Chris olhou para o outro lado e viu a árvore lá, a mesma árvore que tinha certeza de ter visto uma fração de segundos antes bem na frente deles. Quando a procurou no antigo lugar, só viu o bosque de onde tinham acabado de sair.
- O que está acontecendo?
Eis a situação. Estavam os dois, com o sol à pino, no meio de uma pradaria verdejante. Para todas as direções, havia uma saída, mas sempre que olhavam em outra dioreção, ou piscavam, tudo parecia mudar de lugar, e eles se encontravam no mesmo lugar de antes.
- Mas que diabo! - Chris estava realmente irritado. Sabia que anjos não deviam praguejar.
- Não é melhor pedirmos informações? - perguntoui Dulce.
Ele a olhou por alguns segundos.
- Você está brincando, não está?
Dulce não estava brincando. Só não sabia mais o que dizer ou fazer. Estavam há horas andando em círculos, literalmente, e ela estava muito confusa.
- Alguém está fazendo isso... - murmurou Chris.
- Você não teria algum tipo de GPS de anjo ou coisa assim aí com você, teria? - Dulce olhava dentro da própria bolsa pra ver se encontrava alguma coisa que pudesse ajudar. Tinha separado uns cacarecos que acreditou poderem ser úteis.
Chris começou a andar olhando para o chão. Não ligava mais para que lado estava a maldita árvore. Queria achar quem estava fazendo aquilo. De repente, ele saltou em cima de alguma coisa. Dulce fechou a bolsa e tentou entender o que ele estava fazendo. Chris pulou e saltou, tentando pegar algo que Dulce não conseguia ver. Só havia relva e grama.
- Você está bem? - perguntou ela, preocupada do anjo ter pego alguma insolação. Olhou para cima para ver o sol e percebeu que ele estava numa direção completamente diferente de onde estava antes.
Chris andou devagar, pé ante pé, olhando algo no chão. Então, deu uma corrida rápida e um salto no ar, indo cair aparentemente de cara no chão, mas de posse de sua presa.
- Peguei! Peguei o safado ordinário cretino sem-vergonha!
Dulce correu para ver o que ele tinha pego, mas se decepcionou ao ver que ele tinha nas mãos apenas um tufo de touceira arrancada com raiz e tudo.
- Parabéns, Chris! Você agarrou um pé de mato! E quase não tem nenhum por aqui, né?
- Não é um pé de mato - disse o anjo orgulhoso do feito.
Então ele mostrou o mato por inteiro para Dulce. A menina deu um salto para trás quando viu a raiz amarronzada se mexer. Olhou de perto e viu que era um pequenino ser de uns 15 centímetros de altura, de olhos grandes e orelhas pontudas que tinha no cabelo e nas costas um tufo idêntico à relva onde estavam pisando.
- Que diabos é isso? - perguntou Dulce, tentando ver melhor o pequeno ser que tentava se livrar das mãos de Chris.
- Um stray sod. Parece uma relva comum, mas é um danadinho que libera um tipo de encanto quando pisamos nele que nos dá a direção do duende.
- Nos dá o quê?
- Direção de duende é como chamamos quando elementais nos tiram do caminho e fazem com que nos percamos, mesmo em um lugar muito conhecido para nós.
Dulce olhou de novo para os arredores. Tudo tinha mudado de lugar de novo.
- Não adiantou... As coisas continuam mudando de lugar - disse ela.
Chris jogou o elemenal longe e este saiu correndo como uma ratazana. Então ele tirou a camisa.
- Tire a camisa - disse ele.
- O quê?!
- Tire e vire do avesso!
Enquanto ele fazia isso, Dulce ficou parada olhando.
- Anda logo!
- Er... Se você achar o caminho, eu só preciso segui-lo.
- Não enrola. Tire a blusa!
Dulce viu que ele não ia desistir e estava ficando impaciente. Virou-se de costas e tirou a mochila. Tirou a blusa e a vestiu do avesso. Virou-se de novo e se decepcionou ao ver que ele nem estava olhando. Chris estava voltado para a direção oposta, vendo os arredores e procurando a direção certa.
- Por aqui!
Seguiram a árvore grande e dessa vez ela não se moveu.