Fanfic: Garota Perigosa AyA FINALIZADA | Tema: AyA,Drama

Não lhe ocorreu que estava comportando-se de um modo irracional, pelo menos
não naquele momento.
Mas na suíte do hotel da Califórnia, as coisas cobraram um sentido
completamente distinto ante seus olhos.
Olhou ao seu redor com surpresa. Depois de duas horas do casamento, tinha
abandonado a sua mulher, grávida, para partir e comprar um touro. Não podia
acreditar o que tinha feito nem o que havia dito a Anahi. Devia ter ficado louco.
E talvez assim era, pensou. Torturou-se imaginando que fazia o amor com Anahi
e uma vez mais sucumbia à paixão desenfreada que aquela mulher despertava em
seu corpo. De novo o veria débil e vulnerável, só que não veria só como seu corpo
se rendesse ante ela, mas sim saberia o que realmente sentia. Na cúpula do êxtase
não seria capaz de esconder.
Deu um longo suspiro. Nunca tinha enfrentado a sua própria vulnerabilidade com
ela. De fato, tinha chegado a extremos insuspeitados para não lhe fazer frente.
Tinha sido impossível derrubar as barreiras que se elevavam entre eles por medo
de que ela queria vingar-se pelo modo em que a tinha tratado. Se lhe deixasse ver
quanto a desejava, o utilizaria contra ele. Não se tinha burlado sua própria mãe de
suas debilidades, lhe ridicularizando diante de seu pai e seus amigos? Não tinha
passado sua infância rindo dele, fazendo-o pagar, sem o conhecimento de seu pai,
por um matrimônio que ela não tinha desejado? Sempre disse que ele tinha sido um
engano, e por sua causa tinha tido que casar-se com um homem que não amava...
Era estranho, que não houvesse retornado a recordar as palavras de sua mãe
até aquele dia. Anahi estava grávida, e havia dito que tinha que casar-se com ele.
Quão mesmo havia dito sua mãe.
Deitou-se no amplo sofá que havia na sala de estar da suíte e recordou outras
coisas. Recordou a suave pele dela e seus doces gemidos de paixão. Grunhiu ao
recordar o êxtase que ele mesmo tinha experimentado. Poderia seguir vivendo sem
voltar a experimentar aquele prazer, ao preço que fora?
Fechou os olhos. Sempre poderia apagar as luzes, pensou com humor. Assim não
poderia vê-lo. Que o ouvisse não lhe importava, porque ele também podia ouvi-la.
Anahi não permanecia calada quando fazia o amor.
Ao recordar o prazer que Anahi sentiu naquela manhã, iluminou os olhos. Até
então só tinha causado dor, mas lhe tinha ensinado que podia esperar muito mais
que dele.
Havia-lhe dito que o queria. Santo Deus, como podia querê-lo quando não deixava
de atormentá-la? Mas, por que não podia ele aceitar seu amor? Por que não podia
aceitar seu vício a ela? Estava grávida e a tinha abandonado no dia do casamento,
sem deixar outra coisa que medo porque ele... porque ele...
Abriu os olhos e respirou lenta e dolorosamente. Porque ele também a amava.
Não podia admitir ante ela, mas não podia ocultar a si mesmo. Amava-a, amava-a
desde que tinha quinze anos, quando lhe tinha dado aquele ratinho de prata em seu
aniversário. Amou-a na França e se odiou a si mesmo por aproveitar-se do que ela
sentia por ele em um intento de negar esse amor. Mas esse amor tinha crescido
tanto que tinha acabado por consumi-lo. Não podia livrar-se dele e não podia
deixar-se levar por ele. O que podia fazer?
Bom, pensou ficando em pé, só havia uma coisa que podia fazer. Podia beber
alguma coisa e depois ligar para a Anahi para deixar claras algumas coisas.