Fanfic: Garota Perigosa AyA FINALIZADA | Tema: AyA,Drama

Como se seu orgulho não suportasse que Anahi visse aquela amostra de
debilidade, Alfonso soltou sua mão e ficou em pé. Dirigiu-se de novo a janela e não
falou durante um longo momento.
— Richard me disse que era menino.
Anahi apoiou a cabeça entre os joelhos.
— Por favor — disse com um sussurro entre soluços —, não posso falar disso.
Alfonso voltou a aproximar-se da cama. Afastou os lençóis, sentou-se e pegou
Anahi entre seus braços. Abraçou-se a ela e apoiou o rosto contra a suave
garganta.
— Eu cuidarei de você — sussurrou — Não tenha medo, nada voltará a machucála.
Chore por ele, Deus sabe o quanto eu chorei.
A ternura de suas palavras abriu a comporta que continha as lágrimas que Anahi
escondia, e pela primeira vez desde que esteve no hospital, deu rédea solta a sua
dor. Chorou pelo filho que tinha perdido, por sua dor e pela de Alfonso. Chorou por
todos os anos que tinha perdido, que tinha passado sozinha.
Tempo depois, Alfonso lhe secou as lágrimas com o lençol. Sustentava-a entre
seus braços, com ternura e sem paixão. Anahi sentia na bochecha os batimentos do
coração de Alfonso, sob o suave tecido do robe. Abriu os olhos e olhou para a
janela. A dor se evaporava de seu corpo com o sabor das lágrimas.
— É muito tarde — disse Alfonso por fim — A senhora Holton chegará na
primeira hora da manhã e precisa dormir.
Anahi se estirou. Estava muito cansada. Olhou a Alfonso, que tinha um olhar
tranqüilo e atento. Entretanto, involuntariamente, Alfonso desviou o olhar e se fixou
nos seios dela, sob o tecido da camisola. Anos depois, continuava recordando a
beleza de seu corpo.
Anahi se deu conta daquele olhar, mas não se moveu.
— Não vai fugir? — perguntou Alfonso com um sorriso.
Anahi negou com a cabeça e olhou-o nos olhos. Logo tomou a mão, que seguia
apoiada em sua cintura. Acariciou-a e a levou ao longo de seu flanco, para acabar
posando-a brandamente sobre um de seus seios.
— Não — disse voltando a pôr a mão sobre a cintura de Anahi — Não seja tola.
Anahi se sentiu insegura, mas se deu conta de que um filme de suor cobria o
lábio superior de Alfonso. Estava mais nervoso do que parecia.
— Não faça que eu sinta vergonha. É muito difícil para mim pensar nisto, muito
mais... fazê-lo — disse Anahi — Só queria saber se poderia suportar que me
tocasse.
Anahi sorriu depois de dizer aquilo, e Alfonso abandonou sua aparente frieza.
— Não posso correr esse risco, inclusive embora você o esteja desejando —
disse afastando-se dela.
— Que risco?
— Não sabe? É melhor que não saiba se ainda posso te desejar do mesmo modo
que antes — disse Alfonso, e riu — E eu tampouco estou seguro de se quero saber.
Alfonso pegou-a e a deixou brandamente sobre o travesseiro. Logo se levantou e
se afastou da cama.
— Durma.
— E se puder... me desejar? — insistiu Anahi apoiando-se nos cotovelos.
— Anahi nós dois sabemos que gritaria se eu te tocasse com desejo — disse —
Não poderia evitá-lo. Além disso, se eu pudesse sentir algo contigo, voltaria a ser
daquela forma. Poderia voltar a perder a cabeça e te machucar.
— Já não sou virgem.
Alfonso conservou uma expressão tranqüila.
— Isso é algo discutível. Meu corpo está morto, no que ao sexo se refere e é
melhor para nós dois, que o deixemos tranqüilo. É muito cedo para fazermos
experiências.
Antes de que Anahi pudesse responder, Alfonso alcançou a porta e a fechou.
Anahi se deitou sobre a cama, dando voltas às palavras de Alfonso.