Fanfic: Garota Perigosa AyA FINALIZADA | Tema: AyA,Drama

Anahi não se deu conta, mas proferiu um grito. Ouviu que a porta se abria e se
fechava, e sentiu a luz sobre as pálpebras. Logo alguém a sacudiu.
— Anahi, Anahi!
Despertou com um sobressalto e viu sobre ela o rosto de Alfonso. Usava um
robe, como aquela noite. Tinha o cabelo molhado e sua mente a enganou, levando-a à
noite que tinha tido lugar na França.
— Não me machuque... não me machuque mais! — disse entre soluços.
Alfonso não respondeu. Não pôde. O terror no olhar do Anahi lhe comoveu até
as raízes da alma.
— Meu Deus — suspirou.
Anahi viu o gesto de sofrimento de Alfonso e pouco a pouco voltou em si. Fixouse
no quarto, iluminada pela luz de um abajur.
— Não estamos... na França — disse com um nó na garganta e fechou os olhos —
Oh, meu Deus, obrigado. Graças a Deus.
Alfonso se levantou da cama e se aproximou da janela. Afastou a cortina e olhou
para a escuridão. Em realidade tinha o olhar perdido. Via o passado, o horror nos
olhos de Anahi, a dor que lhe tinha causado.
Anahi se sentou. Fixou-se na mão de Alfonso que apertava com força a cortina,
com tanta força que estava pálida. Parecia exausto, derrotado.
Anahi tragou saliva. Levou as mãos no rosto e acariciou as bochechas, logo
afastou para trás o cabelo que lhe caía enredado sobre os seios. Vestia uma
camisola de algodão que a cobria por completo, exceto os braços e o pescoço.
Nunca dormia só de calcinha, nem sequer no verão.
— Não sabia que ainda tinha pesadelos — disse Alfonso depois de um longo
silêncio. Sua voz era apagada, não tinha a mais mínima expressão.
— Não estou acostumada a tê-los — respondeu Anahi. Não podia dizer que a
maioria deles terminavam quando ela perdia o filho e gritava pedindo ajuda dele.
Graças a Deus, naquela noite o pesadelo não tinha terminado assim. Anahi não se
acreditava capaz de suportar que ele soubesse toda a verdade.
Alfonso se afastou da janela e voltou junto a cama, embora ficou a uns passos de
distância dela. Tinha os punhos apertados, metidos nos bolsos do robe.
— Se voltasse a acontecer, não seria assim — disse com a voz crispada.
No rosto de Anahi se desenhou uma expressão de medo, ante a idéia que ele
tinha sugerido de que ia seduzi-la de novo. Ao dar-se conta, Alfonso se enfureceu,
mas conseguiu controlar-se.
— Não quero dizer que seja comigo — disse afastando o olhar dela — Não
referia a isso.
Anahi abraçou os joelhos. O ruído da roupa ao roçar os lençóis se fez presente
no silêncio da noite. Anahi olhou Alfonso e as lembranças começaram a desvanecerse.
Se ela estava sofrendo, ele também estava.
— Alguma vez voltou a ter curiosidade, pelo amor de Deus? — disse ele quando
já não pôde suportar o silêncio — É uma mulher, deve ter amigas. Alguém deve ter
falado que as primeiras vezes são incomodas e doem.
Anahi acariciou as mãos e seu corpo se estremeceu com um longo suspiro.
— Não posso falar disso com ninguém — disse — Alice é minha melhor amiga,
mas como vou dizer, se nos conhece há anos?
Alfonso assentiu.
— Era virgem e necessitava tempo para te excitar, sobre tudo comigo, mas eu
perdi o controle muito cedo — disse e a olhou aos olhos — E isso era novo para
mim. Até que estive contigo, nunca tinha me deitado com uma mulher que me fizesse
perder o controle daquela maneira.
Anahi abaixou o olhar, supunha que aquilo era verdade.
— Aquela noite nos machucamos muito — disse Alfonso com suavidade — Até que
fiz amor, com você, pensei que era uma mulher com experiência, Anahi, que na
praia estava flertando e que procurava que eu te dissesse algo incitante para tirar
o biquíni.
Ao ouvir aquela frase, Anahi teve que olhá-lo nos olhos.
— Mas eu nunca teria feito algo assim! — disse.
— E eu me dei conta da pior maneira possível — replicou Alfonso— Também
pode ser que eu pensasse assim porque procurava uma desculpa para me deitar
contigo. Desejava-a e me convenci de que deveria ter tido relações com garotos de
sua idade, que aquela tarde estava fingindo todo aquele acanhamento. Mas não
demorei para compreender porquê não se opôs. Queria-me.
Alfonso se sentou na cama, virou a cabeça de Anahi com suavidade e obrigou a
olhá-lo.
— O sentimento de culpa pode conduzir um homem à violência, Anahi — disse
com uma voz suave e profunda — Sobre tudo quando fez algo imperdoável e sabe
que nunca encontrará o perdão. Te provocava, porque não podia viver com o peso
do que te fiz. Agora não tem sentido, mas então jogar a culpa em você era a única
coisa que me impediu de me matar.
Anahi guardou silêncio. Não deixava de olhá-lo, tratando de lhe compreender.
— Não pude parar — prosseguiu Alfonso com um suspiro — Deus, Anahi, tentei,
tentei, mas não pude... — disse e abaixou a cabeça, derrotado — Durante meses tive
pesadelos, nas que ouvia sua voz. Sabia que estava te machucando, mas não pude
parar.