Fanfic: Garota Perigosa AyA FINALIZADA | Tema: AyA,Drama

Vê-lo comer parecia muito íntimo. Via cada colherada desaparecer entre os
lábios, e recordou a forma em que aqueles lábios a tinham beijado. Tinham sido
beijos adultos, apaixonados, sem trégua. Sabia que Alfonso não se deu conta de
quão novos eram para ela até que... Aquele pensamento a ruborizou.
Alfonso tragou a última colherada de sopa e a olhou.
— Eu também tenho meus próprios pesadelos — disse inesperadamente — Se
pudesse voltar atrás, o faria. Ao menos, me acredite quando te digo isso.
Anahi pôs o prato de sopa na bandeja e se mexeu com inquietação. Depois
ajudou-o a tomar o chá. Alfonso fez uma careta de asco.
— É muito bom — disse Anahi.
— Sim, talvez sirva para esquentar as mãos no inverno — murmurou Alfonso—,
mas nada mais. Alfonso estalou a língua sem rastro de humor. — Ficará aqui esta
noite?
— Parece-me que é o que se espera de mim.
A expressão de Alfonso endureceu.
— Não me obrigue a jogá-la para fora, sou muito capaz...
Anahi fez uma careta de pesar. Alfonso fechou os olhos e apertou o punho até
que os nódulos ficaram brancos.
Anahi aproximou a cadeira da cama. Pôs sua pequena mão sobre o grande punho
de Alfonso e o acariciou.
— Não, Alfonso— sussurrou — Claro que fico. Quero ficar.
Alfonso não respondeu e seguiu com o punho apertado.
Anahi continuou acariciando-o. Alfonso abriu os olhos e a olhou. Anahi deu um
longo e profundo suspiro e levou o punho aos lábios. Ela se estremeceu.
Anahi o deixou cair, bruscamente, surpreendida por sua própria ação. Depois
se endireitou e ruborizou-se.
Mas Alfonso tomou sua mão com firmeza. Atirou dela até que a pôs sobre sua
boca. Fechou os olhos e gemeu. Depois voltou a olhá-la e Anahi estremeceu com o
ardor daquele olhar.
— Vêem até aqui — disse Alfonso.
Os joelhos de Anahi tremeram. Sentia os lábios de Alfonso sobre a palma de
sua mão como se os tivesse marcado a fogo. Nunca soube se teria obedecido ou não
a demanda de Alfonso, porque naquele momento a porta foi aberta e entrou o
médico. Alfonso soltou a mão dela e a magia do momento se dissipou.
Mas nenhum dos dois esqueceu aquele momento. Nem sequer os calmantes que
lhe deram para dormir, fez que Alfonso o esquecesse. Anahi se sentou em uma
poltrona frente à cama e o observou enquanto dormia. Toda sua vida jazia naquela
cama de hospital e não tinha o menor desejo de abandoná-la. E parecia que lhe
ocorria o mesmo.
Uma enfermeira que não conhecia despertou-a à manhã seguinte ao entrar com
uma toalha, sabão e uma vasilha de água. Dirigiu a Alfonso um olhar luminoso e
alegre, mas quando ele se negou, bruscamente, a que o asseassem, a enfermeira
saiu correndo.
— Desse jeito vai deixar as enfermeiras mortas de medo — assinalou Anahi,
cansada e meio sonolenta, com um débil sorriso.
— Não quero que me toquem.
— Não pode banhar-se sozinho — protestou.
Alfonso a olhou aos olhos.
— Então faça você — disse sem o menor indício de brincadeira — Porque não
quero que outras mãos toquem meu corpo, a não ser que sejam as suas.
Seu olhar era cálido, tranqüilo e amável.
— Nunca banhei ninguém — disse Anahi vacilando.
Alfonso tirou o robe do hospital e afastou o lençol, deixando que cobrisse
abaixo dos quadris. Anahi se ruborizou. Apesar da intimidade que tinham
compartilhado, nunca o havia visto nu.

Não se preocupem gente ninguem mais atrapalha eles, a ñ ser o proprio Alfonso