Fanfic: * * * A Noiva das Terras Altas * * * adaptada/vondy

— Por que não pergunta você mesmo? — disse Diamort. Dulce olhou para a porta do salão e quase arquejou. Encaroçado entrava, ao lado de sir Memo e sir Mike.

— Pensei que estivesse ferida — disse Memo, ao se aproximar da mesa, com sir Mike a segui-lo.

— Estava — retrucou Dulce, convidando-os a sentar. — O ferimento está sarando depressa.

— Faz apenas três dias.

— Quatro, e não foi nada sério.

— Soubemos o que aconteceu a Christopher e julgámos que podemos ajudar. Ele passou a maior parte daquele dia cavalgando para falar conosco. — Memo franziu a testa. — Não sei porque alguém haveria de pensar que Christopher pudesse matar o tio. O sujeito era irritante e inútil, porém Christopher parecia gostar muito dele.
Dulce levantou-se.

— Vou deixar que Christian e os outros lhe contem toda a história. Preciso ir e arrancar uma confissão de Fuzz.

— Acha que ela matou sir Gastão? — perguntou Memo.

— Oh, sim, embora eu não saiba a razão. — Dulce olhou para Christian. — Onde está Fuzz?

— Amarrada a uma cadeira na cozinha. Suas duas amigas estão presas nos estábulos.

— A cozinha é um bom lugar. Fica distante e com a porta fechada, será impossível distinguir se os gritos são de raiva, medo ou dor.

— Pretende fazê-la gritar? — perguntou Memo. Dulce preferiu ignorar o ar divertido nas feições de Memo.

— Creio que ela fará uma gritaria pois está furiosa e com medo que a verdade venha à tona. Contudo, qualquer um sentado aqui ficará convencido de que a mulher está sendo cruelmente torturada. Portanto — olhou para Christian —, traga as outras para cá. Acho que você pode fazê-las acreditar que estou arrancando a pele de Fuzz viva na cozinha. Elas contarão tudo, mesmo que Fuzz não fale.

— Moça esperta — resmungou Christian —, muito esperta.

— Se conseguir uma confissão, então não precisará de nós — disse Mike, quando Drew e Tony saíram para buscar as duas amigas de Fuzz.

— Oh, sim, precisarei — disse Dulce. — Pretendo apresentar ao conde tantas provas da inocência de Christopher quanto eu possa conseguir. Assim, ele não ficará apenas livre, porém seu nome será limpo.

— Um bom plano, senhora — disse Memo —, embora eu não tenha certeza de que seja capaz de assustar Fuzz a ponto de confessar um crime pelo qual será enforcada.

— Não? — Dulce sorriu. — Fuzz está presa na cozinha, que está cheia de todo tipo de coisas ameaçadoras, facas enormes. E prestes a ficar frente a frente com uma mulher cujo marido se deitava com ela enquanto tinha de fazer todo o trabalho que Fuzz não fazia, e comigo, uma mulher a quem destratou. Creio que ficará muito, mas muito assustada quando a porta estiver fechada. — Dulce pôde ouvir as risadinhas dos homens ao se dirigir para a cozinha.

Aquilo seria um calvário, pensou Dulce, ao entrar e olhar para Fuzz. Fuzz não estava machucada ou sangrando, porém o estado de suas roupas e os cabelos emaranhados diziam a Dulce que ela lutara e que os homens não haviam sido gentis ao rendê-la. E a mulher também tremia com a fúria da raiva que a dominava. Dulce captou o cheiro de medo, ódio e abominação. O que parecia estranho era que aquelas emoções fortes não pareciam dirigidas apenas a ela e a Josy, porém a todos. A mesma mistura que infectara sir Gastão Uckermann. Não era de se admirar que duas almas contaminadas depois de juntas por um certo tempo, acabassem por entrar em choque.

— Que tolice matar seu protetor — disse Dulce, cruzando os braços no peito, ao encarar Fuzz.

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