Fanfic: Lua das Fadas | Tema: Vondy-Adaptada

A sexta feira lhe trouxe um gosto amargo. No domingo, faria uma semana que Anahí estava desaparecida e nada havia mudado. No mundo são, a hipótese de fuga havia sido levantada. A família não tinha inimigos (ao menos, não no nível de sequestrar a filha) e nenhum pedido de resgate havia sido feito. No diário da menina, muitas fantasias sobre ir embora para um lugar distante onde pudesse conhecer coisas novas, apontavam para o seu desejo de partir. A polícia afrouxava as investigações, sem saber mais onde procurar. Mas este era o atual cenário, como disse, no mundo sensato. No seu mundo, no entanto, a sanidade estava mais para visita do que para moradora, as pistas pareciam cada vez mais malucas. Segundo elas, Anahí estava no mundo das fadas e precisaria se um anjo para chegar lá. E não era um anjo qualquer, tinha que ser um anjo importante, desses que devem receber milhares de email por dia. Estava sentada em sua carteira, sem conseguir prestar atenção na aula, observando a carteira vazia de Anahí. Olhou em volta. Ninguém parecia ligar. Os colegas conversavam normalmente, o professor prosseguia sua aula, o relógio continuava a marcar a hora. Nada mudara. Nada parara. Aparentemente, somente ela estava realmente preocupada com Anahí. 

Dulce se lembrou como foi difícil romper a barreira que a amiga construiu ao seu redor. Anahí vinha de uma outra escola, de uma outra cidade e era evidentemente uma novidade. Os outros adolescentes a olhavam com curiosidade, mas Anahí permanecia seria e distante. Anahí usava muito preto. Insistia em usar lápis e batom negros e manter a imagem gótica chic. Falava baixo e nunca sorria. A maldade peculiar do ambiente de escola logo lhe deram um apelido óbvio: Vandinha. Anahí não pareceu se importar, mas Dulce sabia que era só uma atuação. Ela mesma, que recebera muitos apelidos no decorrer da vida, sabia que eram apenas rótulos que os colegas usavam para tentar compreender outras pessoas. Dulce por exemplo, era a Dulce Maluca. Quando estavam mais dispostos, usavam seu nome completo: Dulce Maluca Pirada da Silva. Dulce não se importava. Seu pai lhe explicara que as melhores e mais brilhantes pessoas eram malucas. Dulce aprendeu muito cedo a ser livre e não depender de aprovação de ninguém pra seguir o caminho que escolhesse. Por isso, escolheu se aproximar da garota mais esquisita de escola.

Achou que ia encontrar uma dessas wiccanas e, para puxar assunto, comprou uma revistinha na banca chama Wicca e leu. Gostou e, num intervalo de aula, ofereceu a revista pra Vandinha, tendo todo o cuidado de chamá-la de Anahí. Espantada, a menina aceitou a revista, pegou suas coisas e, sem agradecer, levantou e foi para a carteira vazia lá atrás. O professor entrou e a aula começou. Dulce temeu que tivesse cometido alguma gafe, mas não havia nada que pudesse fazer naquele momento. 

Ao fim da aula, enquanto arrumava suas coisas,Dulce foi surpreendida por uma Anahí de pé ao seu lado, devolvendo-lhe a revista.

 - Gostei muito! Obrigada - disse a menina

 - De nada...

Anahí fixou parada diante dela e Dulce não sabia bem o que dizer, pega de surpresa pela atitude amistosa

 - Você quer lanchar comigo? - perguntou Dulce 

Anahí ficou parada por algum  tempo, como se pensasse longamente sobre o assunto 

 - Talvez outro dia 

E foi embora. Dulce poderia lamentar a derrota, mas ela não era esse tipo de pessoa. Dulce era o tipo que comemorava vitórias, mesmo quando elas eram pequenininhas. Tinha dado um passo na direção certa. O objetivo só estava mais longe do que pensara. Teria que dar mais alguns passos, só isso. Assim, nos dias seguintes, levou uma revistinha Wicca diferente para ela por dia. Descobriu que tinha mais 100 números diferentes, então podia fazer isso por, no mínimo, 100 dias. Felizmente, não precisara de tanto. No terceiro dia, Anahí sorriu e aceitou seu convite para lanchar.

Dulce sorriu ao lembrar de sua cara quando descobriu que Anahí não era wiccana, nem mesmo sabia o que era Wicca, mas que tinha gostado tanto das revistinhas que estava pensando seriamente no assunto.  Não demorou muito e se tornaram Boas amigas. Não, um pouco mais do que isso: melhores amigas