Fanfic: * * * A Noiva das Terras Altas * * * adaptada/vondy

— O que está fazendo?

Dulce desviou a atenção da lareira que esfregava, surpresa ao ver Anahí entrar. Desde a primeira vez que vira a irmã de Christopher, percebera o lampejo de curiosidade nos adoráveis olhos cor de violeta daquela menina-moça. Era difícil sentir o que a jovem tinha dentro de si. Aquela proteção aos sentimentos era evidentemente um traço dos Uckermanns.

—- Estou limpando o quarto do lorde — retrucou Dulce e olhou para Josy que enrolava o tapete do lado da cama de Christopher. — Não, Josy, tire as cortinas, as tapeçarias e as roupas de cama primeiro. Oh, e veja que uma das mulheres suba com mais água e alguma coisa para esfregarmos este chão.

— Isso é trabalho de Fuzz — disse Anahí e arqueou uma sobrancelha numa perfeita imitação de Christopher. — Fuzz faz o que quer, é verdade, porém realmente seu lugar é na limpeza.

— Está claro que ela não tem intenção de assumir o trabalho. Não como dormia nesta cama... Dulce olhou para a cama de Christopher, pensou nele enrodilhado com outra mulher debaixo das cobertas, e desejou pôr fogo na cama.

— Fuzz nunca esteve nesta cama. Nenhuma das mulheres de Christopher esteve. Não que ele tenha muitas. Fiquei surpresa em saber já que você se deitou nela, porém você é esposa dele e muito limpa. Ele quer que os lençóis sejam trocados toda semana. — Anahí franziu a testa. — Nem sei quando os meus foram trocados.

— Cuidarei de seu quarto em seguida, então. Venha, ajude-me a colocar os colchões na janela, para tomar ar — disse à garota, assim que Josy saiu. — Depois, quando os colocarmos de novo na cama, espalharemos ervas entre cada camada.
—Acho que Christopher é tão exigente com respeito à cama porque passou muitos anos em choupanas úmidas enquanto reconstruíamos a fortaleza.

Josy voltou para retirar os tapetes para serem batidos. Trouxe junto a prima Lupi armada de vassoura, um balde e um esfregão. Dulce pensou por um instante se Christopher perceberia a limpeza em regra em seu quarto e então, suspirou, involuntariamente. Ele poderia notar, porém ela duvidava que dissesse alguma coisa. Continuou a esfregar a lareira e disse a si mesma que não precisava de aprovação ou elogios do marido. A satisfação de um trabalho bem feito era uma recompensa por si só.

— Há algo que eu possa fazer? Sou uma mulher agora e tenho de encarar a dura verdade. Não posso ser um guerreiro, nem ser como meus irmãos. Minha sina é desposar um homem e dar-lhe filhos. É bom que eu saiba como lutar ao lado de meu homem, porém ele há de esperar que eu saiba como cuidar de sua lareira. — Anahí começou a lavar as paredes.

— Não lhe ensinaram nenhuma das prendas femininas?

— O que poderiam Christopher, meus outros irmãos e meu tio saber de prendas femininas? Não me entenda mal. Não reclamo da maneira com que fui criada. Christopher fez o melhor que pôde, como um rapazinho que era, com uma menina para cuidar e tanto a ser reconstruído. É por ele também que eu agora quero aprender como ser uma dama. Não o envergonharei, nem a mim ou a meu marido com minha ignorância.

— Embora muitos de meus parentes pudessem morrer de rir comigo a ensinar uma jovem os modos de uma dama, eu farei o meu melhor para ajudá-la.

Trabalharam em silêncio por algum tempo, porém no instante em que Lupi saiu, Anahí murmurou:

— Acho que terei de aprender a usar um vestido. Dulce riu.

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