua nova fic,por enquanto eu n posso pq estou estudando pra uma prova q eu vou ter e esses dias estou cheia de para casa pra fazer e sou estou entrando aqui no site para ler as minhas fics favoritadas..Bom, hj n precisa escrever continua neh??Então até mais!!Bjs!!Te amoooooooo
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candy_vondy Postado em 04/09/2015 - 23:22:54
Onde vc estava??Vc sumiu em??Ainda bem q n era um sonho!!Continuaaa
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candy_vondy Postado em 31/08/2015 - 22:18:06
Tomara q n seja um sonho..por favor q n seja!!!Quando eu puder eu passo na sua fic nova..continuaaa
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Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 15:03:38
*-*
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jucinairaespozani Postado em 31/08/2015 - 14:58:17
Continua, amei a fic
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Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 00:11:27
tambem espero que não seja um sonho!! espero que ele esteja realmente lá hahahaha
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candy_vondy Postado em 29/08/2015 - 02:22:43
Me fala q a Dulce n ta sonhando.. Por favor!!Pq se n eu vou ficar com raiva do Christopher por n ter ido no aeroporto... Continuaa
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candy_vondy Postado em 27/08/2015 - 22:37:38
Vc escreve super bem,parabéns!! Eu to amando cada vez mais esse final alternativo!!! Vc é d+..Continuaaaaa