Fanfics Brasil - 35 A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada))

Fanfic: A Probabilidade estatística do Amor a Primeira Vista - Adaptada (Terminada)) | Tema: Vondy


Capítulo: 35

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Ela está chorando, encostada na porta. Quando sente a primeira lágrima caindo, pensa — que ridículo — em Violet. Mais uma coisa para ela se preocupar quando for arrumá-la.


— Filha — diz o pai ao lado de Dulce, pondo a mão forte sobre seu ombro.


— Desculpa — responde. — É que foi um dia muito longo.


— Foi mesmo — diz ele.


Dulce já sabe o que o pai vai dizer. Ela vê aquela luz familiar atrás de seus olhos.


— Foi mesmo — repete. — Então é hora de consultar o elefante.


 


11h47 Hora da Costa Leste - 16h47 Hora de Greenwich


Mesmo que o pai ainda morasse com ela em Connecticut, mesmo que ela ainda se sentasse com ele para tomar café, vestindo pijama, e desse boa-noite no corredor antes de ir dormir, mesmo assim esta cena devia acontecer com a participação da mãe. Sendo pai ausente ou não, consolar a filha que está aos prantos por causa de um garoto é território materno absoluto e irrefutável.


No entanto, está com o pai, a melhor e única opção no momento, contando toda a história como se fosse um segredo antigo. Ele está sentado numa cadeira virada ao contrário, e apoia os braços no encosto. Dulce agradece por ele não fazer aquela cara de professor — cabeça para o lado e olhos vazios, com uma expressão que denota um suposto interesse.


Não, a maneira como olha para ela agora é mais profunda; é a maneira como olhou quando era criança e machucou o joelho, quando caiu de bicicleta no asfalto, quando deixou cair um vidro de cerejas no chão da cozinha e cortou o pé. Alguma coisa naquele olhar a faz se sentir melhor.


Abraçada com uma das almofadas decorativas da cama sofisticada, conta tudo sobre o encontro com Christopher no aeroporto e a mudança de assento no avião. Conta que Christopher a ajudou a não se sentir claustrofóbica, distraindo-a com perguntas bobas, salvando-a como o pai já havia feito.


— Lembra como você me disse para pensar no céu? — pergunta ela para o pai, que faz que sim com a cabeça.


— Ajuda?


— Ajuda — diz. — É a única coisa que ajuda.


Ele abaixa a cabeça, mas antes ela consegue ver que está sorrindo.


Tem uma festa de casamento acontecendo lá fora, uma noiva e garrafas de champanhe, horários a cumprir, coisas importantes. Mas ele está ali ouvindo a filha, como se não tivesse mais nada para fazer. Como se nada fosse mais importante do que isso. Do que ela. Dulce continua contando.


Fala sobre a conversa com Christopher, sobre as longas horas em que não podiam fazer nada a não ser conversar enquanto sobrevoavam um oceano sem fim. Conta sobre os projetos de pesquisa ridículos de Christopher, sobre o filme com os patos e sobre ter achado erroneamente que ele também ia para um casamento. Fala até sobre o uísque.


Não conta nada sobre o beijo no aeroporto.


Quando chega à parte em que se perdem no aeroporto, está tão afobada que mal consegue falar direito. É como se uma espécie de válvula tivesse sido aberta dentro dela e não tem como parar a torrente. Quando conta sobre o funeral em Paddington, sobre a concretização de suas piores suspeitas, ele pega a mão da filha.


— Eu devia ter contado — diz ela e limpa o nariz com as costas da mão. — Na verdade, nem devia ter ido lá.


O pai não diz nada, para alívio de Dulce. Ela não sabe ao certo como contar o resto da história — a expressão de Christopher tão obscura e solene como uma tempestade começando ao longe. Do outro lado da porta, pessoas riem e batem palmas. Ela respira fundo.


— Eu estava tentando ajudar — explica com calma, mesmo sabendo que essa não é toda a verdade. — Queria vê-lo de novo.


— Que fofa — diz o pai, e ela balança a cabeça.


— Não sou, não. Tipo, só conversei com ele durante algumas horas. É ridículo. Não faz sentido.


O pai sorri e depois ajeita a gravata-borboleta torta.


— É assim que essas coisas acontecem, filha — diz ele. — O amor é a coisa mais estranha e sem lógica do mundo.


Dulce levanta a cabeça.


— O que foi?


— Nada — diz. — A mamãe já me falou exatamente essa mesma frase.


— Em relação ao Christopher?


— Não, em geral.


— Sua mãe é muito inteligente — responde ele sem nenhum traço de ironia ou intenção, o que faz com que Dulce faça a pergunta que segurou por mais de um ano.


— Então por que você se separou dela?


O pai abre a boca e encosta na cadeira como se as palavras fossem coisas materiais.


—Dulce — diz, mas a voz falha.


Ela faz que sim com a cabeça.


— Tudo bem — diz ela. — Deixa pra lá.


Ele se levanta tão rápido que Dulce acha que vai sair da sala. Em vez disso, ele se senta ao lado dela na cama. Ela se ajeita para ficar de lado, para que não tenham de se olhar.


— Eu ainda amo sua mãe — diz ele com calma. Dulce pensa em interrompê-lo, mas ele continua a falar. — É claro que agora as coisas estão diferentes. E há muita culpa nessa história. Mas ela ainda significa muito para mim. Você tem que saber disso.


— Então como você conseguiu...


— Ir embora?


Dulce concorda.


— Tive que ir — responde com simplicidade —, mas isso não significa que eu queria deixar você.


— Você se mudou para a Inglaterra.


— Eu sei — diz ele com um suspiro —, mas isso não teve nada a ver com você.


— Com certeza — diz, sentindo aquela raiva familiar —, teve a ver com você.


Ela quer que ele discuta, brigue, faça o papel do cara egoísta tendo uma crise de meia-idade, quer que ele seja o homem que ela vinha imaginando há semanas, há meses. No entanto, ele permanece sentado com a cabeça baixa, com as palmas das mãos sobre as pernas e uma expressão totalmente derrotada.


— Eu me apaixonei — diz ele. A gravata-borboleta está torta de novo, lembrando Dulce de que aquele dia, afinal de contas, é o dia de seu casamento. Ele passa a mão em volta do queixo e olha para a porta.


— Não espero que você vá compreender. Sei que sou o pior pai do mundo. Eu sei, eu sei, eu sei. Acredite, tenho consciência disso.


Ela fica em silêncio, esperando que ele continue. O que pode dizer? Ele vai ser pai de novo em breve, é uma chance de começar novamente. Dessa vez, pode ser melhor. Dessa vez, pode estar mais presente.


Ele aperta o topo do nariz como se estivesse com dor de cabeça.


— Não estou esperando que você me perdoe. Sei que as coisas não vão voltar a ser como antes. Mas quero começar do zero e queria que você começasse comigo. — Aponta a porta com a cabeça. — Sei que é tudo diferente, e que vai levar tempo, mas queria muito que você fizesse parte desta nova vida também.


Dulce olha para o vestido. A exaustão que ela vem ignorando há horas está começando a tomar conta, como uma maré, como se alguém estivesse colocando um cobertor em cima dela.


— Eu gostava da nossa outra vida — diz com o rosto franzido.


— Eu sei. Mas preciso de você agora também.


— E a mamãe também.


— Eu sei.


— Eu queria...


— O quê?


— Que você tivesse ficado.


— Eu sei, filha — repete pela milionésima vez.


Ela espera pelos argumentos dele, dizendo que assim está melhor, que é o que a mãe sempre diz quando elas têm este tipo de conversa.


Mas ele não fala nada.


Dulce sopra uma mecha de cabelo que está caída no rosto. O que foi que Christopher disse mais cedo mesmo? Que, pelo menos, o pai dela teve a coragem de ir embora. Será que isso faz sentido? Difícil imaginar como seria a vida deles se tivesse voltado para casa no Natal e deixado Charlotte. Será que seria melhor assim? Ou seriam como a família de Christopher, em que a infelicidade pesava como um cobertor sobre cada um deles, sufocante e opressor e tão silencioso? Dulce sabia melhor que ninguém que até mesmo o silêncio podia virar uma coisa maior que as próprias palavras, como aconteceu entre ela e o pai, como aconteceria entre seus pais se as coisas tivessem se dado de outra maneira. Foi melhor que tivessem se separado mesmo? Impossível saber.


Uma coisa é certa: ele está feliz. Dá para ver no rosto dele, até mesmo agora que está todo curvado na cama como um objeto quebrado, com medo de se virar e olhar para ela. Até mesmo agora, apesar de tudo, há uma luz nos olhos dele que se recusa a ir embora. É a mesma luz que Dulce vê nos olhos da mãe quando está com Harrison.


É a mesma luz que julga ter visto nos olhos de Christopher no avião.


— Pai — chama com a voz bem baixa —, estou feliz por você estar feliz.


Ele não consegue disfarçar o espanto.


— Está?


— Claro.


Ficam calados por um momento até que ele olha para a filha.


— Sabe o que me deixaria ainda mais feliz?


Ela levanta as sobrancelhas.


— Se você viesse nos visitar um dia.


— Visitar?


Ele sorri.


— É, em Oxford.


Ela tenta imaginar como é a casa dele, mas só vê a imagem de uma casa inglesa de campo que deve ter visto em algum filme. Ela fica na dúvida se tem um quarto para ela, mas não consegue perguntar. Mesmo que tenha um quarto, provavelmente vai ser do bebê.


Antes de responder, alguém bate na porta. Os dois olham.


— Pode entrar — diz o pai.


É Violet. Dulce fica surpresa ao vê-la meio cambaleante. Está segurando um copo de champanhe.


— Faltam trinta minutos — anuncia e mostra o relógio.


Dulce vê Charlotte atrás de Violet. Ela se inclinou para trás na poltrona, onde está sentada rodeada pelas outras madrinhas.


— Não tem pressa — diz Charlotte para eles. — Não vão começar sem a gente mesmo.


O pai olha para ela e coloca uma das mãos sobre seu ombro ao se levantar.


— Acho que já terminamos aqui — diz.


Ela se levanta também e vê seu reflexo no espelho, olhos inchados e tudo o mais.


— Acho que preciso...


— Concordo — diz Violet pegando-a pelo braço.


Ela faz sinal para as outras mulheres, que colocam seus copos na mesa e correm para o banheiro. Assim que todas se posicionam ao redor do espelho com suas ferramentas — escova ou pente, rímel ou sombra —, Violet começa o interrogatório.


— Você estava chorando por quê?


Quer balançar a cabeça, mas não pode se mover; tem muita gente mexendo nela.


— Nada — diz nervosa, e Whitney para na sua frente e fica pensando com o batom na mão.


— Foi por causa do seu pai?


— Não.


— Deve ser difícil — diz Hillary — ver que ele está se casando de novo.


— Deve — concorda Violet, que está agachada. — Mas você não estava chorando por causa de questões familiares.


Whitney passa as mãos no cabelo de Dulce.


— Por que foi então?


— Foi por causa de um garoto — diz Violet com um sorriso.


Jocelyn está tentando tirar a mancha do vestido de Dulce com uma combinação mística de água e vinho branco.


— Adoro — diz ela. — Conte mais.


Dulce sente que está ficando com as bochechas vermelhas.


— Não, não é isso — diz —, eu juro.


Elas trocam olhares e Hillary ri.


— Quem é o sortudo?



— Ninguém — diz. — Juro. .


 



candy_vondy: Bom, cap. dedicado a vc. ! também to ficando com saudades já. rs





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Autor(a): juh_uckermann_Collins

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— Não acredito em você nem um pouco — comenta Violet e se abaixa, colocando o rosto ao lado do de Dulce. — Mas vou dizer uma coisa: assim que acabarmos aqui, se o garoto te vir a um quilômetro de distância, não vai conseguir resistir. — Não se preocupe — diz ela, respirando fundo. — Ele não va ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 46



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  • jucinairaespozani Postado em 14/09/2015 - 00:32:37

    Amei :')

  • Furacao Maite Postado em 12/09/2015 - 00:49:12

    Desculpa o sumiço!!!!! aaah que lindo! Amei tudo!!! É uma pena que acabou! Todas as fics que eu gostava estão acabando! muito triste isso! Mas eu amei!!!

  • candy_vondy Postado em 10/09/2015 - 22:39:40

    Eu tbm te amo!!!!*_*..Olha,essa fic foi uma das melhores q eu já li de vdd..Vou te confessar uma coisa:Eu n gostava de ler fics adaptadas,mas dps de ler essa eu passei a ler..Eu me encantei com essa web desde o primeiro capítulo até o último <3 Ah!Parabéns! Vc escreveu os capítulos extras muito bem.. Adorei o final..quando eu puder eu passo na sua nova fic,por enquanto eu n posso pq estou estudando pra uma prova q eu vou ter e esses dias estou cheia de para casa pra fazer e sou estou entrando aqui no site para ler as minhas fics favoritadas..Bom, hj n precisa escrever continua neh??Então até mais!!Bjs!!Te amoooooooo

  • candy_vondy Postado em 04/09/2015 - 23:22:54

    Onde vc estava??Vc sumiu em??Ainda bem q n era um sonho!!Continuaaa

  • candy_vondy Postado em 31/08/2015 - 22:18:06

    Tomara q n seja um sonho..por favor q n seja!!!Quando eu puder eu passo na sua fic nova..continuaaa

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 15:03:38

    *-*

  • jucinairaespozani Postado em 31/08/2015 - 14:58:17

    Continua, amei a fic

  • Furacao Maite Postado em 31/08/2015 - 00:11:27

    tambem espero que não seja um sonho!! espero que ele esteja realmente lá hahahaha

  • candy_vondy Postado em 29/08/2015 - 02:22:43

    Me fala q a Dulce n ta sonhando.. Por favor!!Pq se n eu vou ficar com raiva do Christopher por n ter ido no aeroporto... Continuaa

  • candy_vondy Postado em 27/08/2015 - 22:37:38

    Vc escreve super bem,parabéns!! Eu to amando cada vez mais esse final alternativo!!! Vc é d+..Continuaaaaa


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